a rapariga nas garras da águia, karin smirnoff

Fotografia da minha autoria



Gatilhos: Violência, Pedofilia, Misoginia, Racismo; Linguagem Gráfica e Explícita


O mundo criado por Stieg Larsson revelou-se inesquecível, por esse motivo, faço sempre o exercício consciente para me esquecer que a Millennium é da sua autoria. Se já não acho muito justo comparar obras do mesmo artista, menos sensato me parece comparar obras de autores diferentes, até porque cada um terá a sua voz e a sua visão deste universo. No volume mais recente, fui descobrir a proposta de Karin Smirnoff para o desenrolar da saga.


 violência, corrupção e energias renováveis

A Rapariga nas Garras da Águia leva-nos até ao extremo norte da Suécia por três razões: 1) os recursos naturais inexplorados são um chamariz de negócio; 2) Lisbeth Salander chega a Gasskas porque foi nomeada tutora da sobrinha, Slava; 3) Mikael Blomkvist vai casar a filha com um dos políticos mais influentes da região. O interessante será perceber como os vários cenários se cruzarão.

O plano político volta a assumir um papel preponderante, atendendo a que influencia uma série de relações pessoais e profissionais. Além disso, colocando a tónica na exploração de energias renováveis, mostra-nos como a sociedade pode ser dividida e como uma única decisão compromete todo o sistema. Num contexto como este, rapidamente compreendemos o que está em jogo e quanto valem os direitos humanos.

Em simultâneo, somos transportados para múltiplos ambientes familiares conturbados, com questões do passado pendentes e várias áreas cinzentas, situações de violência, criminalidade e manipulação. Na pequena vila sueca, sopram ventos de mudança, mas até que ponto? Serão todas vantajosas ou só trarão mais sofrimento?

«Porque é que a vida nunca nos deixa simplesmente em paz? Vá para onde for, seja qual for o rumo que toma, aquela parte do seu passado vem sempre ter com ela»

Este volume tem uma premissa interessante, focada em temas bastante atuais (como as mudanças dos meios de comunicação, por exemplo) e uma nova personagem carismática, que gostava de ver construída com outra profundidade e coerência. Contudo, não consegui reconhecer a Lisbeth, nem o Mikael, nem aquela energia obscura que, para mim, é uma das imagens da saga. Há episódios de extrema violência, que nos confrontam com a malvadez do ser humano, só que torna-se tudo demasiado disperso e célere, condicionando a envolvência com o enredo.

A Rapariga nas Garras da Águia permitiu-me regressar a um universo que adoro, mas a verdade é que me faltou algo, faltou-me aquele estado de quase apneia que me faz querer ler tudo de seguida. Sei que voltarei à Millennium, caso surjam novos volumes (pela forma como este termina, creio que acontecerá), mas o coração já não salta uma batida conforme vou avançando na leitura - e sinto mesmo falta disso.


🎧 Música para acompanhar: Wicked Little Monster, Veda



Disponibilidade: Wook (Livro | eBook) | Bertrand (Livro | eBook)

Nota: Esta publicação contém links de afiliada da Wook e da Bertrand

Comentários

  1. É realmente desconcertante quando regressamos a uma saga que gostamos e os novos volumes defraudam as expectativas :(
    Beijinho grande, minha querida 😘

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    1. Sobretudo, quando tem todos os ingredientes para resultar e parece perder-se em caminhos que não acrescentam assim tanto

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