ALMA LUSITANA ◾ PRETÉRITO PERFEITO,
RAQUEL SEREJO MARTINS

Fotografia da minha autoria



«(...) as memórias são o pretérito perfeito do verbo viver»

Avisos de Conteúdo: Morte, Violência Animal


A morte é uma etapa inevitável. Por princípio, estamos todos a par dessa condição, no entanto, sermos confrontados com um prazo de validade concreto pode ser bastante assustador e limitador na mesma medida.


UMA VIDA CONDENSADA EM PALAVRAS

Pretérito Perfeito é sobre a história de Vasco, personagem principal do enredo, a partir do momento em que sabe que tem pouco tempo de vida. Portanto, o seu fim é anunciado desde o início e nós, enquanto leitores, acompanhámo-lo através de uma série de memórias, de dores, de angústias. Será que a vida cabe toda aqui?

«E penso em todas as coisas que queria fazer e para as quais já não me resta tempo»

Já não tenho presente o momento em que me cruzei com este livro - talvez tenha sido uma recomendação -, mas a premissa fascinou-me logo. Sei que pode soar um pouco mórbido, porque dá a ideia de se querer chafurdar na lama e de se querer ultrapassar um limite pessoal, ainda assim, acho sempre interessante compreender o impacto de uma notícia desta dimensão, porque também nos ajuda a pensar no outro, a pormo-nos seu lugar. No fundo, mesmo que seja uma narrativa ficcional, não deixa de ser um exercício de empatia.

«Tive medo, muito medo, por instantes não estive ali. Não consigo explicar onde estive»

Ter acesso aos pensamentos e às considerações do protagonista tornou a experiência mais próxima. No entanto, confesso que me fui distanciando das suas partilhas, quando começou a vaguear por temas que não me pareceram assim tão relevantes para o contexto. Podiam ser mencionados, até porque o livro está escrito como se fosse um diário e faz sentido dividir-se nestas ramificações, mas não acho que sejam prioritários para serem desenvolvidos como foram. Portanto, percebo que não se condicione ao tema central - e sinto que a narrativa ganha com isso, porque torna-a mais humana -, mas preferia que não tivesse divagado tanto.

«(...) e de novo a mesma tristeza, o mesmo travo amargo, a mesma saudade, a mesma pena de tudo deixar»

A maneira como recebemos notícias delicadas é diferente de pessoa para pessoa, não há um protocolo fixo ou reações mais corretas do que outras. Nestas páginas, temos acesso a uma delas e, embora não me tenha arrebatado, gostei que a autora nos tivesse apresentado uma personagem com muita vontade de viver.


🎧 Música para acompanhar: I Am The Resurrection, The Stone Roses

Comentários

  1. Confesso que não conhecia, de todo.
    Obrigada pela partilha.

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  2. Já tinha ouvido falar deste livro no Instagram.
    Vou levar a sugestão, fiquei curiosa com a narrativa.
    Beijinho grande, minha querida!

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  3. Ja tinha ouvido falar deste livro e fiquei ainda mais curiosa com o teu review. E estou a ouvir a musica escolhida para acompanhar *.*

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    1. Fiquei a conhecê-la graças ao livro e gostei bastante da banda :)

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  4. Sempre boas novidades! Não conheço o livro, mas estou curiosa,.
    Gosto da música
    Beijinhos

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    1. Obrigada pelo feedback, Amélia
      Também gostei muito de a descobrir, tenho de explorar mais da banda

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  5. Sempre com as melhores sugestões, mas confesso que ainda não conhecia de todo
    Beijinhos
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    Tem Post Novo Diariamente

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