D'ZRT: O QUE ME FAZ QUERER VOLTAR

Fotografia da minha autoria



«Sei bem onde quero estar»


A letra pede para voltarmos «a uns tempos atrás». E eu voltei. E voltarei sempre que eles quiserem, porque o elo desta tribo não se perde. Creio que a pequena Andreia, de dois mil e pouco, vibraria ao saber que, depois de um concerto cancelado, estaria naquela mesma sala a assistir a uma viagem no tempo indescritível.


PRIMEIRA PARAGEM: MORANGOS COM AÇÚCAR

Os D'ZRT marcaram a minha adolescência. Quando, em 2005, os vi nascer nos Morangos, estava longe de imaginar a história bonita que viriam a escrever. Aos 13 anos, parece tudo muito intenso, mas a verdade é que se foram tornando numa fonte de inspiração extraordinária: pela filosofia, pela maneira como souberam traçar o seu percurso, pelas melodias únicas e por serem tão diferentes, mas saberem abraçar isso com humildade.

A admiração cresceu, a vontade de os ver ao vivo também. Pelas mais variadas razões, nunca se proporcionou, no entanto, procurei diminuir essa ausência com notícias, brindes das revistas da moda - Bravo e Super Pop - e com os CD's e DVD's que foram lançando. Havia, ainda assim, um vazio difícil de colmatar.

Corta para agosto de 2022, quando adquiri bilhete para a Encore Tour, que se queria de nostalgia, de histórias e de muita festa. A espera foi longa e tecida de expectativas e daquele nervoso miudinho inigualável. Por fim, no passado dia 20 de maio, lá estava eu com a minha Gémea, no Super Book Arena, para uma noite mágica.

      


ENCORE E O FECHAR DE CAPÍTULOS

Já tive a oportunidade de conversar sobre este aspeto, mas faz-me sentido recuperá-lo: creio que tudo tem o seu momento, por isso, neste panorama, há bandas com as quais nos identificamos e depois não nos servem mais. Amadurecemos e os caminhos deixam de encaixar, de potenciar ramificações, sem que isso represente uma falha ou qualquer traço de culpa. Com os D'ZRT isso não acontece. Por mais que o tempo passe, por mais que as circunstâncias se revistam de perdas irreversíveis, eles continuam a estar aqui - e a unir-nos.

Estava preparada (mentalizada, vá) para a atmosfera emotiva deste concerto e fui logo arrebatada, quando, sem que eles estivessem em palco, se começou a ouvir a «Querer Voltar». Escutar tantas pessoas a cantar numa só voz foi especial, foi catártico, foi o exemplo perfeito do quanto estávamos a precisar deste reencontro.

Demorei muito até começar este texto, porque nenhuma palavra aparentava fazer justiça às duas horas que foram uma bolha de amor. Se fechar os olhos, sinto a energia, as batidas, a pele eriçada, os sorrisos largos, os gritos, a imensidão do espetáculo e o seu lado intimista. Por momentos, estivemos todos no Colégio da Barra ou no Bar do Fred a desfrutar de música no seu estado mais pura e de uma partilha de coração aberto. Por momentos, voltamos a ser miúdos sem grandes preocupações, a viver o que a vida tem de mais bonito, leve.

A sala estava cheia de pessoas com jornadas distintas. Certamente, despertamos memórias, também elas, diferentes, mas houve uma espécie de fio invisível a combinar cada um desses significados, tornando a nossa manta de retalhos num quadro a transbordar de simbolismo. Não é extraordinário como, tantos anos depois, nos juntamos com um propósito comum? Isso só pode vir de um lugar bom, que eles souberam cultivar.

Faltava fechar um capítulo, que nunca será fechado na totalidade, e as saudades foram evidentes. Faltou-nos o Angélico e fica um sentimento de injustiça por isso. Mas acredito que ele esteve lá, que no meio de lágrimas impossíveis de controlar celebrou connosco. Os D'ZRT são quatro, continuarão a sê-lo sempre. E acho que nos aguentamos todos num abraço que, embora metafórico, nos agregou na certeza de permanecermos juntos.

      


O QUE ME FAZ QUERER VOLTAR

Os «putos da tv», que «rockaram em '005», voltaram a fazer história: quer em cima do palco, quer no cuidado e no carinho com o público. Portanto, saltei, dancei, emocionei-me, gritei até ficar quase sem voz. Estivemos em perfeita simbiose, partilhando as tristezas e a felicidade que só este concerto poderia proporcionar.

Foi uma montanha russa de emoções fortes, mas o que me faz querer voltar é esta essência que nos predispõe a repetir tudo. Como ainda «vejo a minha imagem nos (s)eus olhos», há um vínculo de pertença que nos guia. Continuaremos a viver «neste nosso mundo à parte». Eu acredito, obrigada por acreditarem também.

O nosso verão azul pode ficar guardado na Encore Tour, mas este será sempre o nosso lugar.

Comentários

  1. Deve ter sido incrível. *.*
    Os Morangos com Açúcar foi uma série extraordinária, da qual saíram grandes talentos e os D'ZRT são a prova disso.
    Beijinho grande, minha querida.

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    1. Foi mesmo, Ana. Acho que ainda estou a sonhar com aquele momento *-*
      Sim, sem dúvida!

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  2. Momentos unicos que se tornam memorias para a vida toda *.*

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  3. Neste momento, há olhos no meio das minhas lágrimas. 🥺



    daylight

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  4. Posso dizer que já os tinha visto ao vivo quando era muito mais nova, mas já faz bastantes anos, mas ainda me lembro desse concerto
    Como é tão bom voltar a ter esses momentos, que saudades
    Esse concerto deve ter sido um máximo


    Beijinhos
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    1. Há momentos que nos marcam para sempre!
      Foi mesmo, Sofia. Sinto que ainda estou a viver nesta bolha

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