Entre Margens

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«A vida é feita de momentos colecionáveis»


Setembro. Mês de recomeços, de reencontros e de abraçar uma das minhas estações do ano favoritas - o outono. Além disso, trouxe a partilha de um novo projeto digital, muita música portuguesa e a oportunidade de serenar as saudades. Pelo meio, voltei a comprar livros e aproveitei um evento que traz tanta magia à minha bela cidade Invicta. O nono mês do ano foi feliz. E bastante tranquilo, ainda que me tenha deixado alerta para o período que se avizinha. Apesar disso, reservou-me a energia certa para continuar a traçar o meu caminho com esperança.




Voltar a Comprar Livros: A missão de diminuir a pilha de livros em espera permanece firme. Porém, com a chegada de setembro, chegou, também, a segunda pausa deste desafio pessoal. É certo que comprei por este mês e pelos restantes em que não o fiz, mas tenho consciência de que foi um investimento ponderado e não por impulso, acolhendo obras que me despertam imenso interesse e que serão úteis para o futuro.


Lancei a PORTUGALID[ARTE]: Sou uma eterna apaixonada pela cultura portuguesa, por isso, decidi avançar com a criação de uma revista digital gratuita, partilhando os artistas e as obras que fazem parte do meu quotidiano e da minha vida. Ponderei bastante acerca da ideia, do formato e da sua concretização, até porque queria algo consistente, mas descomplicado. E foi assim que cheguei ao conceito final, do qual também poderão fazer parte. Com uma periodicidade mensal, é uma iniciativa embrionária, contudo, está a dar-me uma motivação acrescida para a desenvolver. E o primeiro número sairá amanhã [tudo aqui].


Feira do Livro do Porto 2020: O Porto tem um encanto imperdível, transmitindo uma energia especial, quando a cidade respira e se reveste de livros. Aliás, quando os Jardins do Palácio de Cristal, de um charme sem igual, recebem um dos eventos mais bonitos de sempre: a Feira do Livro. Numa edição que teve de se adaptar à nossa nova realidade, o programa homenageou duas poetizas e enalteceu a palavra no feminino. Em simultâneo, procurou valorizar a Língua Portuguesa e os artistas, com particular enfoque nos que trabalham no - ou a partir do - Porto. Tive a possibilidade de marcar presença em três dias e só posso tecer elogios à organização cuidada, que fez de tudo para proporcionar a melhor experiência aos visitantes [apreciação aqui].


Matar Saudades: A vida intromete-se nos nossos planos e nem sempre é simples articular horários. Contudo, setembro reservou-me um ótimo reencontro com a minha gémea e a M. E a tarde só pecou por ter passado a correr - o que é natural. Partilhando a magia inerente a uma mesa redonda, trocamos novidades, pensamentos, ideias e muitas gargalhadas. Estar rodeada das pessoas certas tem mesmo um valor indescritível.

Sem ter uma imagem clara do que poderá resultar desta gaveta, comecei a dedicar-me mais a sério à escrita de um livro de poesia. Devagarinho, talvez um dos meus sonhos de infância saia do papel.




Nem Todas as Baleias Voam // Afonso Cruz: Levanta várias questões, porque a sua mensagem é maior do que nós. Enquanto nos incentiva a encontrar equilíbrio, apelando a uma articulação entre a fantasia e a racionalidade, somos envolvidos num tributo às artes e numa gestão emocional, que coloca o desamparo amoroso, o medo, a amizade, as cicatrizes e um ligeiro sadismo no mesmo plano. Com um final que arrepia, apesar de não o aparentar de imediato, há uma pergunta a acompanhar-nos em surdina [Uma Dúzia de Livros // Setembro].

No Passado e no Futuro Estamos Todos Mortos // Miguel Esteves Cardoso: É uma homenagem ao presente, alertando-nos para a importância de aproveitarmos cada momento e para o desperdício que é perdermos tempo com coisas - e pessoas - que não nos preenchem, que não nos ensinam e, inclusive, que não nos permitem evoluir, condicionando toda a nossa experiência inter e intrapessoal. Deste modo, ao longo de 12 capítulos, escreve sobre tudo o que faz parte da vida, com especial enfoque no[s] tempo[s], nos amores, nas alegrias, nas raivas, nos desvios, nos bichos, nos climas, nas portuguesices, nas inglesices, nos prazeres, entre outros [The Bibliophile Club // Setembro].

Para Onde Vão as Meias que Desaparecem? // Margarida Porto: A audácia de escutarmos o coração, numa história infantil que deve ser lida por todos. Porque a autora teve a originalidade e a sensibilidade de partir de um mistério presente em todas as casas, para despertar a nossa atenção e destacar uma série de valores imprescindíveis. Mostrando o quanto o amor e a amizade nos moldam, compreendemos que ser colo e aprender a deixar voar são duas demonstrações de afeto que nos aconchegam. Além disso, é uma narrativa que nos incentiva a confiar nas nossas capacidades, pois tornam-se numa ponte para descobrirmos estradas maravilhosas. Ri-me e emocionei-me com as aventuras que nos esperam, porque há magia dentro destas páginas.

Já Dizia o Outro // Gonçalo Câmara: O primeiro livro de crónicas de Gonçalo Câmara compila uma série de textos «livres, soltos, joviais, zombeteiros, eloquentes e, quem sabe, até profícuos». Dividido em três partes - com uma nota introdutória de Salvador Martinha -, analisa situações caricatas do quotidiano. Com a capacidade de nos fazer rir com ele, também nos consegue emocionar - o que me aconteceu com dois textos em particular. Um par de horas é suficiente para nos perdermos neste exemplar, mas ficamos com uma nova perspetiva da realidade.


Pessoas Normais // Sally Rooney: As ligações humanas conseguem ser bastante complicadas, mas foi, precisamente, esse traço que me cativou no livro. Porque a autora criou dois protagonistas complexos, com uma relação que tem tanto de desconfortável, como de cúmplice. Alternando entre a amizade e o amor, acompanhamos dois adolescentes a descobrir o mundo que existe dentro de cada um e à sua volta. E é com eles que também refletiremos sobre temas tão pertinentes e urgentes como a depressão, a pressão social, a violência, o bullying, a sexualidade, a estrutura familiar e a imprevisibilidade do crescimento. Além disso, de um modo simples e acessível, mostra-nos que a vida tem imensas áreas cinzentas, que há mudanças que não controlamos [mas que não colocam em causa a veracidade dos sentimentos] e que, por maior que seja a distância física, há pessoas que continuarão sempre por perto.

A Dor do Esquecimento // José Vieira: Esta narrativa é uma reflexão muito franca acerca da nossa relação com as lembranças que nos marcam - e que nos fogem - e com o impacto das lacunas que se vão sentindo; com a perda de fragmentos tão pessoais, compreendendo que somos tão pouco quando o Alzheimer se cruza no nosso caminho, numa colisão que não temos capacidade de controlar. E mesmo que tentemos adiar o desfecho iminente, lá no fundo, sabemos que é inevitável [aqui].

Budapeste // Chico Buarque: A escrita de Chico Buarque tem música e poesia. Numa narrativa simples, cruza abismos, sentimentos complexos e acontecimentos que nos deixam no limbo, até porque colocam em causa os valores humanos. Mas a leveza com que o faz consegue serenar-nos, ainda que não tente romantizar qualquer detalhe. Budapeste foi a minha estreia na sua obra literária e deixou-me fascinada, uma vez que nos permite acompanhar um ghost writer em atividade, vendo-o dividir-se em duas vidas paralelas, com idiomas, amores e cidades distintos. E é nesta dualidade que refletimos sobre as escolhas que vamos fazendo.

Escrita em Dia // Margarida Fonseca Santos: Uma aproximação a um cursos de escrita, ms em livro e com uma diversidade de exercícios que nos permite alargar horizontes. Construído com quatro patamares de dificuldade distintos, Margarida Fonseca Santos articulou, na perfeição, a teoria e a prática, fazendo-nos refletir sobre partes importantes de uma narrativa, para, depois, nos implicar no processo, sempre de uma maneira simples, mas igualmente criativa. Uma vez que a escrita é o meu dialeto favorito, esta obra encheu-me as medidas.




Vidago Palace: Em que se mede a vida das pessoas? Será em bens, dinheiro ou em amor? Esta aposta da RTP centra-se na história proibida entre dois protagonistas de meios tão distintos. Embora sinta que há cenas forçadas e pontas soltas, a mensagem é essencial, uma vez que nos alerta para a falácia das aparências, para a desigualdade, para questões políticas e para os valores que movem o ser humano. Em determinados acontecimentos, seremos mesmos confrontados com a postura que julgaríamos ter, colocando em causa o nosso discernimento.


Snu: A história de amor entre Francisco Sá-Carneiro e Snu Abecassis mudou Portugal e deixou-me presa do início ao fim. Neste filme - de Patrícia Sequeira -, não só acompanharemos a resistência às críticas de que foram alvos, como também compreenderemos a influência desta relação no panorama político, social e familiar. Num país a reerguer-se das cinzas do fascismo, deambularemos pela linha ténue que divide a vida privada e a vida profissional, além de nos fazer repensar a luta pela igualdade, pela ética e pela erradicação de preconceitos - camuflados, por vezes, em protocolos unilaterais. Estando muito à frente do seu tempo, ambos lutarão por este amor tão indestrutível.

O Atendado: Corria o ano de 1937 e Portugal enfrentava uma crise social e económica grave, com o Estado Novo a acentuar os alicerces da ditadura. Também, neste ano, houve um atentado contra Salazar. E a nova série da RTP concentar-se-á no ataque, mas, sobretudo, no período terrível que se seguiu a esse momento, «esmagado pela censura política». Ainda só foram lançados três episódios, no entanto, sinto que foi mais uma aposta ganha: pela premissa e pelo leque de atores.




Os Motivos que me Fizeram Render ao Canva: A escrita é a minha base e o meu dialeto favorito. No entanto, sempre acreditei que uma componente visual pudesse contar histórias nas entrelinhas. E a prova disso é que a fotografia faz parte da minha vida, quase na mesma medida. Investindo no blogue com o compromisso que procuro manter, tento arriscar noutros formatos, reinventando-me na maneira como pretendo transmitir a mensagem. E, assim, encontrei um aliado de peso, que satisfaz todas as minhas necessidades criativas: o Canva [aqui].

Storyteller Dice // Um Amor e Um Gelado: As sextas à noite tinham sempre o mesmo ritual: acabar na sala azul da gelataria artesanal do bairro, porque nada sabia tão bem como entrar de fim de semana a provar um novo sabor num cone de bolacha. Margarida não precisava de grandes luxos para alimentar a sua veia sonhadora, mas estava longe de imaginar que a sua vida não voltaria a ser igual [publicação aqui].

Livrolico-Sabática: Quatro meses sem comprar livros: Este ano, atendendo à missão que defini, setembro assumiu uma componente ainda mais especial, pois permitiu-me voltar a fazer algo que me preenche: comprar livros e ver a minha biblioteca a ficar repleta de mundo[s]. Uma vez que me encontro noutra pausa, sinto que é benéfico analisar o caminho percorrido e o que pretendo alcançar [publicação aqui].

Os Bastidores do Meu Blogue: A blogosfera é a minha casa. E os bastidores têm muitas camadas, que podem ser uma autêntica personificação de caos. Mas, sabem, são o impulso que torna esta aventura tão especial e feita à nossa medida [publicação aqui].

Máquina de Escrever // Globo de Neve: Os teus sonhos são irrisórios pedaços de neve/Esvoaçantes dentro do globo que transporto na mão/Sendo tão certas as suas reviravoltas/Sem embarcar numa estrada em linha reta/Cujo peito cimentado se desfoca [publicação completa aqui].




daTerra: Localizado na Rua Mouzinho da Silveira, o daTerra é a primeira marca de restaurantes vegan em Portugal, investindo numa alimentação saudável, prática e eco-responsável. Aliás, a sua proposta é viver da Terra [razão que explica a origem do nome], porque acreditam que é a melhor maneira de vivermos bem. Portanto, para corresponderem ao seu lema, priorizam produtos bio, sempre frescos, proporcionando ementas deliciosas. Além disso, procuram apresentar uma ementa variada, na qual «a imaginação é o ingrediente principal».


La Copa: Uma gelataria artesanal no coração do Porto. Com uma encantadora vitrine de gelados, uma sala interior e a Terrazza - espaço exterior delicado, onde decidimos desfrutar das nossas sobremesas -, a La Copa é um sonho, porque cada detalhe é pensado para proporcionar a melhor experiência a quem visita este estabelecimento. E esse cuidado sente-se na amabilidade com que nos recebem e atendem.


Para uma descoberta aprofundada, podem ler a minha experiência aqui.




Porto, Meu Amor: É evidente o meu apreço e paixão pela leal cidade Invicta, portanto, fico sempre comovida quando leio cartas de amor tão bonitas como esta que a Rita da Nova escreveu. E revi-me em vários dos seus pensamentos, como se traduzisse aquilo que me vai no coração.

Viver numa Aldeia à Beira Mar vs Marketing Digital: Há associações que nos desarmam. E eu achei esta abordagem da Marisa Vitoriano genial. Como tive oportunidade de lhe dizer em comentário, nunca me teria ocorrido e, também por isso, adorei a ponte entre os dois temas. Afinal, conseguem ter mais vínculos do que aqueles que aparentam.

Vamos Escrever Juntos?: A Sofia Costa Lima é um poço de boas ideias e, desta vez, criou uma nova série no instagram - com versão aumentada no blogue -, sob a categoria Diário de Escrita. O grande objetivo é «tornar o processo de escrita menos solitário e mais partilhado». Assim, munida de tópicos e de recursos, abre-nos a porta para conhecermos a forma como trabalha, convidando-nos a fazer o mesmo.

Knagglig: Há algum tempo que pretendia adquirir uma caixa de madeira, na qual pudesse colocar os meus livros por ler e, em simultâneo, dar um apoio extra na decoração/organização. Após alguma pesquisa e atenção ao feedback, optei por adquirir esta do IKEA. É de pinho, resistente e bastante espaçosa. Neste momento, está ocupada por 25 livros, mas ainda tem espaço para acolher mais alguns. Melhor aposta.


Inquietações #1: Rebentou uma polémica no bookstagram, que dividiu inúmeras opiniões. Como sempre, fiquei a leste da origem e foi em conversa com a Sofia que compreendi o foco do problema. Embora tenha dito que não me iria pronunciar, publicamente, sobre o assunto, não posso deixar de destacar a partilha da Por Detrás das Palavras, porque transmitiu tudo aquilo que senti quando refleti sobre a questão.




Setembro foi uma explosão de música, principalmente, na penúltima semana. Aos poucos, o ritmo vai retomando a sua normalidade, o que nos permite ter acesso a conteúdos que transbordam talento e originalidade. Para além de uma playlist, maioritariamente, em português, o meu gira-discos alternou entre os seguintes álbuns: Não Tarda [Ganso], Depois Logo Se Vê [Pedro Tróia], Canções do Pós-Guerra [Samuel Úria], Segredos [Isaac Pimenta], O Tempo Vai Esperar [Os Quatro e Meia], Uma Palavra Começada Por N [Noiserv], Vias de Extinção [Benjamim], Do Coração [Sara Correia], Véspera [Clã] e Serenô [Picas].


A Surpresa: Break It 🎧 Melhor duo: Holly 🎧 A Diferentona: A Qualquer Hora 🎧 As Favoritas: Pode Chover Um Poema, Coração e Nada a Esconder 🎧 Artista Revelação: Ben Abraham




N'A Caravana com Madalena Brandão: Uma das super filhas da série mediática - e que guardo com o maior carinho na memória - Super Pai, foi uma das mais recentes convidadas de Rita Ferro Alvim. Numa conversa descomprometida, franca, com toque a campo e a energia positiva, Madalena Brandão alinhou assuntos muito pertinentes e que nos permitem repensar a nossa pegada no mundo. Além disso, descobri que tem um blogue sobre sustentabilidade - «a meias com a também atriz Joana Seixas». Há diálogos que valem a pena serem escutados [aqui].

Só Mais 5 Minutos com Marisa Liz: Gostava que esta conversa tivesse mais cinco minutos, porque acho fascinante a forma como a vocalista dos Amor Electro expõe aquilo que sente. Sem se levar demasiado a sério, mas sendo consciente sobre o que a rodeia, é uma mulher talentosa e inspiradora, com uma presença de espírito extraordinária. Sempre com boa disposição à mistura, é impossível não passarmos um excelente momento na sua companhia - ainda que à distância [aqui].




A paz dos recomeços. O reencontro com a rotina e com as pessoas que nos querem bem e a quem desejamos o melhor. O saber arriscar e dar forma a sonhos, mesmo que através de passos pequeninos. Setembro foi bom. E eu sinto que não terei capacidade para agradecer, convenientemente, o tanto que coube nestes 30 dias. Mas terá tudo um espaço especial dentro do meu peito. Por isso, estou grata por...

... Voltar ao Palácio de Cristal.


... Sentir o apoio de quem está desse lado.

... Ter estado com a R. e a M.

... Ter deixado de adiar a escrita de um livro [dê isso no que der].



Como foi o vosso mês?

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«Somos o que vivemos»


A memória é parte imprescindível da nossa identidade. É, inclusive, uma arma poderosa, que nos vale em diversos momentos de nostalgia, convicção ou hesitação. Por isso, quando a fragilidade a envolve, há uma quebra na história que partilhamos com o mundo, deixando-nos mais vulneráveis e com um certo desfasamento da realidade. Mas quando estes contornos são a consequência de uma doença, há um fosso que nos desorienta e que nos distancia de quem somos, tal como acontece na mais recente obra de José Vieira - pseudónimo de Teresa Vieira Lobo.

Fotografia da minha autoria



«A terra gira em contramão»


Os teus sonhos são irrisórios pedaços de neve
Esvoaçantes dentro do globo que transporto na mão
Sendo tão certas as suas reviravoltas
Sem embarcar numa estrada em linha reta
Cujo peito cimentado se desfoca a cada instante



«O meu parceiro
Troca lá cartas por notas

É trapaceiro
Sabe sempre dar-lhe a volta
E quando vem é para ficar

Fotografia da minha autoria



Tema: Escreve durante 10 minutos sobre o que está 
a passar pela cabeça de um noivo, enquanto a futura 
mulher caminha em direção ao altar onde ele está


Ela vem deslumbrante. Tal e qual como imaginei vê-la neste dia. É agora que as nossas vidas mudam e eu não sei se estou preparado... Que disparate, é claro que estou! Mas e se eu a desiludir? Em boa verdade, caso isso aconteça, não é só a ela que estarei a falhar, porque toda a sua família, quase a ser a minha também, acolheu-me como um filho.

Fotografia da minha autoria



Observo um mural em tons de azul. 
Parede branca em azulejos, lembrando-me dos sonhos 
em que peço que as estrelas conspirem, desta vez, a meu favor.

#devaneio #mural #sonhos #estrelas #conspiração #sorte #azulejos

[...]

Quando não conhecemos as motivações, é melhor permanecer em silêncio

#dúvida #motivações #sensatez #empatia #silêncio #semjulgamentos

[...]

Foste o rasgo de sorte mais bonito com que alguma vez sonhei

#devaneio #sonho #rasgodesorte #sentimentos


[05.02.2015]

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«O humor é contraditório como o caraças»


A maneira como observamos e refletimos sobre determinados assuntos nem sempre nos permite compreender a sua origem e as suas camadas, até porque há particularidades que acreditamos serem inatas. Portanto, quando dissertamos sobre o humor, tendemos a assumir que é uma característica que, mais ou menos vincada, nasce connosco. Mas será que é mesmo assim? Ou existem detalhes que desconhecemos? Ricardo Araújo Pereira leva-nos a desconstruir estas crenças pré-concebidas. 

«Talvez as pessoas que fazem do humor uma segunda 
natureza sejam mais frágeis do que as outras» [p:24]

A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar transmite a sensação de que alguém está prestes a contar-nos uma anedota. No entanto, a sua premissa é clara, pois é «uma espécie de manual de escrita humorística». Só que desengane-se quem pensa que este livro o auxiliará a escrever piadas. O propósito não é esse, visto que se aproxima mais de «um ensaio teórico sobre as bases do humor». E talvez, por esta ordem de ideias, interesse mais a quem procurar aprofundar os seus conhecimentos sobre este tema tão surpreendente. Se a minha consideração sobre a obra tiver algum peso, reconheço que é um exemplar acessível a todos, até pela escrita do autor - sempre genial.

«A ambição do olhar humorístico é olhar como mais 
ninguém olha e ver o que mais ninguém vê» [p:31]

É importante apreender que não há um guia, uma fórmula perfeita para se escrever humor. Existem, sim, pontos que podem - e devem - ser ponderados no processo, como é o caso da imitação, da caricatura, do poder da repetição, do fator surpresa, do pensar fora da caixa e da distância, uma vez que nos permite transformar acontecimentos negativos em algo cómico. Assim, nesta desconstrução, verificamos que o humor é um processo complexo - e menos inato -, dividido em vários tipos, com uma designação incompleta e com inúmeras contradições. Apesar disso, não deixa de ser um mecanismo de defesa, uma estratégia para reagimos. Porque a ironia e o riso, tal como é descrito, «não têm de ser o oposto de preocupação ou de indiferença perante o mundo».

«Talvez todas as manobras humorísticas tenham como 
objetivo introduzir um elemento de caos no mundo» [p:50]

Ricardo Araújo Pereira mostra-nos o traço mais sério de algo que procura ser descomplicado. Mas fa-lo com sabedoria e sem cair na tentação de tornar o texto demasiado teórico. Embora exista essa componente erudita, que nos possibilita descobrir novas ramificações e perspetivas do assunto, não deixa de apresentar um discurso eloquente, divertido e irreverente. Em simultâneo, incentiva-nos a explorar a ligação quase umbilical entre o humor e o sofrimento, atendendo a que «é a consciência da nossa finitude que nos torna capazes de rir».

«Aumentar uma coisa, colocá-la sob 
uma lupa, torna-a monstruosa» [p:76]

A Doença, o Sofrimento e a Morte Entram num Bar interliga referências literárias, filosóficas e televisivas. Concede-nos espaço para descobrir o outro lado do processo e as raízes em que o humor subsiste. E só peca por terminar tão rápido, pois ficamos com vontade que os temas sejam mais aprofundados. Contudo, é um livro maravilhoso, tendo em conta que nos leva a [re]considerar a nossa postura, desconstruindo o medo e aprendendo a analisar as situações de um plano exterior e não intimo, para que a nossa experiência não seja condicionada e a comédia nos provoque o desequilíbrio certo: o riso.

«Rir na face da morte é uma provocação vã: morremos na 
mesma. O riso é impotente em relação à morte, isso é 
certo, mas talvez tenha algum poder sobre a vida» [p:106]


Disponibilidade: Wook | Bertrand

Nota: O blogue é afiliado da Wook e da Bertrand. Ao adquirirem o[s] artigo[s] através dos links disponibilizados estão a contribuir para o seu crescimento literário - e não só. Muito obrigada ♥
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«Quanto mais bonito é o espetáculo, 
maior é a confusão atrás dos bastidores»


A criação de conteúdo é fascinante. Quando a publicação conquista o seu espaço digital, alcançamos a etapa final do processo - excluindo a divulgação nas redes sociais. Porém, até chegarmos a esse momento, precisamos de ajustar vários passos. Por isso é que me faz confusão quando desvalorizam o compromisso que assumimos com todo o cuidado. Porque é desafiante e, até, desgastante. No fim, para mim, compensa sempre, mas não basta estalar os dedos, como muitos parecem acreditar.

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Tema: Um livro que achas que vais gostar


As sensações que a leitura nos desperta são sempre imprevisíveis, uma vez que dependem de vários fatores: a história, a escrita, o estado de espírito e o vinculo com o autor. Portanto, não antever o que nos espera torna o processo entusiasmante. No entanto, há algo que tenho de confessar: quando li o tema do The Bibliophile Club para setembro, não hesitei na minha escolha. Porque, independentemente das reações, seria impossível não gostar de um livro de Miguel Esteves Cardoso.

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«As melhores lembranças são feitas de boa comida»


Os reencontros que mais me entusiasmam acontecem entre amigos, sentados numa mesa redonda, a partilhar memórias, sensações, pensamentos e uma experiência gastronómica que faça justiça ao momento. Confinados ao nosso contexto residencial, havia muitas saudades acumuladas, por isso, ter a oportunidade de remarcar programas com os nossos tem, agora, um traço ainda mais especial. Sobretudo, quando existe a possibilidade de passear pela bela cidade Invicta. Porque o Porto combina e harmoniza o que nos fala ao coração.



«Maria, às vezes bebes
Às vezes choras
Os teus problemas na cama

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... American Ninja Warrior

[Este programa de televisão, transmitido na SIC Radical, mostra concorrentes a tentar «completar uma série de obstáculos», cuja dificuldade vai aumentando à medida que ultrapassam diferentes níveis/estágios. Durante a competição, num circuito comum, correm, saltam, rastejam, sobem e balançam, sempre com o objetivo de não cair, ultrapassando cada etapa para se sagrarem o próximo campeão. Há anos que acompanho esta dinâmica alucinante e deliro com cada episódio. Aliás, há alturas em que sofro com o percurso e não consigo estar parada. A prova exige um esforço físico brutal e uma força mental que corresponda a essa exigência, até porque consegue ser bastante dura. Por vezes, demoram segundos a completá-la, mas parece durar uma eternidade sufocante. No entanto, quando carregam no botão, concluindo o desafio, é uma explosão de alívio. De alegria. E de superação. Embora seja um formato para entreter, a verdade é que somos envolvidos naquele ambiente e há concorrentes que nos deixam sem palavras, até por aquilo que os move - não só a participar, mas também no decurso da competição. Já não vejo com tanta regularidade, mas paro sempre que percebo que estão a transmitir algum episódio. Porque é viciante]

Fotografia da minha autoria



«Fotografar é uma maneira de ver o passado»


O nosso último roteiro - antes de nos despedirmos das férias - incluiu o percurso que tínhamos idealizado para o dia em que visitamos Penacova. Desta vez, optamos por um passeio mais condensado, quase como se fossem visitas de médico, até porque já conhecíamos as zonas em questão. Assim, aproveitamos para matar saudades e prometemos regressar noutra ocasião, perdendo-nos pelos seus inúmeros recantos.

Fotografia da minha autoria



«Mesmo no meio da multidão, todos temos coisas extraordinárias»


A vida é feita de paixões. Umas mais intensas, outras que não serão correspondidas, mas todas marcantes para o nosso crescimento e para a pegada que deixamos no mundo. E o mais interessante de escutarmos a sociedade é que encontramos elos que nos unem e que nos permitem recordar situações específicas da nossa história. Atendendo a que os livros também nos transportam para fragmentos do passado, arrisquei num género que não faz parte das minhas escolhas prioritárias - young adult -, descobrindo a segunda obra literária de Helena Magalhães.
Fotografia da minha autoria



«Livros dão alma ao universo»


O mês de setembro teve sempre um lugar de destaque no meu coração, porque era sinónimo de regressos e de reencontros. Além disso, trazia na sua bagagem o doce impulso de abraçar novos projetos. Este ano, atendendo à missão que defini, assumiu uma componente ainda mais especial, pois permitiu-me voltar a fazer algo que me preenche: comprar livros e ver a minha biblioteca a ficar repleta de mundo[s].

Fotografia da minha autoria



«Não confie em tudo o que você vê»


As sextas à noite tinham sempre o mesmo ritual: acabar na sala azul da gelataria artesanal do bairro, porque nada sabia tão bem como entrar de fim de semana a provar um novo sabor num cone de bolacha. Margarida não precisava de grandes luxos para alimentar a sua veia sonhadora, mas estava longe de imaginar que a sua vida não voltaria a ser igual.
Fotografia da minha autoria


«Entre árvores, a Feira do Livro celebra a escrita e a escuta»


O Porto tem um encanto imperdível, transmitindo uma energia especial, quando a cidade respira e se reveste de livros. Aliás, quando os Jardins do Palácio de Cristal, de um charme sem igual, recebem um dos eventos mais bonitos de sempre: a Feira do Livro. E a realização literária deste ano - que temi não ver a acontecer - teve uma mensagem poderosa, porque foi pensada para enaltecer a palavra no feminino.



«Saudades que tenho de ti, meu bem
Vivo nesta ansiedade de viver insaciada
E a sede de te ver volta quando lhe convém

Fotografia pessoal



Tema: O que podia ter-te acontecido no ensino secundário 
que teria alterado todo o rumo da tua vida


O secundário foi uma etapa desafiante, mas bastante positiva, da qual guardo várias memórias felizes. Embora tivesse implicado uma mudança de escola, saber que ia fazê-lo na companhia do meu núcleo duro tornou o processo menos intimidante. E a verdade é que foram três anos serenos, com muitas aprendizagens a acontecerem de dentro para fora.

Fotografia da minha autoria



«A criatividade é a inteligência a divertir-se»


A escrita é a minha base e o meu dialeto favorito. No entanto, sempre acreditei que uma componente visual pudesse contar histórias nas entrelinhas. E a prova disso é que a fotografia faz parte da minha vida, quase na mesma medida. Investindo no blogue com o compromisso que procuro manter, tento arriscar noutros formatos, reinventando-me na maneira como pretendo transmitir a mensagem. E, assim, encontrei um aliado de peso, que satisfaz todas as minhas necessidades criativas.

Fotografia da minha autoria



«Um thriller real e assustador como poucos»


A vida desenrola-se à nossa frente, como se fosse uma fita de cinema, mas há detalhes que nos escapam. Ou porque os nossos pensamentos divagam por outra direção ou porque existe um filtro que nos impede de captar a verdade dos momentos e, até, das pessoas. E, quando tendemos a correr para conquistar um cenário idílico, o nosso discernimento apresenta ainda mais dificuldades para desconstruir determinada imagem. Porque as aparências assumem um peso gritante, desvirtuando o nosso sentido crítico, tal como se verifica no livro de B. A. Paris.
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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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