MARCAR HISTÓRIAS

Fotografia da minha autoria



«A leitura deve resultar numa transformação»


A mais recente edição do Alma Lusitana esteve quase para se manter por temas, mas, como optei por outra abordagem, os tópicos ficaram na gaveta, à espera de uma oportunidade para potenciarem outros desafios.

Nesta semana temática, pensada para celebrar o livro e os direitos de autor, percebi que fazia todo o sentido recuperar os temas em questão e, numa espécie de TAG, marcar histórias - revisitando algumas narrativas.


um livro para rir

📖 Isto Vai Doer, Adam Kay
É um diário de um médico, que foi escrevendo para aliviar a pressão e o desgaste da profissão. Compilando episódios com vários pacientes - cujas identidades foram preservadas -, casos insólitos e traumas, é um relato bastante honesto, visceral, e que tem tanto de cómico como de angustiante, porque a sua escrita torna mais leve as situações que nos pesam e que o levaram a abandonar a sua carreira na medicina. (opinião completa)

📖 Sou Um Crime, Trevor Noah
É um relato na primeira pessoa, sobre a vida do comediante e apresentador sul africano, durante os últimos anos do Apartheid e os primeiros de democracia, com a eleição de Mandela, em 1994. E é impressionante como o seu próprio nascimento é considerado um crime, visto que é fruto de uma relação entre raças. Além disso, desperta, em nós, uma certa ignorância, atendendo a que, ao avançarmos na contextualização histórica, compreendemos que sabemos tão pouco acerca de um regime segregacionista, que ainda hoje tem repercussões na sociedade. Em simultâneo, fez-me refletir sobre o limbo em que as pessoas mestiças se sentiam neste ambiente discriminatório, quase como se fossem, como alguém descreveu, «terra de ninguém». E no quanto é simples julgarmos determinadas realidades, quando temos outras opções. (opinião completa)


um livro para viajar no tempo

📖 A Rede de Alice, Kate Quinn
Uma história intensa e emocional, que tem tanto de desumanidade, como de alento por aquilo que pode ser a sociedade mundial. O cenário de guerra, pautado por um enorme espírito de sobrevivência [e de vingança], transporta-nos para duas marcas temporais distintas, cujos caminhos se interligam por um objetivo comum - ainda que, depois, os propósitos divirjam. Fiquei encantada com a energia do trio tão disfuncional na sua essência, mas tão poderoso nos valores que os move e na empatia subtil que partilham uns com os outros. Transmitindo traços de solidão, perda, desnorte, culpa e esperança, a coragem das protagonistas é inegável.


um livro para sair da zona de conforto

📖 Ás de Espadas, Faridah Àbíké-Íyímídé
Abre-nos as portas do colégio particular Niveus, reconhecido pelo seu prestígio e, por consequência, pelo seu elitismo, atendendo a que apenas são admitidos os melhores estudantes - preferencialmente, de famílias abastadas. O foco central da narrativa divide-se por dois protagonistas - Chiamaka e Devon -, uma vez que começam a sofrer uma perseguição doentia e anónima, por serem os únicos alunos negros. Embora apresentem personalidades e histórias de vida antagónicas, unirão forças. (opinião completa)


um livro que gostavas que fosse abordado numa aula de português

📖 Alegria Para o Fim do Mundo, Andreia C. Faria
Curiosamente, foi o mote para a Feira do Livro do Porto, e compila os anteriores livros de poesia da autora e leva-nos numa viagem muito interessante, que transita entre vários estados de alma e memórias. Com um tom intimista e desarmante, podemos seguir a ordem das páginas ou, então, criar a nossa sequência de leitura. Independentemente do método escolhido, espera-nos um caminho melancólico e belo. (opinião completa)

📖 O Osso da Borboleta, Rui Cardoso Martins
Permite-nos conhecer uma sociedade tipicamente portuguesa: conformada com a ideia de fracasso, mas sempre predisposta a sobreviver, a procurar por maneiras de contornar as adversidades. É por esse motivo que detetamos um tom de desgraça transversal a toda a história e aos seus intervenientes. (opinião completa)


um autor a que queres voltar

📖 Isabel Rio Novo
O primeiro contacto não foi memorável por causa da história (podem descobrir a minha opinião aqui), mas apreciei a escrita da autora. Por isso, quero dar-lhe uma nova oportunidade e descobrir outros títulos.


um livro que aconselhas a toda a gente

📖 Balada Para Sophie, Filipe Melo & Juan Cavia
É uma das mais belas e brilhantes narrativas [escritas e ilustradas] que tive a oportunidade de descobrir, porque fui envolvida na sua melodia sem ter noção da leveza com que o tempo avança, atendendo a que apresenta um desenvolvimento que nos inebria; que tanto nos entretém, como nos comove. (opinião completa)


um livro para ler à lareira

📖 Vertigens, Valentina Silva Ferreira
É uma viagem feita em duas linhas temporais: o presente e o passado, em finais dos anos 70. Comum a ambas, temos o Caniço, «uma cidade costeira na ilha da Madeira», e as protagonistas desta narrativa singular, Ana Clara e Anita, duas vizinhas que, solitárias, desenvolveram «uma amizade inesperada». (opinião completa)


um livro para ler no teu lugar favorito

📖 Como Se Fôssemos Vilões, M. L. Rio
Acompanha sete amigos que frequentam um curso de Teatro centrado em William Shakespeare, «numa escola de artes de elite». Esta apresentação aparenta ser simples e pouco impulsionadora de uma ação intrigante, porém, percebemos que um dos protagonistas esteve preso, durante uma década, graças a algo que aconteceu nesse lugar «mágico, isolado e elegante». Com a pena cumprida, e a última investida do detetive responsável pelo caso para atar as pontas soltas, vamos desvendar a verdade. (opinião completa)


um autor que devia ser mais falado

📖 Djaimilia Pereira de Almeida
Li dois livros que gostei imenso - Luanda, Lisboa, Paraíso e Esse Cabelo - e quero aventurar-me noutros títulos - sobretudo, Maremoto. Talvez não tenha argumentos suficientes para explicar o quanto deveria ser mais falada, no entanto, do pouco que li, acho mesmo que merecia outro destaque, pela escrita e pelas narrativas.


um livro para esquecer porque não encheu as medidas

📖 A Loja de Antiguidades, Charles Dickens
A sinopse intrigou-me e até comecei a leitura expectante, curiosa para compreender os seus contornos. Embora considere interessante a escuridão que paira em grande parte das personagens, confesso que a história não resultou comigo, porque se foi dividindo por muitos caminhos alternativos. Além disso, pareceu-me que passou demasiado tempo a construir um contexto que demonstra a mesquinhez e a crueldade do ser humano para, depois, as conclusões serem céleres - Reconheço que pode não ter sido o momento certo.


um livro que achaste que nunca ias ler

📖 A Cidade das Mulheres, Elizabeth Gilbert
É uma longa carta, escrita por Vivian Morris, para alguém de quem apenas conhecemos o nome. Transportando-nos para Nova Iorque, nos anos 1940, com a guerra em cenário de fundo, somos recebidos pelo «decadente teatro de variedades» da sua tia Peg, o Lily Playhouse. E é a partir deste palco que o espetáculo se constrói, até porque acompanharemos a metamorfose de uma jovem de 19 anos. (opinião)


um livro que esteja na tua estante há mais de um ano

📖 Grande Sertão: Veredas, João Guimarães Rosa
«Revolucionário na forma - praticamente inventou uma língua nova - e no conteúdo, Grande Sertão: Veredas mudou a literatura e assumiu-se, desde o primeiro dia e ao longo do tempo, como uma das mais importantes obras literárias da língua portuguesa, comparada - na ambição e na universalidade - a obras como Os LusíadasDom Quixote e Fausto».

📖 Rapazes de Zinco, Svetlana Alexievich
«De 1979 a 1989, o exército soviético combateu o Afeganistão, uma guerra que gerou cerca de quinze mil mortos e mais de quatrocentos e cinquenta mil feridos e doentes, atingindo profundamente toda uma geração. Alvo de contestação e polémica na União Soviética por altura da sua publicação, acusado por críticos de ser «uma fantasia carregada de mentiras» e parte de «um coro histérico de ataques perversos», Rapazes de Zinco oferece um testemunho sentido e afetuoso dos soldados, enfermeiras, mães, filhos e filhas que viveram a guerra e os seus efeitos devastadores».

8 Comments

  1. Que ideia gira que trouxeste para este post. Vou guardá-lo para poder conhecer estes autores e respectivos títulos.
    Beijinho grande, minha querida.

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    1. Oww, obrigada 🥺 fico muito feliz, minha querida. Fica à vontade se quiseres reproduzir a tag

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  2. Desta lista li Sou um Crime e é dos meus livros preferidos pois marcou-me bastante *.*

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  3. Que acaba por ser uma lista cheia de novidades até para conhecer, acho que nem todos conhecia
    Beijinhos
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    Tem Post Novos Diariamente

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  4. Obrigada por esta partilha! Já guardei alguns dos títulos que sugeres!

    Bjxxx
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