ESTANTE CÁPSULA JUKEBOX (2)

Fotografia da minha autoria



A banda sonora de uma viagem literária


A playlist literária de fevereiro ficou tão versátil como as leituras, porque levaram-me por trajetórias emocionais muito particulares. Por isso, entre sonoridades mais catárticas e outras mais descontraídas, há uma linha de equilíbrio que sustenta o tanto que somos. No total, são mais nove temas nesta Estante Cápsula Jukebox.


AS COISAS QUE FALTAM, RITA DA NOVA
Love Me More, Sam Smith ▫ A jornada da protagonista pareceu-me bastante clara e, sobretudo, pareceu-me que tudo o que mais procurou foi amor: o amor de alguém que nunca conheceu, mas que esteve sempre muito presente nas suas memórias e nas suas ações. Por esse motivo, senti que esta música do Sam Smith a acompanhava bem, já que, no fundo, ao tentar unir todas as peças do seu puzzle, foi tentando amar-se mais e mais, respeitando quem era: com o que tinha e com o que lhe faltava.


MAUS, ART SPIEGELMAN
Never Again, Stephen Melzack ▫ Este tema, que serve para relembrar o Holocausto, é também um lembrete para uma parte da história que nunca deveria ter acontecido e que não podemos permitir que se repita, seja de que forma for. Perante uma novela gráfica que mostrou, sem qualquer embelezamento, a história de um sobrevivente, pensei que esta canção poderia ser o melhor complemento.


PRECIOSA, NELSON NUNES
Tempestade, Carolina Deslandes ▫ Queria um tema impactante e ocorreu-me o documentário Mulher, da Carolina Deslandes, que não só nos centra em problemáticas urgentes, como dá voz ao universo feminino. Nesta história de violência doméstica, optei pelo tema Tempestade, porque creio que, subtilmente, mostra aquilo que devem ser os dias de alguém que tem de caminhar sempre a olhar por cima do ombro.


VOCÊ NUNCA MAIS VAI FICAR SOZINHA, TATI BERNARDI
Lugar Certo, Iolanda ▫ Lembrei-me desta música pela ideia de querer voltar atrás, a esse lugar certo onde sentimos pertencer. Com a vida a mudar tanto, dando palco a dúvidas, receios e a sensações desconfortáveis, ficamos com uma perspetiva de perda. Um pouco como o que encontramos neste romance, porque a protagonista queria muito ser mãe, mas o processo deixou-a com saudades daquilo que foi antes de todas as alterações físicas e hormonais. Ainda que o tema musical nos transporte para uma relação amorosa, acho que combina bem com a narrativa em questão, porque há aspetos que podemos tornar transversais.


PERIFERIA, CATARINA COSTA
Sempre Rente ao Chão, Noiserv ▫ Senti-me um pouco perdida nesta combinação, até que me lembrei do Noiserv e da sua capacidade surpreendente de tecer os mais diversos cenários. Sempre Rente ao Chão pareceu-me, então, a melhor escolha, por nos transportar para um lugar de não-pertença, para uma realidade em que a protagonista se vai remendando aos poucos, na tentativa de fugir, de passar despercebida.


A FLOR E O PEIXE, AFONSO CRUZ
We Go Down Together, Khalid & Dove Cameron ▫ Associei logo este tema, não pela ideia de queda, mas por estarmos em constante descoberta do mundo que nos rodeia e, principalmente, de nós. Além disso, achei que esta canção combinava bem com a narrativa de Afonso Cruz porque, quando compreendemos aquilo que é importante, aquilo que temos de mais valioso, também percebemos que há espaços no nosso coração a serem preenchidos e que chegamos, finalmente, a casa.


INDEPENDENTE DEMENTE, MIGUEL ESTEVES CARDOSO
Bem Vindo ao Passado, GNR ▫ A letra talvez não se relacione muito com o conteúdo do livro (e, vai daí, até consigo estabelecer algumas pontes), mas foi uma associação automática pelo título. E porquê? Porque estas crónicas (nunca publicadas) remetem-nos para a altura do jornal O Independente. Por isso, conhecemos a visão do MEC, conhecemos aquilo que, há mais de 30 anos, o apoquentava ou lhe criava uma certa comoção. Assim, regressamos ao passado, para perceber que há muitas ideias que, ainda hoje, fazem sentido.


ORGULHO E PRECONCEITO, JANE AUSTEN
Liz On Top Of The World, Dario Marianelli & Jean-Yves Thibaudet ▫ Poderia ter escolhido qualquer tema da banda sonora do filme, mas quis esta porque a Lizzie será sempre uma das minhas personagens favoritas. É um instrumental, porque o silêncio da ausência de palavras sempre teve voz nesta história, remetendo-me para todas as trocas de olhares que teceram longas conversas com Darcy.


DEVE SER, DEVE, GUILHERME FONSECA
It Wasn't Me, Shaggy ▫ Estive quase para incluir a música da Leopoldina, só pela associação que fiz na review do Goodreads, mas depois resolvi ser mais séria e aceitar que, para além de ter sido mencionada na obra, esta canção é mesmo a que lhe assenta melhor. Convenhamos, não existe maior negacionista que o Shaggy ao longo da música. É chalupice ao mais alto nível, é.

Comentários

  1. Que boa maneira de começar a semana com música tão variada. Fiquei muito curiosa para descobrir as tuas escolhas. Mais logo já vou ouvir.
    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Espero que gostes de fazer esta viagem pela banda sonora das minhas leituras :)

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  2. Excelentes combinacoes *.* Quero muito ler MAUS e o novo do MEC :)

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  3. Uma maravilhosa seleção Andreia, desejo uma ótima semana pra você bjs.

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  4. Que acaba mesmo por ser uma boa escolha e até seleção, mas nem todo conhecia
    Beijinhos
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