Voz da Razão

Fotografia retira do facebook do artista

«Queres sumo? Vou fazer sumo, queres sumo?»

Luís Franco-Bastos dispensa apresentações. E é, para mim, um dos humoristas portugueses mais brilhantes e carismáticos, cujo talento singular e inteligente deixou uma marca difícil de alcançar. À semelhança do que referi aqui, um dos seus traços mais distintivos é a capacidade sublime para imitar vocalmente personalidades conhecidas do grande público. Mas não se limita, de todo, a essa característica, até porque é extremamente versátil. E, agora, imaginem um espetáculo de Stand-up [que será sempre a sua identidade] onde se conjuga humor e imitação com tanta genialidade. Claro que só podia ter cunho do «homem das mil e uma vozes».

Durante um ano e meio, salvo erro, andou em digressão com o seu solo Voz da Razão, que se baseia «numa nova perspetiva sobre o mundo e numa nova fase da sua vida», espelhando uma maior «maturidade pessoal e artística». Tal como a descrição de apresentação deixa perceber, «passou por novas experiências, chegou a novas conclusões e a sua visão da política, do futebol, da sociedade, da música e das relações entre homens e mulheres é mais complexa e crítica». Além disso, «a esquizofrenia vocal e as personagens que os caracterizam continuam presentes», servindo-lhe como uma rampa de lançamento para, através das vozes dos outros, «exprimir a sua». Porém, de todas as que «vivem na sua cabeça, passou a dar ouvidos principalmente a uma»: à que dá nome ao espetáculo.

Quem teve a oportunidade de marcar presença em, pelo menos, uma das datas da tour, já tinha comprovado a veracidade destas afirmações. No entanto, este «exercício» passou a estar acessível a qualquer um. E porquê? Porque no passado dia 16 de abril - naquilo que considero ser um ato de extrema generosidade -, Luís Franco-Bastos e a Bridgetown Media - a sua agência - disponibilizaram o especial de Stand-up, filmado ao vivo no Coliseu dos Recreios. Não esquecendo o lado profissional e o seu percurso, um dos aspetos que mais admiro em Luís Franco-Bastos é o respeito que tem pelo público. E esta atitude só demonstra isso mesmo. É tão fácil admirar pessoas com esta grandeza. Sinto-me uma privilegiada.

Pessoalmente, acho que tudo neste espetáculo está incrível. E fiquei com ainda mais pena de não ter conseguido vê-lo ao vivo. Mas agora tenho a possibilidade de o rever sempre que me apetecer. Por isso, aconselho, tirem uma hora da vossa vida e deixem-se contagiar por esta obra de arte. Que abuso de talento!

Alguém já viu?