salto de fé

Fotografia da minha autoria


O jovem Tiago sempre quis espalhar a palavra de Deus, por isso, dedicou-se ao sacerdócio e foi ordenado padre. Incapaz de dizer mentiras, por causa de uma lesão que sofreu no passado, a sua ingenuidade será posta à prova, até porque foi enviado para uma paróquia do interior do país, para o meio «de um rebanho de pecadores».

Salto de Fé é uma comédia descontraída, com momentos surreais, mas que não está isenta de uma crítica subtil e acutilante a vários comportamento humanos. Existe uma linha que separa a decência dos limites que estamos dispostos a transpor para conseguirmos o que queremos e este argumento mostra-o em cada interação.

Castelo Novo parece ter nos seus habitantes uma manta de retalhos de histórias curiosas. E o mais engraçado é que, nas suas diferenças, se unem para um bem comum. Isso não quer é dizer que o que pretendem seja algo bom ou que não esteja pautado por valores questionáveis, mas a graça dos episódios também passa por aí. Por aí e pela hipocrisia, porque todas as personagens têm telhados de vidro, mas é impressionante como julgam os outros e se anunciam tão puros. Hilariantes!

Numa aldeia onde tudo é visto como uma oportunidade de negócio e onde impera a coscuvilhice, será que Tiago se vai aguentar?

Fotografia retirada deste site

Fiz as malas e preparei a despedida, porque a estada em Castelo Novo chegou ao fim. Porém, levo na bagagem todas as peripécias desta vila do interior.

Salto de Fé revelou-se uma viagem alucinante. Afinal, paz e pacatez são conceitos que não se enquadram naquele ambiente, muito menos naquela população sempre pronta a criar atritos e a desenvolver novas e duvidosas formas de ganhar dinheiro. Por outro lado, e sem querer generalizar, por ser um meio mais pequeno é difícil manter segredos por muito tempo, portanto, nota-se que são fervorosos adeptos da arte da coscuvilhice.

Queria muito descrever vários dos acontecimentos que o padre Tiago teve de enfrentar, mas isso condicionaria a vossa experiência, caso ainda pretendam ver a série (disponível na RTP Play), porque eles foram-se esmerando nos mistérios, nas falcatruas, nas ambições e, inclusive, na maneira como escolheram fazer valer a fé.

Todos nós vamos representando distintos papéis ao longo da vida e isso implica moldarmo-nos às pessoas que nos rodeiam e a várias circunstâncias. E acho que a série, mesmo que seja um conteúdo televisivo descontraído, faz-nos pensar nessa questão. Além do mais, deixou-me a pensar sobre o forte sentido de comunidade que parece surgir nos sítios mais improváveis (e que tantas vezes são caracterizados com malícia) e sobre o quanto queremos pertencer a um determinado lugar. Até que ponto devemos insistir? Será essa postura uma maneira de demonstrarmos resiliência?

Numa vila onde reinam a hipocrisia, o egoísmo e valores questionáveis, a verdade é que se torna difícil não querermos fazer parte dos esquemas dos seus habitantes.

Comentários

  1. Agora fiquei mesmo com vontade de ver. Deve ser o máximo.

    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Muito, minha querida! O elenco foi escolhido a dedo e só têm saídas hilariantes

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  2. Confesso que me deixaste curiosa! :)

    www.amarcadamarta.pt

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