os quatro e meia na super bock arena
Fotografias da minha autoria |
O bilhete estava guardado desde o meu aniversário, em abril, não só para que não o perdesse, mas também para que não acusasse o toque de uma espera um pouco longa. Como já tive oportunidade de partilhar, descobri Os Quatro e Meia por acaso, mas conquistaram-me logo pela sonoridade, pelo tom descontraído e pela humildade. E vê-los ao vivo é sempre um momento indescritível, por isso, não perderia este concerto.
A Super Bock Arena preparou-se para receber estes bons rapazes, duas noites seguidas, uma vez que escreveram uma carta ao Pai Natal a pedir para regressarem onde foram felizes. Em 2021, num cenário pandémico, deram dois concertos com «regras restritas e isolamento social». Porém, em 2024, tivemos direito a um «espetáculo sem limites».
Com um tom natalício a pairar na sala, transportaram-nos para um clássico da sétima arte, o Sozinho em Casa, que combina sempre bem com a época, só que numa versão à imagem da banda. A maneira como construíram a narrativa, interligando os distintos momentos do concerto, foi sublime e uma demonstração fidedigna do quanto é tudo pensado ao detalhe e, sobretudo, do quanto eles (equipa incluída) procuram potenciar diferentes estímulos, tornando o espetáculo o mais plural possível. Por mais que exista espaço para o improviso, sente-se que nada é por acaso e que vem de um lugar bom.
Os primeiros acordes fizeram-se ouvir e foi inacreditável a mudança de energia, os laços que se estreitaram, ainda que de um modo inconsciente, como se fossemos um só. Sei que soa a lugar comum escrevê-lo, visto que há algo de poético nesta imagem e, se calhar, uma pequena hiperbolização, no entanto, acredito mesmo naquilo que estou a partilhar, porque se sentiu a envolvência; porque, mesmo sem conhecer quem estava ao meu lado, foi fácil de perceber o fascínio e a felicidade por estarmos todos ali.
Eles fazem a festa em cima do palco, mas incluem-nos em cada fragmento. Por isso, não é possível ficarmos quietos enquanto as suas vozes preenchem vazios, enquanto os instrumentos musicais nos convidam a dançar e/ou as melodias nos permitem recordar pessoas e situações que contam a nossa história. Há uma parte da minha identidade introvertida que se anula, porque eles ajudam a que me esqueça do mundo exterior. Ali, existe apenas um propósito e eu não podia estar mais grata por o viver.
Faltam-me palavras para descrever a pele eriçada a ouvir Guarda a Tua Alma, Amanhã e A Terra Gira, por exemplo. Mas também não as tenho para conseguir expressar o quanto dancei com Sentir o Sol, P’ra Frente é que é Lisboa e Baile de São Simão. E se já estava apaixonada pelo tema Saudade, este concerto fez com que o sentimento se agigantasse. Acho que é, também, por esse motivo que gosto tanto de ir a concertos: porque há músicas que crescem ao vivo e nos despertam sensações novas. Acho que a canção que os junta ao Miguel Araújo é um desses casos extraordinários. Sublime!
Por falar em Miguel Araújo, estava com esperança que fosse um dos convidados e não me desiludiram. Ficaria horas a ouvi-los, atendendo a que, por um lado, os seus estilos combinam na perfeição e, por outro, nos proporcionam interpretações indescritíveis. O segundo convidado foi o inigualável Toy e permitam-me fazer duas observações: 1) escutar uma sala lotada a cantar És Tão Sensual não estava na minha lista de objetivos de 2024, mas fez-me a noite; 2) acho que ainda não damos o devido valor a António Ferrão, mas tem uma voz inacreditável e não existe qualquer rasgo de vedetismo na sua postura. Por último, mas não menos importante, tenho de destacar a Orquestra que os acompanhou em todos os momentos, contribuindo para um ambiente intimista.
No fundo, estiveram reunidas todas as condições para que este fosse um dos melhores concertos do ano e seria um título totalmente merecido. Bem sei que sou suspeita, contudo, há muito talento, muita dedicação e um cuidado particular. E, depois, não é apenas pela música, ainda que seja ela o elemento que nos une e alimenta cada pedaço de alma: é pela capacidade de comover, de entreter, sem se deslumbrarem e perderem a essência que lhes reconhecemos desde o início. Quem me dera recuar no tempo.
No final do concerto, com o coração a transbordar de orgulho, tive de ir comprar uma recordação: o vinil O Tempo Vai Esperar. E regressei a casa certa de que foi uma noite mágica, que não esquecerei - e de que preciso que os temas novos fiquem disponíveis nas plataformas digitais. Dissemos olá à solidão, mas nunca estivemos sozinhos.
Os Quatro e Meia, quando vocês rodam, o baile ganha mesmo outra cor!
De repente fiquei a desejar que fosse já novembro para ver os OneRepublic.
ResponderEliminarQue saudades de ir a um concerto <3
Beijinho grande, minha querida!
É uma energia inebriante! Mal posso esperar pelo próximo *-*
EliminarAcredito, minha querida