ESTANTE CÁPSULA
MAR NEGRO, ANA PESSOA

Fotografia da minha autoria



«O verão está a chegar ao fim»

Avisos de Conteúdo: Morte, Cenas Explícitas, Relações Tóxicas


A Livraria Flâneur, na reta final de março, anunciou a chegada do novo livro de Ana Pessoa (e Bernardo P. Carvalho nas ilustrações). A capa laranja e o desenho de um corneto, aludindo ao verão, deixaram-me intrigada, porém, foi o tema central que me fez acrescentá-lo à lista de títulos para descobrir com urgência.


CHEGAR À NOSSA MARGEM

Mar Negro é o 100º livro editado pela Planeta Tangerina e volta a reunir Ana Pessoa e Bernardo P. Carvalho, numa novela gráfica que aborda o tema da identidade. Transportando-nos até ao Conchas, o bar da praia onde trabalham os protagonistas (e que é o cenário da cena final de Desvio, a obra anterior desta dupla), ficamos a conhecer JP, Inês e tudo aquilo que os diferencia, até que um acontecimento dramático acaba por os unir.

«Trabalhámos juntos o verão inteiro e não sei nada sobre ti»

A adolescência, a um passo da idade adulta, pode manifestar desafios complexos, sobretudo, quando não estamos seguros de quem somos. Assim, neste enredo, exploramos uma sensação constante de desnorte, a tentativa de perceber que caminho devemos seguir e qual a nossa voz no mundo. Em simultâneo, remete-nos para as primeiras paixões e para a realidade inerente aos trabalhos de verão - e/ou aos trabalhos temporários.

«Mas ela era uma daquelas pessoas que brilham no escuro»

Nas palavras da autora, houve, ainda, a tentativa de explorar o tema do doppelganger, isto é, a ideia de encontrarmos um duplo, «uma pessoa que, sendo idêntica, é, ao mesmo tempo, o completo oposto», mostrando-nos diferentes versões de quem somos. E é nesta ambiguidade, que alcançamos de uma perspetiva exterior, que vamos procurando unir todas as pontas soltas da nossa vida, mesmo que demore.

«Inês, nós somos sempre outros»

Em relação à componente escrita, embora seja descritiva o suficiente, houve alturas em que senti necessidade de ter mais contexto, no entanto, ao demorar-me na componente ilustrativa, percebi que há inúmeros pormenores que respondem às nossas questões. Além disso, gostei que os diálogos apresentassem algumas provocações, o que permitiu que a amizade entre Inês e JP, de si peculiar, crescesse de um modo muito bonito.

«O romantismo não tem a ver com a nossa relação com o outro, 
mas antes com a afirmação da nossa própria identidade»

Mar Negro, só pelo título, evidencia logo sinais de uma certa dicotomia, porque, embora revolto em determinadas ocasiões, o mar preserva uma transparência inigualável. A associação «negro» remete-nos, de imediato, para a possibilidade de algo sombrio. E se a capa transmite, também, um toque de leveza, a verdade é que o conteúdo se afasta dessa característica, porque aborda temas sensíveis. Nestas oscilações, temos acesso a um retrato «da vida como ela é», aproximando-nos e afastando-nos da pessoa que julgamos ser.


🎧 Música para acompanhar: Café da Esplanada, Nena


Disponibilidade: Wook | Bertrand

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6 comments

  1. Mal vi a capa do livro, pensei no logo no Verão, precisamente por causa do Cornetto.

    Desconhecia este livro e fiquei curiosa com a premissa. Vou levar a sugestão.

    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Chama mesmo à atenção :)
      Se gostares de novelas gráficas, aconselho, minha querida

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  2. Respostas
    1. Se tiveres interesse em novelas gráficas, recomendo, é muito interessante :)

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  3. Que parece ser uma boa sugestão para ler, vou levar a dica
    Beijinhos
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