ESTANTE CÁPSULA ◾ O PECADO DE PORTO NEGRO, NORBERTO MORAIS

Fotografia da minha autoria



«Cidade de amor vadio»

Avisos de Conteúdo: Morte, Família Monoparentais, 
Violência, Suicídio, Linguagem Explícita


O lado previsível de determinadas histórias não lhes retira a magia, porque, como mencionou a Sofia em relação ao Balada Para Sophie, é a forma como são contadas que as torna boas histórias e, acrescento eu, inesquecíveis. E foi precisamente isso que senti quando decidi descobrir o livro de Norberto Morais.


AMOR E TRAGÉDIA

O Pecado de Porto Negro é um lugar remoto, «plantado no coração dos trópicos». Conhecido como a cidade do amor vadio, é feito de transações comerciais e de desejos carnais. Além disso, parece envolver mundos antagónicos, que encontram sempre uma maneira de se entrelaçarem. E é nesta trajetória que Santiago Cardomomo, jovem e mulherengo, e Ducélia Trajero, filha do açougueiro da terra, se perdem de amores.

«Para quem se encanta com histórias de amor à primeira vista, 
lamenta-se o desapontamento por não haver sido o caso»

Tenho de reconhecer que esta obra nos envolve numa narrativa que já foi replicada de várias maneiras. No entanto, a forma como o autor a construiu é surpreendente: porque tem uma melodia própria e porque nos faz sentir tudo aquilo que está descrito; porque sentimos na pele a dor, a tragédia e o amor que consegue sobreviver a todos os golpes de vingança e de maldade. Com todas as emoções em evidência, é impossível resistir ao charme dos protagonistas e ao tom obsessivo que destruirá o vínculo deste casal proibido.

«Estava na altura de também ela começar a mexer, 
que os sonhos pertencem à noite e às horas mortas»

O cenário imaginário torna-se credível pelo movimento, pelas descrições, pelos aromas e pelas vivências que Norberto Morais lhe atribui. Por isso, senti-me a ser transportada para este Porto Negro, tão cheio de vida, de desavenças, de mesquinhez, de desconfiança e, inclusive, de empatia. Embora este local não exista, nem estas pessoas, creio que não cometo qualquer inconfidência ao dizer que poderia ser real, que poderia ser um retrato fiel de quem deambula à procura de propósito e de afeto, independentemente da hora do dia.

«E no desarranjo dos sentidos, teve a certeza de 
alguma coisa se haver quebrado, perdido para sempre»

Nesta terra, que nos permite conhecer o que «há de mais primitivo e profundo» no ser humano, o tempo circula e, com ele, denota-se uma gritante carência emocional. Embora nos repugnem determinados comportamentos, pelo seu traço maquiavélico, compreendemos que tudo isso é fruto de traumas passados e de falta de amor. Sofre-se muito aqui, mas também encontramos apontamentos de esperança e uma certa justiça poética.


Disponibilidade: Wook | Bertrand

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Comentários

  1. Nunca tinha ouvido falar do autor, nem da obra.
    Parece-me uma excelente sugestão de leitura.
    Obrigada pela partilha, minha querida.
    Beijinho grande.

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    Respostas
    1. Aconselho, minha querida. Vale mesmo muito a pena!
      Estou desejosa de ler outros livros da sua autoria

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  2. Acredito que seja um livro com uma narrativa fascinante de ler
    .
    Cumprimentos poéticos e cordiais
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  3. Que me parece ser mais uma boa opção para se conhecer, mas ainda não tinha ouvido falar
    Vou levar a sugestão
    Beijinhos
    Novo post
    Tem Post Novos Diariamente

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  4. Gostei da sugestao . Muito obrigada pela partilha *.*

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  5. Levo mais esta sugestão. Bom fim de semana!
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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