Entre Margens

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«A vida é feita de momentos colecionáveis»


Janeiro chegou com um traço de imprevisibilidade, porque, embora soubesse que não bastaria a passagem para um novo ano para ficarmos bem, acreditava que estaríamos a caminhar num sentido mais favorável - por esta altura, já deveria ser evidente que os nossos comportamentos têm consequências sociais. Honestamente, sinto que tenho aguentado bem este barco, mas, a meio, sucumbi à certeza que o cerco aperta e que há uma sensação de impotência paralisante. Mas continuo a remar, acalentando a esperança e, mais, contribuindo para que voltemos a respirar. Apesar de tudo, janeiro trouxe fragmentos muito especiais.



«Fico a pensar em nós
Na chama que nos dá perdão
Lamacenta decisão
Onde mergulhei em vão

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... Macarons!

[Se a delicadeza tivesse forma de doce, assumiria a figura de um macaron. Porque é de um requinte que quase me demove de os degustar. No entanto, por serem tão deliciosos, também se tornam irresistíveis. E eu adoro, em particular, o de chocolate e o de pistachio. Num futuro próximo, tenho de me aventurar a replicar uma receita cá por casa].

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«Originalmente publicado em 1925»


Os livros são o meu refúgio, escondendo uma infinidade de mistérios. Por isso, há nomes aos quais regresso, porque é quase certo que abraçarei uma leitura memorável - ou, pelo menos, aconchegante. E uma autora que me deixa sempre entusiasmada com a sua obra é Agatha Christie. Aproveitando uma feira de rua, em 2019, adquiri um novo exemplar para a minha coleção, acalentando o fascínio por policiais.

«Ora - riu o outro. - Acha que alguma vez 
o deixam chegar a essa editora vivo?»

O Segredo de Chimneys evidencia características inconfundíveis da Rainha do Crime, pois abunda de diálogos intrigantes, personagens suspeitas e muitos detalhes que mantêm a nossa mente em movimento, procurando interligar pistas e decifrar o enigma. No entanto, reconheço, não senti a mesma adrenalina, embora a premissa seja estimulante, envolvendo-nos numa teia de chantagem, traição, assassinatos, lutas políticas, trocas de identidade e organizações criminosas. Nesta narrativa em camadas, acompanhamos um guia turístico que recebe uma missão, no mínimo, estranha, ao mesmo tempo que nos vamos questionando sobre as motivações dos vários intervenientes.

«E, então, retesou-se subitamente, com todos os sentidos alerta. Tinha ouvido passos 
no terreno lá fora. Novamente silêncio e, depois, um raspar abafado no vidro»

Este livro mostra-nos, para além da sua energia misteriosa, uma história de amor. E creio que apresenta um ritmo mais engraçado do que vertiginoso. Ainda assim, é imprevisível, deixando-nos, inúmeras vezes, à deriva. Porque nada é o que aparenta ser. O que é excelente!

«O amor não é uma droga que se toma 
para ficarmos insensíveis ao que nos rodeia»


// Disponibilidade // 
Wook: Livro | eBook [português do Brasil]
Bertrand: Livro | eBook [português do Brasil]

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Há tanta coisa que vejo, mas que não compreendo neste imenso 
céu azul. E guardo para mim as inquietações, seguindo 
em frente como se fosse tudo bastante claro.


🌿


A tua sombra é cada vez maior. 
E a tua escuridão muito mais profunda.


🌿


Que passos acalmam o coração?


19.02.2015

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Tema: Um autor que nunca tenhas lido


O destino é uma miragem, mas as ruas carismáticas da cidade do meu coração orientam-me para um bom refúgio. E é através da sua calçada já gasta, que conheço quase como a palma da mão, que me aventuro por novas rotas. Por isso, sem ter sido premeditado, regressei ao primeiro tema do Alma Lusitana para conhecer os livros de Nuno Nepomuceno.

As premissas e as críticas favoráveis despertaram a minha curiosidade. Além disso, percebi que explora um género literário que me interessa bastante, levando-me a adquirir a Série Afonso Catalão por inteiro. O risco era elevado, mas compensou, porque o autor tem uma escrita fascinante. Mas não é o único motivo, visto que a própria organização dos exemplares, bem como os factos que os sustentam, arrebata[m]-nos. No final de cada obra, sentia um impulso para avançar, de imediato, para a seguinte, porque o universo desenvolvido é entusiasmante.

Os enredos são independentes. Porém, aconselho a seguir a ordem de lançamento, porque há detalhes que têm um impacto maior por esta sequência, tornando-se evidente a evolução dos protagonistas. Creio, portanto, que a experiência será mais gratificante, caso o nosso percurso seja A Célula Adormecida, Pecados Santos, A Última Ceia, A Morte do Papa e O Cardeal. Apesar disso, o mais importante é que encontraremos narrativas de elevada qualidade e com abordagens minuciosas, que nos concedem a possibilidade de analisar temas controversos e enigmáticos, colocando a religião no centro da ação.


A CÉLULA ADORMECIDA


O início da Série Afonso Catalão, que nos abre portas para um mundo de desconfiança, mentira, extremismo, religião e relações humanas duvidosas, sendo pautado pela necessidade de criar o medo na sociedade. Com a ação a decorrer durante os 30 dias do Ramadão, não só deambulamos por Lisboa e Istambul, como também aprendemos a olhar para dentro dos segredos do protagonista, porque há fantasmas do seu passado que insistem em atormentá-lo. Além disso, explorando temas como o racismo e a xenofobia, A Célula Adormecida mostra-nos como o desgosto e o ódio são impulsionadores de vingança; mostra-nos como até pessoas de bem se perdem perante injustiças irreversíveis. Em simultâneo, faz-nos repensar o modo como encaramos os demais e as suas crenças [e como estas nos podem cegar]. Nuno Nepomuceno fez um trabalho fantástico de investigação e conseguiu equilibrar os factos reais com a ficção, aproximando-nos de uma narrativa intrigante.

Palavras-chave: atos terroristas, segregação, retaliação, violência.


PECADOS SANTOS


Um thriller alucinante e imprevisível. Iniciei a obra curiosa, mas tentei não elevar as expectativas. E a verdade é que fui envolvida numa viagem surpreendente, que me deixou sem palavras. Porque a cadência dos atos e os seus simbolismos prendem-nos, ao mesmo tempo que nos levam a refletir sobre as ligações interpessoais, a religião e o extremismo das nossas crenças. Para além do mais, com uma escrita rigorosa, o autor teve a sensibilidade de expor e explorar factos bíblicos sem tornar a leitura pesada e, até, desconexa. Muito pelo contrário, tornou a descrição bastante apelativa e contextualizada. A certo ponto, naturalmente, somos incentivados a formular hipóteses, mas creio que nada nos encaminha para o desfecho. Deambulando entre o passado e o presente, há um ritmo misterioso e frenético que nos abraça e nos perturba, deixando-nos perplexos com as reviravoltas que a vida nos reserva e, sobretudo, com o quanto estamos longe de conhecer certas pessoas que se cruzam na nossa estrada. Afinal, todos temos telhados de vidro e não imaginamos os laços que unem histórias.

Palavras-chave: serviços secretos, crime, homossexualidade, família.


A ÚLTIMA CEIA


Vamos roubar um quadro? O terceiro livro da Série Afonso Catalão apresenta um tema bastante diferente dos anteriores - ainda que se mantenha próximo da religião -, o que nos permite descobrir mais uma faceta da criatividade escrita do autor. Senti, apesar de tudo, que o ritmo não é tão frenético e que tende a ser menos misterioso, até porque estamos cientes do objetivo da missão, não existindo tantos polos de intensidade. Inspirado em factos verídicos, como os anteriores, A Última Ceia explora o crime organizado, a arte, a homossexualidade, as incoerências da Igreja e um romance peculiar. Por outro lado, também nos permite conhecer um pouco mais do passado do professor Catalão. Viajando entre Londres e Milão, voltei a ficar fascinada com o simbolismo de certos detalhes. Não me arrebatou como os seus antecessores, mas apreciei a curva pela qual orientou o final.

Palavras-chave: pintura, igreja, crise de valores, dilemas, romance.


A MORTE DO PAPA


A história é baseada em acontecimentos reais, mais concretamente, na vida e morte de Albino Luciano, conhecido como o Papa dos 33 dias. E isso, por si só, estimula a nossa vontade de compreender os factos. No entanto, por também privilegiar um processo criativo ficcional, sentimos a incerteza e questionamos se determinado pormenor é uma mera teoria ou se poderá ter algum fundamento. Neste livro, voltei a detetar uma energia vertiginosa e com inúmeras camadas. Aliás, é fascinante a capacidade que Nuno Nepomuceno tem para articular enredos que aparentam ser autónomos. Com uma sequência narrativa inteligente, A Morte do Papa esconde imensos segredos ao virar da página, confrontando-nos com a inveja, a hipocrisia, as incoerências do Vaticano, o frenesim mediático e a certeza que todos guardamos fantasmas no armário. Além disso, foca-se no pecado e na prostituição e faz-nos questionar até onde estamos dispostos a ir para protegermos a fachada que erguemos ao redor da nossa vida - será que vale tudo?

Palavras-chave: homicídio, blasfémia, ambição, detalor, Vaticano.


O CARDEAL


Um conjunto de mortes suspeitas tem em comum a presença de umas flores vermelhas, conhecidas como cardeais. Inclusivamente, apontam para o mesmo culpado. Só que vamos compreender, com alguma celeridade, que as pistas reunidas escondem mais camadas do que aquelas que aparentam possuir. Inspirado em crimes reais, que podem chocar, o mais recente livro da Série Afonso Catalão permite-nos conhecer o drama da família Emanuel e contextualizar episódios passados. E é esse cuidado do autor que nos possibilita desconstruir toda a profundidade das várias histórias, porque, embora funcionem como obras independentes, há aspetos que tornam o todo mais completo, apresentando um traço psicológico sombrio e fascinante. Assim, vivenciando momentos de tensão, sentimos a perceção falaciosa de termos desvendado o mistério. Contudo, somos brindados com sucessivas reviravoltas - e o final desarmou-me por completo. Nuno Nepomuceno construiu mais uma narrativa poderosa, na qual os contornos obscuros da personalidade humana - e dos crimes em si - nos inquietam, fazendo-nos ponderar sobre as motivações que sustentam aqueles que nos rodeiam. Com a religião como cenário de fundo, há uma teia de acontecimentos dúbios e criminosos.

Palavras-chave: troca de identidade, conclave, vingança, assassino.


Finalizada a leitura, para uma experiência complementar, recomendo que escutem os podcasts do autor: Os Ficheiros Catalão e O Assassino

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«O voto é mais forte que a bala»


A realidade que enfrentamos exige-nos cuidados redobrados, resguardo e coragem. Porque, em confinamento, continuamos a lutar contra esta pandemia que já tanto nos tirou. Por isso é que, consciente da minha pegada social, procuro proteger-me e, assim, proteger os meus e quem me rodeia. No entanto, de modo a evitar que se propague uma crise de valores e de democracia, não podia ficar em casa numa altura em que ir para a rua é a melhor arma que tenho para exercer um direito precioso.



«Quem vem e não fica
Talvez seja para melhor
Sozinho não te arriscas
A desgostos de amor

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«A minha liberdade é escrever»


A minha escrita acolhe um super poder do qual não abdico. Porque fazê-lo à mão é criar um elo umbilical com as palavras, enquanto as desenho no papel. Além disso, é este registo que me aproxima de uma essência singular, porque sinto-as a ganharem forma por entre os meus dedos.

Este impulso criativo fascina-me em vários sentidos, permitindo-me desacelerar e adequar o foco, visto que, em simbiose com as folhas onde marco pensamentos, não tenho estímulos extra. E é com este efeito quase mágico que exploro os benefícios de um método que, para mim, fará sempre sentido e, ainda, da arte que envolve a nossa caligrafia.

Assim, escrevo à mão por sete motivos

✏ É terapêutico [acalmando hesitações, medos e angústias];

✏ Estimulo a criatividade [construindo a minha identidade];

✏ Estimulo o cérebro e a concentração [permitindo envolver, em simultâneo, a visão, a habilidade motora e a capacidade cognitiva];

✏ Organizo melhor os meus pensamentos [sendo mais fácil detetá-los num texto, até porque, ao escrever, priorizo a memória visual];

✏ Não descuro a ortografia [caso erre na escrita de uma palavra, sou estimulada a perceber onde falhei, o que faz com que não a esqueça];

✏ Valido emoções [a forma como escrevo torna mais intempestivo ou mais sereno o que me pesa no peito, estabelecendo um equilíbrio];

✏ Leva-me num processo de autoanálise e pensamento crítico [porque, ao escrever no papel os meus sentimentos, quase que me desprendo de quem sou. E, ao reler o texto, consigo distanciar-me. Além disso, como escrever à mão leva um pouco mais de tempo, penso com outro cuidado sobre as ideias que vão surgindo, em vez de as digitar com rapidez].

Creio que alguns destes pensamentos também podem ser aplicados à escrita digital. Contudo, sinto que o toque com a caneta é fundamental para despertarmos sensações e tornarmos o processo muito mais íntimo.


Escrevem à mão?

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... Doce de Abóbora!

[É curioso como não sou grande apreciadora de abóbora, mas gosto bastante desta variante, sobretudo, se for acompanhada por requeijão. É daquelas combinações que me sabem imenso a outono, aconchegando a minha memória emocional. Acabo por não comer com tanta regularidade, mas é um dos meus sabores de compota favoritos. Querem um pedacinho?]
 

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«Um thriller ambientado na União Soviética de 1930»


Os sonhos comandam a vida, como aprendemos nos versos da Pedra Filosofal. E, portanto, fortalecemos os passos que damos para os concretizar, saltando, muitas vezes, sem rede e equilibrando o medo do desconhecido com a vontade de chegarmos a um destino melhor. Mas este abrir de asas pode não ser assim tão poético, caso existam segredos que procuramos esconder no passado. Inspirada por este espírito idílico e misterioso, parti à descoberta do livro de António Garrido.

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«O que está por trás das canções que gostamos?»


As vozes invadem as nossas casas, sem as desarrumarem, mas encontrando um espaço para se acomodarem. E as letras falam-nos baixinho, transmitindo-nos a doce sensação da pertença, porque aquelas palavras pareciam ter sido escritas para nós, criando uma conversa com os nossos pensamentos. É por essa razão que sou tão fascinada pelo processo criativo, pois mostra-nos a alma de cada trabalho. Portanto, escutar um podcast que me proporcione essa viagem é mesmo estimulante.

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Tema: Um livro que toda a gente já leu menos tu


 GATILHOS: Pedofilia, abuso sexual e psicológico 


A comunidade literária, quando unida pela arte que a sustenta, pode ser uma influência agradável e extremamente positiva, uma vez que nos permite descobrir novas obras e autores. Assim, há títulos que permanecem em surdina na nossa memória, porque nos despertam interesse. No entanto, nem sempre conseguimos acompanhar o ritmo frenético das novidades, sucumbindo à sensação que já todos leram determinado livro. E isso aconteceu-me com Kate Elizabeth Russell.

«Estes homens escondem-se à vista de todos»

Minha Sombria Vanessa é narrado em duas linhas temporais, transportando-nos para uma história angustiante, atendendo a que nos confronta com temas como a pedofilia, o abuso sexual e psicológico e a inércia. A protagonista, que era uma jovem de 15 anos quando tudo aconteceu, desperta-nos uma série de questões, porque compreendemos, desde o início, que está a ser ludibriada, mas o seu discurso segue outro sentido. Portanto, automaticamente, sentimos revolta e uma vontade imensa de a agarrar pelos ombros, para que se liberte daquela ilusão. Em contrapartida, também fui capaz de acompanhar o seu raciocínio. Colocando-me no seu lugar - ou tentando, pelo menos -, será que teria discernimento para recusar a atenção de que era alvo? Enquanto alguém solitário, teria maturidade emocional para detetar segundas intenções ou, pelo contrário, acreditaria que era especial?

«Há coisas em que ele precisa de acreditar para poder viver consigo»

Eu consigo entender o fascínio por um professor e, idades à parte, entender que não se controlam sentimentos e sensações - e que esse laço afetivo, que nos deslumbra, é imprevisível e desarmante. Contudo, é inconcebível quando um adulto se aproveita da fragilidade de um adolescente e, pior, quando, de forma subtil e premeditada, acalenta uma perfeita distorção da realidade. E é duro contactar com esse desfasamento, com a dúvida que se instala e com o desejo de saber que aquela situação não pode ser tão grave como a descrevem. Por consequência, assistimos ao encantamento, à negação, ao romancear de um abuso, ao medo e à culpa que continua a não ser direcionada para o criminoso. Além disso, assinalamos o peso do silêncio e a manipulação justificada por aparentes demonstrações de preocupação e de amor.

«Quero chegar baixo o suficiente para varar 
a superfície e nadar sem carecer de ar»

Sinto que um dos pontos chave para o desenrolar da narrativa foi a postura de Vanessa. Ou seja, ela não queria ser uma vítima e procurou sempre indícios que provassem que a sua história era diferente, proporcionando-nos uma leitura ainda mais perturbante. Em simultâneo, creio que o propósito da autora não foi tanto a luta pela justiça e pela reposição da verdade, mas, antes, evidenciar os traumas e as suas repercussões; e o quanto há comportamentos duvidosos a serem omitidos ou, simplesmente, ignorados pela sociedade, compactuando com o problema. Partindo da interpretação da protagonista, somos confrontados com os nossos preconceitos e juízos de valor, percebendo que nem todos reagimos da mesma maneira e que, sobretudo, procuramos proteger-nos - e proteger quem amamos, ainda que vivamos uma mentira.

«[...] mas ela sabe que foi a verdade a assustar-me, a extensão, a crueza»

Minha Sombria Vanessa faz-nos pensar sobre consentimento, liberdade, vitimização e conivência. Ainda assim, creio que faltou algo. Há aspetos da vida da personagem principal a carecer de um maior contexto, visto que o traço sombrio da sua personalidade parece-me mais profundo do que está descrito. Apesar disso, o essencial da mensagem implica-nos e orienta-nos para uma pergunta sufocante: quantas Vanessas caminham ao nosso lado, envolvidas numa história de amor que nunca o foi, porque acreditaram nas palavras de um predador?


Disponibilidade: Wook | Bertrand

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Tema 23: Telefone + Pegadas


Era uma vez um gato
Preto com olhos cor de mel
De pata curta e barrigudo
A deambular pela casa
Com pegadas ritmadas 



«No teu poema
Existe um verso em branco
E sem medida
Um corpo que respira
Um céu aberto
Janela debruçada para a vida

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«Entregar-se à arte de criar»


O momento em que me sento a criar conteúdo para o blogue envolve sempre algumas particularidades. Porque, até sentir a publicação finalizada, priorizo passos que, para mim, a tornam mais completa e, sem qualquer dúvida, à imagem do que pretendo. Portanto, ciente que o texto é o meu foco principal - pois é através das palavras que me expresso -, não descuro, ainda assim, outros meios de comunicação.

Esta consciencialização foi adquirida com o tempo e com a dedicação depositada nesta casa virtual, atendendo a que compreendi que era mais produtiva e eficiente, quando me organizava para o efeito. Além disso, percebi que este método não condicionava a espontaneidade da partilha. E foi este gatilho que me ajudou a não colocar entraves num trabalho de bastidores com lógica, sobretudo, porque descobri o que funcionava melhor comigo. E, para tal, comecei a usufruir de algumas ferramentas manuais e virtuais que tornam o processo criativo mais entusiasmante.

Investir naquilo que nos complementa é aconchegar o coração. Por isso, sempre que procuro trabalhar na e para As gavetas da minha casa encantada, estas aplicações e estes recursos são os meus aliados.


PRODUÇÃO ESCRITA

Evernote: Utilizo este bloco de notas - na sua vertente móvel - para registar temas e ideias para futuras publicações. Caso não tenha folhas perto, também recorro a esta aplicação para escrever os textos.

Calendário Editorial: Até ao começo deste ano, aproveitava folhas de rascunho para criar um planner mensal. Desta forma, tinha sempre visível as publicações pensadas para cada semana. Para 2021, optei por usufruir do planner incluído na minha agenda, por se tornar ainda mais prático. Além disso, aproveitei a generosidade da Sofia, que, nesta publicação, nos ofereceu o calendário editorial que ela desenvolveu.

Capa + Folhas A4: Sei que poupava tempo - e o ambiente -, caso escrevesse diretamente no computador. Mas a verdade é que necessito deste estímulo manual para criar as minhas publicações - acho que o toque, o sentir a caneta a desenhar as letras e a riscá-las quando determinada palavra/frase não faz sentido, tem um peso considerável na maneira como estruturo os meus pensamentos. Assim, tenho uma capa e recargas prontas para esta tarefa. Em simultâneo, este método funciona como um primeiro rascunho, permitindo-me, depois, aprimorar o texto.

Blogger: Sendo a minha plataforma, a secção das mensagens funciona num ritmo diário [até ao momento] e recorrendo sempre ao agendamento.


PRODUÇÃO FOTOGRÁFICA

Canon 2000D: Inicialmente, recorria a imagens de terceiros, mas, pouco depois de criar conta no Instagram, senti que fazia mais sentido complementar os meus textos com fotografias da minha autoria. Até 2018, eram todas tiradas com a Nikon Coolpix S3200, mas, tendo em conta que já não estava a corresponder à qualidade que tinha, aproveitei uma promoção de Natal e investi num sonho antigo, adquirindo uma Canon. A fotografia sempre foi uma das minhas maiores paixões, por isso, aliar o melhor destes dois mundos agrada-me bastante. E, neste caso, não podia estar mais satisfeita com a compra.

Adobe Lightroom: Não sou a pessoa mais entendida em edição - nem caminho para tal -, mas tenho gostado de brincar com esta funcionalidade, criando uma certa harmonia entre as fotografias.

Pinterest: Sobretudo, como fonte de inspiração. Mais recentemente, como outra plataforma de partilha do meu conteúdo blogosférico.


EXTRAS

Canva: O meu salvador para criar imagens para as histórias do Instagram, para os cabeçalhos do Moleskine e, inclusive, para os projetos/iniciativas que quero desenvolver ou, então, para sintetizar informações que considero pertinentes numa determinada publicação, porque é uma aplicação intuitiva e bastante versátil [opinião aqui].

Priberam e Conversor do Acordo Ortográfico: Assim que começo a escrever, estas duas páginas são quase abertas de imediato. Porque há sempre dúvidas que surgem - seja de escrita, de gramática ou de conjugação - e, portanto, gosto de estar bem informada e fundamentada.

Instagram: A conta do blogue é, essencialmente, uma ponte para As gavetas, por isso, nem sempre desenvolvo muito nas legendas. Além disso, permite-me melhorar a minha criatividade, conhecer novos pontos de vista e, até, conteúdos e explorar outros meios de comunicação.


Que aplicações/recursos utilizam? 

Fotografia da minha autoria



«Prefiro a música, porque ela ouve o meu silêncio»


A música é uma arte que me embala, porque ampara as minhas emoções, ao mesmo tempo que compreende o silêncio com que me revisto. É certo que esta observação transparece um apontamento de egocentrismo, mas essa é a magia do meio artístico: permite-nos encontrar algo familiar na mensagem das suas inúmeras componentes. E é por isso que, não tão raras vezes assim, é o dialeto que nos ajuda a comunicar com o mundo.

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«Crónicas publicadas na imprensa entre 1993 e 1997»


A oferta de um livro é um gesto íntimo, que me emociona sempre, porque sinto que a pessoa está a dar um pouco de si. Além disso, é uma forma de me aventurar em autores que, talvez, fossem uma escolha menos provável. E foi desta maneira que fiquei a conhecer Daniel Sampaio.

Fotografia da minha autoria



«De volta à natureza»


Acender uma vela traz logo outra harmonia ao nosso lar. E se, há uns anos, apenas as utilizava como elemento decorativo, mas com pouca expressão, a verdade é que, atualmente, não dispenso esta rotina que tanto me conforta. Portanto, procuro sempre ter algumas opções cá em casa, para me acompanharem nas mais diversas ocasiões do meu dia. E foi através de uma partilha que fiquei a conhecer a Roots Collection.

Fotografia da minha autoria



Tema: Um autor que nunca tenhas lido


O Porto está cheio de cantos e recantos onde me perco, mas sem perder o sentido de pertença. Deambulando pelas suas ruas históricas, com memórias inigualáveis, vou avistando novas paisagens. Por isso, mesmo conhecendo a sua essência, ainda há muito desta cidade para desvendar. E senti que seria a ponte perfeita para abrir a porta do Alma Lusitana. Abraçada aos livros, fui à descoberta de Hugo Gonçalves.

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«Fui atrás da felicidade e voltei 
da livraria com cinquenta livros»


A nossa viagem só fica completa, quando descobrimos o nosso lugar. E há poucas sensações tão arrebatadoras como a que se manifesta perante a certeza de nos sentirmos em casa. Portanto, sempre que entro numa livraria, sei que é ali que pertenço, porque estou amparada por infinitas histórias, pedaços de mundo e palavras que nos transformam.



«Um dia destes vais bater à minha porta
A dizer que já não dormes
De tanto pensares em mim

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... Pinhas!

[Símbolo de esperança e união familiar, as pinhas são um elemento bastante recorrente nas decorações natalícias. No entanto, mantenho-as presentes durante todo o ano, não só por representarem uma ligação tão importante para mim, mas também por serem um pedaço de natureza a complementar a casa. Além disso, adoro o seu formato em camadas e o facto de me remeterem para uma das minhas estações do ano favoritas].

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«Quando a dor não cabe mais no peito»


O teu olhar permanece ausente, como se aguentasse o peso do mundo nos ombros. As tuas feições delicadas são, agora, carregadas de dor. E o meu coração aperta por não ser capaz de sossegar esse teu desânimo.

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«Da embriaguez à civilização»


As primeiras leituras do ano são sempre ponderadas, para iniciar com o pé direito. Porém, é evidente que esta seleção não dita o sucesso da caminhada literária - até porque a escolha depende do meu estado de espírito -, mas motiva-a com outra envolvência. Por isso, em 2020, reservei janeiro para me reencontrar com um dos meus autores favoritos - Afonso Cruz -, numa obra com um registo diferente do habitual.

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«Gastronomia é poesia em forma de sabor»


A identidade de um lugar também é contada à mesa, seja na dos espaços tradicionais, seja na dos conceitos modernos, que trazem uma energia renovada. Porque há um registo saudosista que se enlaça ao desejo de progresso. E de olhar posto no futuro, as histórias sucedem-se e multiplicam-se em sabores que degustamos devagar. Ainda que não apareça registado, gastronomia é pedaço de alma. E sinónimo de amor.

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«[...] e eu sua margem segura»


Estou à margem
Desalinhada
De um pedaço de amor

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«É preciso que a leitura seja um ato de amor»


O novo ano chegou sereno, numa harmonia ponderada, mas descomprometida, de quem procura descobrir o chão que pisa sem largar a mão do imprevisível. Quando escutei as 12 badaladas, deixei algumas coisas fechadas em gavetas passadas e concentrei-me noutros desafios, porque há mais uma estrada para ser percorrida. E, acalentando a minha alma literária, a leitura foi a primeira resolução a que me dediquei.



«Diz-me o que queres que eu faça
Porque eu vou fazer
Para onde queres que eu vá
Porque eu vou a correr
Lá no fundo, eu só quero perceber
Se é amor que falta, eu vou resolver
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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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asgavetasdaminhacasaencantada
@hotmail.com

portugalid[arte]

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