beloved, toni morrison
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Fotografia da minha autoria |
Gatilhos: Linguagem Gráfica e Explícita
As histórias que não se contam permanecem ocultas, mas não inexistentes. E, se calhar por isso, manifestam-se em circunstâncias inexplicáveis. Toni Morrison, autora que estava desejosa de descobrir, transportou-me para essa realidade, mesmo que a minha leitura se tenha revelado oscilante.
quanto vale a liberdade?
Beloved é inspirado num caso ocorrido no Kentucky, em 1856, expondo «o horror e a insanidade de um passado doloroso», através uma ex-escrava que matou a própria filha, na tentativa de a proteger do «destino indigno e atroz da servidão». Num país ainda a gerir os traumas da escravatura, entretanto abolida, Sethe tentará construir uma vida nova, mas será que, dezoito anos depois de tudo o que aconteceu, se sentirá realmente livre?
Não sei que aura é que pairou sobre este livro, mas a verdade é que, primeiro, não senti grande vontade de pegar nele e, segundo, tive muita dificuldade em entrar na história, já que o narrador explora diferentes pontos de vista quase em simultâneo. Ademais, a escrita intrincada da autora não facilitou o processo. Houve partes em que a achei muito bonita, poética até, mas contribuiu para que a narrativa soasse um pouco confusa, dispersa. Por oposição, quando cheguei a um ponto específico da história parece que todas estas condicionantes se desbloquearam e avancei com outro entusiasmo. Na reta final, porém, voltei à energia do início.
Quis prosseguir, mesmo assim, porque os temas explanados são de máxima importância, até porque refletem os valores do ser humano, a noção de injustiça, a falta de empatia, o julgamento tão célere, a incapacidade de compreender e aceitar o outro, os preconceitos e a ideia de existirem pessoas cuja vida aparenta valer mais do que a dos seus pares. Por mais que o tempo corra, as consequências da escravatura não se apagam, não se esquecem, nem doem menos. Aliás, esta memória continuará a latejar pela crueldade.
Beloved teve elementos que não funcionaram comigo, pela estranheza, pelo traço paranormal, e por deixar algumas perguntas sem resposta. Admito, também, que posso não o ter lido na melhor fase, porque é um livro exigente, que requer uma disponibilidade mental sem margem para cansaço e desconcentração. Talvez o relei-a noutra altura, porque acho que há dilemas que merecem ser revisitados.
🎧 Música para acompanhar: Carta de Alforria, Plutonio
Não conhecia. Obrigada pela sugestão. 🤗
ResponderEliminar🥰
EliminarAndreia realmente tem livros que não funcionam com a gente. Mas é uma boa sugestão bjs.
ResponderEliminarSem dúvida, Lucimar. Faz parte do processo
EliminarNão conhecia este livro nem a autora.
ResponderEliminarExcelente sugestão.
Beijinho grande, minha querida!
💛
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