ALMA LUSITANA ◾ O PIANISTA DE HOTEL,
RODRIGO GUEDES DE CARVALHO

Fotografia da minha autoria



«(...) em silêncio era afinal, quem diria, uma entrada escondida»

Avisos de Conteúdo: Violência Doméstica, Violação, Assédio, 
Homofobia, Linguagem Explícita


A melodia ecoa por almas alheias, mas nem sempre paramos para a escutar. Existe o conforto de um ambiente que não está vazio, mas é como se nós não reparássemos. Porém, neste livro, Rodrigo Guedes de Carvalho alerta-nos para esse exercício, mostrando-nos que, «por vezes, nem tudo, nem todos somos uma só coisa».


UM HÍBRIDO EMOCIONAL

O Pianista de Hotel cruza várias histórias, com particular destaque para a de Maria Luísa, Luís Gustavo, Saúl Samuel e Pedro Gouveia. Em comum, têm a cidade onde habitam, a música, fantasmas e uma linguagem misteriosa que nos mantém numa espécie de vertigem. Assim, cada uma destas personagens procura desembaraçar-se da sua dor, dos seus contratempos e leva-nos a desvendar cada tentativa nesse sentido.

«O corpo encontra sempre maneira de sobreviver»

Há um prenúncio sombrio que evidencia os traumas e compreendemos que o passado assume um peso vital, condicionando os passos dos protagonistas, fazendo-os mergulhar numa espiral de dúvidas, hesitações e emoções extremas. Por esse motivo, sentimos os estilhaços do luto, do preconceito, do vazio e da solidão.

«O nosso corpo chega aos outros sempre antes de nós»

Embora aborde temas urgentes, reais, que nos fazem oscilar entre a exasperação e a esperança, que nos levam a refletir sobre o quanto tentamos colmatar fragilidades com falhas e nos esquecemos de comunicar com o outro, reconheço que nem todos os aspetos resultaram comigo, porque acho que o enredo se perdeu em algumas banalidades que pouco acrescentaram à narrativa, desviando-nos do que tem de mais belo.

«(...) porque se a escrita é muitas vezes expressar um sentimento, 
ele não sabe, precisamente, o que sente»

O Pianista de Hotel apresenta um ritmo muito próprio, por vezes confuso, com um vínculo à tradição oral. As teclas deste piano, em certos momentos, foram um pouco abafadas, e o final também não correspondeu às minhas expectativas, no entanto, não deixam de focar um retrato interessante dos desencontros, dos caminhos que se traçam em simultâneo, do amor que fica suspenso em famílias disfuncionais ou a gerir perdas e dos sucessivos desencontros que pautam a nossa jornada e nos levam para longe - em muitos casos, de nós.


🎧 Música para acompanhar: Prelude in B Minor, Johann Sebastian Bach & Khatia Buniatishvili

📖 Do mesmo autor, li e recomendo: Margarida Espantada


◾ DISPONIBILIDADE 

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14 Comments

  1. Tenho muita curiosidade com a obra de Rodrigo Guedes de Carvalho, nunca li nada dele.
    Obrigada pela partilha.
    Beijinho grande, minha querida.

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    1. Este é interessante, mas não me arrebatou. Já o Margarida Espantada surpreendeu-me imenso!
      Beijo grande, minha querida

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    1. Tem partes interessantes. Se leres, diz-me o que achaste 😊

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  3. Levo a sugestão. Grata pela partilha Andreia
    Um dia iluminado pra você
    Beijinhos

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  4. Fiquei muito curiosa com esta sugestão *.*

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    1. Espero que, se leres, te reserve uma viagem mais entusiasmante :)

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  5. Me parece ser mais uma boa opção para se ler, mas ainda não tinha ouvido falar
    vou levar a sugestão
    Beijinhos
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    1. Não me arrebatou completamente, mas é uma leitura agradável

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  6. Tive este livro na estante durante uns 5 anos e nunca me puxou. Acabei por vendê-lo e não me arrependo. Não tenho assim tanta curiosidade com este autor mas gostava de ler um dia o "Margarida Espantada" :)

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    1. Se sentias que só estava a ocupar espaço, fizeste bem :)
      Fiquei com muita vontade de o ler por causa do Margarida Espantada e foi um livro que superou as minhas expectativas, quer pelo tema, quer pela escrita. Por isso, também quis continuar a explorar a sua obra, mas confesso que este já não teve o mesmo efeito, porque houve coisas que, para mim, não resultaram.
      Se chegares a ler Margarida Espantada, diz-me o que achaste

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  7. Conheço vagamente mas nunca li. 😀

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    1. Este, confesso, não me encheu as medidas, mas recomendo imenso o Margarida Espantada

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