ADORAVA DORMIR COM AS NUVENS
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Fotografia da minha autoria |
- Título sugerido pelou Louis -
O relógio marcava um quarto para as nove da manhã. Era o tempo que separava o pequeno Louis de mais uma viagem de comboio e o tempo que lhe faltava para poder observar a forma das nuvens, que o acalmava.
Estava um pouco nervoso, afinal, era a primeira vez que viajava sozinho e para tão longe. Felizmente, sentou-se perto de uma família simpática, com um filho que aparentava ter a sua idade. Enquanto olhava pela janela, o rapaz interrompeu os seus pensamentos.
– O que estás a ver?
– As nuvens. Têm sempre formas tão engraçadas!
– A mim só me fazem lembrar um grande pedaço de algodão.
– Tens de olhar melhor, puxar pela imaginação.
– O que é que tu vês?
– Ali, vejo uma borboleta. Ali, vejo o focinho de um gato. Ali, pode mesmo ser um pedaço de algodão doce.
Riram-se os dois e continuaram o jogo até chegarem à paragem daquela família. Eles saíram e o lugar de um deles foi ocupado por uma rapariga mais velha que Louis. Olhou-a e reparou que tinha o rosto cheio de sardas, o que o agradou, porque lhe lembravam constelações. Sem querer dar nas vistas, desviou o olhar e voltou a fixá-lo nas nuvens que acompanhavam o trajeto.
Depois de algum tempo, julgando-o taciturno, a rapariga tocou-lhe no joelho e perguntou-lhe se estava bem.
– Sim, estou só a olhar para aquela nuvem que parece uma varinha mágica.
– Com a tua idade, também gostava de tentar adivinhar a forma das nuvens.
E fez-se silêncio, porque o fosso das suas idades não lhes permitia continuar a conversa.
Na estação seguinte, o lugar da rapariga foi ocupado por um senhor com idade para ser seu avô. Só reparou nisso, quando a viagem já ia longa e o idoso o interpelou, desconcentrando-o do céu com mais nuvens.
– Olha lá, o que é que tu tanto observas lá fora?
– As nuvens, senhor.
– Por algum motivo em especial?
– Porque adorava dormir com elas e tenho de escolher a melhor.
– Ah, faz sentido. Já encontraste alguma que te agradasse?
– Nem por isso, falta-lhes sempre algo...
– Depende da maneira como as observas.
– O que quer dizer?
– Que é tudo uma questão de perspetiva, até a forma mais estranha pode dar uma boa casa.
– Estou a ver...
– Não estás muito convencido, rapaz. Afinal, qual é o verdadeiro motivo para quereres dormir com as nuvens?
– Porque assim estaria mais perto da minha avó e poderia continuar a vê-la.
Uma lágrima cheia de saudades caiu ao chão. Entre os dois esgotaram-se as palavras, mas entenderam-se na perda e prosseguiram a viagem lado a lado, ligados por um fio invisível que só um coração partido pode sentir.
Que surpresa tao bonita *.* O Louis vai adorar esta historia :) Ja imprimi naas duas linguas para lhe ler em portugues e ele ler em ingles :) Das coisas engraçadas de se ser bilingue :) Entende tudo em portugues mas só lê em ingles... por enquanto :)
ResponderEliminarTentei incluir pormenores que sei que ele gosta :) fiquei mesmo sensibilizada com o gesto, minha querida, muito obrigada! Espero que o conto não lhe defraude as expectativas.
EliminarIsso é maravilhoso, dá-lhe mais mundo
Oh *.* Não esperava este final, deu-me um aperto no peito. Que lindo <3
ResponderEliminarE porque hoje é dia dos avós, também vou estar com o meu avô :)
Beijinho grande, minha querida!
Muito obrigada, minha querida. Enche-me o coração ler isso!
EliminarQue maravilha, aproveitem muito *-*
Oh, simplesmente tão bonito mesmo
ResponderEliminarBeijinhos
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Muito obrigada, Sofia!
EliminarOh wow this brought back a wonderful memory for me when my friends and I camped out on grassy cliff overlooking the ocean with no tents--just the wind, the stars and the sound of the pacific ocean.
ResponderEliminarAllie of
www.allienyc.com
Thank you for sharing this beautiful memory *-*
EliminarAdoro 🤍
ResponderEliminarMuito obrigada *-*
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