MOLESKINE 2021 || O MELHOR DE MARÇO

Fotografia da minha autoria

«A vida é feita de momentos colecionáveis»

Março, com a sua energia inigualável, trouxe uma das minhas estações do ano favoritas, a Primavera. Mas se eu pensava que fevereiro tinha sido intenso na componente desportiva, claramente que não estava ciente do que me esperava. Ainda assim, no fim, compensou cada pedaço de nervosismo. Sinto que vivi três vidas neste mês e que a penúltima semana combinou todos os projetos que me entusiasmam, contudo, recheado de poesia, de inspiração feminina e decisões criativas, acrescentei mais fragmentos bonitos ao meu incrível álbum de memórias.

⚓ MOMENTOS

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Storyteller Dice 3.0: A capacidade de contar histórias fascina-me sempre, porque há uma simbiose entre pensamentos e palavras que nos transporta para outras realidades. Portanto, neste percurso de descoberta e de narrativas plurais, nasceu o Storyteller Dice, que entrou na terceira edição e trouxe pequenas mudanças [publicação aqui]

FC Porto nos Quartos de Final: O Porto é um dos meus traços de personalidade mais bonitos. Sempre vibrei bastante com futebol, porque existe uma linguagem emocional impossível de descrever, mas que mexe cá dentro. No jogo da segunda mão com a Juventus, lutamos pelo acesso aos quartos de final da Liga dos Campeões. E, sim, falo no plural porque, embora não esteja em campo, visto a camisola com o mesmo amor. Numa partida frenética, mal consegui ficar sentada. Irritei-me, disse palavrões seguidos, gritei a plenos pulmões e emocionei-me. Muito. Porque foi um final poético e digno para a mística deste [meu] clube.

Dia do Pai: Sou apologista de aproveitarmos todos os momentos para acarinharmos as nossas pessoas. Portanto, numa celebração muito intimista, fiz um bolo de laranja - um dos favoritos do meu pai - com cobertura de chocolate, apenas para o mimar, porque merece o mundo.

Saber da vitória no Andebol a ouvir a Estradas no Céu foi arrepiante. Há coincidências que nos desarmam. Foram gigantes - uma vez mais.

📚 LEITURAS

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Último Volume, Miguel Esteves Cardoso

Alma Lusitana || Coimbra

O Pintor de Batalhas, Arturo Pérez-Reverte

Uma Dúzia de Livros 2021 || Fevereiro

As Falsas Memórias de Manoel Luz, Marlene Ferraz

Leituras Descomplicadas || A Mulher na Literatura

Amor à Primeira Assinatura, Leonor Ferrão: Sinto que a narrativa poderia ser mais desenvolvida. Porque a premissa é interessante, mas, sendo tão curta, acaba por condicionar o vínculo com as personagens e, inclusive, a perceção das suas motivações. Além disso, apresenta algumas incoerências e passagens mais previsíveis. Ainda assim, por oposição, sinto que consegue ter uma energia bastante credível e relacional. E é impossível negar o tom cómico, que me arrancou algumas gargalhadas. Amor à Primeira Assinatura é leve, mas também nos faz refletir sobre o impacto das decisões tomadas a quente, dos assuntos mal resolvidos e do quanto os outros podem prejudicar as nossas relações. Embora os acontecimentos escalem rápido, há margem para progredir. E acredito que pode ser um impulso para uma segunda parte.

Coleção Grandes Vidas Portuguesas: Resultante da parceria entre a Pato Lógico e a Imprensa Nacional-Casa da Moeda, pretende homenagear as personalidades que tornaram o nosso país maior. Assim, focando-se nas distintas áreas da nossa História, dedicaram volumes a nomes que, pela sua inteligência, bravura e perseverança, continuam a ter impacto na atualidade. Não só porque foram percursores de causas nobres, mas também porque nos permitem perceber «as nossas raízes políticas, sociais e culturais». Para me estrear nesta coleção, li os livros sobre Carolina Beatriz Ângelo, a «militante feminista que se tornou a primeira mulher a votar em Portugal e no Sul da Europa», e sobre Ana de Castro Osório, «a mãe da literatura infantil no nosso país».

Fábrica de Melancolias Suportáveis, Raquel Gaspar Silva: Os fragmentos que preservamos do passado nem sempre transportam uma energia serena. E, nesta Fábrica de Melancolias Suportáveis, é notória a fragilidade ao abordarem-se temas delicados, sendo preferível geri-los com um certo resguardo. Além disso, a narrativa é palco de tradições e de vozes que nos fazem refletir sobre a diferença e o poder da confiança. Com um tom poético, confesso que não me consegui relacionar em pleno com as personagens. Houve memórias que me desarmaram, sim, mas, de um modo geral, senti-me a deambular à superfície, permanecendo a sensação que ficou algo por dizer. Ainda assim, a escrita é cativante e creio que há uma mensagem imprescindível: aprender a ser uma família.

Sophia de Mello Breyner Andresen: A 21 de março celebra-se o Dia Mundial da Poesia e, este ano, quis comemorar esta data de uma forma especial. Portanto, embarquei numa viagem intimista, para descobrir os dois primeiros livros poéticos de Sophia: Poesia - que se transcende de identidades múltiplas e onde a natureza [enquanto elemento e enquanto caráter] nos proporciona uma metamorfose emocional - e Dia do Mar - que alterna entre a vontade de viver em pleno e a impossibilidade de o fazer, Abril e uma consciência de si. Sublimes!

Os Maias, Eça de Queiroz: A obrigatoriedade desta obra, durante o secundário, numa altura em que ainda não tinha despertado para a leitura, fez com que me afastasse de todo o seu potencial. E, pior, de todo o mundo que habita e rodeia o Ramalhete. Porque Os Maias são um retrato [ainda atual] da nossa sociedade e daquilo que move algumas pessoas. Agora, com mais maturidade, fiz as pazes com a narrativa e, mais do que isso, fiquei fascinada com a cadência da escrita, tão clara e tão visual; tão irónica e tão cómica. Em simultâneo, é desconcertante a tragédia e o peso dos segredos. Confesso que, num ponto inicial, fiquei deslumbrada com Carlos da Maia, mas cheguei ao final com a certeza que foram Afonso da Maia e Ega que ficaram com o meu coração, por razões distintas. Este livro foi uma surpresa, até pela crítica nas entrelinhas. Só me custou que a parte final tenha sido tão célere, porque achei que poderia ter seguido outro rumo.

📺 Filmes & Séries

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A Vida do Sousa: Esta série de humor centra-se num comediante do Norte, que decide iniciar um novo capítulo na sua vida. Para tal, muda-se para Lisboa e mostra-nos o seu quotidiano intercalado com atuações de Stand Up Comedy. Reunindo muitas peripécias e situações alucinadas, é um projeto bem conseguido - pela ideia e pela execução.

Listen: O filme da atriz e realizadora Ana Rocha de Sousa expõe a dura realidade de um casal emigrado, que não só se debate com dificuldades económicas, como também se vê na desgastante luta para recuperar os filhos. E é mesmo angustiante acompanhar a intransigência dos Serviços Sociais, que deveriam ser os primeiros a prestar auxílio às famílias. Assisti ao desenrolar da ação com o coração nas mãos e nem sequer sou mãe, o que só demonstra a carga emocional que envolve esta obra cinematográfica. Será que esta luta díspar algum dia terá um fim?

3 Caminos: É uma produção internacional, que conta com a participação de atores portugueses e de «equipas técnicas e de produção nacionais». Esta série de oito episódios «conta-nos a história de cinco amigos, de diferentes nacionalidades», que se cruzam «em três momentos importantes das suas vidas». A uni-los têm o Caminho de Santiago. Claro que não podia perder a oportunidade de descobrir esta jornada.

✏ PUBLICAÇÕES

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Os Livros Que Não São Para Todos

Os nossos gostos são tão diversificados, que é natural 

que não nos identifiquemos com 

certos livros. Portanto, será que algum livro é para toda a gente?

As Mulheres da Coleção Grandes

 Vidas Portuguesas

Houve sete títulos que me 

despertaram interesse, visto que 

têm em comum o facto de serem 

sobre mulheres inspiradoras.

A Relevância dos Nossos Projetos

A questão que se impõem é: até 

que ponto devemos avançar, se 

parecem existir inúmeras 

iniciativas do mesmo género?

O Perigo da Cobrança

Cuidem de quem vos apoia e mostra interesse. Mas não [se] cobrem. 

Mesmo que vos apeteça desligar, 

não é o fim do mundo.

A Poesia na Minha Estante

Regressei às origens, recuperando 

a poesia nos meus devaneios de escrita. Além disso, quero que 

sejam mais os livros poéticos a colorir as minhas estantes.

🍴 À MESA

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Muffins de Banana e Aveia com Chocolate

A deambular pelo instagram, cruzei-me com uma opção da Anita Healthy, que me despertou interesse pelos ingredientes protagonistas: banana, aveia e chocolate. Assim, retirei uma forma do armário e fui preparar uns belos seis Muffins. No entanto, como ainda sobrou alguma massa, esta receita transformou-se num autêntico dois em um [receita aqui].

Biscoitos de Limão

Há uma expressão idiomática em inglês que eu adoro: «a penny for your thoughts», utilizada para tentar saber o que a outra pessoa está a pensar. E foi nela que me inspirei para estabelecer a ponte entre o ingrediente do mês, para o projeto Páginas Salteadas, e o livro que nos permite criar uma receita com essa opção. Atendendo a que selecionei a obra de Marlene Ferraz, As Falsas Memórias de Manoel Luz, quis trocar as divagações do protagonista por um biscoito de limão.

📌 ENTRE LINHAS

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Ler a Diferença: A Elga Fontes - Quem Me Lera - é uma das vozes que mais promove a diferença, seja no blogue, seja no Instagram, porque o nosso mercado editorial ainda carece de um apoio maior às minorias - assim como nós, enquanto leitores. De modo a influenciar leituras mais inclusivas, está quase a lançar o projeto Ler a Diferença [começa amanhã, dia 1 de abril], que pretende deixar-nos mais conscientes.

Descubram tudo nesta publicação.

📌 JUKEBOX

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A Surpresa: Sangue do Meu Sangue [Salvador Sobral]

Melhor Duo: Vem [Sebastião & Pipa]

A Diferentona: Saudade [Karetus & Romeu Bairos]

A Favorita: Já Não Choro Por Ti [Gisela João]

Artista Revelação: Fil

Álbuns: Not Your Muse [Celeste], EPiderme [NBC], 

A Poda das Nuvens [Vasco Vilhena], Peixe Azul [Miguel Araújo], 

Almost Young [Dream People], Justice [Justin Bieber], 

South Side Boy 2 [Diogo Piçarra], Wasn't There, Someone Told Me [Bernardo], Música de Meias [Captain Boy], Esperar Pra Ver [Perpétua]

🎥 VÍDEOS & PODCASTS

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Brainstorm 19 - Luís Franco Bastos: Daniel Carapeto convidou Luís Franco-Bastos e falaram sobre temas muito fraturantes para a sociedade. Ou talvez não, mas ouçam na mesma, porque vale bem a pena.

Crise de Identidade com Inês Mota: Neste episódio, a Sofia esteve a partilhar as suas crises de identidade com a Inês Mota - do blogue Bobby Pins. E o resultado foi uma conversa mesmo inspiradora.

Merdas Sem Jeito: A Dora conversa sem tabus e isso é uma bênção.

✨ GRATIDÃO

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Março trouxe-me dias de muita poesia e a vontade de arriscar numa iniciativa que tenho vindo a adiar. Porque, todos os anos, anoto as datas do Prémio de Literatura Infantil Pingo Doce, mas deixo passar, pelo simples facto de nunca ter uma ideia que considere boa - ou entusiasmante o suficiente para desenvolver. A seis dias do término das candidaturas, surgiu-me um pensamento que quis explorar e tenho-me divertido imenso no processo. Acho difícil cumprir todos os requisitos, até dia 2 de abril. Contudo, para além de tudo o que me aconteceu de bom este mês, sinto-me grata por priorizar este objetivo.

Como foi o vosso mês?