still 25, david fonseca
Fotografias da minha autoria |
«Put me in your supermarket list»
A vida é feita de ironias: embora tivesse a referência, não cresci próxima de Silence 4. Excluindo um tema ou outro, não era o grupo musical que enchia a casa. Mais tarde, numa carreira a solo, David Fonseca também não me despertou essa atenção e passei muito tempo sem escutar as suas canções. Honestamente, não vos sei explicar o que me afastava do seu registo, apenas sei que não era um artista que procurasse incluir na minha banda sonora. Só que neste processo de descobrir a minha identidade, em todas as camadas que a compõem, percebi que foi um nome que foi conquistando o seu espaço. Por isso, foi com zero surpresa que acabei no Coliseu do Porto a assistir ao seu concerto.
Still 25 marca o regresso de David Fonseca, para uma travessia «pela sua carreira de 25 anos», através de uma abordagem original, que «cruza música, performance e cinema». No fundo, interliga diferentes formas de contar esta história tão rica em pormenores, segmentos e memórias. Além disso, convida-nos a descobrir referências, «a sua visão artística» e o processo criativo, sempre de um modo intimista e muito relacionável.
Eu sei que não teria esse termo de comparação, caso não tivesse ido, mas, agora, tenho a certeza de que me arrependeria se o tivesse perdido, porque foi uma noite belíssima e emocional. Posso ou não ter-me comovido em alguns temas (é evidente que lágrimas foram choradas, quem é que quero enganar?): não só pela intensidade dos mesmos, mas também pela envolvência da sala, pela emoção de quem vibrou em cada segundo.
Não me recordo da última vez que estive no Coliseu a assistir a um espetáculo (e o mais provável é ter sido algum festival de tunas), portanto, já não tinha presente a acústica do espaço. E este foi, para mim, o ponto menos positivo, embora o artista não tenha culpa, porque houve partes que não se perceberam tão bem (sobretudo, aquelas em que falou) e a visibilidade ficou comprometida em algumas zonas. No lugar onde ficamos, excluindo momentos muito pontuais, tivemos alguma sorte nesse aspeto.
Tendo em conta a construção do concerto, creio que a experiência teria sido mais uniforme se tivesse acontecido numa sala com outra estrutura. Por oposição, uma das coisas que mais adoro no Coliseu é mesmo a proximidade que se cria entre o público, como se estivesse numa pequena bolha. E sei que me arrepiei em determinados temas, precisamente, por sentir a força daquelas pessoas todas a cantarem em uníssono.
Independentemente do que referi antes, é inegável que este concerto foi uma viagem inacreditável, pensada ao detalhe e com um equilíbrio perfeito entre música, presente e nostalgia. Ademais, tenho de referir o dinamismo do espetáculo, com uma narrativa psicadélica, interativa e futurista, provocando uma onda de energia contagiante. Se soubesse que não comprometeria a visibilidade de quem estava na fila atrás da minha, tinha ficado em pé durante a maior parte do concerto, porque convidava-nos a dançar.
O David Fonseca transbordou naquela palco: não só pelo talento e pelas coreografias originais, mas também pelo humor sempre presente nas suas interações/partilhas. E fê-lo durante duas horas e vinte, sem qualquer quebra de ritmo e generosidade. Still 25 foi tudo o que eu não sabia que precisava de ouvir, contudo, arrebatou-me em cada batida. Que venham muitos mais vinte e cinco. A partir daqui, já não lhe largo a mão.
Apesar de conhecer, não é um artista que acompanhe muito. Espero que tenhas gostado 😊
ResponderEliminarTambém nunca ouvi muito o David Fonseca nem os Silence 4, apesar de ouvir algumas músicas aleatórias na rádio. A tua partilha deste concerto fez-me sentir vontade de estar lá a assistir. Deve ter sido um espectáculo incrível.
ResponderEliminarObrigada pela partilha.
Beijinho grande, minha querida!
Silence 4 marcaram o inicio da minha idade adulta de uma forma muito bonita *.*
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