Sem palavras!

«Por isso vem ver, que duvidar faz o mundo e ele não para um segundo»

Verdadeiro! Podia ser a referência a uma das músicas que integra o incrível álbum «Espelho». Contudo, não é. Quero começar desta forma porque aquilo que vimos em cima do palco foi do mais verdadeiro que pode existir. Aquele é o Diogo, com todo o seu talento e energia, a proporcionar-nos um momento inesquecível!

Saí de Espinho sem palavras, porque é mesmo impossível traduzir a entrega, o amor, a voz, o aconchego, a pele eriçada. Permiti-me fechar os olhos na «Margem» e apaixonei-me ainda mais pela letra. Pela melodia. Pelo piano que nos envolve de uma forma encantadora. E chorei quando a «Volta» ecoou nas vozes de todas as pessoas que se juntaram para tornar a noite especial. Mas em minha defesa, como é que se controlam as lágrimas numa música assim? Inevitavelmente, lembrei-me dos meus, dos que já partiram e me deixaram uma saudade imensa. E senti-os ali comigo, como os sinto sempre, como se trocássemos um abraço apertado. Porque as palavras têm impacto. E o sentimento com que ele as interpreta não nos deixa indiferentes.  

Cada música tem um toque que nos toca de várias maneiras. E é esta diversidade que ele consegue ao longo do seu espetáculo que nos prende; que nos deixa surpreendidos e a desejar que não chegue ao fim. Por mim, tínhamos continuado mais uma hora, duas, as que fossem precisas. Porque ouvir o Diogo é um privilégio. Seja a cantar/tocar/interpretar os seus originais, seja a brindar-nos com versões extraordinárias de músicas que todos nós conhecemos. Nunca tive dúvidas: ele é dos artistas mais completos que temos. E está só a começar, daqui para frente será ainda melhor!

O primeiro concerto que vi dele foi no Hard Club, em Maio, e é fantástico perceber toda a sua evolução. Sente-se esse crescimento. E relendo as palavras que escrevi na altura (aqui), há muita coisa que encaixa na perfeição, mesmo já tendo passado quatro meses. Acrescentaria apenas a intensidade, porque a qualidade acompanha-o desde o primeiro passo neste meio. A Alameda 8 encheu-se para o receber e tenho a certeza que todos aqueles que lá estavam vieram rendidos. Ninguém esteve parado. Nem era possível!

A envolvência do Diogo com as pessoas é algo que marca. Várias foram as vezes que desceu do palco para ficar bem perto de nós. E é também este cuidado, esta proximidade, que o distingue. Enumeras serão as memórias desta noite. Irei recordar cada detalhe, até porque aquilo que presenciei não pode ser esquecido. Queria eu ter os adjetivos certos para conseguir descrever fielmente cada segundo deste concerto tão memorável. Mas quem acompanha o trabalho deste génio sabe bem daquilo que ele é capaz. Outra coisa não seria de esperar, uma vez que se entrega de corpo e alma ao que faz. Há muito amor e muita verdade. E o reconhecimento é cada vez maior. Merece-o! 

É mesmo emocionante ver aqueles que admiramos de perto. Cada pormenor é mágico. E é por isso que as palavras nunca nos parecem suficientes - é tudo tão perfeito que não queremos que fiquem aquém do que vivemos. Ontem excedeu-se. Superou-se. Provou uma vez mais que é aquilo que somos que nos faz avançar ou recuar. E é por ser exatamente como é que queremos continuar a acompanhar o seu percurso. Com a certeza de que lhe estão reservadas coisas grandiosas. Bem à altura do seu talento.

Regressei a casa de coração cheio. Não só pela oportunidade de o voltar a ver, mas também por ter olhado à minha volta e ter visto tantas pessoas - e ter ouvido todos aqueles aplausos sentidos. Ainda agora me despedi, mas já peço o reencontro. E espero que seja para breve. Porque não podemos estar longe de artistas que nos emocionam e nos enchem de orgulho. Venha o próximo!