[A personificação perfeita de graciosidade, leveza e fragilidade. Um dia, sonhei que percorria o mundo dentro de uma bolha de sabão. Porque existe qualquer coisa de encantador nesta brincadeira, que me faz relaxar e relembrar um passado feliz. Hoje, paro a observar os artistas de rua que pintam o céu com esta arte de diferentes tamanhos, preservando a forma tão familiar. E recuo ao tempo em que, munida com um frasco, também eu fazia as minhas infinitas bolhas de sabão - umas mais duradouras do que outras. Além disso, adquiriram um significado muito mais especial quando estagiei em creche, porque o acolhimento era, muitas vezes, acompanhado por estes pedaços de magia. As gargalhadas eram contagiantes. E aquela calma alvoraçada enchia-me o coração. De facto, não preciso de muito para me sentir plena. Só de ir. Como uma bolha de sabão]
Fotografia pessoal
«Eu vivo seguindo minhas regras»
O que seria do mundo se lhe faltassem regras? Coincidência - ou não - do destino, cruzei-me com um pensamento idêntico após ler o terceiro tema do desafio. E estas palavras tiveram impacto em mim, porque considero que estas normas conseguem ser linhas orientadoras para uma convivência saudável entre pares. No entanto, automaticamente, fui confrontada por uma ideia contraditória: as regras existem para serem quebradas. Não todas, reconheço, mas é igualmente importante ultrapassarmos a divisória que separa a nossa racionalidade - e autocontrolo - e o nosso desejo de arriscar. Talvez uma regra útil seja encontrar um bom ponto de equilíbrio, que nos transmita [quase] sempre a sensação de não perdermos o pé. Das circunstâncias. E da vida.
Fotografia da minha autoria
«O Sul é uma porta de avião que se abre e um cheiro inebriante a verde que nos suga, o calor, a humidade colada à pele, os risos das pessoas, o ruído, a confusão de um terminal de bagagens, um excesso de tudo que nos engole e arrasta como uma vaga gigantesca»
Miguel Sousa Tavares é um verdadeiro contador de histórias. E eu sigo embalada no seu discurso fluído; nas suas palavras expressivas, que nos transportam para cenários surpreendentes. Como referi no Entrelinhas #29, rendi-me completamente à sua escrita, porque consegue ser crua e poética, envolvente e misteriosa. Simultaneamente, enquanto autor, é extremamente versátil, o que, para mim, é mais um argumento válido para descobrir as suas obras literárias.
Aquele abraço, por breves momentos, transmitiu-me segurança. E, estranhamente, fez-me sentir o mundo a passar por mim, levando-me para um dos nossos lugares favoritos. E eu fiquei numa espécie de limbo, diante do mar, a escutar as tuas palavras em surdina. Pudesse isto não ser um sonho; pudesse isto não ser uma memória traiçoeira da realidade. Por instantes, pareceu-me tudo igual. Mas não passou disso.
«Não é segredo nenhum: somos muitos, mas somos um só»
O coração transborda de orgulho e explode de amor. As lágrimas, inevitáveis, cobrem-me o rosto, porque a felicidade suprema também nos impõe este tipo de comoção. Foi o ano de recuperar, totalmente, a mística que nos honra. Foi o ano em que o grito de revolta se tornou audível e sem qualquer opção de ser abafado. Foi o ano: O nosso!
«Cozinhar é como tecer um delicado manto de aromas, cores, sabores, texturas. Um manto divino que se deitará sobre o paladar de alguém sempre especial», Sayonara Ciseski»
O meu desempenho culinário é, modéstia à parte, irrepreensível no que diz respeito a pequenos-almoços, lanches e snacks, simplesmente porque é a altura em que mais me divirto. Na maior parte das vezes, não há qualquer complexidade na ementa, mas o empratamento apela - e desafia - o meu lado criativo. E uma das opções que tanto combina com a primeira refeição do dia, como sabe bem a meio ou ao fim da tarde é Papas de Aveia, até porque não faltam alternativas. Não é algo que coma diariamente, mas sinto-me sempre saciada - e feliz - quando o faço. E, claro, a receita não podia ser mais intuitiva e rápida. Aceitam a sugestão?
«É contigo que eu quero partir
Mas às vezes tenho que fingir
Dizer-te "Eu estou bem
Bem melhor sem ninguém"
Fotografia retirada do Pinterest
... Labrador!
[Sempre fui uma pessoa de cães. E se há raça que me enternece é o labrador, pela sua sensibilidade, pela sua inteligência, pelo seu companheirismo e pelo seu lado dócil e protetor. Sou, particularmente, apaixonada pelos bege, mas ficaria feliz com qualquer um. Neste momento, sei que é impossível adotar um cão, mas preservo o desejo de, um dia, acolher um labrador]
Fotografia pessoal
«É fácil encontrar defeitos, qualquer um pode fazê-lo. Mas encontrar qualidades, isso, é para sábios», Augusto Cury
A valorização das nossas características/competências deveria ser tão natural como respirar. No entanto, é dos processos mais complexos. Porque somos extremamente exigentes connosco e achamos [quase] sempre exagerado quando alguém nos elogia por determinado feito. Há um muro que erguemos e que nos impede de vermos e, até, de celebrarmos aquilo que temos e fazemos de melhor, porque nada é suficiente. Ou digno de apontamento. E não poderíamos estar mais errados!
Fotografia da minha autoria
«É um dos autores de maior destaque da literatura portuguesa contemporânea»
José Luís Peixoto é um daqueles casos de sucesso que nos conquista com tanta naturalidade, que, por vezes, nem temos verdadeira noção do impacto das suas palavras. Porém, quando pensamos sobre elas, chegamos a uma conclusão óbvia: fomos arrebatados. E precisamos de ler mais.
Imediatamente antes de o meu mundo desabar, insististe para que fosse comer alguma coisa, já que tinhas percebido a minha fragilidade. Voltei a fazer-te a vontade, pois não queria que estivesses preocupado. Curiosamente, tinha acordado com uma sensação estranha; estava mais nervosa que o habitual e completamente derrotada. Agora que paro para pensar, toda a tua insistência não foi mais do que uma manobra para me afastares do quarto, como se tivesses pressentido o que iria acontecer. Eu sei que não aguentarias saber que tinha assistido aos teus últimos segundos de vida, por isso, utilizaste o meu estado como escudo protetor, poupando-me àquela angústia - em vão.
«Abandono é o frio que ressoa no inverno do desprezo e apaga a nossa luz»,
Luiza Gosuen
Abandonaste-me. E nunca me vieste procurar. Imaginas a minha dor? Será que alguma vez pensaste no meu conforto e no quanto necessitava do teu colo? Ou limitaste-te a pensar somente em ti? Nunca te pedi para nascer, foi uma decisão tua - ou, entendo agora, uma irresponsabilidade que nunca soubeste contornar.
[A Conquista do Sonho, para nós, começou ontem. E se há algo que a nossa história mais recente veio reforçar é que «não importa como começa, mas como acaba». Independentemente disso, a minha confiança é sempre plena, até porque acredito que temos um grupo talentoso e extremamente competente, orientado por um selecionador inteligente. O meu entusiasmo está ao rubro - ou não fosse apaixonada por futebol. Mas, e ainda que defenda constantemente que o mais importante é o coletivo, não posso deixar de referir que esta competição tem um sabor especial para mim, enquanto adepta, porque é o primeiro Mundial em que o Quaresma está presente - finalmente! Avizinham-se dias preenchidos e de muitas emoções fortes]
«Mais importante que a roupa é a vida que vive dentro da roupa»
A roupa que eu visto não é somente o que sou, mas também me define. É a segunda camada do meu corpo, a segunda camada da minha pele. Realça-me quando quero. E resguarda-me quando me sinto mais frágil. É o espelho do meu estado de espírito ou a alavanca que potencia a minha autoestima. Não deixa de ser curioso como aquilo que vestimos pode ter um impacto e uma importância tão grandes. E, na maior parte das vezes, nem se trata de vaidade. Trata-se de valorização pessoal. Mas, caso prevaleça a primeira circunstância, também é uma maneira de cuidarmos de nós, da nossa imagem - de dentro para fora, como ressalvo constantemente. O importante é que cada uma das peças que usamos reflita quem somos. Ou que nos deixe um passo mais perto de quem queremos ser.
Fotografia da minha autoria
«Frederico e Paola. Dois caminhos que se cruzam»
Daniel Oliveira é um comunicador nato. E a sua escrita espelha-o, tornando-se absolutamente inspiradora. Cativante. Surpreendente. Depois de uma experiência tão positiva com A Persistência da Memória [aqui] e com A Fórmula da Saudade [aqui] - que me prenderam a cada palavra -, estava bastante expectante com o seu mais recente romance, Sobre o Amor. E, página após página, foi fácil perceber que tinha todas as razões para isso. Até porque é claro que o autor procurou arriscar e criar uma narrativa distinta das que publicou anteriormente. Na minha opinião, conseguiu!
Nunca soube mentir. E muito menos a ti. Como fizeste questão de o mencionar uma vez, os meus olhos são demasiado transparentes e expõem-me a alma com facilidade. Por isso, não conseguia esconder-te as minhas preocupações e as minhas inseguranças; os meus medos e as minhas incertezas. No entanto, até isso tive que aprender a fazer. Não digo mentir na totalidade, apenas ocultar o que, de facto, me passava pela cabeça e atormentava o meu coração. Se, por um lado, o último me dizia que tudo isto era apenas uma má fase e que irias sobreviver. A minha racionalidade, por outro, tinha uma voz poderosa, avisando-me de que as probabilidades não jogavam a nosso favor. O que não demoveu a nossa luta.
«A minha ideia é que há música no ar, há música à nossa volta, o mundo está cheio de música e cada um tira para si simplesmente aquela de que precisa», Edward Elgar
É extremamente complicado - para não dizer impossível - estar um dia sem ouvir música. Porque me relaxa. E porque é um complemento da minha imaginação, dando-lhe asas para se expandir. Por isso, neste processo musical indireto, cruzo-me com novos artistas com alguma frequência. E, num acaso tão bonito, fiquei a conhecer uma das vozes mais aconchegantes e serenas, que nos convida a escutar as suas canções sem pressa.
Fotografia de Britandco
«Precisamos de olhar para o nosso umbigo de uma forma mais crítica»
Aprendi a conversar comigo. E a escutar-me na mesma proporção. E faço-o com maior recorrência e consciência. Conjeturo. Contraponho. Dialogo e estabeleço extensos debates. Dentro de mim, por vezes, tenho ideia que existe um verdadeiro campo de batalha, atendendo a todo o alvoroço - quase palpável. Porque elaboro uma infindável lista de argumentos, que apresento para compreender e/ou validar certos pensamentos. E mesmo que esta voz não seja audível, percebi que este exercício é crucial para a minha sanidade e para a forma como observo o mundo.
Fotografia da minha autoria
«Eu nasci com música dentro de mim»
A minha presença em concertos não remonta a um tempo longínquo. Apesar de adorar música, escutá-la ao vivo, partilhando toda aquela experiência transcendente com tantas outras pessoas, nunca foi uma prática recorrente. E, sendo sincera, não encontro uma explicação perfeitamente lógica para isso. No entanto, após alterar por completo esta lacuna, já vivi momentos indescritíveis, que permanecerão, eternamente, no lado esquerdo do meu peito.
Fotografia pessoal
«Há diversos tipos de curiosidade», Joseph Addison
A Cisne [The Swan Lake], ainda que indiretamente, contribuiu para a minha iniciativa d' «As gavetas abertas por...», sugerindo-me algumas temáticas: contar algo que [quase] ninguém soubesse sobre mim; partilhar o que penso sobre determinado assunto ou como faço uma coisa em concreto; revelar um segredo ou um momento especial. Sem me limitar a um tópico, deu-me várias pistas para explorar, que acabaram por abrir as portas da minha imaginação.
Fotografia retirada do site Love This Pic
«As crianças e seus brinquedos», Heráclito
A minha infância ficou marcada por muitas brincadeiras - acompanhada, sozinha, em casa, na escola, ao ar livre. E entretinha-me com um pouco de tudo, desde peças mais convencionais a objetos perfeitamente aleatórios. Porém, como seria de esperar, tinha as minhas preferências e fazia questão de recorrer a cada uma delas durante um período de tempo indeterminado - mas, maioritariamente, longo. Fui muito feliz a brincar com a cozinha que os meus pais me ofereceram, com as barbies, com os carrinhos, com berlindes e com mais um conjunto de brinquedos tradicionais e/ou modernos. Naquele jogo constante do faz-de-conta, experimentei muitas realidades paralelas e diversos «eu», que moldaram, mesmo sem ter essa perceção, a pessoa que sou hoje.
«A leitura é a viagem de quem não pode apanhar um comboio», Francis de Croisset
A minha estante está a ficar bastante composta. Não só em número, mas principalmente na sua diversidade de autores. Porque a minha paixão por esta arte literária desperta o meu fascínio por descobrir escritores novos. Naturalmente, há nomes que me soam a casa, uma vez que estou familiarizada com as suas obras e com a forma como se expressam - transmitindo-me a garantia de que, com eles, estarei sempre bem acompanhada. Em simultâneo, existem outros que, mesmo desconhecidos, conseguem estimular a minha curiosidade.
«Você tem que estar disposto a interagir», Guilherme Carvalho
Interagir origina partilha, conhecimento, ligações, experiências... Possibilita tanta coisa bonita e relevante, que chega a ser difícil enumerá-las a todas. Acredito, portanto, que a magia da blogosfera passa - e muito - por esta componente, que nos retira da nossa bolha de conforto e que nos permite analisar as mais variadas temáticas segundo novas perspetivas. Sem ela, seríamos apenas mais uma pessoa a publicar conteúdo que se encerra em si mesmo, porque não tem a impulsão do diálogo, que o permite expandir para lá de nós. E do nosso filtro de sabedoria.
«O cinema é um modo divino de contar a vida», Federico Fellini
A sétima arte é - e continuará a ser - uma fonte inesgotável de inspiração. E um meio poderoso para colocar em evidência certas realidades e quebrar estereótipos, direta ou indiretamente relacionados com as mesmas. Ainda assim, admito, a minha dedicação negligente permanece abismal, como mencionei aqui. Por essa razão, a lista de filmes aumenta mais do que aquilo que diminui - quase como a dos livros, mas por motivos completamente distintos.
Abraçar um projeto - independentemente da sua natureza - exige dedicação. Um caminho. Uma marca distintiva, que o sustente e o faça avançar. Mas por ser desenvolvido por pessoas que estão em constante evolução - de ideias, de opiniões, de perspetivas -, é natural que não siga sempre o mesmo registo. Há aspetos que se perdem e outros que se adquirem - alguns de forma consciente, outros nem tanto. E são estas metamorfoses que permitem definir um estilo próprio e, consequentemente, filtrar a nossa criatividade e a nossa atenção para tudo o que nos seja realmente importante. Encontrar o fio condutor entre as nossas preferências e as nossas palavras é o que equilibra a produtividade e a intenção de nos dedicarmos de corpo e alma.
«Eu vejo estradas no céu
Que me levam sempre a ti
Sou tua e tu és meu
Lugar onde sou feliz
Fotografia retirada do Pinterest
... Pés descalços!
[É complexo - ou talvez não -, mas andar descalça transmite-me uma sensação de liberdade maravilhosa. É uma leveza única. E completamente viciante. A minha mãe é que não acha tanta graça, porque deixo o chão cheio de marcas. Ainda assim, principalmente no verão, não resisto]
Fotografia oficial da tag
A segunda nomeação para o Sunshine Blogger Award veio por parte da Gata [A Gata de Saltos Altos], apresentando um formato idêntico ao «Preferes isto ou aquilo?». Uma vez que partilhei as regras deste prémio aqui, avançarei esse passo - mas reforço o agradecimento. Como já é hábito, não selecionarei alguém para continuar o desafio. Porém, se o quiserem fazer, não hesitem [as perguntas são as mesmas]. Sem mais delongas, acompanham-me?
O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá