Entre Margens

Fotografia da minha autoria



«A vida é feita de momentos colecionáveis»


Outubro chegou com um ritual que adoro: acender velas. Além disso, alinhou-me com os chás quentes e com a manta que fui resgatar ao armário, porque é mesmo um aconchego chegar a casa, vestir o pijama e desfrutar deste ambiente de conforto - sempre com um livro no colo e, pelo menos, um dos gatos. Este mês também proporcionou reencontros com amigos, uma visita ao novo espaço da Miss Pavlova e novidades bonitas.

O mundo está caótico. Ainda que permaneça distante do centro do problema, parece difícil respirar e acreditar nos valores da humanidade. Neste impasse, aprendemos a relativizar, porque sentimos que é altamente fútil queixarmo-nos quando há destruição do outro lado. Pronúncio-me pouco sobre determinados temas, porque acho que não tenho algo de útil para acrescentar, portanto, remeto-me ao silêncio, mas de olhar atento.

No passado dia 28, foi noticiada a morte de Matthew Perry. Não pretendo dissecar o assunto, visto que nada de bom pode surgir daí, porém, não escondo que me abalou, afinal, é o eterno Chandler, a minha personagem favorita de Friends e o protagonista dos momentos mais sarcásticos e cómicos desta que é uma das séries da minha vida. À custa disto, fiquei a pensar no quanto sentimos estas perdas. Ele não era uma pessoa próxima, mas era uma personagem de conforto e, por isso, fica o vazio, como se perdêssemos o nosso lugar, como se deixássemos de ter um espaço seguro. Prometo continuar a fazer piadas quando estiver desconfortável.

Novembro, podes vir. Por favor, traz coisas maravilhosas.


       MOMENTOS       

Visita à Miss Pavlova
Visitei a Miss Pavlova, pela primeira vez, em 2020 e fiquei logo encantada pela atmosfera envolvente, pelo conforto da sala, pelo traço intimista e, claro, pelas opções gastronómicas deliciosas - é difícil não querermos provar tudo ao mesmo tempo. Embora não seja a cliente mais frequente, é um espaço que recomendo de olhos fechados, porque não desilude. Aliás, surpreende sempre, porque se movem por amor. No passado dia 7 de outubro, fui, finalmente, conhecer o novo espaço e só posso dizer maravilhas: continua acolhedor, ainda mais luminoso, com uma sala em baixo que nos faz sentir em casa. Desta vez, por influência da Sofia, resolvi experimentar uma opção salgada. Ir à Miss Pavlova e não comer uma fatia de pavlova é impensável, portanto, resisti à vontade de pedir umas panquecas para complementar o menu e fui antes para uns Ovos Benedict, que estavam fantásticos. Na fatia de pavlova não inventei e fui para a sempre deliciosa Floresta Negra.

Lançamento do Livro do Nelson Nunes
O Nelson Nunes veio à Casa Comum, uma unidade de cultura da Reitoria da Universidade do Porto, lançar o seu livro Enquanto Vamos Sobrevivendo a Esta Doença Fatal, que é «uma exploração pessoal das várias manifestações da morte». Ainda não o li, mas não podia desperdiçar a oportunidade de escutar esta conversa, que contou com a apresentação de Valter Hugo Mãe. É estranho dizê-lo desta forma, mas, no fim do evento, senti-me leve, porque foi uma partilha muito bonita, emotiva e cómica também, que estreitou laços. Independentemente da idade, da profissão, do estado em que estamos, há perceções sobre a morte que são transversais. Não estamos sozinhos. Debater isso talvez seja a melhor maneira de nos libertarmos do lado sombrio do tema, talvez seja a melhor maneira de compreendermos que, se não há alternativa, então vamos encarar isto de frente. Eventualmente, acabaremos por perder esta guerra, mas todos os dias que acordamos estamos a ganhar a batalha. Se puderem assistir a algum lançamento deste livro, aconselho bastante.

      

      

Outros apontamentos bonitos do mês: O Porto conquistar a Taça Intercontinental em Hóquei, reencontros felizes, a conversa entre a Rita da Nova e a Ann Napolitano e o segundo aniversário do Livra-te.


LEITURAS

📖 Obra Poética, Sophia de Mello Breyner
Poesia Para o Outono

📖 No Meu Bairro, Lúcia Vicente & Tiago M
Alma Lusitana

📖 Pretérito Perfeito, Raquel Serejo Martins
Alma Lusitana

📖 Ontem à Noite no Telegraph Club, Malinda Lo
Ler a Diferença

📖 O Coração dos Homens, Hugo Gonçalves
Alma Lusitana

📖 Todas as Palavras, Manuel António Pina
Poesia Para o Outono

📖 Misericórdia, Lídia Jorge
Clube Leituras Descomplicadas


Outras leituras do mês: 
O Caderno Vermelho da Rapariga Karateca (Ana Pessoa), Bordados (Marjane Satrapi), Apontar é Feio (Joana Marques), Deixa-te de Mentiras (Philippe Besson), Enquanto Vamos Sobrevivendo a Esta Doença Fatal (Nelson Nunes), Bairro das Cruzes (Susana Amaro Velho) e Solitário (Alice Oseman)


     FILMES, SÉRIES & PODCASTS     

O Alma Grande
O terceiro filme do projeto Histórias da Montanha centra-se na história do Tio Alma Grande, cuja função é garantir uma morte discreta aos moribundos. E fá-lo com um único propósito: impedir que, em confissão, revelem os seus segredos e exponham o judaísmo professado clandestinamente dentro de famílias de cristãos-novos. Isaac é um desses moribundos, às portas da morte, mas há uma reviravolta que altera todo o tom da narrativa e, claro, do quotidiano do Alma Grande e da família de Isaac. Não imagino o fardo que é tirar a vida a alguém, mesmo que este «tirar a vida» seja um mecanismo para a salvar da doença, do sofrimento, do perigo que poderá resultar da confissão. Esta dualidade pesa. No entanto, não me consegui envolver com este argumento e acho que parte da culpa se deve à sua duração: tem pouco mais de meia hora e, portanto, parece-me que houve aspetos que se ressentiram disso. É percetível o desejo de vingança, o isolamento e, inclusive, o lado sombrio dos pensamentos mais mundanos, mas faltou-me um pouco mais de contexto.

Reset Temporada 3
A Bumba na Fofinha quis dar voz aos erros e normalizá-los, visto que a nossa história não é só feita de sucessos. Foi assim que nasceu Reset, um podcast (só em áudio ou em vídeo) centrado no fracasso. Patrocinado pela Delta Q e com uma componente solidária, está de volta para a terceira temporada, desta vez, com episódios gravados ao vivo, o que tornou a experiência ainda mais alucinante e com menos filtro.

Podcasts
🎤 Clickbait Ep.19 - uma conversa maravilhosa com a Rita da Nova;
🎤 Vale a Pena - episódios 30 e 33, com Ana Bárbara Pedrosa e Joana da Silva, respetivamente.


       ENTRE LINHAS       

Em Casa Studio
A Inês Sagres desenvolveu um projeto dedicado à criação de velas perfumadas, o Em Casa Studio. Devo confessar que a minha compra foi toda motivada por este copo em forma de bolota. Achei-o amoroso e original, por isso, continuei a deambular pelo site e acabei, também, a adicionar uma base e a não resistir à caixa Book Lover, uma proposta sazonal que vem embalar as nossas leituras. Fiquei mesmo impressionada com a qualidade dos artigos e é bastante provável que volte a comprar por lá - já tenho outro artigo no carrinho.

      

Ofélia: Uma Revista Poética
A Ofélia é um projeto da autoria de Simone Martins e nasceu da sua vontade de dar voz e espaço a todos os que não sabem viver senão poeticamente. Neste sentido, pretende ser casa para os jovens «sonhadores, criativos, pensadores e destemidos», que encontram na poesia o seu dialeto favorito. Leiam tudo aqui.


       JUKEBOX       

Top 5 de favoritas
🎧 1950, King Princess;
🎧 Isso, Isaura & Maro;
🎧 Tête-À-Tête, Mónica Teotónio;
🎧 Carro, Bárbara Bandeira & Dillaz;
🎧 Vira-Voltas, Ricardo Ribeiro


Álbuns
🎵 Biografia de Uma Consciência, ACE;
🎵 Liberdade, Sara Correia;
🎵 Maldita Sorte, Mara;
🎵 Protocolar Vol.II, Janeiro & Paulo Novaes;
🎵 Sensoreal, Rita Vian;
🎵 1989 (Taylor's Version), Taylor Swift;
🎵 XX - Ao Vivo no Coliseu dos Recreios, Tiago Bettencourt;
🎵 Cosmopolita, Francisco Fontes


       GRATIDÃO       

«I believe in Pink!»

Outubro, apesar de tudo, foi um mês sereno e estou-lhe grata pelas novidades tão bonitas que recebi.


Como foi o vosso mês?

Fotografia da minha autoria



A banda sonora de uma viagem literária


A montanha russa que vai nesta playlist é difícil de qualificar, mas entusiasma-me. Dos catorze temas que foram adicionados este mês, reconheço que fiquei viciada num deles e que há outro que foge completamente da minha zona de conforto. Pelo meio, recordei canções que adoro e ainda pude recuar no tempo.


OBRA POÉTICA, SOPHIA DE MELLO BREYNER
Na Ilha, Elisa ▫ Um dos livros compilados nesta obra é o “Ilhas” e, quando lá cheguei, recordei-me logo da música da Elisa, que me pareceu muito alinhada com a mensagem: pelo traço camaleónico, pela viagem, pela noção de lugar e pela vontade de chegar a algum lado. Há um impulso de ida e a certeza do regresso.

NO MEU BAIRRO, LÚCIA VICENTE & TIAGO M.
Chelas, Sara Correia ▫ A realidade representada tem as suas diferenças e, no entanto, consegui rever este livro nas palavras da Sara, porque há uma pressão exterior para “esconder as raízes”, para seguir uma norma que foi definida sabe-se lá por quem e com que propriedade. Além disso, quando ela canta “Mas no meu bairro eu vejo prédios de todas as cores”, pensei que esses prédios poderíamos ser nós, cada um com as suas características, cada um com as suas diferenças, mas a coexistir num espaço comum, porque tem de existir espaço para todos. Não temos de ser mais comedidos, não temos de fingir ser o que não somos, nem precisamos de ser de mais lado nenhum, porque neste bairro cabemos todos.

PRETÉRITO PERFEITO, RAQUEL SEREJO MARTINS
I Am The Resurrection, The Stone Roses ▫ The Stone Roses era uma das bandas favoritas de Vasco, o protagonista de Pretérito Perfeito. Tendo em conta que, numa das cenas, estava a ouvir este tema em concreto, achei que seria a associação mais justa. Quando terminei a leitura, fui procurar a letra e percebi que versos como “I need to be alone” ou “There's a time and place for everything/I've got to get it through” podiam muito bem ser usados para descrever a personagem.

ONTEM À NOITE NO TELEGRAPH CLUB, MALINDA LO
1950, King Princess ▫ Queria que esta leitura tivesse banda sonora, por isso, abri o Spotify e procurei por uma playlist inspirada no livro, para que fosse mais fácil entrar no ambiente. A autora tinha criado uma, com músicas mencionadas na história ou que se pudessem adequar de alguma forma, e carreguei no play. Fiquei logo encantada pela primeira, de King Pricess, e percebi que não podia escolher mais nenhuma. Pelos temas centrais, talvez houvesse outras que encaixassem melhor, mas a letra de 1950 foi-me recordando das protagonistas, além disso, imaginei muitas das cenas entre ambas a acontecerem ao som desta canção.

O CADERNO VERMELHO DA RAPARIGA KARATECA, ANA PESSOA
Lobo Bobo, João Gilberto ▫ A N não é uma menina, é karateca e decidiu salvar um caderno vermelho, aparentemente banal, mas que se revelou o mundo inteiro. A dado momento, alguém lhe sugere escrever na companhia de João Gilberto, porque a sua voz está entre o jazz e o samba. Embora não o tenha feito, a verdade é que este tema em concreto, tendo em conta a letra, poderia muito bem ser palco das suas histórias.

O CORAÇÃO DOS HOMENS, HUGO GONÇALVES
Battle Scene, Hans Newman ▫ Fui para este instrumental por três motivos: 1) faz parte da banda sonora do filme Million Dollar Baby, cuja protagonista também pretende fazer do pugilismo a sua vida; 2) o título funciona como uma extensão da narrativa, já que parece que as personagens estão numa batalha constante - ora física, ora interior; 3) pela melodia que vai oscilando no seu ritmo, como se fosse composta por diferentes fragmentos. No livro de Hugo Gonçalves, o ritmo também vai oscilando, como se, no centro do ringue e/ou na vida lá fora, os passos assumissem diferentes notas.

BORDADOS, MARJANE SATRAPI
Ginger Ale, Diana Castro ▫ A escolha desta música foi mais pela ideia do que propriamente pela letra em si. No livro de Marjane Satrapi, vemos mulheres a assumir as rédeas das suas vidas, a debater sobre feminismo, ainda que isso não seja explícito, a comentarem as suas fisionomias e sobre sexualidade. Na sala, reunidas numa tertúlia despojada, é o tom cómico que assume protagonismo. Ao ouvir a música da Diana Castro, imaginei estas mulheres a dançarem embaladas pelo sua melodia. Livres, a tentarem mover montanhas e com um passaporte para voltarem a cada uma delas.

TODAS AS PALAVRAS, MANUEL ANTÓNIO PINA
Casa - Vem Fazer de Conta, Da Weasel & Manel Cruz ▫ Ler os poemas de Manuel António Pina é ter uma sensação constante de regresso a casa. É sentir que deixamos o mundo lá fora e nos refugiamos no único espaço onde estamos em paz. Por isso, a associação musical só podia ser esta. Ademais, «Nunca tão poucas palavras tiveram tanto significado/E de repente era assim, do nada, como um ser iluminado/Tudo fazia sentido, respirar fazia sentido, andar fazia sentido». O tema que junta os Da Weasel e o Manel Cruz parece trazer vários cenários de uma relação - própria e com outros -, tal como os versos do poeta.

APONTAR É FEIO, JOANA MARQUES
Wannabe, Spice Girls ▫ Não imaginava Joana Marques, no intervalo grande da escola, a imitar o vídeoclipe de Wannabe, enquanto Victoria Adams (futura Victoria Beckham), mas não é assim tão descabido, já que as Spice Girls foram a banda sonora de muitos jovens (eu incluída). Portanto, para prolongar esta imagem e para marcar uma posição quanto à passagem do tempo, achei por bem embalar este livro com a música em questão.

MISERICÓRDIA, LÍDIA JORGE
Gaivota, Amália Rodrigues ▫ O Hotel Paraíso contava sempre com os momentos musicais do senhor Peralta. Inicialmente, brindava os seus companheiros com canções religiosas, mas, depois de uma temporada no Canadá, mudou o seu registo. Se calhar, foram as saudades de Portugal que o mudaram, por isso, «passou a tocar fados e canções nacionais», sendo um deles Gaivota, de Amália Rodrigues. Como este tema marcou um momento encantador e feliz no lar, senti que não precisava de procurar por uma música melhor.

DEIXA-TE DE MENTIRAS, PHILIPPE BESSON
Veiller Tard, Jean-Jacques Goldman ▫ Não sei se esta imagem pertence ao plano ficcional ou se o autor a resgatou da sua realidade, no entanto, nas paredes do seu quarto tinha cartazes de Jean-Jacques Goldman, cantor e compositor francês. Quando este seu gosto é colocado em causa, contrapõe, sugerindo que se preste atenção às letras, sobretudo da canção Veiller Tard. E, de facto, os versos que utiliza como exemplo não podiam encaixar mais nesta história: “estas palavras presas que não se foi capaz de dizer, estes olhares insistentes que não foram compreendidos, estes apelos evidentes, estes lampejos tardios, estas mordeduras de arrependimento que se confiam à noite”. Estes versos são um retrato fiel dos protagonistas.

ENQUANTO VAMOS SOBREVIVENDO A ESTA DOENÇA FATAL, NELSON NUNES
Death Is Not Defeat, Architects ▫ Se o autor menciona que os Architects foram "força motriz e um combustível para a escrita", servindo como banda sonora na construção deste livro e como inspiração, parece-me lógico que a combinação só poderia ser esta. Confesso que não seria a minha escolha, porque não é um género que costume ouvir, no entanto, cruzando o tema do livro com a história da banda - e com esta letra em particular - foi fácil colocar as minhas preferências de parte. Este tema é o que lhe assenta melhor.

BAIRRO DAS CRUZES, SUSANA AMARO VELHO
Grândola, Vila Morena, José Afonso ▫ A música do Zeca Afonso, no início do livro, não seria permitida, porque as personagens ainda viviam em ditadura. A partir de certa altura, ouvir Zeca também não seria suportável para Luísa. No entanto, sendo tema de liberdade e sendo essa liberdade procurada ao longo da narrativa, acho que não poderia selecionar outra canção. Não sei se, nestas páginas, temos «em cada esquina um amigo», mas sei que encontraremos as suas cruzes em cada uma delas.

SOLITÁRIO, ALICE OSEMAN
It's Not, Aimee Mann ▫ Tori tinha um gosto muito mais melancólico e, graças a isso, consegui descobrir novos artistas. Ainda pensei associar o tema Creep, dos Radiohead, porque sinto que ela tinha essa imagem sobre si, mas percebi que a canção de Aimee Mann a representava melhor: porque ela continuava «a dar voltas e voltas no mesmo velho circuito», porque atrás «do quadro pode-se ver isso tão perfeito, mas não é» e, sobretudo, porque esperava por uma mudança, embora não soubesse qual era. As pessoas são complexas e houve muitos momentos em que se sentiu congelada, em total apatia e descrente em relação ao futuro.

Fotografia da minha autoria



«E se tudo aquilo que te preparaste para ser estiver, afinal, errado?»

Gatilhos: Famílias Disfuncionais, Saúde Mental, Pressão Social


O ser humano projeta, constrói sonhos e expectativas, alimenta uma imagem de um futuro que nem sempre lhe serve, mas acredita que sim. Às vezes, é mais fácil. Às vezes, só não sabe como largar a mão. Por isso é que, por vezes, falamos e nem sempre alguém nos está a ouvir: porque nós também não nos escutámos.


A CORAGEM DE SERMOS NÓS

Rádio Silêncio resgata-nos para o mundo de Frances, uma aluna exemplar, a acusar a pressão de entrar na universidade, algo que se impôs. No entanto, começam a surgir dúvidas e é quando conhece Aled Last, a figura por trás do podcast de ficção científica que adora, que se confronta com a sua verdadeira essência.

«Para ser sincera, bem queria eu fazer a mesma coisa, simplesmente ir para casa quando quisesse, 
mas não podia, porque tenho demasiado medo de fazer o que quero»

Achei o conceito do livro muito interessante, até porque permite criar um universo alternativo - e acredito que todos nós, de alguma maneira, construímos o nosso: para nos sentirmos seguros, para encontrarmos um propósito, para desligarmos daquilo que nos magoa. Há muitos motivos que o sustentam e todos são válidos, a partir do momento em que tentamos cuidar de nós ou, pelo menos, não sucumbir aos focos de pressão.

«Não sei o que senti. Talvez me tenha sentido um pouco sozinha»

Tentei recuar à idade dos protagonistas e interpretar as situações dessa perspetiva. Pensei em tudo aquilo que nos impomos, por sentirmos que é o mais correto ou por já nos termos conformado. Analisei o meu percurso académico e os comportamentos dos meus familiares, durante essa altura, e reforcei a antipatia por pais que tentam que os filhos sigam as suas pegadas, pais que tentam, ao fim da força, que os filhos correspondam às ambições e aos caminhos que lhes idealizaram. Respeito, porém, não compreendo, porque acho que isso retira autonomia à criança/ao adolescente, impedindo-o de consolidar a sua identidade. Portanto, ainda que não tenha sido um gatilho que me tenha feito parar a leitura, confesso que me angustiou acompanhar a evolução desta parte da narrativa, pois fiquei a pensar na quantidade de miúdos que passam pelo mesmo.

«Não parecia que eu estava a tentar ser alguém que não era, que estava a representar»

Por outro lado, embora tenha ficado com algumas perguntas pendentes, Rádio Silêncio é uma obra fascinante por todo o processo de descoberta, pela diversidade, por mostrar que não há qualquer problema em mudarmos de trajetória e por abordar questões de identidade de género. Por vezes, usamos a nossa voz ou ligamos o rádio só para preencher o vazio. Outras, para marcar o tom e recuperar as rédeas da nossa vida.


🎧 Música para acompanhar: Lost In The Cosmos, Romantica

📖 Da mesma autora, li e recomendo: Heartstopper, Nick e Charlie, Sem Amor


◾ DISPONIBILIDADE ◾

Wook: Livro | eBook
Bertrand: Livro | eBook

Nota: O blogue é afiliado da Wook e da Bertrand. Ao adquirirem o[s] artigo[s] através dos links disponibilizados estão a contribuir para o seu crescimento literário - e não só. Muito obrigada pelo apoio ♥

Fotografia da minha autoria



- desafio proposto no volume II da Ofélia -


a súplica em tom de lamento
por entre pausas para chá
da dor, da malidecência
do choro que acumulas
numa narrativa improvisada
de mentiras

o grito ecoa mudo em contramão
neste futuro sem pontes
sem protagonistas, sem nós
num gélido adeus
onde não cabem mais palavras

a metafísica das coisas banais
uniu os recortes de uma vida
que se perdeu por fim
tal como invólucro que quebra
e deixa flores caírem ao mar

verão de quantas empatia
são feitas as minhas lágrimas
salgadas, sem norte

libertei os fantasmas da culpa
capotei no abismo da ausência
mas a estrada segue adiante
e eu segui-lhe o rasto
misericórdia
em plena privação do outro
dos outros em mim

escalei a montanha de terreno
lamacento e caí
já não existe mais nada
a que me agarrar
aqui
e cedi
como brisa numa noite de verão

o chá arrefece em câmara lenta
e eu sem noção
da sorte que vi em mim

Fotografia da minha autoria



Uma viagem literária para descobrirmos os nossos autores


O penúltimo mês do ano traz, para o Alma Lusitana, dois autores que partilham o mesmo apelido. São ambos novidade, porque ainda não tinha tido oportunidade de me cruzar com as suas obras, mas acredito que podem ser nomes para ficar, para conquistar espaço vitalício na estante. Claro que esta sensação só poderá ser confirmada quando me perder nas suas histórias, mas estou com boas expectativas, tendo em conta algumas opiniões partilhadas. Assim, em novembro, proponho lermos Filipa Fonseca Silva e Rui Conceição Silva.


FILIPA FONSECA SILVA

Nasceu no Barreiro, em 1979, e licenciou-se em Comunicação Social e Cultural, na Universidade Católica. O seu percurso profissional esteve muito mais ligado à publicidade, «tendo trabalhado como criativa publicitária até 2017». A escrita também se fez sempre presente, por isso, escreveu romances, livros de humor, crónicas, contos e ensaios. Filipa Fonseca Silva é, ainda, um dos rostos do Clube das Mulheres Escritoras.

      

Os 30: «Filipe assume-se como um coleccionador de relações falhadas e continua preso à sua paixão de adolescência. Maria foi deixada pelo namorado três meses antes do casamento e procurou curar-se do desgosto com uma longa viagem; e Joana, menina do papá controladora e moralista, acabou por dar o nó com o rapaz errado, vivendo um relacionamento de fachada por mero oportunismo. Os três conhecem-se desde os tempos da faculdade, quando faziam parte de um grupo de amigos muito unido e cheio de sonhos e expectativas; mas a vida - com as suas voltas e reviravoltas às vezes ingratas - encarregou-se de os ir afastando, e está na hora de todos se juntarem para, finalmente, falarem do que os une e do que os separa».

O Estranho Ano de Vanessa M: «Quando entrou no carro naquela tarde de Inverno, Vanessa não sabia que estava a embarcar numa viagem sem retorno. Uma viagem interior, que pôs em causa todas as suas escolhas e, acima de tudo, toda uma vida construída em torno das expectativas e opiniões dos outros. Fluido, divertido e fresco, O Estranho Ano de Vanessa M conduz-nos nessa autodescoberta de 365 dias e faz-nos reflectir sobre o poder que temos de, a qualquer momento, colocar tudo em questão, através de episódios trágicos e cómicos que envolvem uma mãe controladora, uma tia hippie, um casamento entediante, um chefe insuportável e uma amiga que não sabe quando se calar. Porque a busca da felicidade não tem prazo e a chave para abrir essa porta está dentro de nós».

Coisas Que Uma Mãe Descobre: «É que ser mãe é, de facto, uma experiência única. Para o bem e para o mal. É a coisa mais bonita do mundo, mas também a mais extenuante. É um flutuar entre momentos de felicidade e de angústia profunda. É o não trocar nenhum minuto passado ao lado dos nossos filhos, mas ao mesmo tempo ter saudades dos tempos em que eles não existiam (ou desejar secretamente que eles desapareçam durante uma hora para podermos ouvir os nossos próprios pensamentos). E entre os milhões de livros e artigos que já foram escritos sobre o assunto, nenhum nos conta toda a verdade. Sobretudo porque há sempre a tendência para sobrevalorizar as coisas boas e não dar muita importância aos momentos mais complicados».


   

Amanhece na Cidade: «Nas ruas de Lisboa, um táxi circula e observa. E, com ele, nós observamos também: Manuel, o taxista que não sabe chorar. Olinda, a ama de duas crianças mal-educadas. Daisy, a stripper. João, o sem-abrigo… Um dia, um momento infeliz, com consequências trágicas, obriga Manuel a confrontar-se consigo próprio, e as consequências serão mais transformadoras do que ele alguma vez imaginou. Manuel parou-me e mandou-a entrar. Olinda não tinha como pagar uma viagem de táxi até à Brandoa. Manuel apagou a luz de serviço e disse-lhe que já não estava a trabalhar. Com o orgulho a ceder à medida que os sapatos ficavam encharcados, Olinda entrou».

Odeio o Meu Chefe: «Toda a gente já teve um mau chefe. Trata-se de um dado adquirido. Uma lei universal para quem entra no mercado de trabalho desde os primórdios da existência de qualquer mercado de trabalho.» Odeias o teu chefe? Já adormeceste a pensar em maneiras de fazê-lo desaparecer sem deixar rasto? Então, este livro é para ti. Tendo por ponto de partida histórias totalmente reais, umas vividas pela autora ao longo de vários anos a trabalhar por conta de outrem, outras confidenciadas pelos seus próprios leitores, Filipa Fonseca Silva traz-nos um retrato hilariante do pequeno poder».


   

O Elevador: «Numa noite quente de Verão, um casal prepara-se para ir jantar fora. Sara, contrariada, perde tempo deliberadamente. Alex, paciente, tenta não começar uma discussão. Só que, de repente, o elevador fica encravado, prendendo-os a noite inteira no seu interior. Sem forma de saírem, Sara e Alex são obrigados a confrontar-se com o estado da sua relação, empurrados para uma conversa que de outro modo não teriam. Sairá dali o seu amor mais forte? Ou erguer-se-á um muro impossível de derrubar?».

E Se Eu Morrer Amanhã?: «Helena é uma viúva de 79 anos, aparentemente pacata. Vive com o gato num apartamento, independente dos filhos e netos adultos, gozando de ótima saúde física e mental. Até ao dia em que, por acidente, pega fogo à sala de estar. Obrigada a mudar-se para casa da filha, que começa a questionar a sua sanidade, acaba por revelar um segredo que deixará toda a família boquiaberta: afinal, tem uma vida sexual ativa. Muito ativa. A partir desta confidência, Helena conta-nos as suas aventuras amorosas e o lema de vida que adotou desde a morte do marido, com quem partilhou mais de quatro décadas de descontentamento».


RUI CONCEIÇÃO SILVA

Nasceu em Figueiró dos Vinhos, em 1963, e já viveu em Coimbra, Tavira e Lisboa, no entanto, «é na sua terra que se sente completo». Aliás, é o convívio com a natureza e com as pessoas das aldeias/vilas em redor que lhe permite encontrar inspiração para as suas histórias. Reformado, divide as horas por todas as suas paixões.

      

Quando o Sol Brilha: «Haverá um dia em que tu perceberás. Que verás claramente a estrela que agora não vês. Que distinguirás o seu brilho na noite de penumbra. Porque só então, quando todas as outras se apagarem, essa pequenina estrela brilhará no céu. «Acho que vi cavalos no horizonte», disse o meu pai com olhos de luz, naquele sábado tão longe dos sonhos. E era um sábado fácil de descrever: eu lia um livro na varanda e o meu pai esperava pelos cavalos. Era assim ultimamente. O sorriso do meu pai pacificou-se, sossegando pensamentos tristes que me invadiam, quase sempre àquela hora, quando a tarde se despedia e eu ficava a falar com o pôr do Sol sobre os meus silêncios, contando-lhe toda a verdade, todos os sentimentos que me asfixiavam. Dizia-lhe tudo o que sentia, que acreditava que os dias felizes apenas existiam nas lendas».

Dei o Teu Nome às Estrelas: «Em 1883, numa terra como tantas outras, perdida na imensidão das serras e longe dos olhares do mundo, vivia Joaquim, professor e narrador desta história, um homem sem alento, esperando por tempos que não vinham. Contudo, nesse ano, chegam à terra duas pessoas que irão mudar a sua vida para sempre: José Malhoa e Manuel Henrique Pinto, semeadores de maravilhas. É com eles, e com outros caminhantes, que Joaquim encontrará o lado bonito da sua terra, qual paraíso escondido entre montanhas. Um dia, ele escuta a voz de Olinda, a mulher que lhe seduz os silêncios e os sonhos, e fica preso a esse amor, o único que guardará eternamente».

Deste Silêncio em Mim: «Quantos silêncios e quantos sonhos cabem no peito de um homem? Nascido para ser pastor, Rodrigo viveu a infância com os seus pais e irmãos numa velha cabana isolada na montanha, tendo desde cedo aprendido o silêncio, bem como a dor e a saudade, pela morte do irmão mais velho na guerra do ultramar. Os seus melhores dias foram passados na montanha com o avô Josué, a quem chamavam Celtibero, e na escola primária, onde conheceu os primeiros amigos e se deixou enfeitiçar por uma moira encantada. Rodrigo sonhava para si uma vida diferente, o avô incentivava-o a contrariar um destino que parecia certo, incitava-o a partir e correr mundo. Ouviu palavras idênticas a um homem que apareceu na montanha a tocar um tambor para os ancestrais».


O Alma Lusitana tem grupo no Goodreads

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«A todos os que não sabem viver senão poeticamente»


A minha relação com a poesia foi sempre oscilante, como já tive oportunidade de elaborar. Na escrita, de um modo amador, foi a minha primeira forma de expressão, através de quadras desajeitadas, sobre os mais variados temas, porque adorava o traço visual do verso, do texto quebrado, como se rompesse com todas as normas. Na leitura, demorei mais a encontrar-me. Ainda hoje, não é um género que leia com tanta frequência. No entanto, gosto de tudo o que possa estreitar os nossos laços, tal como a Ofélia: uma revista poética.


DAR VOZ À POESIA

A Ofélia é um projeto da autoria de Simone Martins e nasceu da sua vontade de dar voz e espaço a todos os que não sabem viver senão poeticamente. Neste sentido, a revista pretende ser casa para os jovens «sonhadores, criativos, pensadores e destemidos», que encontram na poesia o seu dialeto favorito.

O mote desta ideia é que «tudo é poesia», portanto, encontrámo-la representada de várias maneiras, intenções e identidades. Porque na Ofélia não há limitações, há lugar para que todos partilhem a sua arte.

Fiquei a conhecer a iniciativa graças a uma partilha no Instagram e decidi comprar os dois primeiros volumes, satisfazendo a minha curiosidade. Acho muito bonito ver como tantas vozes se encaixam, como da individualidade se faz um todo e como, no nosso lugar, podemos dar asas a sonhos - e sustentá-los. Folhear a representação física desta ideia é compreender que não há só trabalho, também há muito carinho pelo projeto.

Ofélia é uma revista trimestral, com vários tipos de escrita, desafios e histórias. Pode ser lida entre pausas para um chá ou de uma assentada - e deixa-nos a página aberta para regressarmos aos seus versos. Cativou-me, porque desconstrói a poesia, ao mesmo tempo que a mostra como um espelho, por isso, continuarei atenta ao seu crescimento. E já estou em contagem decrescente para ver o que os futuros números nos reservam.

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«Um dos livros mais audaciosos da literatura portuguesa»

Gatilhos: Referência a Morte e Pandemia


A memória, por vezes, atraiçoa-me, mas tenho a certeza que nunca tinha lido algo de Lídia Jorge. E talvez permanecesse nesse registo, caso não tivesse visto opiniões maravilhosas sobre o seu mais recente romance.


UM PEDIDO ESPECIAL

Misericórdia responde a um desejo da mãe da autora, que «tantas vezes lhe pediu que escrevesse um livro com este título», porque achava que «havia um desentendimento, no tratamento das pessoas, achava que as pessoas procuravam ser amadas, mas não as entendiam». No fundo, era a sua maneira de alertar para a necessidade de haver mais compaixão e de tratarmos o outro como se estivesse «na plenitude da vida».

«Confio por inteiro nas leis do pensamento. Elas me guiam e me dão paz»

A história desenrola-se num lar, o Hotel Paraíso, entre abril de 2019 e abril de 2020, data da morte de Maria dos Remédios, mãe de Lídia Jorge. Nestas páginas, acompanhamos, então, o último ano de vida de uma mulher atenta ao que a rodeia, astuta e, até, mordaz. Nestas páginas, movimentámo-nos num espaço único, fechado, mas onde não existe qualquer traço de monotonia no seu quotidiano, porque o ambiente vai-se adaptando à identidade das personagens, aos dramas, às peripécias e aos sonhos que guardam no seu íntimo.

«Não sei onde colocar os meus pensamentos que são demasiado amplos 
para o vaso da minha cabeça e para o volume do meu coração»

Dona Alberti, a protagonista deste enredo, orienta-nos por um misto de brutalidade e esperança, de ironia e amabilidade, de choro e riso. Embora possa trazer alguma angústia, porque explora questões como a fragilidade do corpo, o medo da noite, a solidão, a perda e a morte, percebe-se que é uma narrativa muito mais centrada no esplendor da vida, nos atos de resistência, no fulgor de quem sente, independentemente da idade, que ainda não é o fim, que o futuro não é uma miragem, mas uma imagem concreta que se quer alcançar.

«A vida é um arco, tem o seu começo e o seu fim, inicia-se num berço, faz o seu voo ascendente, e a partir de certa altura a curva desce até nos entregarmos à terra, de novo dentro de uma caixa de madeira que em nada diferente de um berço»

Quando fui voluntária no G.A.S. Porto, há uns anos, a minha intervenção era junto de idosos: semanalmente, fazia visitas domiciliárias para tentar diminuir o isolamento que pudessem sentir. Não visitava instituições, no entanto, sinto que a Dona Alberti podia ser uma das senhoras com quem me cruzei. Por outro lado, recordou-me da minha madrinha, que, nos seus últimos anos de vida, também esteve num lar e por lá [sobre]viveu a pandemia. Portanto, houve inúmeros aspetos a ligar-me ao livro, mostrando-me diferentes perspetivas.

«(...) a voz humana é o melhor som que o vento produz, não importa o que as palavras dizem»

O Hotel Paraíso abre-nos a porta para refletirmos sobre o papel do cuidador, as batalhas que se travam todos os dias, a bondade, as condições - ou falta delas - num lar, as relações familiares e a humanidade. Neste relato cru, que não aponta culpados, cruzam-se várias realidades. E é nesta universalidade que nos revemos e que compreendemos que a linha que separa a força da fragilidade é ténue, que vamos oscilando até alcançarmos um pouco de paz. Podemos não conhecer nenhuma destas pessoas, mas partilhamos a mesma inquietação.

«Misterioso é o sentimento da misericórdia, não tem hora marcada para entrar ou sair do ser humano»

Misericórdia é um longo diálogo: entre uma mãe e uma filha, entre idosos, entre idosos e auxiliares, entre a vitalidade e a dependência, entre as memórias e o presente. É um espelho das várias maneiras de envelhecermos, porque não é um processo idêntico para todos. Inclusive, há alturas em que nos parece que o discurso é pouco lúcido, mas rapidamente percebemos que está mais lúcido do que nunca. Além disso, torna evidente que a velhice não implica desistir de sonhos, de fazer amizades novas, de ter objetivos. Misericórdia é um relato de empatia e é comovente ver como consegue ser tão íntimo, com cicatrizes expostas, mas sem perder a ternura. E sendo feito de coragem, inspira-nos a almejar por um lugar digno até ao último suspiro.


🎧 Música para acompanhar: Gaivota, Amália Rodrigues


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O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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