as coisas maravilhosas de abril

Fotografias da minha autoria


A narradora e protagonista d' O Meu Marido era capaz de bordar significados aos detalhes menos visíveis, encontrando uma certa noção de conforto e, talvez, de paz. Ao lê-la, percebi que fiquei presa a esta dinâmica, porque, de facto, de uma forma mais ou menos consciente, procuramos sempre atribuir correspondências: seja para justificar o que nos acontece, seja para o compreendermos - ou tentarmos perceber, pelo menos. Portanto, embora isto seja nebuloso, acredito que nenhum mês me assentaria melhor do que este: sou mesmo filha de abril.

Assumindo o quanto sou suspeita nesta afirmação, o mês mais bonito do ano chegou com a promessa de momentos inesquecíveis e cumpriu. Aliás, até sinto que superou as expectativas que fiz por manter calibradas, atendendo a que se revestiu de vários pedaços de amor, de celebrações, de conquistas de amigos, de liberdade.

O meu abril é um poema.


as coisas maravilhosas de abril


 os fragmentos aleatórios

O Lugar das Árvores Tristes continua a fazer parte da minha lista de livros favoritos, por isso, estava muito curiosa com as histórias que a Lénia Rufino teria para nos contar a seguir. Sem querer que soe a cobrança, quatro anos depois fomos surpreendidos com Silêncio no Coração dos Pássaros e, confesso, foi bom abrir a encomenda, descobrir esta história e guardá-la na estante, lado a lado com a sua obra de estreia. A escrita da Lénia é preciosa!

O meu afilhado surpreendeu-me com um cesto bem à minha imagem e o meu afilhado de coração trouxe-me mais um dedal para a minha coleção.

      

      

A Marisa Vitoriano lançou um projeto de poesia, o Poesia à Deriva, e teve a amabilidade de me enviar uma carta e um poema - os correios queriam trocar-nos as voltas, mas, no fim, deu tudo certo. Fiquei mesmo sensibilizada!

Recentemente, decidi aumentar a coleção de vinis e comprei a Box do Slow J, que inclui Afro Fado, You Are Forgiven e The Art Of Slowing Down, e o penúltimo trabalho do Plutonio, Sacrifício: Sangue, Lágrimas & Suor.


  as músicas e os álbuns



 as publicações

O sítio da minha infância amanheceu chuvoso, enegrecido, numa aparente apatia que desacelera os passos. É curioso como os nossos lugares acompanham o nosso estado de espírito, mesmo sem terem essa noção. São uma extensão subtil, ponderada, da alma que construímos com o tempo, mesmo quando já não o temos. O sítio da minha infância amanheceu desolado e em lágrimas, como eu.

Há umas semanas, a Rita da Nova e o Guilherme Fonseca, no Terapia de Casal, estiveram a falar sobre o que venderia a loja do museu sobre as suas vidas. E os meus sentidos ficaram logo alerta, atendendo a que senti que poderia ser uma forma engraçada para celebrar a entrada nos trinta e três, sobretudo, pelo seu traço intimista.

O Livra-te, podcast literário de Rita da Nova e Joana da Silva, num dos episódios de fevereiro, centrou-se num tema muito interessante: livros que caíram no esquecimento ou que acabaram por não ter a devida atenção. Na altura, como achei esse exercício bastante enriquecedor, transportei-o para a minha newsletter. Hoje (23/04), a propósito da celebração do Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor, senti que fazia todo o sentido recuperá-lo.


 os filmes, as séries e os podcasts

Ponto Nemo
O termo Ponto Nemo, também conhecido como Polo da Inacessibilidade do Pacífico, refere-se ao local mais distante «de qualquer continente ou ilha do planeta». Ademais, inspirou uma produção luso-espanhola, de ficção científica, transmitida pela RTP. A série, gravada na Galiza e na Madeira, acompanha os membros de uma expedição oceanográfica, «formada por cientistas e a Armada Espanhola», que embarcam no navio Pentonkontors com o intuito de «investigar e consciencializar o mundo sobre os problemas da ilha de plástico». A missão é ótima, mas não será isenta de problemas.

Daqui Houve Resistência
A nova aposta televisiva da RTP, que será exibida durante esta semana, é baseada «em factos e personalidades reais sobre a resistência e a luta antifascista, centrada a Norte de Portugal, durante os treze anos que antecederam o 25 de abril de 1974». Assim, ao longo de cinco episódios, veremos retratada a oposição à ditadura nacional, sempre a partir de locais diferentes e a partir de «uma perspetiva descentralizada» desta luta.

Podcasts: Luís Franco-Bastos regressou com a última temporada de Hotel e Guilherme Fonseca, em contagem decrescente para o seu próximo solo de stand-up, aventurou-se no Má Ideia. Quanto a episódios específicos, destaco Geração 80 com Rui Maria Pêgo, Conversa com o escritor Hugo Gonçalves e Cultas e Vinho Verde com Patrícia Reis.


 os livros

Os favoritos do mês
Outros livros lidos: O Meu Marido, Maud Ventura | O Hóspede de Job, José Cardoso Pires | Os Loucos da Rua Mazur, João Pinto Coelho | Nem Todas as Árvores Morrem de Pé, Luísa Sobral | Vista Chinesa, Tatiana Salem Levy | Não Fossem as Sílabas do Sábado, Mariana Salomão Carrara | Quanto Tempo Tem Um Dia, Susana Moreira Marques | História da Menina Perdida, Elena Ferrante.


 os momentos

Literatura em Viagem
O Festival Internacional Literatura em Viagem, o LeV, que é organizado pela Câmara Municipal de Matosinhos, encontrou nas palavras de Eduardo Lourenço o mote para mais um encontro: «mais importante do que o destino é a viagem». Cruzando memórias, conversas e diversas experiências, levantamos voo para descobrir histórias que combinam continentes longínquos e imaginação. Foi a primeira vez que marquei presença neste evento e apenas consegui ir ao último dia, ainda assim, trouxe três conversas maravilhosas e uma forte vontade de regressar - experiência completa aqui.

Pedro Sampaio na Super Bock Arena
O caminho até os Jardins do Palácio de Cristal, quando fomos ver Sombra, espetáculo da Bumba na Fofinha, em outubro de 2024, foi pautado por muita conversa e por um desfecho para o qual não estava preparada: a possibilidade de regressarmos àquela sala para o concerto do Pedro Sampaio - experiência completa aqui.

      

     

     

      

      

     

      

Abril abriu-me a porta dos 33, que espero que sejam generosos, revestiu-se de liberdade e de oscilações emocionais, levou-me até ao Wow, para conhecer o Museu da Cortiça, e até à Casa da Cultura de Avintes, para ouvir o meu vizinho a falar sobre o livro da sua vida. Além disso, trouxe-me o colo das minhas pessoas.

A amiga Rita da Nova está a dias de lançar o seu terceiro livro e deu-me a oportunidade de conhecer a história antes de ser do mundo. Sei que tudo o que disser depois disto soará suspeito, mas foi mesmo um dos pontos altos do meu mês: porque adoro a escrita da Rita, porque acredito que é um privilégio viver no mesmo tempo que ela e porque o livro está extraordinário. Escrevi imenso sobre ele e, ainda assim, acho que nenhuma palavra fez justiça à sua mestria. Não sei o que é que fiz de bem para merecer tamanha amabilidade, mas sou uma sortuda!


Maio, sê gentil  

8 Comments

  1. Que abril incrível *.*

    Que maio seja aconchegante.

    Beijinho grande, minha querida!

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  2. Um Abril maravilhoso, que fofo esse gatinho, que Maio seja ainda melhor, Andreia Feliz Dia do Trabalhador bjs.

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    1. É muito meigo 🥺
      Muito obrigada, Lucimar, desejo-lhe o mesmo!

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  3. Que mês incrível! Que maio seja espectacular!

    www.amarcadamarta.pt

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  4. Adoro regressar e continuar a ler posts como estes, deliciosos, onde descubro sempre alguma coisa nova, ou pontos em comum ou simplesmente partilho de um bem-estar ao ver o teu!
    Bom fim-de-semana :)

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