As minhas viagens de metro #30

«Nós já não somos iguais, demos os passos finais. Vivemos tanto, passamos tanto para acabar assim», Diogo Piçarra.

Bateste no fundo. Vi o quanto as lágrimas te sufocaram o coração; o quanto te gelaram o olhar e entristeceram as feições do rosto. Paralisaste, como se a vida tivesse deixado de fazer sentido; como se o teu caminho tivesse chegado ao fim. Amparei-te no meu abraço, no meu colo, e ajudei-te a sarar as feridas. Mudei a minha vida por ti. E voltaria a fazê-lo mil vezes senão tivesses deixado de ser quem eu conheci.

Foste embora assim que a tua dor desapareceu. Abandonaste-me enquanto as minhas feridas ainda estavam em processo de cicatrização. Podia esperar esta monstruosidade de todas as pessoas, menos de ti. No entanto, foste o primeiro a cravar uma faca nas minhas costas, deixando marcas invisíveis que, talvez, nunca chegarei a curar.

Fiz mais por ti do que algum dia fiz por mim. Não voltes! Mas se em algum momento o pensares fazer, não me peças que torne a cair no erro de cuidar de ti.

M, 01.02.2015