A RELEVÂNCIA DOS
NOSSOS PROJETOS

Fotografia da minha autoria



«A criatividade é contagiosa»


Os pensamentos periclitantes tecem mantos de ideias que parecem inesgotáveis. No entanto, enquanto estruturamos cada fragmento, há dúvidas que nos contagiam, numa síndrome de impostor paralisante, como se nenhum deles fosse digno de transitar do papel. E o cenário é mais desmotivante, quando nascem projetos onde apreciaríamos aventurar-nos. Neste instante, a questão que se impõem é: até que ponto devemos avançar, se parecem existir inúmeras iniciativas do mesmo género?


 A VONTADE 

Há um estado de alma que considero imprescindível antes de nos comprometermos com algum projeto: desenvolvê-lo por nós, porque nos entusiasma e faz sentido. É por isso que menciono - com regularidade - que continuo a escrever para mim, com a diferença que, à posteriori, o partilho nesta casa virtual. Porque devemos ser os nossos maiores apoiantes. E, além disso, devemos confiar na mensagem que procuramos transmitir - seja ela momentânea ou, então, prolongada no tempo.

Quando ponderei transformar o Alma Lusitana num desafio/clube de leitura [em vez de permanecer como celebração do Dia do Autor Português], oscilei até chegar ao veredicto final, atendendo a que vi nascer vários formatos semelhantes. Mas, depois, compreendi que estava a colocar a tónica no lado errado da questão. Porque é que tenho de me silenciar, se é algo que me acrescenta? Porque é que tenho de largar a mão de um conceito que me deu imenso prazer a organizar, só porque outras pessoas quiseram caminhar no mesmo sentido? Se eu sinto que tenho uma voz diferenciadora, invisto, porque há espaço para todos.


 O ESPAÇO QUE OCUPAMOS 

Acredito, genuinamente, que podemos conversar sobre os mesmos temas, sem que isso nos melindre enquanto criadores de conteúdo, uma vez que as abordagens serão distintas. A forma como interpreto determinado texto ou como exploro um assunto predominante depende da emoção que grita no meu peito. Portanto, o que chega a quem lê/vê/ouve tem a minha essência. E isso não pode ser reproduzido em mais nenhum lugar.

Deste modo, temos, antes, de nos preocupar em seguir a linha que nos mantém fiéis à nossa imagem - e sem nos colarmos aos demais. O resto terá de ser secundário, porque não pode ser a fonte do nosso salto ou da nossa desistência. Assim, ouçam-se. E respeitem a vossa vontade.


 TEMPO E CONSISTÊNCIA 

Numa época em que consumimos tanto conteúdo digital, é natural que se hesite e, sobretudo, que se reconsidere a pertinência do timing em que se lança esse projeto. Porque a oferta multiplica e parece que recebemos estímulos de várias partes. Por consequência, sente-se o medo inerente ao sentido de oportunidade, receando que o lançamento se perca no meio de muitos outros. Contudo, mais que o tempo, sinto que é a consistência que marca a diferença e a fidelização das pessoas.

O ato de perpetuar a ideia, de a ir desenvolvendo com prospeção de futuro, faz com que o investimento seja encarado com outra seriedade, porque a predisposição para construirmos degraus e alternativas é desafiante. E esta deve ser a nossa motivação: o frio na barriga por, em parte, abrirmos uma nova porta e sairmos desta bolha de conforto.

Em simultâneo, que mal tem se as pessoas não aderirem logo? O mais importante é que se divirtam e que entendam como é que o projeto vos permite evoluir. Claro que é maravilhoso quando os outros se interessam, alterando a energia para melhor. No entanto, sinto que limitar a decisão a este fator traz mais prejuízos do que benefícios.


 NA DÚVIDA, ARRISCAR SEM MEDOS 

Ou com eles. Não importa, desde que não desistam de uma ideia apenas porque há mais pessoas a pensar num conceito idêntico. Atenção, eu entendo e também já fiquei neste limbo. Mas será que querem mesmo seguir esse caminho? Até porque, por esta ordem de ideias, só poderia existir um modelo dentro de cada categoria e isso não acontece. Aliás, a magia reside nessa diversidade, ainda que partam do mesmo lugar.

Procuramos todos um conteúdo inovador, que desperte nos demais um interesse genuíno e sem que sintam que houve tempo desperdiçado. Mas concedam espaço para explorar aquilo que vos entusiasma. Façam ouvir a vossa voz interior. E, principalmente, não vivam com a sensação que poderiam ter criado algo especial para vocês, mas que ficou guardado na gaveta devido a condicionantes externas. Os nossos projetos são mesmo relevantes, desde que feitos com verdade. Não os desperdicemos.


Já abandonaram alguma iniciativa porque 
viram outras semelhantes a aparecerem?

Comentários

  1. Tenho de ser honesta, já abandonei algumas ideias por ver outras tão parecidas online. Ainda assim, concordo contigo, as abordagens vão sempre ser diferentes e há imenso valor na partilha de ideias sobre os mesmos temas. ;)

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    1. Compreendo e acho que acaba por ser uma decisão mais instintiva, porque queremos apostar em algo original. Quando vemos que aquela ideia está a ser explorada, a motivação decresce um pouco.
      Sim, acredito muito nisso, até porque nos dá outras perspetivas do tema

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  2. Excelente post e boa pergunta ao qual vou dar a resposta que o meu Rui costuma dar quando aparecem coisas idênticas às minhas: a imitação é a melhor forma de elogio ;) Jamais percas a vontade de fazer algo que tu gostas e que te da ânimo, minha querida 🌈 Muita força 🧡

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    1. Muito obrigada!
      Acho que tudo depende da verdade com que fazemos as coisas. Porque partir dos mesmos conceitos não tem de ser uma condicionante, desde que saibamos aproveitar a nossa voz.

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  3. Vão existir sempre ideias idênticas, mas a singularidade de cada um vai lhes dar vidas completamente diferentes. Gostei muito desta tua abordagem :D

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    1. Sinto mesmo isso! Podemos partir da mesma base, mas o percurso será diferente, porque a nossa postura também é distinta.
      Muito obrigada :)

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  4. Já me surgiram ideias que abandonei por já existir algo semelhante, porém, acho que nunca devemos desistir porque uma ideia pode ser expressada de maneiras diferentes e é isso que importa dar a nossa visão pessoal.

    Excelente publicação :)

    Beijinho grande!

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    1. Exato! A partir do momento em que investimos na nossa abordagem, as ideias seguem percursos distintos :)

      Muito obrigada, minha querida

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  5. Oh, que é mesmo um post bastante interessante, é verdade as vezes deixamos de fazer algo por medo ou porque pensamos que não vai correr bem

    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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    1. Sim, sem dúvida. E acho que faz parte termos essas indecisões
      Obrigada, Sofia :)

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  6. Estou cheia de vontade de começar projectos novos. Tenho de reunir ideias e avançar porque sinto necessidade de fazer algo novo.

    https://checkinonline.blogspot.com/

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  7. Já pensei várias vezes em desistir de alguns projetos mas depois questionei-me: “o que irás fazer de diferente nesse projeto? Será diferente dos restantes e já vistos?” Se sim, sido em frente. Se não, penso melhor, mas costumo sempre seguir em frente, mais cedo ou mais tarde. Porque acredito, acima de tudo, que não devemos de nos privar de avançarmos com certos projetos só porque já existem parecidos. O nosso será sempre o nosso, com a nossa essência. O dos outros serão sempre deles. Cada um com a sua essência e originalidade. Existem lugares para todos. E existe também, liberdade para fazê-lo.
    (Curiosamente, deixei de usar o dezoito.pt como meu “blog pessoal” porque uma blogger ficou muito chateada comigo só porque o blog dela tinha também um número no título. Desisti nessa altura e arrependi-me, apesar de que adoro a minha casa atual e continue com a outra em andamento. Acho tão mau quando nos privam de algo, que compramos com o nosso dinheiro. Por respeito, retirei-o. Mais tarde, a pessoa desistiu do seu domínio e voltei a publicar o dezoito. Tudo problemas desnecessários.)

    Este post é mesmo necessário! Essencial! Que todos o possam ler e entender que podem avançar com todos os seus projetos, sem receios, mesmo com medos, porque todos cabemos neste mundo digital. As portas estão sempre abertas.

    Um aparte 😂 minha querida Andreia, preciso mesmooooo que me tentes ajudar. Conheces livros de autores portugueses em que a ação se desenvolva no Porto? Já andei às voltas em busca de um livro, envolvendo a bela cidade do norte (a que quero muito conhecer!!) e não encontro 🥲. OBRIGADA!!!! 🤍🤍🤍

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    1. Partirmos da mesma base criativa não significa que sigamos um percurso idêntico. Até porque, como pessoas diferentes que somos, vamos acabar por transparecer a nossa essência - e só por isso já vamos encontrar uma comunicação distinta.
      Antes de avançarmos com qualquer projeto, acho importante definirmos as nossas motivações e aquilo que podemos trazer de novo, porque também é uma maneira de nos orientamos e de construirmos a nossa imagem.
      A sério? Eu fico abismada com certas coisas 😳
      Entendo perfeitamente se abrirmos mal de um conteúdo que sentimos que já é muito explorado e para o qual não encontraremos um propósito renovado, mas é fundamental não desistimos das nossas ideias, caso acreditamos que temos uma voz diferente para partilhar.

      Muito obrigada, minha querida!

      Assim de repente, penso que o "Myra", da Maria Velho da Costa, é passado no Porto. Também tens "Um Amante no Porto", da Rita Ferro, "Pão de Açúcar", do Afonso Reis Cabral, "Uma Aventura no Porto", de Ana Maria Magalhãe e Isabel Alçada.
      Se me lembrar de mais, aviso-te

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  8. Muitas vezes não é fácil concretizar os nosso projetos. Principalmente se não sentirmos apoio e tivermos ajuda de alguém. Cada vez mais me convenço que sozinhos não vamos longe...
    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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    1. Tem uma estrutura de apoio torna o processo um pouco mais fácil, até porque nos motiva nos nossos momentos de indecisão.

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  9. Sim, já desisti de levar com algumas ideias em frente por já ter visto semelhante. A sensação é a de que não vou acrescentar nada de novo. Porém, tens razão naquilo que escreves: podemos partir de uma mesma base, mas aquilo que fazemos com ela varia porque somos todos diferentes. Há diferentes tipos de análise, diferentes pontos de vista para a mesma realidade.
    Também já desisti de projetos por falta de tempo. Para mim, por vezes, é complicado gerir tudo. Ter tempo para tudo o que gosto é um luxo que às vezes não tenho. Por isso, vou abdicando, vou mantendo ideias na gaveta... Sem stress e sem pressão ;).
    Mas dou-te toda a razão naquilo que escreves: fazer por nós e não desistir só porque já existe algo parecido.

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    1. Quando sentimos que temos pouco a acrescentar, é mais fácil para nos irmos desligando da ideia. E é completamente válido.
      Sim, por vezes um projeto entusiasma-nos imenso, mas não conseguimos que seja uma prioridade, então, mais vale colocar em pausa. Acredito que insistir só faz com que desmotivemos e, depois, não queiramos voltar. É esse o lema :D
      Desde que façamos as coisas com verdade, acho mesmo que devemos arriscar

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  10. Adorei. Muitas vezes já pensei não fazer alguma coisa porque outras pessoas já fizeram. Mas a questão, como tu bem dizes, deve ser olhada de outro ponto de vista porque é algo que nos dará prazer e quando feito com autenticidade certamente acrescentará.

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    1. Muito obrigada, querida Andreia! Acredito muito nisso, até porque cada um tem uma visão muito própria da ideia, portanto, mais vale arriscarmos do que depois nos arrependermos :)

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