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Fotografia da minha autoria |
O livro de Maud Ventura não seria uma escolha óbvia para mim, caso não fizesse parte do Clube do Livra-te. Como precisava de uma leitura mais descontraída depois de ter terminado o da Lénia Rufino, Silêncio no Coração dos Pássaros, achei que seria uma boa opção. Só não contava encontrar tanta insanidade.
amor, obsessão e relações disfuncionais
O Meu Marido apresenta-nos uma mulher profundamente apaixonada pelo seu cônjuge - ou, sendo honesta, profundamente obcecada por ele -, ao ponto de nunca conhecermos o seu nome: ser seu marido é tudo o que precisamos de saber sobre ele. Com uma vida perfeita, e juntos há quinze anos, a protagonista começa a questionar-se sobre a reciprocidade desta relação.
O início intrigou-me logo, uma vez que oscila entre um tom enamorado e um tom sofrido, mas também me fez ficar preocupada com a cadência e a espiral de pensamentos maníacos que foi partilhando. De repente, era como se esta mulher nunca parasse e estivesse sempre à procura de significados e de pistas que sustentassem as suas doses de loucura.
«É fácil reconhecer uma primeira vez, mas raramente sabemos que estamos a viver algo pela última vez»
Aproximando-nos mais ou menos da personagem principal, creio que a sua construção é exímia. Mesmo que me venha a esquecer de partes do enredo, sei que dificilmente me esquecerei da sua voz, das suas observações, da forma como foi alimentando a sua noção de realidade. E a verdade é que, através dos seus comportamentos, me deixou a refletir sobre maternidade, desequilíbrio emocional, comunicação, solidão e saúde mental. Há, aqui, pensamentos bastante problemáticos, muitos deles ocultos em saídas hilariantes, que são um reflexo da instabilidade que a habita, da autoestima frágil e do quanto conseguimos ser manipulados pelas nossas fragilidades, como se tivessem plantado uma semente e a estivéssemos a ver crescer.
O Meu Marido é disfuncional e, confesso, surpreendeu-me pelo epílogo. Não me parece que encaixe bem nos thrillers, embora exista um jogo psicológico que perturba, mas evidencia efeitos das relações tóxicas e de como é ténue a linha que separa a veracidade dos factos daquilo que é plantado para nos confundir - e das ideias que permanecem enraizadas na sociedade.
notas literárias
- Gatilhos: Relações tóxicas/disfuncionais
- Lido entre: 7 e 9 de abril
- Desafio: Clube do Livra-te
- Formato de leitura: Digital
- Género: Thriller
- Pontos fortes: O epílogo e a construção da protagonista
- Banda sonora: I Wanna Be Yours, Artic Monkeys | Babooshka, Kate Bush | Veio a Maria Clementina, Maria Clementina | Don't Leave Me Now, Supertramp | Amoureuse, Véronique Sanson
6 Comments
Acho que iria adorar este livro. A premissa pareceu-me muito intrigante.
ResponderEliminarBoa semana, minha querida! Beijinho grande!
Lê-se muito bem e tanto te consegue divertir, como te deixa a pensar sobre algumas questões. Só gostava de ter tido a perspetiva do marido, confesso
EliminarParece ser uma leitura imperdível.
ResponderEliminarBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Sinto que nos envolve bastante, sim
EliminarAndreia depois de ler fiquei curiosa pelo livro Andreia bjs.
ResponderEliminarAcho que vale a pena
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