A MANEIRA COMO DEMONSTRAMOS
AMOR PELOS OUTROS

Fotografia da minha autoria



«Comem para se sentir ligadas»


A mãe de Michelle Zauner expressava o seu amor através da comida. Sem querer revelar muito, é das primeiras características que partilha sobre a progenitora, em Lágrimas no Mercado, e eu achei este detalhe maravilhoso, porque acredito que a comida conserva infinitas memórias afetivas, para além de estreitar laços.

Não tenho o vínculo mais intimo com a cozinha, mas sempre me fascinou estar sentada à mesa entre conversas prolongadas, tachos, panelas, aromas variados e a possibilidade de aconchegar o estômago e a alma. E é em toda esta afeição, que irradia de cada refeição, que me relembro da minha avó materna, que também embalava o seu amor nos meus pratos favoritos ou quando tentávamos, só as duas, fazer bolas de carne com distintas variações, criando recordações inesquecíveis, insubstituíveis, que se perpetuam no tempo.

Portanto, enquanto avançava na leitura, refletia sobre como é fascinante a maneira como demonstramos amor pelos outros, porque creio que isso é um traço de personalidade que, por vezes, adquirimos sem grande consciência, mas que se cola à nossa pele - e que manifestamos com todos aqueles que queremos bem.

Neste sentido, dei por mim a pensar sobre o modo como demonstro amor pelos meus. E cheguei a algumas conclusões, porque não sou muito verbal em relação aos meus sentimentos e consigo ser um pouco desnaturada a ligar/enviar mensagens e, até, a combinar programas. No entanto, evidencio-o de outras formas:

⚓ Com abraços (espontâneos, demorados, que acolhem);
⚓ A fazer claque nos projetos das minhas pessoas-casa;
⚓ Ao pedir que avisem quando chegam a casa (depois de irmos sair);
⚓ A respeitar silêncios e a estar, confortavelmente, em silêncio na companhia dos meus;
⚓ Ao reservar tempo de qualidade; 
⚓ Quando mando mensagem a dizer algo como «vi isto, lembrei-me de ti»;
⚓ Fazer-me presente.

O amor vem com confiança dentro, por esse motivo, quando não me inibo de cantar perto de alguém, é porque existe esse vínculo sentimental. Aliás, é sinal que vos amo o suficiente para não me sentir confrangida, nem estar preocupada com as figuras que faço ou com a fragilidade que se torna evidente. Sinto que não há algo de mais bonito do mundo que conseguirmos fortalecer este laço estreito com alguém que nos enche a vida.

Talvez nunca venha a demonstrar o meu amor através da comida, mas hei-de continuar a cuidar, sem dar as minhas relações por garantidas. Embora não existam elos vitalícios, demonstro amor a tempo inteiro.

6 Comments

  1. Tão importante teres trazido este tema. É o amor que nos une uns aos outros.
    Tenho que estar atenta às minhas leituras, para quando este tema for abordado.
    Beijinho grande, minha querida.

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    1. Concordo, minha querida! O amor deveria ser o nosso principal motor e acho mesmo interessante quando o encontramos em detalhes *-*

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  2. Sinto tanto isto em tudo o que faço :) As coisas feitas com amor sabem sempre melhor *.* PS: ja te enviei mensagens do genero, olha vi esta pao de forma... <3

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  3. Como é mesmo bom este tipo de partilhas, nada melhor que refletir a cada livro que acabamos por ler
    Beijinhos
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    1. Gosto mesmo quando um livro nos inspira a abordar certos temas *-*

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