MÁQUINA DE ESCREVER ||
PLANO INCLINADO

Fotografia da minha autoria



«Lágrimas de quem se ama»


As ruas da cidade estão lotadas de gritos mudos
Do lado de fora da minha janela virada para o mar
Ouço os ecos da palavra liberdade
Mas nunca me senti tão presa como agora

É incrível como camuflamos o impossível
Como nos enganamos com propósito
Sem qualquer rasgo de misericórdia

Vendo o mundo num plano inclinado
De histórias engarrafadas em surdina
Sempre tão transparentes e invisíveis
Aprendi a calar o choro
Quando a vontade é explodir de raiva

Sorrio ao invés
Com o coração a amparar as balas
Que mesmo sendo imaginárias
Ferem-me, despedaçam-me
E com o corpo coberto de estilhaços
Insisto em não retirar a máscara

Até quando viverei enclausurada neste quarto?
Onde me tornei refém de mim?
Lá fora gritam a liberdade que eu invejo
Porque nunca fui capaz
De arrancar as tábuas de madeira
Que me impedem de ver o sol
Até quando?

14 Comments

  1. Poema fabuloso, sublime de ler. Versos intensos, profundos, grito de perda de liberdade que, em função da Pandemia, todo o mundo de uma forma analógica, está a sofrer. Uma prisão sem grades.
    Lindíssimo sem dúvida
    .
    Feliz fim-de-semana.
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

    ResponderEliminar
  2. Lindíssimo *.* Vou repetir-me mais uma vez, sou completamente apaixonada pela tua poesia. Cada poema, arrebata-me. Obrigada por nos presenteares com estes versos.

    Beijinho grande, minha querida!

    ResponderEliminar
  3. Tao bom começar o dia com a tua poesia inspiradora <3 Muito muito obrigada por esta partilha tao bonita :)

    ResponderEliminar
  4. Que palavras mais bonitas, como não gostar da tua escrita
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

    ResponderEliminar