pata de ganso, pedro teixeira da mota
Fotografia da minha autoria |
«(...) aponta as suas próprias limitações»
O Pedro Teixeira da Mota anunciou o seu mais recente espetáculo de stand up comedy e eu tratei logo de comprar bilhetes, para não correr o risco de perder a oportunidade. Embora não goste de comprar com tantos meses de antecedência, há artistas que faço mesmo questão de ver ao vivo e, como o Pedro é um deles, preferi jogar pelo seguro.
Pata de Ganso sucede a Impasse (centrado nas dúvidas da altura) e a Caramel Macchiato (no qual acreditava já saber quem era). Neste terceiro solo, concentra-se nas suas próprias limitações e fragilidades, que talvez tenham ficado mais evidentes aquando da operação ao joelho. Aliás, o nome do solo não foi escolhido ao acaso (nunca é) e acho que, de todos, foi o mais bem conseguido: não só pela razão óbvia, mas por marcar uma dicotomia muito interessante e que ele nos explica no espetáculo (motivo pela qual não a partilharei, para não estragar a experiência a quem ainda o for ver).
Pata de Ganso sucede a Impasse (centrado nas dúvidas da altura) e a Caramel Macchiato (no qual acreditava já saber quem era). Neste terceiro solo, concentra-se nas suas próprias limitações e fragilidades, que talvez tenham ficado mais evidentes aquando da operação ao joelho. Aliás, o nome do solo não foi escolhido ao acaso (nunca é) e acho que, de todos, foi o mais bem conseguido: não só pela razão óbvia, mas por marcar uma dicotomia muito interessante e que ele nos explica no espetáculo (motivo pela qual não a partilharei, para não estragar a experiência a quem ainda o for ver).
A sua capacidade de observação é fascinante. Há muitas vezes em que discordo dos seus pontos de vista, mas consigo entender o fundamento e onde quer chegar. No final, continuamos a estar em desacordo, mas a verdade é que fiquei a refletir sobre determinada perspetiva que lançou para o centro da discussão. E gosto da forma como é capaz de usar essa atenção ao detalhe no seu humor, que, por si só, é um dos que mais aprecio, porque analisa e desconstrói a realidade e não tem qualquer problema de ser ele o elemento da crítica. Aliás, isso é ainda mais evidente neste espetáculo.
Só tinha visto Caramel Macchiato ao vivo (Impasse vi no Youtube) e, sem querer comparar, até porque não seria justo (pelo tempo que separa os dois solos e pelo próprio texto), senti-o mais solto, mais à vontade em palco. Sei que esse é o propósito, fruto da evolução e da segurança que se adquire com a prática e a maturidade, mas nem sempre é notório. Aqui foi. E foi-o não só pelo encadeamento da narrativa, mas também pelas pausas, pelos silêncios que respeitam a energia e o retorno do público. Não houve qualquer pressa para chegar ao fim e isso ajudou a estabelecer uma proximidade maior.
Acredito que um dos maiores trunfos do Pedro Teixeira da Mota é mesmo a sua capacidade para contar as histórias. Fui com dois amigos e vínhamos a falar sobre isso, porque ele parece entregar-nos tudo, sempre com graça, mas, depois, quando já passou ao momento seguinte e ninguém está a contar, acrescenta uma referência da história anterior e desarma-nos a todos. Além disso, brinca muito bem com os tempos, é expressivo e sabe agarrar o público - não é por acaso que as datas esgotaram todas. Acho que o facto de não se levar tão a sério também influencia bastante este vínculo.
Antes de concluir, permitam-me só fazer uma pequena nota sobre André Pinheiro, responsável pela primeira parte do espetáculo. Só o conheci em Watch.tm, portanto, não tinha uma opinião formada em relação ao seu stand up. Nota-se que ainda precisa de ganhar ritmo, mas fiquei impressionada e acho que tem tudo para ser um nome relevante no meio humorístico. Talvez daqui a uns tempos seja ele numa tour a solo.
Pata de Ganso teve espaço para falar sobre problemas de joelho, medos, erva, aldeias de sexo e relações familiares. E percebe-se que o texto é de alguém que se está a descobrir. Não sei se, para ele, é um bom ou um mal sinal perceber que «a pessoa que se está a tornar pode não ser a que sempre idealizou», mas, pelo que vi em palco, o caminho é promissor. Estou cada vez mais fã da sua voz na comédia e do percurso que está a construir, porque encontrou o seu lugar, mas pode sempre voar mais alto.
Não sei bem porquê, o stand up comedy nunca me atraiu muito, talvez por nunca ter experimentado.
ResponderEliminarNo entanto, tenho ficado curiosa com as tuas partilhas.
Um dia destes, vou-me atrever.
Beijinho grande, minha querida!
É perfeitamente válido ☺️ podes ainda não te ter cruzado com os comediantes que mais te enchem as medidas ou não ser mesmo o teu tipo de conteúdo.
EliminarSe te quiseres aventurar, há várias opções no youtube. Também te posso sugerir alguns, caso queiras
Ah que saudades de ver um stand-up comedy *.* O meu namoro com o meu meu marido começou assim :) Soube conquistar-me bem :) Este review veio de encontro ao dos dois ultimos episodios do podcast do Bruno Nogueira que tambem disse muito bem deste espectaculo :)
ResponderEliminarAlias agora lembrei-me de um momento caricato em que o Paulo Baldaia num dos seus numeros de stand-up no antigo LAF em Leça da Palmeira se meteu com o meu Rui que tambem lhe estava mandar bitaites (ja nessa altura havia muita interacção com o publico) e o Baldaia disse: estás aí agarrado à miuda por isso nao mandes bitaites :D Escusado será dizer que corei logo pois nao contava com aquela reação :P Enfim, memorias :D
EliminarA sério? Que giro 😍 sim, também ouvi
EliminarIsso é muito bom 🤣 mas são essas memórias que perduram, adoro!
EliminarParece ter sido interessante. Espero que te tenhas divertido. 😊
ResponderEliminarFoi incrível! Superou todas as expectativas
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