FEIRA DO LIVRO DO PORTO:
A EDIÇÃO DE 2022

Fotografia da minha autoria



«A minha árvore está livre, / vejo-a daqui»


O mundo torna-se um lugar bastante mais encantador, quando, alinhando a energia, conjugamos dois pólos que nos estimulam e entusiasmam. Por isso, regressarmos a um dos nossos lugares de eleição para desfrutarmos de um evento que aparenta definir-nos por inteiro, tendo em conta que há um brilho diferente no olhar, supera qualquer expectativa. E alimenta um conjunto de memórias tão comoventes e inesquecíveis.

Assim, tal como em anos anteriores, fui aos Jardins do Palácio de Cristal para viver a magia da Feira do Livro.


O PROJETO

A Feira do Livro do Porto é um festival literário, fundado em 1930. Construindo uma programação diversificada - em temas e intervenções - e adequada a todas as idades, a Avenida das Tílias, a Concha Acústica, o Terreiro do Roseiral, o Lago dos Cavalinhos e a Biblioteca Municipal Almeida Garrett acolhem uma série de animações.


Este evento é organizado pela Câmara Municipal do Porto e tem o cuidado de homenagear uma personalidade que está ligada à cidade Invicta, seja por nascimento, pelo trabalho desenvolvido ou, também, por coração.


A EDIÇÃO DE 2022

Com início a 26 de agosto e término a 11 de setembro, a artista homenageada foi a poetisa, professora e tradutora Ana Luísa Amaral, que, infelizmente, faleceu a cinco de agosto [com 66 anos]. Portanto, este tributo, face à enorme perda, adquiriu «um outro significado, uma outra ressonância, porventura mais emotiva».

A sua presença, naturalmente, deixou de ser possível, no entanto, a análise e o debate em torno da sua obra foram mais uma maneira de eternizar um dos nomes maiores da literatura nacional. Nascida em Lisboa, teve dificuldade em ambientar-se ao Porto, quando, aos nove anos, veio viver para os seus arredores. Por esse motivo, «balançou entre dois rios», até se sentir, finalmente, em casa. E para «honrar esse sentimento de pertença», foi-lhe atribuída a 9ª Tília dos Jardins do Palácio de Cristal. É sua. E ficará, para sempre, connosco.

   

Embalados pela poesia de Ana Luísa Amaral, o mote da Feira dividiu-se em duas palavras chave: Imaginar e Agir. Porque esta simbiose «deixa uma marca de diferença» em tudo aquilo que vivemos. Além disso, como mencionou Nuno Faria, coordenador de programação da FL, podem ser considerados gestos de resistência.

Foram, em resumo, 17 dias preenchidos de poesia, nas suas camadas mais diversas e exploradas por tantos outros artistas que se reuniram para tornar o programa apelativo, desafiante e à altura do momento. Deste modo, abriram as portas para que leitores, visitantes, livreiros, editores, escritores, divulgadores, alfarrabistas, músicos e representantes de várias manifestações de arte se unissem num propósito comum - e belíssimo.


A comunidade envolvente assumiu a missão e manifestou-se numa partilha plural.


A ORGANIZAÇÃO

Face às necessidades atuais, o festival não teve indicação de lotação máxima no recinto, mas, para além do balcão de informações, encontravam-se voluntários destacados para garantirem uma circulação cordial.

A atenção recaiu, sobretudo, nas dinâmicas em espaço fechado, atendendo a que era preciso levantar bilhetes [1h30 antes do início da sessão] para as atividades no Auditório da Biblioteca Municipal Almeida Garrett. Os eventos foram gratuitos, mas creio que esta medida serviu para garantir uma participação mais confortável.


Os restantes pontos de encontro estavam sujeitos a um número de lugares sentados, ocupados por ordem de chegada. Em simultâneo, tínhamos uma Avenida das Tílias ladeada pelos mais variados stands literários.


PEQUENAS CONSIDERAÇÕES

Reconheço que sou muito suspeita, porque a Feira do Livro enche-me as medidas. Mas a verdade é que não tenho qualquer apontamento negativo para destacar. Não caio na ilusão de sentir que foi tudo perfeito, porque esse conceito não existe e é natural existirem falhas, não obstante, considero que, nos dias em que estive presente, o ambiente revelou-se descontraído, encantador e com muitas pessoas apaixonadas por livros.

Este ano, pude comparecer seis vezes, quer para aumentar o número de títulos na estante, quer para usufruir de sessões que me deixaram muito curiosa, coordenadas por personalidades que admiro. Foi, do que me recordo, a edição que visitei mais vezes e despedi-me muito mais completa com tudo aquilo que aprendi.


Continuarei a imaginar. A agir. E a fazer da poesia uma ponte para o mundo.

14 Comments

  1. Confesso que só fui à feira do livro do Porto uma vez, em 2015. Tenho que mudar isso.
    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Na do Porto, face às diferenças de organização, nem sempre é possível encontrar descontos muito grandes, mas, mesmo assim, há preços apetecíveis. Além disso, há eventos maravilhosos a acontecer

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    2. E é sempre uma oportunidade para se "sacar" uns autógrafos de alguns escritores.

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  3. Nunca fui à Feira do Livro no Porto mas tenho curiosidade. Fui uma vez à de Lisboa como já manda a tradição aqui de casa e foi um caos completo. Credo.

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    1. Aqui há alturas em que também é caótico, mas vale muito a pena. Nada como vires descobrir 😉

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  4. Que maravilha *.* Saudades destes Jardins que sao o meu sitio preferido da nossa cidade :) Como ja te tinha dito, infelizmente a minha ultima ida à Feira do Livro do Porto ainda foi nos Aliados por isso muito obrigada por esta viagem virtual à Feira nos Jardins do Palacio de Cristal :)

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    1. Sendo nos Jardins do Palácio de Cristal, torna o festival ainda mais mágico, sinto 😍
      Terás oportunidade de a revisitar

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  5. Teresa Palmira Hoffbauer

    Tenho saudades da Feira do Livro do Porto como também tenho saudades dos Jardins do Palácio de Cristal. A tua reportagem, Andreia, merece cinco estrelas … quase chorei.

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    1. Awww, muito obrigada pelas tuas palavras tão generosas *-*
      É mesmo impossível resistir: à Feira do Livro e aos Jardins do Palácio de Cristal

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  6. Nunca me deu para visitar, mas parece ser mais uma boa opção para visitar
    Vou levar a sua sugestão
    Beijinhos
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