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Fotografia de Arlindo Camacho |
«Mágico. O que a vida nos trouxe é tão mágico»
Há surpresas que nos desarmam. Quando, em plena Avenida dos Aliados, a minha afilhada me contou que tinha bilhetes para irmos ver o Diogo Piçarra ao Coliseu do Porto fiquei sem reação. Como é que se consegue assimilar uma informação tão especial como esta? O obrigada torna-se, naturalmente, pouco para tamanha oportunidade! E acho que ainda não acredito que estive presente, a vivenciar todo o momento. E o mais certo é continuar sem ter palavras para descrever tudo aquilo que se viveu naquela magnífica sala de espetáculos!
Foi mágico. Do primeiro ao último minuto. E do alto da plateia geral sem marcação, com uma visão panorâmica privilegiada, fiquei assoberbada por ver tantas pessoas pelo mesmo. O Coliseu estava esgotado. Mas acredito que se o espaço fosse maior o público aumentaria com bastante facilidade. É mesmo gratificante sentir que aqueles que admiramos conquistam vitórias tão fantásticas como esta. Aquilo que, há uns anos, eram um sonho começou a ganhar forma. O tempo passou. E agora é uma realidade bem palpável, que não deixará de acompanhar aqueles que estiveram a assistir.
Foi o primeiro concerto num coliseu. Só por aí já se sente toda a carga emocional. Mas quando as luzes se desligaram, e o Diogo entrou em palco, a sensação de orgulho transbordou do peito. Sabem quando parece que tudo se alinha de uma forma perfeita? Foi isso que senti assim que ouvi a primeira batida. E não falo apenas da música, porque o jogo de luzes e as imagens/vídeos que iam passando no ecrã gigante resultaram muito bem. Foi percetível o cuidado que toda a equipa teve com os detalhes. E o quanto se entregaram de corpo e alma para tornar a ocasião única. A banda e os bailarinos acrescentaram um toque bastante pessoal. E sem esquecer, obviamente, a atuação do artista, todas estas componentes fizeram com que as minhas expectativas fossem largamente superadas.
O Diogo é um homem de palco. Mesmo que estivesse sozinho lá em cima era capaz de o encher com todo o seu talento. No entanto, fez-se acompanhar por convidados extraordinários, que contribuíram - e bem - para o ambiente inesquecível da noite. Valas [Ponto de Partida], April Ivy [Não Sou Eu], Anavitória [Trevo (Tu)] e Jimmy P [Entre as Estrelas] foram os nomes escolhidos. E que ajudaram a fazer a festa. É interessante compreender a fusão de estilos tão próprios. Ver a forma como se adaptam. E como ninguém se anula. Houve muita generosidade de parte a parte. E cada dueto criou uma atmosfera singular, elevando a qualidade. Com uma energia contagiante, o alinhamento seguiu uma ordem muito harmoniosa. Houve espaço para ritmos mais dançáveis, mais explosivos, mas também para momentos mais intimistas. Apenas com o seu instrumento vocal, com a guitarra, na bateria ou ao piano, o Diogo faz tudo! Cativa quem o ouve. Interage de forma muito genuína com o público. E emociona. As lágrimas também se fizeram presentes. E esta é mesmo a magia de um espetáculo ao vivo.
Há tanta verdade naquilo que ele faz, que é impossível não nos rendermos ao seu talento. A voz é fantástica, a interpretação arrepia e o amor que tem à música permitem-no superar-se. E a sua postura e simplicidade tornam tudo muito mais especial. Ouvimos as músicas que compõem o álbum Do=s. Mas também revisitamos o Espelho. E ainda houve tempo para uma homenagem particular: a escolha musical? Linkin Park. Alguém escreveu, muito recentemente, que gostava que o Chester pudesse ter visto. Acredito que viu, esteja onde estiver. E que sentiu a dedicação e todo o respeito refletido em cada palavra. Foi um génio a relembrar outro. Proporcionando um momento lindíssimo. De encher o coração!
E o final? Com todos os artistas em palco e a versão do Diogo da música Can't Help Falling In Love como fundo, tivemos o público do Coliseu do Porto de pé, rendido numa onda de aplausos, que podiam muito bem ser intermináveis. Apetecia adiar a despedida. Ouvir só mais uma música. Como se pudéssemos prolongar esta data para sempre. Vim embora com a certeza de que seria difícil fazer melhor. Mas a ser possível, sem dúvida que a pessoa a consegui-lo é o Diogo Piçarra! Senti-me tão pequenina perante o seu talento gigante e por este momento grandioso. No dia 27 de outubro escrevemos mais um capítulo. Fez-se história. E que bonita é a que ele está a construir. Obrigada!