Entre Margens

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«A vida é feita de momentos colecionáveis»

O penúltimo mês do ano traz um carimbo que soa a cliché, mas que não deixa de ser verdadeiro, porque parece impossível já cá estarmos novamente. No meio de tantos dias cinzentos e de chuva, novembro também se revestiu de pequenas celebrações, saídas entre amigos e o alinhar de projetos há muito tempo na gaveta.


       MOMENTOS       

Cultivar a amizade
A Sofia fez anos e aproveitamos a ocasião para celebrar com sushi. Foi um momento descontraído, com a partilha de peripécias. A meio do mês, juntamo-nos para ir ver comédia ao Hard Club e, mais perto do final, regressamos à Miss Pavlova para provar a rabanada especial - já quero repetir, porque é deliciosa.

A minha Gémea também fez anos este mês. Não estivemos juntas no dia, mas combinamos um jantar esta semana. Sei que me repito, mas é impressionante como cada reencontro transmite a sensação de termos estado juntas umas horas antes. Há coisas que nunca mudam e isso deixa-me com o coração cheio.

Não Faz Sentido
A vida é feita de muitas coisas sem sentido, a começar pelo facto de o Hard Club ser um espaço com uma curadoria musical qualificada, mas eu passar lá a vida a ver comédia. Já assisti a concertos (Diogo Piçarra e Mishlawi), mas os eventos humorísticos/de entretenimento estão em clara vantagem. Para não quebrar a tradição, regressei ao antigo Mercado Ferreira Borges para ver o espetáculo do Guilherme Fonseca.

Naturalmente, não vou partilhar conteúdo específico, mas não posso deixar de referir o quanto adorei o texto, o seu encadeamento e o beat com que termina o espetáculo. Fez todo o sentido sair de casa a uma quarta-feira à noite, com risco de chuva, para ver o Guilherme a solo, algo que já queria há muito tempo. Se puderem, aproveitem as datas que ainda têm bilhetes, porque é humor do bom e não se vão arrepender (ler aqui).

Apresentação do Livro Revolução
A FNAC do Alameda Shop&Spot acolheu uma conversa maravilhosa entre o Hugo Gonçalves e os Literacidades. O Álvaro e o Ludgero apresentaram o mais recente livro do autor, Revolução, e abriram a porta para um debate plural e muito interessante. Nesta conversa, houve espaço para se falar sobre livros (os que está a ler e o próximo que está a pensar escrever), sobre como a Revolução é vista de tantas perspetivas e, claro, sobre apontamentos históricos que contextualizaram a narrativa, mas sem que o diálogo se tornasse maçador. O Hugo Gonçalves é um comunicador nato e ouvi-lo, de uma maneira tão eloquente, a encadear os seus pensamentos, as suas visões sobre o mundo e sobre o próprio estado do país só me deixou com ainda mais vontade de continuar a acompanhar o seu percurso literário, porque tem muito para contar.

      

      

      

      

Outros apontamentos bonitos do mês: O meu afilhado fez 16 anos (o meu coração não aguenta este avançar rápido do tempo), maratona de Harry Potter, ultimar os detalhes de projetos a lançar em breve.


LEITURAS

📖 O Elevador, Filipa Fonseca Silva
Alma Lusitana

📖 Estendais, Gisela Casimiro
Clube do Livra-te

📖 Ideias Concretas Sobre Vagas, Ricardo Araújo Pereira
Clube Leituras Descomplicadas

📖 Deste Silêncio em Mim, Rui Conceição Silva
Alma Lusitana

📖 Três, Valérie Perrin
Clube Leituras Descomplicadas

📖 O Lugar das Coisas Perdidas, Susana Piedade
Alma Lusitana


Outras leituras do mês: Curar Através das Palavras (Rupi Kaur), Que Pouca Vergonha (Guilherme Fonseca), Leva-me ao Teu Líder (Afonso Cruz), Olá, Linda (Ann Napolitano), O Principezinho e a Mulher Mais Feia do Mundo (Afonso Cruz) - também reli O Cultivo de Flores de Plástico, de Afonso Cruz, na nova edição.


     FILMES, SÉRIES & PODCASTS     

Concluí o projeto Histórias da Montanha, transmitido pela RTP, assistindo aos dois filmes que me faltavam: A Paga e Mariana. Para não tornar este segmento maçador e repetitivo, partilho convosco a publicação que fiz sobre as cinco histórias inspiradas nos contos de Miguel Torga. Podem ler sobre todas elas aqui.

Este mês, também comecei a acompanhar a série Lusitânia, «uma antologia de seis histórias de fantasia/aventura, lendas portuguesas tiradas de um vasto e rico folclore». Até à data, vi três episódios.


       À MESA       

Bango Sushi
É raro comer sushi, apesar de gostar bastante. No aniversário da Sofia, fomos ao Bango Sushi, localizado na rua Dr. Emílio Peres, no Porto, e fiquei impressionada com o espaço: uma sala ampla, mas acolhedora, e com um ambiente agradável. Quanto à confeção, não tenho qualquer apontamento negativo, muito pelo contrário, porque estava tudo delicioso. Acho que a única crítica que me ocorre prende-se mesmo com o facto de não nos terem explicado como é que funcionavam os pedidos, mas nada que tivesse condicionado a experiência. É um restaurante ao qual não me importarei de regressar. Faço só uma ressalva: não arrisquem ir sem reserva, porque, pelo que percebi, enche com facilidade e podem correr o risco de não conseguirem mesa.

   
   
Kind Kitchen
O jantar com a minha gémea foi no Kind Kitchen, um restaurante vegetariano/vegan, na Rua de Ceuta, também no Porto. Achei o espaço encantador, muito harmonioso, que evidencia o lema da casa - «Be kind to every kind» -, até porque fomos muito bem recebidas e esse cuidado prolongou-se durante toda a refeição. Relativamente às nossas escolhas, admito que tivemos alguma dificuldade, porque parecia tudo apetitoso: como entrada, optamos por partilhar uns nuggets de tofu com molho de barbecue coreano; para o prato principal, arriscamos na francesinha - nunca tinha provado francesinha vegetariana, mas já quero repetir; para finalizar, partilhamos uma cookie com gelado. É um restaurante a ter em conta, sem sombra de dúvidas.


       ENTRE LINHAS       

Calendário do Advento Livrólico
A Carolina Ferreira criou um Calendário do Advento para amantes de livros. Feito a pensar em cada um de nós, até porque a Carolina faz questão de conhecer um pouco melhor a nossa identidade livrólica, é composto por 24 caixas dedicadas ao tema, o que tornará a quadra natalícia ainda mais encantadora - e, também, literária. Adoro a dinâmica dos Calendários do Advento e fez-me todo o sentido apostar neste. Quero muito descobri-lo!

   

Livra-te x Cor Sem Fim
A Rita da Nova e a Joana da Silva juntaram-se à Cor Sem Fim para lançarem uma linha de merch do Livra-te, podcast que ouço religiosamente todas as quartas-feiras. A coleção conta com dois sacos de pano, um crachá e umas meias de rodapé. Claro que não resisti e encomendei um dos sacos de pano (a versão mais escura) e o crachá, que fica muito bem na minha estante (até encontrar o casaco ideal para o exibir). Os artigos são ainda mais bonitos ao vivo. E acho que podem ser uma excelente prenda (natal ou aniversário) para um amigo/familiar livrólico, independentemente de conhecer ou não o Livra-te. Talvez o crachá seja o mais limitador nesse sentido, mas as outras opções não têm essa fidelização, mesmo tendo o nome do clube.


       JUKEBOX       

Top 4 favoritas
🎧 Lá Vai Ela, Ana Moura;
🎧 1 Casa, 2 Portões, Filipe Karlsson & Pedro Teixeira da Mota;
🎧 Amigos Com Benefícios, Rita Rocha;
🎧 Teu, Diogo Piçarra


Álbuns
🎵 Distante (Rita Laranjeira);
🎵 Cidade (António Zambujo); 
🎵 Calma (Carolina Deslandes); 
🎵 Pop-Snacks (Left); 
🎵 Afro Fado (Slow J);
🎵 Os Quatro e Meia ao Vivo no Estádio Cidade de Coimbra; 
🎵 Concerto 2023 - Ao Vivo Altice Arena (D'ZRT)


       GRATIDÃO       

«Home is where the good coffee is»

Os dias bonitos de novembro deixaram-me grata por duas razões, principalmente: o estreitar de laços de amizade e a oportunidade de assistir a dois momentos culturais há muito aguardados.


Como correu o vosso mês?

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A banda sonora de uma viagem literária


A playlist literária deste mês oscilou bastante, isto porque ora conseguia associar uma canção rapidamente, ora precisava de abraçar uma pesquisa mais exaustiva, para encontrar o elo ideal. Portanto, não foi um processo fácil, mas acabou por proporcionar descobertas bonitas. Sem mais rodeios, deixo-vos com a compilação final.


O ELEVADOR, FILIPA FONSECA SILVA
Walk On By, Dionne Warwich ▫ Nas páginas iniciais do livro, perdida nos seus pensamentos, a protagonista afirma que está com esta música na cabeça e que não sabe bem porquê. Em parte, até consigo perceber o motivo, porque corresponde à sua maneira de estar na vida: ela tem sempre de seguir em frente, independentemente do que possa estar a sentir e do quão bom ou péssimo esteja a ser o presente. Por outro lado, talvez só lhe reste mesmo um «orgulho tolo» e por isso é que tem esta necessidade de não parar.

ESTENDAIS, GISELA CASIMIRO
Emotions, Mariah Carey ▫ A autora assume-se como freak de Mariah Carey, portanto nem ousaria escolher outro artista que não ela para acompanhar esta leitura. Do vasto reportório, Emotions pareceu-me o mais apropriado, já que estas crónicas são uma montanha russa de emoções: ora fortes, ora cómicas; ora enérgicas, ora melancólicas. «I feel good, I feel nice/I've never felt so satisfied/I'm in love, I'm alive/Intoxicated, flying high» e «But I like the way I feel inside» são versos que podiam embalar vários dos seus textos.

IDEIAS CONCRETAS SOBRE VAGAS, RICARDO ARAÚJO PEREIRA
Horas Vagas, Anaquim ▫ Lembrei-me desta música por causa do título, do ritmo frenético e por causa da própria insanidade que a letra evidência e que também está presente nas crónicas de Ricardo Araújo Pereira. «Temo que a razão se escape» e escapou muitas vezes durante o período conturbado de pandemia.

CURAR ATRAVÉS DAS PALAVRAS, RUPI KAUR
I Am Light, India.Arie ▫ Sinto que o livro da Rupi Kaur precisava de ser acompanhado por melodias serenas, por isso, tive muitas sessões de escrita com temas relaxantes, que prolongassem esta sensação de cura através das palavras. Ao pesquisar a canção mais apropriada, cruzei-me com esta da India.Arie e, para além de ter adorado a sonoridade e a voz dela, acho que representa muitas das mensagens que a própria Rupi quis transmitir nas tarefas, porque nós não somos só os nossos erros, as nossas características, o legado das nossas pessoas. Somos isso, mas também somos mais. Somos cada um desses fragmentos e um pedaço de luz que os unifica e que nos torna na pessoa que conhecemos (ou que vamos descobrindo).

DESTE SILÊNCIO EM MIM, RUI CONCEIÇÃO SILVA
Pedra Filosofal, Manuel Freire ▫ Esta história é feita de melancolia, de silêncios e de sonhos. E o maior deles todos, para o protagonista, é partir, correr o mundo e, quem sabe, encontrar-se noutro lugar, talvez onde esse silêncio não seja tão audível. Além disso, «Eles não sabem que o sonho/É uma constante da vida/Tão concreta e definida/Como outra coisa qualquer». Sendo este tema mencionado na história, não o desperdicei.

TRÊS, VALÉRIE PERRIN
Take on Me, a-ha ▫ Escolhi este tema por dois motivos: 1) acompanhou uma das primeiras interações do grupo; 2) pelos versos “Today’s another day to find you/shying away/I’ll be coming for your love, okay?», porque, ainda que certos elos se tivessem quebrado, arranjavam sempre uma maneira de estar, de voltar, de dar uma oportunidade uns aos outros. Nenhuma relação de amizade é um mar de rosas, há alturas em que até queremos ir embora. Um dia. E, se calhar, até há um dia em que vamos mesmo, mas o amor faz-nos regressar.

QUE POUCA VERGONHA, GUILHERME FONSECA
Vergonha na Cara, Plutonio ▫ Num livro em que se escreve tanto sobre vergonha, claro que a canção não podia ser outra. «Tu causas sempre danos quando abres a boca/Tens a cabeça grande mas por dentro é oca» são versos que podiam acompanhar os textos do Guilherme, porque o ser humano é fascinante nesta matéria.

LEVA-ME AO TEU LÍDER, AFONSO CRUZ
Liberdade, Sérgio Godinho ▫ A noção de democracia anda de mãos dadas com a noção de liberdade. Deste modo, e porque este livro pretende destacar ambas, senti que podia recuperar a canção de Sérgio Godinho, que nos relembra sempre qual é o lado certo da luta.

OLÁ, LINDA, ANN NAPOLITANO
Brother, Kodaline ▫ Ann Napolitano construiu uma narrativa centrada em quatro irmãs, no entanto, depois de uma pesquisa árdua, senti que era o tema Brothers que a acompanhava melhor por causa destes versos: «We've taken different paths and traveled different roads/I know we'll always end up on the same one when we're old/And when you're in the trenches/And you're under fire, I will cover you». As Padavano personificam esta imagem na perfeição, porque tinham uma conexão profunda, porque, apesar de tudo, continuavam a estar umas com as outras. A vida das quatro mudou, mas amavam-se e continuavam a proteger-se.

O PRINCIPEZINHO E A MULHER MAIS FEIA DO MUNDO,
AFONSO CRUZ
A Rosa, Mariana Pacheco ▫ A rosa é um elemento essencial n’ O Principezinho e é, também, ponto de partida para o ensaio de Afonso Cruz, que se foca na questão dos laços e de como as coisas assumem outra importância quando há um vínculo com as mesmas. Sendo assim, achei que este tema era o mais apropriado: não tanto pela letra, mais pelo conceito (e por pertencer ao musical português).

O LUGAR DAS COISAS PERDIDAS, SUSANA PIEDADE
Monstro 1103, A Garota Não ▫ Não me ocorreu nenhuma letra que encaixasse nesta leitura, mas fui pela associação aos monstro que «desfilam na rua, disfarçados de pessoas comuns». Por esse motivo, cruzei-me com esta canção d’ A Garota Não e senti que se podia aproximar: 1) pelos versos «É quando o medo me abraça/Tremendo monstro que passa», porque me transportam para a imagem que associei à narrativa; 2) pelos versos «E eu vou com toda a calma/Sou do tamanho da minha alma», porque observamos os outros de acordo com a pureza ou maldade que habita em nós. O perigo espreita e toma a loucura destas personagens.


Fotografia da minha autoria



«Quando uma criança não volta para casa, até os mais próximos se tornam suspeitos»

Gatilhos: Morte, Alcoolismo, Violência, Negligência, Cenas e Linguagem Explícita


A Susana Piedade foi uma das autoras que escolhi para a edição de 2023 do Alma Lusitana. Uma vez que fiquei completamente rendida ao Três Mulheres no Beiral, o seu manuscrito mais recente, aproveitei a Feira do Livro do Porto para adquirir a segunda obra publicada e, desta forma, continuar a descobrir a sua escrita.


PERDA, CULPA E UMA AURA MISTERIOSA

O Lugar das Coisas Perdidas passa-se numa pacata vila da província, que se vê em alvoroço quando «uma criança desaparece misteriosamente a caminho da escola». O choque é rápido a propagar-se, bem como o sentido de comunidade, atendendo a que a população se disponibiliza para ajudar Mariana, a mãe, a encontrar Alice, a filha. O problema é que, quase ao mesmo tempo, o julgamento, as intrigas e a desconfiança vêm inflamar os ânimos e desenterrar histórias passadas. De repente, o culpado pode ser qualquer um.

«E, às vezes, o medo começa por nos atormentar em sonhos. Como naquela noite»

Quando o meio é pequeno, praticamente familiar, quando parece que já se procurou em todos os recantos disponíveis e se colocaram todas as perguntas aos habitantes, como é que se encontram respostas? Como é que não se perde a esperança e a sanidade? Acima de tudo, como é que a vida pode continuar o seu curso natural? Isto porque existe alguém que sente o mundo a ruir e a ausência de certezas é ainda mais sufocante. Há medida que a narrativa avança, o mistério e a culpa adensam-se, transportando-nos para o centro da ação.

«Ninguém sabe ao certo o que passa pela cabeça de quem se vai desligando do mundo»

A escrita da autora consegue ser poética e relacionável, por isso é que nos sentimos como parte daquele todo, por isso é que sentimos as dores, o desnorte e o medo. Naquele fatídico dia, todos tiveram comportamentos estranhos, questionáveis e compreendemos que, apesar de as personagens acharem que se conhecem bem, cada uma delas tem muito a esconder. É através do desaparecimento de Alice que se explora esta ideia.

«Algumas pessoas são tempestades. Trazem consigo uma carga enorme e acabam sempre por desabar»

Basta um instante para que tudo mude e, durante a leitura, fiquei não só a refletir sobre o pânico anexo ao não regresso de uma criança a casa, instalando-se uma dúvida profunda, mas também sobre três notas: 1) a facilidade com que se torna alguém num bode expiatório, sobretudo, se já foi descredibilizado no passado; 2) o quanto desconhecemos quem nos rodeia; 3) os indícios que deixamos de ver, porque a rotina está enraizada em nós, porque há comportamentos tão automatizados que não nos apercebemos de pequenas mudanças, como se a ordem das coisas não tivesse sido quebrada. Depois, há a questão da segurança, que também influencia: onde não parece existir perigo, estamos muito mais relaxados, podemos baixar a guarda. Mas o perigo está à espreita. E os monstros não se escondem, desfilam «na rua, disfarçados de pessoas comuns».

«Às vezes só vemos o que queremos ver»

O Lugar das Coisas Perdidas deu-me vários murros no estômago, porque não sabemos até onde as pessoas estão dispostas a ir, porque não conhecemos as suas trevas, nem os segredos que guardam e que nos fragmentam, quando descobertos. Além disso, tem personagens credíveis. Por norma, não sou a maior entusiasta de finais em aberto, mas fez sentido. É a arte a imitar a vida, que nem sempre une as pontas soltas.


🎧 Música para acompanhar: Monstro 1103, A Garota Não

📖 Da mesma autora, li e recomendo: Três Mulheres no Beiral


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«E ainda somos o paraíso de onde florescem todos os meus sonhos»


mandei emoldurar palavras
as mesmas que insistes em esconder
nesse baú feito de escuridão

e num acaso invisível
invencível
contrario o pensamento turvo
de quebrar o vidro
como se fosse uma emergência

daqui saem sonhos
que colei em papéis amachucados
calquei o risco
pisei a metade que floresce fora
de mim, deste caixilho velho

mandei emoldurar palavras
mas fiquei sem histórias
a viver só de espaços em branco

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Uma viagem literária para descobrirmos os nossos autores


O último mês do ano. Os últimos dois nomes desta edição. Admito que me sinto nostálgica, porque parece que a viagem foi feita a alta velocidade, porém, como ainda tenho mais histórias para descobrir, vou concentrar-me nos autores propostos para dezembro, que serão uma estreia para mim. Preparemos as mantas e as chávenas de chá. Arranjemos espaço no sofá - e na estante - para acolhermos Cláudia Andrade e Rui Couceiro.


CLÁUDIA ANDRADE

É natural de Lisboa e uma das vozes mais emergentes do panorama literário português, sendo bastante elogiada pela crítica. Na sua bibliografia, conta com vários livros de contos, de romances e alguns prémios.

   

Quartos de Final e Outras Histórias: «Uma noiva desesperada por chamar a atenção do seu noivo no dia do casamento; um homem plantado num jardim; uma prostituta de estrada que encontra a inesperada salvação numa cadela abandonada; uma moribunda indiscreta que, no leito de morte, atormenta as suas comadres; um violador de viúvas e de anjos; um poeta que procura adequar uma vida demasiado saudável à biografia que se espera dele — são estas algumas das personagens e situações que povoam o universo deste livro».

Caronte à Espera: «Reformado, enfastiado e desapaixonado, Artur decide finalmente colocar um ponto final na sua vida. Chegou o momento de deixar para trás o tédio, as dores do corpo e todos os pequenos incómodos que, com o passar dos anos, ganham proporções desmesuradas. Mas eis que um rosto numa fotografia de casamento semeia a dúvida no espírito de Artur, uma sombra que teima em não mais largá-lo: quem é aquele homem, bonito e confiante, que surge entre família e amigos? Perante as respostas vagas da sua mulher, não resta a Artur outra hipótese senão adiar o seu plano e ajustar contas com o passado».


   

Um Pouco de Cinza e Glória: «Ariel quer imitar Óscar, o seu irmão mais velho, um verdadeiro valente que morreu dias antes de poder finalmente provar a sua coragem na guerra, onde andam todos os homens da aldeia. Nesta sobraram apenas os inaptos para a glória: as mulheres, as crianças, os demasiado velhos ou aqueles que, em segredo, carregam dentro de si um medo entranhado. Na aldeia, entre os que ficaram, cruzam-se histórias de vingança, de amor, de dor, de luxúria, de violência e de crime, histórias que colocam frente a frente aquilo que somos sob o peso dos nossos instintos mais primitivos face à figura etérea dos nossos desejos mais recônditos».

O Santo Ilusionista: «Camaleónico, esquivo, errante, o Santo Ilusionista, protagonista deste novo romance de Cláudia Andrade, é um vagabundo em fuga (ou em busca?) do seu passado. Incapaz de se fixar num único lugar, a sua vida é feita de encontros episódicos e de aventuras sucessivas, nas quais, como um espelho invertido, veste a personagem que os outros procuram nele para a sua felicidade ilusória: assim, tanto é o amigo que precisa de ajuda altruística, como o líder impassível que faltava para orientar uma ação violenta, o marido e pai improvisado de uma família desajustada, ou o peregrino depois transformado em mediador de conflitos conjugais. Criatura de mil rostos e nenhum, perdida no seu próprio abismo que encontra repouso no vazio, sem querer, vai compondo um retrato mordaz de outras tantas mil vidas».


RUI COUCEIRO

É natural do Porto, licenciado em Comunicação Social, mestre em Ciências da Comunicação e com uma pós-graduação em Estudos Literários. Estagiou na SIC, foi correspondente da LUSA, foi assessor de comunicação e coordenador cultural da Porto Editora, assumiu funções enquanto editor, foi co-apresentador do programa «A Biblioteca de» e, atualmente, escreve para o site da revista Visão. A juntar a este vasto percurso, que contou sempre com a presença da literatura, por vezes, nos bastidores, acrescentou a faceta de autor.


Baiôa Sem Data Para Morrer: «Quando um jovem professor decide aceitar a mão que o destino lhe estende, longe está de imaginar que, desse momento em diante, de mero espectador passará a narrador e personagem da sua própria vida. Na aldeia dos avós, no Alentejo mais profundo, Joaquim Baiôa, velho faz-tudo, decidiu recuperar as casas que os proprietários haviam votado ao abandono e assim reabilitar Gorda-e-Feia, antes que a morte a venha reclamar. Eis, pois, o pretexto ideal para uma pausa no ensino e o sossegar de um quotidiano apressado imposto pela modernidade. Mas, em Gorda-e-Feia, a morte insiste em sair à rua, e a pacatez por que o jovem professor ansiava torna-se um tempo à míngua, enquanto, juntamente com Baiôa, tenta lutar contra a desertificação de um mundo condenado».


O Alma Lusitana tem grupo no Goodreads

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«Um mergulho nas águas tumultuosas - e tantas vezes turvas - da adolescências»

Gatilhos: Famílias Disfuncionais, Violência Psicológica, Morte, Luto


O livro A Breve Vida das Flores foi tão surpreendente, que senti necessidade de partir para o mais recente da Valérie Perrin com expectativas equilibradas e sem comparações, até porque têm premissas distintas. No entanto, podia ter ido à confiança, atendendo a que a autora voltou a desarmar-me por completo.


UM DOS MAIS PROFUNDOS SENTIMENTOS DA VIDA

Três transita entre o passado e o presente para conhecermos Adrien, Étienne e Nina, e a história que os une. Eles conheceram-se com dez anos e os seus laços foram-se estreitando tanto, que fizeram um pacto: partirem para Paris, juntos, e nunca mais se separarem. Em 2017, «é encontrado um carro no fundo de um lago, no local onde os três amigos cresceram». Qual é a relação entre estes pólos? É isso que vamos desvendar.

«Aquele ano escolar deu-lhe dois amigos e tirou-lhes a inocência»

Histórias centradas num dos mais profundos sentimentos da vida, a amizade, têm o meu coração, sobretudo quando a exploram desde a infância até à idade adulta, já que nos mostram mudanças, fragilidades e fases de maior proximidade ou afastamento. É que as relações, por mais sólidas que sejam, nunca são lineares, portanto, acho interessante acompanhar essa desconstrução e perceber como é que tudo é gerido. E, nesta narrativa, as situações são encadeadas com naturalidade, de um modo bastante relacionável.

«Há palavras que não se consegue reter. Palavras caladas há anos, que nos escapam subitamente»

A construção das personagens, as camadas que vão sendo reveladas e a própria transição temporal, que encaixa cada detalhe na perfeição, são exemplos que demonstram bem o dom da autora. Valérie Perrin é uma contadora de histórias exímia, com uma escrita sensível e, em certas passagens, poética.

«(...) aproximamo-nos das pessoas por causa do que elas emanam»

Houve momentos em que não fazia ideia para onde estava a ir, mas fui sem reservas, porque queria saber mais, queria compreender esta história e as pessoas que a compõem - pessoas essas que poderiam ser nossas conhecidas. Por isso, também fiquei a refletir sobre alguns pontos, nomeadamente: as escolhas que fazemos, aquilo que desconhecemos das nossas pessoas, o longo processo que é a aceitação pessoal e o amor que resiste a tudo - ou que nos leva a assumir um compromisso nesse sentido.

«Fazer de conta que acreditávamos permitiu-nos continuar a viver sem ela»

Três é sobre amizade, transexualidade, violência doméstica, animais e inúmeras questões sociais. Mas, acima de tudo, sinto que é sobre pertencer e saber que existem lugares e pessoas para os quais voltaremos sempre.


🎧 Música para acompanhar: Take On Me, a-ha

📖 Da mesma autora, li e recomendo: A Breve Vida das Flores


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«(...) ao encontro da memória das mulheres portuguesas do passado»

Gatilhos: Referência a Violência, Luto, Morte


O passado não pode ser mudado, mas continua a ter impacto no presente. E que o digam todas as mulheres anónimas que figuram no livro de Maria Lamas, As Mulheres do Meu País, que serve de guia para a obra de Susana Moreira Marques; que o digam todas as mulheres que, sem nome, sem rosto, conseguimos reconhecer para lá destas palavras. Porque há tanto que mudou e muito mais que aparenta estar no mesmo lugar.


UM LIVRO MÚLTIPLO

Lenços Pretos, Chapéus de Palha e Brincos de Ouro é um relato, um ensaio, uma autobiografia. É um livro múltiplo de uma travessia que leva a autora a «aldeias ruidosas do passado» e a «aldeias-museu do presente», passando por hotéis modernos e mulheres que «ainda vivem no silêncio de antigamente».

«Quero chegar aos lugares como se não soubesse nada sobre eles»

É através desta imagem contrastante que compreendemos o impacto de figuras como Maria Lamas, tão central no ativismo político em Portugal, e de tudo o que poderia ter sido vivido, mas não foi, de todas as visões condicionadas que poderiam ter alterado o curso histórico - ou, pelo menos, determinados períodos. Além disso, torna evidente que conhecer o nosso passado é fundamental, não só para no edificarmos enquanto pessoas, mas também para recuperarmos raízes, memórias e termos um contexto da nossa condição.

«Às vezes, é apenas nas pausas das conversas que se conseguem partilhar certos gestos»

Ler esta obra deixou-me a pensar nas mulheres da minha família, naquilo que não fiquei a saber sobre cada uma delas e no que sou por causa delas, mesmo que não seja capaz de reconhecer esses fragmentos em mim. Por esse motivo, fiquei com vontade de voltar a observar os álbuns de família e de lançar questões, para tentar decifrar a bagagem que escondem. No fundo, creio que fiquei com vontade de lhes dar voz.

«Chego tarde demais: e, no entanto, vou»

Embarcando numa viagem atenta, intimista e transformadora a vários níveis, Susana Moreira Marques reúne lembranças, observações, divagações e a própria necessidade de compreender a sua história, sempre com uma grande sensibilidade. Em simultâneo, estabelece uma ponte com a sua avó, convidando-nos a reconstruir certos passos. Já me tinha rendido à sua forma de contar histórias em Agora e na Hora da Nossa Morte, no entanto, voltei a reforçar o fascínio: porque há poesia na maneira como interliga as diferentes componentes narrativas e no modo como, preenchendo silêncios e pausas, nos mostra um mundo de possibilidades.


🎧 Música para acompanhar: Maria, Beatriz Rosário

📖 Da mesma autora, li e recomendo: Agora e na Hora da Nossa Morte


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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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