![]() |
Fotografia da minha autoria |
«A vida é feita de momentos colecionáveis»
Janeiro tem a medalha de mês mais longo e percebe-se porquê: porque aparenta ter várias vidas dentro. Não sei se é a nossa vontade de perceber aquilo que o futuro nos reserva ou se estamos só presos a esta imagem coletiva, mas a verdade é que, como o Wandson Lisboa partilhou aqui, acordamos «e ainda é janeiro».
Visto que começamos o ano a gerir uma situação médica esperada, mas que ainda não tinha data definida, senti este passar de tempo ainda mais lento (vivemos mesmo com o coração fora do peito quando os nossos ficam vulneráveis). Por isso, acho que aquilo que me manteve sã foram os aliados de sempre: a família e os amigos, a escrita e os livros. Este amparo, juntamente com datas bonitas, trouxeram um novo fôlego.
Quando vi a peça do Ivo Canelas, percebi que queria fazer do nome uma espécie de mote. Porque quero focar-me nas pequenas alegrias que vou vivendo, por mais simples que pareçam ser. E é por essa razão que o Moleskine dará lugar ao As Coisas Maravilhosas. E, olhem, janeiro teve várias coisas maravilhosas.
as coisas maravilhosas de janeiro
os fragmentos aleatórios
Um dos meus propósitos para 2024 é ser mais regular a escrever as minhas reviews literárias, para ter uma opinião mais fidedigna da leitura, por isso, comprei um caderno de argolas básico e tem sido um bom exercício. Depois, também comprei outro caderno para dar forma a uma ideia que não para de ecoar em mim.
Reorganizei a decoração do meu quarto e da minha secretária de modo a conseguir dar destaque às ilustrações e ao calendário do Fred Gomes. Por falar no Fred, se puderam, vejam esta partilha tão pertinente que ele fez sobre a roupa que usamos e a relação que desenvolvemos com as peças que vestimos.
O mês transitou muito na companhia do meu copo-objetiva e também acolheu as primeiras tulipas.





Leituras Partilhadas: A Marisa Vitoriano avançou com uma nova rubrica: Leituras Partilhadas. Todos os meses, convidará criadores de conteúdo para, em conjunto, sugerirem livros de um tema específico. E foi com o maior entusiasmo que aceitei o desafio de participar no primeiro - Celebrar os Nossos -, não só porque adoro a ideia e o conteúdo da Marisa, mas também porque nunca perco a oportunidade de falar de autores portugueses. Bem sei que sou suspeita, mas acompanhem o projeto. Valerá muito a pena!
as músicas e os álbuns
🎧 Vou Ficar Neste Quadrado, Ana Lua Caiano;
🎧 Jacaré, Pedro Vale;
🎧 Andar à Solta, Capitão Fausto;
🎧 Vestir a Camisola, Joana Espadinha;
🎧 A Pessoa Que Você Mais Ama, Tiago Nacarato.
📻 Três Pontinhos, Rita Rocha & Pedro Marques;
📻 Cara de Espelho, Cara de Espelho
as publicações
Janeiro, ao nível de conteúdo no blogue, foi muito literário, porque queria publicar todas as opiniões referentes aos livros de 2023 e, desta forma, conseguir diminuir a distância entre o término da leitura e a partilha da review. Pelo meio, destaco três publicações que adorei escrever (duas delas relacionadas com literatura).
As minhas leituras para 2024 recuperaram uma dinâmica que, salvo erro, apenas fiz duas vezes: selecionar 12 títulos que quero mesmo ler durante o ano. Gosto da liberdade de descobrir as narrativas quando sinto ser o seu momento, mas também gosto desta ideia de priorizar histórias que me deixam curiosa. Como estas componentes não se anulam, e continuo a ter margem de manobra para ser mood reader, resolvi arriscar.
Os livros bons, como também referiu Isabel Alçada, são aqueles que interessam aos leitores. E, para isso, não pode existir uma só lista, não pode existir obrigatoriedade e portas fechadas. É aos respeitarmos as suas individualidades, trazendo-as para o centro da discussão, que lhes garantimos ferramentas que os ajudem a estruturar os seus gostos. Se continuamos a excluir potenciais leitores da leitura, da literatura, o que sobra? É por esse motivo que, antes de me questionar sobre a presença/ausência de um determinado livro no PNL, insisto em perguntar: estaremos mesmo a incentivar à leitura ou estaremos apenas a validar egos?
O telefone não toca. As horas vão passando, em câmara lenta, e o telefone continua sem tocar. E eu que odeio falar por chamada, como se o corpo estivesse numa extensão invisível até ao outro lado da linha, da vida, de qualquer coisa que não sou eu, só queria ouvir o seu toque. Mas ele não toca e eu continuo a desbloqueá-lo ao segundo, à espera de um sinal, de um pequeno milagre que sossegue a ansiedade.
os filmes, as séries e os podcasts
O Mistério do Colar de São Cajó
Por mais que tente ser imparcial, Pôr do Sol continua a ter um lugar especial no meu coração e sinto que, dificilmente, alguma ramificação destronará a série. Ainda assim, achei o filme interessante, com novas personagens que abraçaram muito bem a energia do projeto. Sei que o objetivo era fazer algo diferente, que não fosse apenas um episódio mais longo, mas, sendo honesta, não sei se o resultado espelha essa vontade. Apesar de elevar a surrealidade dos diálogos e a loucura da história, senti que teve partes mais desconexas, com problemáticas que não enriqueceram assim tanto o argumento. Contudo, só por permitir o reencontro com este grupo já vale a pena.
2004 Foi Há 20 Anos, Diogo Batáguas
O ano só começa verdadeiramente quando Diogo Batáguas partilha o seu Quero Lá Saber, fazendo-nos recuar 20 anos no tempo. Agora que chegamos a 2024, é tempo de passar 2004 em revista, passando pela música, pela política, pelo futebol, pelos anúncios e por mais uma série de áreas que marcaram o ano em questão. Existem fragmentos que continuam épicos, no entanto, houve um, em particular, que me chocou, não estava preparada para saber que a minha vida foi uma mentira.
Talvez Resulte, Luana do Bem
Este set de Stand-Up Comedy, que resulta «das sessões do Talvez Resulte e de um ano de datas com o Diogo Batáguas na sua tour Processo», foi gravado na terceira data que fizeram no Coliseu de Lisboa e deixou-me com vontade de ver um solo completo da Luana, porque gostei do texto, do ritmo e da forma como conseguiu conquistar o público. Sei que é diferente construir algo para 20/25 minutos, enquanto primeira parte de um artista, por isso, fiquei curiosa para a ver enquanto nome principal.
Suar do Bigode, Bumba na Fofinha
O solo foi gravado ao vivo no Coliseu de Lisboa e nem damos pelo tempo a passar, já que monotonia é um conceito que não entra no vocabulário da Bumba. Falando sobre maternidade, histórias de família, ansiedade, encontros, relações longas, depilação, picos de inteligência e tantos temas mais, é um texto muito bem encadeado e cheio de ritmo. Além disso, a Bumba não tem qualquer receio de usar o palco e de ser bastante expressiva. E isso também nos mostra o quanto foi tudo pensado ao detalhe.
Matilha
Quando as situações complicam e é maior o sufoco, tendemos a procurar soluções rápidas, que nos tragam paz. Por vezes, só precisamos de ganhar um pouco mais de tempo para estruturar um plano, mas pode ser nesse limbo que resvalamos. E nem sempre é fácil virar as costas ao caminho mais acessível, nem sempre é fácil resistir à tentação. Matilha e Mafalda não terão o futuro facilitado e as suas decisões poderão comprometer tudo o que conquistaram até então. Até onde estarão dispostos a ir?
Nos podcasts, comecei a maratonar Voz de Cama, da Tânia Graça e da Ana Markl, e Sopro, do Rui Malvarez.
os livros
📖 O Quarto do Bebé, Anabela Mota Ribeiro [alma lusitana];
📖 Ferry, Djaimilia Pereira de Almeida [ler djaimilia];
📖 Mar da Tranquilidade, Emily St. John Mandel [12 livros para 2024];
📖 A Casa Holandesa, Ann Patchett [clube do livra-te];
📖 Reaccionário Com Dois Cês, Ricardo Araújo Pereira [alma lusitana];
📖 Nada no Escuro, Tomasz Jedrowski [clube do livra-te, opinião em breve].
Outros livros do mês: A Minha Andorinha [Miguel Esteves Cardoso], A Maldição de Rosas [Diana Pinguicha], O Vestido de Noiva [Filipa Leal], A Solidão dos Inconstantes [Raquel Serejo Martins], Obras Completas Volume IV [Maria Judite de Carvalho] e A Casa de Pineapple Street [Jenny Jackson].
os momentos
O amparo de janeiro veio em forma de reencontros, ideias que ganham forma, projetos que vão crescendo aos poucos e gestos de generosidade pura. Já somos 55 subscritores na newsletter - Portugalid[Arte] -, a Cátia Cardoso quis enviar-me o seu livro de poesia e comprei bilhete para o solo Diogo, do Luís Franco-Bastos.



Combinei uma sessão de escrita com a Sofia. Se escrevemos? Não, mas conversamos a tarde toda (até nos informarem que o espaço iria fechar) e ficamos a conhecer o Ponto 2, um café encantador na Boavista. Quero regressar. No fim desta sessão de (não) escrita, fomos até à Flâneur para trocar e comprar livros.
Assistir a este evento numa sala cheia, sem preconceitos espelhados, sem desconforto e com a plateia a reagir aos vários tópicos em discussão foi maravilhoso. De repente, era como se estivéssemos entre amigos e não numa sala de teatro. E acredito que esta proximidade só é possível pela energia que as duas transparecem e pelo trabalho que desenvolvem com o podcast. Elas ocupam muito bem o lugar de fala do qual dispõem e fazem isso sem qualquer tipo de moralismo. Vê-las a desconstruir ideias e a dar visibilidade a temas vitais para o ser humano - e para as relações intra e interpessoais -, não duvido, torna-nos melhores pessoas (para nós e para os outros). Podem regressar mais vezes ao Porto. Até lá, continuarei a escutá-las no Voz de Cama.
Como foi o vosso mês?
8 Comments
Janeiro foi, para mim, um mês difícil. Perdi o meu melhor amigo, já se passaram duas semanas e ainda não acredito. Não parece real. Fiz uma pausa no meu atual manuscrito e regressei ao romance Ao Teu Lado, decidi publicá-lo em 3 partes.
ResponderEliminarQue Fevereiro seja melhor. <3
Beijinho grande, minha querida.
Lamento imenso, minha querida. Sei que nenhuma palavra, neste momento, fará a diferença, mas, se precisares de falar, estou deste lado.
EliminarSerá melhor. Muita força 💜
Venham mais sessões de escrita mesmo produtivas! 🔥
ResponderEliminardaylight
Estou pronta 🫡🔥
EliminarQue rico mês *.* Foi longo mas cheio de memorias boas para recordar :) Venha Fevereiro com a sua leveza *.*
ResponderEliminarSão estas memórias que dão alento para continuar! Excelente mês 💫
EliminarJaneiro foi terrível, mais longo do que já é habitual, mas ao mesmo tempo parece já ter sido noutra vida.
ResponderEliminarSim, sinto o mesmo!
Eliminar