UMA DÚZIA DE LIVROS 2021 || MARÇO: O PINTOR DE BATALHAS
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Fotografia da minha autoria |
Tema: Um livro que nunca acabaste
A leitura é um espaço de descoberta. Por isso, quando seleciono um livro, tenho uma certa dificuldade em colocá-lo em pausa, caso não esteja a ser entusiasmante. Porque preservo a esperança de ver a história a melhorar e, se desistir, posso perder essa metamorfose. No entanto, aprendi que cada obra tem o seu momento e que a insistência pode desencadear um efeito mais negativo. Portanto, tenho largado a mão daquelas que não me convencem à primeira tentativa. Mas, para o Uma Dúzia de Livros, procurei fazer as pazes com Arturo Pérez-Reverte.
«Talvez no fim de contas - pensava agora - a cena nunca tivesse estado diante dos seus olhos»
O Pintor de Batalhas coloca-nos em contacto com um fotógrafo de guerra que, durante 30 anos, viajou por imensos lugares, registando o caos. Porém, numa fase mais recente da sua vida, abraçou a missão de pintar a fotografia que nunca foi capaz de tirar. Porque há algo nessa imagem que pode perpetuar a intensidade da dor. Através de uma escrita crua e sem deslumbramentos, a premissa é bastante intrigante. E sinto que fui completamente desarmada nas primeiras páginas do enredo. Contudo, ultrapassado esse impacto inicial, perdi-me em detalhes [para mim] repetitivos e, até, desnecessários. Fiquei comovida com a procura de sentido e com as memórias perturbantes do passado, mas creio que a reflexão tornou-se demasiado filosófica e tão desprovida de empatia.
«Você, que foi uma testemunha com bilhete de volta em tantas desgraças, sabe a que me refiro»
O tom sombrio e imoral é fruto de toda a maldade, desesperança e infortúnio que captou com a sua objetiva. E, também por essa razão, faz-nos repensar a índole humana, porque desconstrói as nossas convicções e os nossos limites, levando-nos numa viagem às nossas entranhas. Explorando o isolamento, talvez tenha sido a exposição da ruína - externa e interna - que não me cativou, embora reconheça a pertinência dos seus dilemas e dos conflitos inter e intrapessoais.
«E se alguma coisa me agrada em ti é o silêncio que guardam os teus silêncios»
O Pintor de Batalhas não é, de todo, um mau livro, apenas não senti o deslumbramento prometido, porque recuei mais do que aquilo que consegui avançar para obter uma total compreensão das motivações do[s] protagonista[s]. Mas, se calhar, a beleza da narrativa é mesmo essa: deixar-nos profundamente à deriva, entre a lucidez e a solidão, num inferno que, não sendo o nosso, se transforma numa agonia transversal.
«Gosto que sejas tão bom no teu trabalho e que uma lágrima nunca te
tenha feito perder a focagem da máquina. Ou que isso não transpareça»
// Disponibilidade //
Não conheço o autor, mas o livro parece ter uma premissa muito interessante.
ResponderEliminarBeijinho grande!
A premissa é mesmo interessante, sim
EliminarGostei bastante desta sugestao, o tema é bastante interessante :)
ResponderEliminarSem dúvida! E faz-nos refletir bastante
EliminarNunca li nada do autor. Já me aconteceu encontrar livros assim: o enredo parece fantástico, as primeiras páginas são arrebatadoras, mas depois há algo que se quebra, mesmo que a escrita seja fantástica.
ResponderEliminarFoi a minha estreia e confesso que não me arrebatou como estava à espera. Ainda assim, tem aspetos muito interessantes
EliminarAcabei de ler um livro deste escritor Cães Maus não Dançam, que aconselho.
ResponderEliminarUm abraço e boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Vou anotar esse título, para ver se dou nova oportunidade ao autor
EliminarBoa semana
Gostei de ler o seu texto! Por acaso tenho um livro que me parecia muito interessante mas perdi a vontade de o ler no segundo capítulo.
ResponderEliminarDesconheço este autor, gostei muito da recomendação!
Haja saúde!
Muito obrigada, Micaela!
EliminarHá livros que nos enganam. Ou, então, que começamos a ler no momento menos indicado para nós
Não conheço o livro mas já passei por situações em que o enredo não prendeu, desisti, e mais tarde quando fui ler gostei muito. tem tudo a ver com o tempo certo.
ResponderEliminarBeijinhos
Coisas de Feltro
Sem dúvida, o tempo em que lemos determinados livros faz toda a diferença. Mais vale não insistirmos
EliminarVou tomar nota da dica.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Boas leituras!
EliminarFaço minhas as tuas palavras — fiquei curiosa em ler o livro em questão 📖
ResponderEliminarEspero que te reserve uma experiência melhor :)
EliminarComo é sempre bom conhecer novos livros, confesso que esse ainda não tinha ouvido falar
ResponderEliminarBeijinhos
Novo post
Tem post novos todos os dias
A nossa lista está sempre a aumentar :)
EliminarNão conhecia de todo este livro. Parece-me muito interessante. Só tenho na minha estante, por enquanto, 1 livro que não consegui chegar ao fim. Espero poder ter coragem, ainda este mês, para lê-lo até ao fim. 🙏🏼
ResponderEliminarEstou contigo :D
EliminarAcho que nunca deixei um livro a meio, tento sempre, mas já me senti tentada em parar de ler no inicio com o vendedor de passados de Eduardo Agualusa e Mobi Dick de Melville
ResponderEliminarEntendo, por norma também tento sempre avançar.
EliminarNunca li nenhum deles, confesso