pequena obsessão sem nome

Fotografia da minha autoria



Ler não era uma atividade prioritária. Quando passou a fazer parte dos meus dias, ganhei alguns hábitos: preferir ler à noite, ter um bloco de notas por perto, registar passagens comoventes, tentar não quebrar a lombada, entre outros. Embora alguns tenham mudado com o tempo, riscar os livros nunca foi um deles, apenas por uma questão prática e de reconhecimento visual.

É provável que já tenha olhado para isso como um sacrilégio, como um ato quase criminoso a merecer uma coima imperdoável, contudo, nunca tive vontade de riscar os livros que lia por lazer uma vez que queria que fosse fácil encontrar as frases que me marcaram - atualmente, como vendo os exemplares que não pretendo manter, isso poderia dificultar o processo. Mas, retomando o ponto inicial, se riscasse as passagens que quero guardar, perderia mais tempo a procurá-las e ainda corria o risco de passar por elas sem as identificar. Portanto, abençoado daquele que, num dia igual a tantos outros (creio eu), se lembrou de criar os post-its - aqueles de tiras finas, não dos que têm espaço para escrever uma tese. As anotações eu faço à parte.

Na arte do post-it, nunca tive um método de utilização personalizado. Usava sempre os mais básicos, com aquelas cinco cores padrão. No máximo, evitava usar o rosa, porque detesto a cor - se calhar, é uma palavra forte, mas o rosa há-de aguentar, como eu aguento pagar por cinco cores e só usufruir de quatro. Mas a ciência era apenas seguir a ordem.

Mais tarde, vendo que isto é um negócio em ascensão, perdi-me de encantos pelos tons pastel e passei a apostar nesses conjuntos. Também reparei que saem mais dispendiosos, no entanto, o que é isso comparado com a estética, com a possibilidade de olhar para um exemplar e de o ver com cores lindas e diferentes? Se consigo percebê-lo com os livros arrumados na estante? Não, mas essa não é a questão principal. O importante aqui é que escolher os post-its já se tornou parte do ritual e foi por isso que reparei noutro fenómeno.

Sempre utilizei todas as tiras que vinham em cada conjunto, mas não é que, ultimamente, dei por mim a tentar combiná-las com a capa do livro? Em vez de colar indiscriminadamente as cores, passei a escolher apenas uma. E, caso não tenha aquele tom em específico, aposto no mais próximo ou no que combinar melhor com as tonalidades da capa.

Não sei o que é isto, que pequena obsessão sem nome é que desenvolvi, mas talvez precise de ajuda. Se tiverem conhecimento de um especialista para este problema, enviem um e-mail para aavóchalupou@insanidade.com. Agradeço o cuidado.


▪ julho, 2024

Comentários