DEIXAR DE ATRIBUIR NOTAS AOS LIVROS

Fotografia da minha autoria



«Uma boa leitura é terapia para a alma»


A minha dinâmica após o término de uma nova leitura cumpre quase sempre as mesmas etapas: anotar curiosidades no Bullet Journal Literário, acrescentar a música que lhe associei à playlist e atualizar o Goodreads com um comentário e o número de estrelas atribuídas ao livro - e faço o mesmo na aplicação Desvaneio. No entanto, já há algum tempo que me debato com a pertinência de classificar as obras que leio.


CLASSIFICAR OS LIVROS LIDOS

Sou de letras - de alma e coração, e só não sou de formação porque desviei a rota -, portanto, gosto mais da hipótese de desenvolver a minha opinião por escrito do que da hipótese de a reduzir a um número que, no final, revela pouco daquilo que a história me fez sentir. Ainda assim, via este recurso como um complemento.

Inicialmente, recorria ao Goodreads para registar as estrelas e deixava a apreciação completa para o blogue, mas, depois, comecei a pensar em dois cenários: 1) a mesma classificação não tem o mesmo significado para livros distintos; 2) colocando-me no lugar de um autor, não gostaria de ver um título meu com uma classificação mais baixa sem qualquer justificação. O leitor não tem essa obrigação, porém, acho mais cordial quando fundamentamos o nosso ponto de vista. Deste modo, passei, também, a incluir um comentário na plataforma.

Classificar os livros lidos era, ainda, uma maneira mais fácil para organizar os melhores do ano, em dezembro. No entanto, com alguma distância, compreendi que nem sempre os livros de cinco estrelas eram aqueles que perduravam na memória, o que só aumentou a minha dúvida em relação a continuar a atribuir-lhes uma nota.


DEIXAR DE ATRIBUIR NOTAS AOS LIVROS LIDOS

Na sequência do pensamento anterior, este ano, estou a ler mais obras de não ficção. Dentro do género, os memoirs (livros de memórias) levam um avanço considerável e tornaram-se responsáveis por este debate, porque me parece desleal classificar a vida de alguém. Embora as minhas estrelas sejam um reflexo da estrutura e da parte técnica, fica a sensação de estar a avaliar a jornada das pessoas e não é esse o propósito.

Em conversa com uma amiga, analisei melhor a opção de não voltar a atribuir notas aos livros lidos e decidi avançar com esta prática. Se, num primeiro momento, a ideia passava por retirar só as estrelas dos livros autobiográficos, rapidamente estendi a todos os outros que descobri, este ano. Deste modo, a partir de agora, o número de estrelas deixará de ser visível nas minhas plataformas literárias, sinto que é mais justo assim.

O impacto de uma leitura, para o bem e para o mal, nunca poderá ser limitado a um número, por mais que a escala seja vasta. Há um laço afetivo, emocional que nos aproxima ou que nos afasta daquela narrativa e isso só pode ser representado através de um discurso honesto, desenvolvido, com margem para explorar variados tópicos. Os livros que nos marcam verdadeiramente nunca nos deixam e não há nota alguma que o demonstre.

Comentários

  1. Concordo com a tua perspectiva. Apesar de me continuar a fazer sentido atribuir estrelas aos livros, mesmo que, de certa forma, não seja justo. Para mim, as estrelas como classificação, servem apenas de guia. Mas o teu ponto de vista serve de reflexão.
    Beijinho grande, minha querida!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. No início, também era nesse sentido que atribuia as estrelas, porque era uma forma de me guiar e, depois, de recordar os livros que, de alguma forma, tiveram maior impacto. Com os memois, comecei a pensar no ponto que apresentei e acabei por retirar as estrelas a todos os que já li este ano.
      O importante é isso, que faças o que te faz mais sentido ☺️

      Eliminar
  2. Considero uma boa ideia, principalmente porque os livros variam muito e por vezes, como o género muda, torna-se difícil avaliar!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. E comecei a sentir que aquela classificação era muito limitativa, então, decidi deixar de atribuir uma nota

      Eliminar
  3. Sim, concordo contigo, uma boa leitura para mim é uma terapia para a minha alma *.* revi-me bastante na frase :) talvez por ser muito despassarada nunca fui muito de dar notas às minhas leituras por sentir como uma imposicao... o tempo ja é tao escasso que se fosse a fazer isso, nao fazia mais nada... mas gosto muito da tua ideia de atribuir musicas às tuas leituras :)

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Entendo :) atribuía quase sempre uma classificação, porque era uma maneira de me orientar, mas começou a fazer-me menos sentido.
      É um exercício que me tem divertido bastante

      Eliminar
  4. Acho que é mesmo uma boa ideia para quem acaba por ter bastantes livros
    Beijinhos
    Novo post
    Tem Post Novos Diariamente

    ResponderEliminar
  5. Concordo contigo e aconteceu-me o mesmo este ano. Já o ano passado andava com dificuldade em dar notas a livros e como o mais importante é mesmo ler sentir os livros, decidi começar 2023 a deixar de dar notas as livros.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Exato, há livros difíceis de classificar e, depois, quanto mais pensas nele, mais difícil se torna. Além disso, há livros que sentes que têm determinada nota, mas, com o tempo, vais amadurecendo a tua opinião e o que fica pode não se adequar.
      Acho que estar a ler tantos memoirs foi mesmo o impulso que precisava para também, deixar de atribuir notas aos livros

      Eliminar
  6. Também já pensei nisso, sabes? Este ano tem sido muito introspectivo para mim e tenho chegado a algumas conclusões que há certas coisas com as quais já não me identifico.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Percebo-te, comecei a passar pelo mesmo. Podem parecer coisas simples, mas vão deixando marcas e, também por isso, acabamos por nos querer distanciar, por já não fazer sentido.
      A experiência de leitura é tão vasta, que não quero limitá-la a um número

      Eliminar

Enviar um comentário