ALMA LUSITANA: LIVROS QUE SÓ TÊM
UMA PALAVRA NO TÍTULO

Fotografia da minha autoria



«Cada palavra tem a sua consequência»


As palavras são a minha terapia por terem uma carga emocional transcendente, por terem tantas bagagens que nos servem em distintas situações. Mas nem sempre necessitamos de uma longa descrição de termos, porque somos capazes de dizer muito com pouco. Além disso, permanece um toque de mistério neste cenário.

O Alma Lusitana segue viagem até ao próximo destino - Guimarães -, para lermos um livro só com uma palavra no título, porque creio que essa característica pode mesmo despertar uma curiosidade maior sobre a narrativa, como se apenas abríssemos uma fresta da casa que habitamos, para que seja descoberta lentamente.

De palavra em palavra, embarcam na aventura?


 O QUE VOU LER 


Eliete, Dulce Maria Cardoso: «Estar a meio da vida é como estar a meio de uma ponte suspensa, qualquer brisa a balança. A vida da Eliete vai a meio e, como se isso não bastasse, aproxima-se um vendaval. Mas este é ainda o tempo que será recordado como sendo já terrivelmente estranho, apesar de ninguém dar conta disso. Porque tudo parece normal. Deus está ausente ou em trabalhos clandestinos. De tempos a tempos, a Pátria acorda em erupções festivas, mas lá se vai diluindo. E a Família?»


 OUTRAS SUGESTÕES 

      

Felicidade, João Tordo: «Nas vésperas da revolução, um rapaz de dezassete anos, filho de um pai conservador e de uma mãe liberal, cai de amores por Felicidade, colega de escola e uma de três gémeas idênticas. As irmãs Kopejka são a grande atracção do liceu: bonitas, seguras, determinadas, são fonte de desejos e fantasias inalcançáveis».

Autismo, Valério Romão: «Trata-se da primeira abordagem literária de um tema que toca cada vez mais gente em Portugal. Este primeiro romance do jovem autor dá-nos a experimentar, de um modo nunca óbvio, o impacto devastador da doença na família, mas também faz um retrato impiedoso da comunidade médica além de abordar, sempre de um modo fortemente literário, as inúmeras consequências do autismo. O romance, com um final inesperado, afirma-se como reflexão dinâmica e até aventurosa sobre a solidão, a impossibilidade de comunicar e o desespero».

Jóquei, Matilde Campilho: ««Jóquei, o primeiro livro de poemas de Matilde Campilho, é um álbum de Verão. Um Verão de todas as estações, transatlântico, luso-brasileiro na topografia Rio-Lisboa, com um português em dupla nacionalidade e dupla grafia, coloquial e feliz, saudoso e complicado. Os poemas, em verso e prosa, assemelham-se a climogramas, medem atmosferas e temperaturas. Contam muitas vezes histórias de trintões com a coragem de adolescentes, meninos e meninas em mergulhos desmedidos e destemidos, com deslumbramentos e desapegos, amores mercuriais, ternuras e enigmas».


      

Flores, Afonso Cruz: «Um homem sofre desmesuradamente com as notícias que lê nos jornais, com todas as tragédias humanas a que assiste. Um dia depara-se com o facto de não se lembrar do seu primeiro beijo, dos jogos de bola nas ruas da aldeia ou de ver uma mulher nua. Outro homem, seu vizinho, passa bem com as desgraças do mundo, mas perde a cabeça quando vê um chapéu pousado no lugar errado. Contudo, talvez por se lembrar bem da magia do primeiro beijo - e constatar o quanto a sua vida se afastou dela - decide ajudar o vizinho a recuperar todas as memórias perdidas. Uma história inquietante sobre a memória e o que resta de nós quando a perdemos».

Poesia, Sophia de Mello Breyner: «Assim surgia uma língua, nova e límpida. Era o ano de 1944, Sophia publicava o primeiro livro, com o mais justo dos títulos: Poesia. Todos os livros seguintes poderiam receber o mesmo baptismo, o mesmo nome preciso: essa condição de poesia, que é feitura do poema, trabalho oficinal, mas também resgate entre ruínas e morte, renascimento da exaltação. Ou seja: agon, combate pela forma, combate contra as ruínas do mundo, surpresa final das mãos nunca vazias. Pois esta poesia nasce num lugar esgotado, deserto; e é apesar das ruínas que de tudo se ergue o poema. Forte, elemental, sim; mas jorrando do terror, de ruínas que não falam, de uma língua herdada já exangue».

Pardalita, Joana Estrela: «Quando Raquel nos começa a contar a sua história, Pardalita já entrou na sua vida. Não de rompante, mas lenta e subtilmente, primeiro nos corredores da escola, depois nos ensaios do teatro. Raquel só a conhece de vista, mas conta os dias para a voltar a encontrar e começa a reparar em pequeníssimas coisas — como a etiqueta da camisola de Pardalita que lhe toca a pele do pescoço. Raquel começa a perguntar-se: "Qual é a distância a que se pode estar de alguém sem dar a entender que não se quer distância nenhuma?"».


      

Sul, Miguel Sousa Tavares: «São muitos e todos fascinantes os destinos deste Sul. De São Tomé e Príncipe a Itália, com paragens em Goa, Cabo Verde, Egito, Espanha, Marrocos, Costa do Marfim ou Tunísia, da Amazónia à selva africana, Miguel Sousa Tavares transporta-nos para um sem-fim de lugares inesquecíveis através das páginas deste livro».

Red, Sara Marques: «Narra a história de duas personagens distintas: a ingénua Sarah Hart e o enigmático Nick Winchester. Sarah vive mergulhada na sua própria comiseração. Depois de ter perdido a mãe e o irmão, ambos de forma repentina e trágica, Sarah abandona o refúgio que os livros lhe ofereciam, e encontra conforto no meio de um peculiar grupo de amigos. Esses amigos eram infames rebeldes, parte integrante da Red Revolution, uma resistência criada em oposição ao ditador implacável do país, Marcus Slade. Nick, um rebelde Red, esconde um passado que preferia esquecer».

Ágora, Ana Luísa Amaral: «No seu mais recente livro, que conta com reproduções a cores de grandes obras de arte de todos os tempos, a poeta apresenta-nos um conjunto de poemas belos e terríveis, comoventes e violentos, em permanente diálogo com a Bíblia e com a arte, mas sobretudo com o nosso tempo».


      

Demência, Célia Correia Loureiro: «Numa pequena aldeia beirã, duas mulheres de gerações diferentes leem o seu destino nas mãos de um mesmo homem: Letícia foi vítima de um marido ciumento e manipulador, e Olímpia é a mãe extremosa desse agressor».

Myra, Maria Velho da Costa: «Um romance que parte da relação de amizade que uma adolescente russa imigrada em Portugal estabelece com um cão de raça perigosa e que conta com magníficas ilustrações da pintora Ilda David».

Tosse, Mami Pereira: «Um livro sobre música clássica para quem "não percebe nada de música clássica". Para quem até gosta da música do Old Spice, do hino da Champions League ou das Quatro Estações. Para quem sabe pronunciar Dvořák e para quem chama Báque ao Bach. Para quem toca martelinhos ou Rachmaninoff até aos mindinhos. Para quem sabe porque está o Tristão tão triste e para quem nem sabe que Wagner existe. Para quem adora Debussy e para quem tem Dó de Si. Para os que dão concertos e para os que vão tossir aos concertos. Para quem tem uma vida para encher, um coração que quer bater».


   

Fabíolo, Mário Zambujal: «Assente num divertido jogo de sedução, o novo romance do eterno bom malandro é um livro pleno de mistério, humor e criatividade. O protagonista, Fabíolo, é um homem de paixões. Honestas. E também de outros impulsos e deslizes».

Inquieta, Susana Amaro Velho: «Julieta parece ter a vida perfeita. Aos trinta e sete anos tem um marido adorável que cozinha os melhores bolos. O emprego com que sempre sonhou e que a preenche. Uma casa cheia de luz e livros, onde a mesa está enfeitada com camélias. Então, por que motivo está agora sobre o varandim escorregadio de uma ponte, descalça e suja de sangue, prestes a saltar?».


 CONSIDERAÇÕES 

📖 Podem ler qualquer género e em qualquer formato;
📖 O tema talvez não permita grandes interpretações, mas não hesitem, caso pensem fora da caixa;
📖 A lista anterior é um mero guia de apoio, caso estejam sem ideias para as vossas leituras, mas podem ler outra obra do vosso agrado, desde que, naturalmente, respeite o tema central e seja de um autor português;
📖 Não há prazos, obrigações, nem meses fixos. E podem ler mais do que um livro;
📖 Utilizem a hashtag #almalusitana_asgavetas para que consiga acompanhar o que estão a ler.


O Alma Lusitana tem grupo no Goodreads. Se quiserem aderir, encontro-vos aqui.

Comentários

  1. Um lote de bons livros, já tive o prazer de ler alguns deles.
    Um abraço e continuação de uma boa semana.

    Andarilhar
    Dedais de Francisco e Idalisa
    O prazer dos livros

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    1. Estou muito curiosa com alguns destes livros!
      Continuação de boa semana

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  2. Vou escolher o livro do João Tordo que está em lista de espera :)

    Beijinho grande, minha querida!

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  3. Fiquei interessada em Autismo e Demencia :) Muito obrigada por estas partilhas, minha querida *.*

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    1. Quero ver se Autismo será uma das minhas próximas leituras. Demência é extraordinário

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  4. Bom dia:- O título ajudam e muito a vender livros
    .
    Saudações cordiais
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  5. Andreia Morais... adoro ler, escrever poemas e contos de mistério e suspense!!
    Gostaria de te seguir, mas sou um "blog" erótico e nem sempre bem visto por determinadas pessoas.
    Tenho receio de que minha presença aqui incomode você e seus leitores!
    Por isso:
    a) Peço para seguir-te;
    b) Fique à vontade para deletar meu comentário!

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    1. É sempre bem-vindo e pode seguir à vontade. Aqui só não são bem-recebidos aqueles que trouxerem palavras de ódio e desrespeitem os outros. De resto, são recebidos de gavetas abertas 😊

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  6. Que belas apostas! :)

    www.amarcadamarta.pt

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  7. Hum, acho que acaba por ser mais uma boa sugestão para se conhecer,
    O que posso dizer que nem todos que falou conhecia
    Beijinhos
    Novo post
    Tem Post Novos Diariamente

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  8. Tenho Inquieta também para ler. ☺

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