literatura em viagem

Fotografias da minha autoria

O Festival Internacional Literatura em Viagem, o LeV, que é organizado pela Câmara Municipal de Matosinhos, encontrou nas palavras de Eduardo Lourenço o mote para mais um encontro: «mais importante do que o destino é a viagem». Cruzando memórias, conversas e diversas experiências, levantamos voo para descobrir histórias que combinam continentes longínquos e imaginação.

Foi a primeira vez que marquei presença neste evento e apenas consegui ir ao último dia, ainda assim, trouxe três conversas maravilhosas e uma forte vontade de regressar.


 a matéria da ficção

O primeiro painel juntou Rita Redshoes, Martim Sousa Tavares e Mário Cláudio, com moderação de Mónica Guerreiro, fazendo uma travessia pelas vivências pessoais, pelo imaginário coletivo, pelos acasos, pelas obsessões, pelo quotidiano, pelas leituras e pelo extraordinário, com o intuito de refletirem acerca de como nascem as narrativas.

Nos meus apontamentos, registei pensamentos como o facto de sentirem fascinante a dúvida, de ser pouco relevante saber o que é real num plano narrativo, de não existir diferença, para um dos autores, entre a realidade e a ficção e de realizarmos várias viagens interiores, mas também não podermos ignorar as viagens que fazemos com e pelos outros. Além disso, focou-se a necessidade de não se esconderem as origens.


 escrever com os pés 

O segundo painel juntou Hugo Gonçalves, Bruno Paixão e Francisco José Viegas, com moderação de Sara Otto Coelho, com a premissa de cada viagem ser uma história à espera de ser contada. Desta forma, estiveram a refletir sobre como os caminhos já percorridos influenciam as narrativas e como levam à criação de novos mundos.

Nos meus apontamentos, eternizei pensamentos como não existirem histórias e, até, literatura sem viagens, porque a escrita implica movimento, como a necessidade de se esquecer e de partir e como qualquer saída da rotina ativa as primeiras ideias que serão colocadas no papel, ainda que, posteriormente, o enredo siga outra abordagem. Além disso, houve uma frase de Francisco José Viegas que ficou a ecoar, uma vez que afirmou que o escritor não tem um compromisso com a verdade. Acho que é isso que, depois, permite que escalemos para cenários tão distintos e com novas descobertas.


 entrevista de vida com valter hugo mãe

O último momento do festival, para mim, foi passado a escutar um dos meus autores favoritos, Valter Hugo Mãe. Nesta entrevista de vida, moderada por Maria João Costa, deambulamos por inquietações, sonhos, processos de escrita, amor e o seu fascínio por escrever sobre pessoais reais, podendo atribuir-lhes o destino que considera ser o melhor para cada uma delas. Por outro lado, também nos falou sobre o desenho e o quanto as ilustrações lhe permitem explorar outras narrativas e outros contextos.

Gostei mesmo de o ouvir, até porque acho que tem muita graça na forma como conta as suas histórias. E, atendendo a que não se leva nada a sério, não tem qualquer pudor em partilhar os seus pensamentos - acho que há uma certa inocência que o orienta.

      

Viajar sem sair do lugar é uma forma muito interessante de percorrer trilhos distintos. E fazê-lo através das palavras dos autores, que nos abrem portas para os seus mundos, é mais uma maneira de estreitarmos laços. Ancoraria mais tempo neste destino.

10 Comments

  1. Viajar sem sair do lugar só é possível a quem lê e embarca nas palavras do autor.
    Boa semana.
    Abraço de amizade.
    Juvenal Nunes

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  2. Andreia uma adorável viagem, um evento maravilhoso bjs.

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  3. Deve ter sido um evento espectacular.

    É sempre especial ouvir quem nos inspira.

    Beijinho grande, minha querida!

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    1. Foi mesmo, minha querida! Adorei os painéis e o ambiente do festival

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