Entrelinhas #54
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Fotografia da minha autoria |
«É uma encantadora história de Natal que se tornou tradição nessa época do ano, quer pelo bailado, quer por cinema, televisão ou teatro»
A maioria das histórias que ouvi durante a minha infância vinha dentro de cassetes, que os meus pais colecionavam para que eu me divertisse a ver e, sobretudo, para que tivesse contacto com outros cenários, mesmo que fossem imaginários. E é incrível como muitas delas ainda estão guardadas na minha memória; é extraordinário como, tanto tempo depois, sinto que moldaram a minha personalidade, ajudando-me a crescer. A mensagem que preservam transmitiu-me valores e inúmeros mecanismos de defesa, bem como distintas maneiras de observar o mundo - algo que não compreendi, totalmente, na altura. Porém, hoje, acredito que não teria o mesmo tipo de abertura emocional se, em todos aqueles momentos de lazer, não tivesse conhecido a vida de cada uma das suas personagens.
Quando a Wook lançou um novo Momento Solidário, para assinalar o Dia Mundial da Luta Contra o Cancro [4 de fevereiro], no qual 10% do valor de cada encomenda revertia para o IPO do Porto, soube, automaticamente, duas coisas: que não podia desperdiçar esta campanha e que tinha que a aproveitar para adquirir o livro que inspirou um dos meus filmes de animação favoritos de sempre [e um dos sete que vi mais vezes]: O Quebra-Nozes, de Hoffmann. Iniciativas com uma luz tão boa só podiam ser acompanhadas por narrativas que partilhassem, proporcionalmente, a mesma natureza energética. Assim, para além de contribuir para uma causa tão nobre, colmatei um vazio na minha estante, porque nunca tinha tido o privilégio de folhear a obra em questão, cujo enredo tanta companhia me fez durante o meu percurso.
O Quebra-Nozes encerra um mundo de fantasia, onde tudo é possível. E é, portanto, um livro que nos aguça a imaginação, que nos faz pensar na verdadeira importância dos bens - materiais e sentimentais - e, sobretudo, das pessoas. A linguagem é simples, mas cuidada, com uma beleza singular, quase poética. Aliás, o texto cativa-nos com genuíno interesse, por toda a magia que nos transmite e por nos fazer deambular entre uma mistura de sonho e de realidade. Consequentemente, leva-nos a visitar lugares encantados, da mesma maneira que nos provoca a revolta, a dor, o entusiasmo, a ternura e a felicidade de cada um dos intervenientes. Porque o caráter proximal desta narrativa convida-nos a integrá-la sem precisarmos de sair do lugar. Além disso, ter a época natalícia como fundo só enriquece a atmosfera aconchegante, romântica e sobrenatural, que ganha vida à medida que avançamos na leitura.
A afeição pelo enredo surge com bastante naturalidade. Não só pelas temáticas que aborda, mas também pelas «personagens inesquecíveis» que Hoffmann criou: o Padrinho Drosselmeier - misterioso, intrigante, desconcertante -, o «malévolo» Rei-Rato, o «valente» Quebra-Nozes e a doce Maria - o amor entre a menina sonhadora e o soldado de madeira mostra-nos o quanto a beleza física é uma característica secundária, pois o mais importante será sempre a essência, o que está dentro do coração. Esta história está recheada de aventura e de descrições fantásticas. E sinto que é difícil não nos comovermos ao lê-las. Inconscientemente, dei por mim a ouvir a voz destas personalidades que vivem no meu imaginário. Porque as palavras têm o dom de despertar a ação. E fizeram-me relembrar as cenas marcantes do filme.
Há aspetos que só determinadas pessoas conseguem detetar e compreender, porque têm uma alma pura. E o autor, ao estabelecer uma ligação direta com o leitor, alerta para todos esses ensinamentos e para a necessidade de nos predispormos a ver para além do óbvio. Com um discurso majestoso, que estimula a criatividade e apela à bravura, construiu um conto absolutamente incrível, que encanta gerações. No entanto, não posso deixar de destacar o final, porque é magnífico. Esta obra, com a sua aparente simplicidade, é um pedaço de genialidade!
Deixo-vos, agora, com algumas citações:
«Enquanto Maria continuava a olhar para este homenzinho, pelo qual se apaixonara à primeira vista, percebeu com o tempo que ele tinha uma disposição doce e simpática» [p:15];
«Oh! Meu pobre Quebra-Nozes! - soluçava, e, tirando o sapato esquerdo, sem saber exactamente muito bem o que estava a fazer, lançou-o com toda a força de que foi capaz para o meio do grosso do exército, direitinho ao rei» [p:33];
«Tu nasceste uma princesa, como a Pirlipat, e reinas sobre um reino lindo e maravilhoso. Mas ainda tens muito que sofrer, se queres ser amiga do pobre transfigurado Quebra-Nozes, porque o Rei dos Ratos aguarda por ele a cada volta do destino» [p:61];
«Viu uma névoa de prata como uma nuvem a erguer-se e a envolver tudo e todos, na qual as princesas, os pajens, o Quebra-Nozes e ela própria flutuavam» [p:82];
«Maria olhou para cima. O Padrinho tinha vestido o seu casaco amarelo e a cabeleira de vidro e sorria-lhe muito bem-disposto. Pela mão trazia um jovem baixinho, mas muito simpático» [p:87].
Nota: O blogue tornou-se afiliado da Wook. Por isso, ao comprarem através dos links disponibilizados, estão a contribuir para o seu crescimento e, consequentemente, para fomentar os meus hábitos de leitura. Obrigada ❣
A sério? :o :o :o Isso não é justo!! Ahahah Tens de desinstalar e voltar a instalar a aplicação... pode ser que assim funcione.
ResponderEliminarVerdade... não entendo como há pessoas que cuidam do seu perfil só para agradar os outros. Que sentido isso faz?! Deixam de ser elas próprias...
Foi tal e qual aquilo que pensei. Embora tivesse remoído, achei por bem não me condicionar. Não valia a pena mudar todo o meu trabalho em prole de uma pessoa :)
Creio só ter visto o filme... mas ler o livro, mergulhar num mar de descrições e numa leitura assim, tão autêntica, deve ser maravilhoso. Que bom que é podermos recuar atrás no tempo e contemplarmos, de forma mais matura, tudo isto :D Vou querer ler!!!
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Ainda guardo na memória algumas das histórias infantis de quando era menino e moço.
ResponderEliminarVou comprar o livro para ajudar o IPO que bem merecem pelo excelente trabalho que fazem.
Um abraço e continuação de boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
Uma das histórias mais bonitas de sempre :)
ResponderEliminarO livro é em pop-up? Isto é como aquele do Paddington que te falei noutro dia?
Bjinhosss
https://matildeferreira.co.uk
Mais uma fantástica publicação. Adorei:))
ResponderEliminarBjos
Votos de uma óptima Quinta-Feira.
Essa temática das cassetes também era muito usada cá em casa e ainda hoje temos algumas por cá :D
ResponderEliminarLembro-me desse filme, mas sem dúvida que o meu preferido foi a Branca de Neve e a Cinderela :D
Beijinho *
https://w-m-mind.blogs.sapo.pt/
o quebra nozes é mesmo um clássico, que em todo Natal nos lembramos, já vi algumas adaptações de cinema dessa história e gostei muito
ResponderEliminarwww.tofucolorido.com.br
www.facebook.com/blogtofucolorido
Nunca vi o filme... nem li o livro, uma vergonha eu sei :D
ResponderEliminarTemoa a tradição de ver o bailado O Quebra Nozes de Pjotr Iljitsch Tschaikowski na quadra natalícia.
ResponderEliminarO conto infantil "Nussknacker" de E.T.A. Hoffmann encontra-se na estante do quarto das crianças. Embora a obra completa de E.T.A. Hoffmann se encontre na estante do meu escritório.
Adorei o texto e a fotografia da tua autoria.
Está guardada na sua memória
ResponderEliminarpois eu acredito sim Andreia
noutra tempo terá essa história
sido contada à luz da candeia?
Quase todas as noite ouvia,
na minha infância ao serão
contar por quem contar sabia
aquela história do João Ratão!
Tenha uma boa tarde Andreia.
Confesso que esse livro para mim é mesmo novidade nunca tinha ouvido mesmo falar, se não fosse a tua partilha
ResponderEliminarBeijinhos
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Tem post novos todos os dias
É um clássico que vale mesmo a pena ler.
ResponderEliminarAmiga Andreia, continuação de uma boa semana.
Beijo.
Não conhecia o livro mas gostei muito de conhecer, é um livro que precisa ser lido, bjs.
ResponderEliminarAcreditas que eu nunca conhecia a história do quebra-nozes!?
ResponderEliminarBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Ai só as edições são lindas!!
ResponderEliminarR: Obrigada fofinha!!
Também tinha uma cassete do quebra-nozes e via-a imenso.
ResponderEliminarFiquei curiosa com o livro. Nunca li.
Beijinhos!
Como já te disse num outro post eu adorava os livros da Anita, mas confesso que livros de natal, não são dos meus preferidos. Talvez por não ligar muito à quadra.
ResponderEliminarBeijinhos minha linda.
Conheço bem a história pela versão da Barbie! Ainda me lembro de o ver na sala, no dia de Natal, enquanto via a minha mãe cozinhar os doces típicos! Por acaso nunca o li, mas é uma histório muito bonita :)
ResponderEliminarhttps://mundodablue.blogspot.com/
Olá
ResponderEliminarParabéns pela parceria.
Quanto ao livro, adoro quando a leitura nos remete para o nosso imaginário infantil. Acho que as crianças que são mais estimuladas nessa área são as que em adultas são mais criativas.
Então só te posso desejar boas leituras.
Xoxo
marisasclosetblog.com
É tão, mas tão isso... Às vezes é preciso ouvir pelos outros, para perceber que é, efetivamente, aquilo que fazemos. E o que citaste do Rui, sobre "as pessoas nos terem escolhido" acaba por me fazer sentir "abençoado". A mim e a quem se dedica a alimentar este meio que, embora cheio, dá sempre margem de manobra para que novas pessoas cheguem. Que nos possamos alimentar todos com esta genuína partilha de ideias e troca de opiniões e que, acima de tudo, possamos crescer juntos! <3
ResponderEliminarObrigado, meu anjo. Obrigado! Não me esqueço, nunca, do facto de estares por aqui desde o meu início, praticamente. Nada me reconforta mais do que isso <3
És das pessoas que levo e levarei no coração deste mundo que tanto me dá orgulho <3
NEW TIPS POST | HAIR FOOD: THE NEW HAIR TREND. <3
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Nunca li.
ResponderEliminarBom fim de semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
É tão bom voltarmos assim à nossa infância e relembrarmos algumas das histórias que mais gostávamos e no fundo, continuamos a gostar.
ResponderEliminarDeve ser um ótimo livro :)
Nunca li, mas fiquei com vontade de relembrar esta história de infância! :)
ResponderEliminarr: Se valeu eheh
ResponderEliminarMuito, muito obrigada querida :)
20 de julho dia da amizade.
ResponderEliminarNão poderia deixar de vir aqui neste dia tão especial.
Agradecer a você por fazer parte dos amigos que seguem o meu blog e que sempre que pode passa lá e deixa uma palavra de carinho, um elogio comentando a postagem um oi que para mim é muito significativo. Que seja escrito no momento da visita ou colado, não importa para mim, o importante é ter sido lembrada por você.
Amigo é aquele que te toca com ternura através das palavras.
Aquele que te abraça, mesmo longe.
Aquele que te apoia nos teus sonhos e aquele que critica os teus erros, não para te desmotivar, mas, porque quer em teus caminhos a luz plena.
Ser amigo é ser luz, ser amigo é transferir o melhor que há ao próximo.
FELIZ DIA DA AMIZADE!
Abraços da amiga Lourdes Duarte.
Olha que desta história não me lembro, mas tenho de a contar ao filhote!!
ResponderEliminarAdorei a foto! Beijinhos
Vi este bailado o ano passado e adorei. Fiquei muito curiosa por ler o livro. Deve ser ainda melhor!
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