notas literárias dez'24

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A banda sonora de uma viagem literária


A playlist de dezembro desempoeirou o velho piano vermelho de brincar e trouxe novas melodias aos meus momentos de leitura, fazendo-me reencontrar com artistas que não têm feito parte da banda sonora habitual, mas pelos quais continuo a nutrir carinho. Acho que ficou uma bela compilação sonora.


mãe, doce mar, joão pinto coelho
Dear Old Donegal, Irish Lads Of Limerik ▫️ Uma das personagens que mais me intrigou neste livro, tornando-se uma das favoritas, partilhou uma memória que inclui este tema. Portanto, quis eternizá-la nesta playlist. Talvez o ritmo não seja o que encaixa melhor no tom da narrativa, no entanto, sendo ela tão cheia de surpresas, achei que poderia sustentar mais esta.

fósforo, ana pessoa
E Depois do Adeus, Paulo de Carvalho ▫️ Há um grito de liberdade a ecoar neste longo poema. Além do mais, há uma referência muito presente em relação a esta música. E, neste caso, não quis que destoasse, quis que continuasse a embalar o coração aberto que lemos página após página. Entre a dúvida e o medo, acabou por descobrir quem é e o que faz aqui, mesmo que as perguntas continuem a não ser simples.

a mão que mata, lourenço seruya
Banshee, Arches ▫️ Descobri esta música há pouco tempo, embora já tenha sido lançada há mais de um ano. Enquanto estava a ler o livro de Lourenço Seruya, há uma cena em que o inspetor Bruno Saraiva está a cozinhar e é referido que gostava de o fazer com banda sonora, vai daí que o meu filtro de procura mental foi «músicas que ficassem bem com esta tarefa» e ocorreu-me logo a dos Arches: porque é serena, mas também tem uma sonoridade que nos convida a dançar e a deixar que os pensamentos deambulem, quase como se fossem ingredientes a serem combinados.

bolo negro, charmaine wilkerson
True Colors, Cyndi Lauper ▫️ Os versos «Num mundo cheio de pessoas/Você pode perder tudo de vista» fizeram-me pensar muito nesta história, porque nem sempre vemos aquilo que está à nossa frente, porque nem sempre compreendemos as motivações dos outros, porque nem sempre nos expõem toda a narrativa e isso impede que os conheçamos em pleno. Portanto, nem sempre vemos as suas verdadeiras cores, mas quando nos permitem fazê-lo pode tornar-se especial.

o amigo, diogo simões
To Lost in You, Sugababes ▫️ A minha primeira associação musical foi «Friends Will Be Friends», mas achei que esta canção combinava melhor com o protagonista: porque ele estava perdido e acabou por se perder ainda mais numa pessoa que entrou na sua vida, como se ela fosse a salvação para todos os seus problemas. E, para mim, os versos «So deep, I can't sleep/I can't think/I just think about the things that you do» espelham muito bem aquilo que a vida do Pedro se tornou.

a espera, keum suk gendry-kim
The Waiting, George Fitzgerald & Lawrence Hart ▫️ A associação foi um pouco literal pelo título, mas a sonoridade também me pareceu transmitir uma aura nostálgica, sombria, que se coaduna com o tom da obra. No fundo, mesmo que a mensagem divirja, a verdade é que as personagens passaram uma vida inteira à espera. E, isso, está bem espelhado na canção.

o sono delas, filipa fonseca silva, iris bravo, maria isaac, helena magalhães e susana amaro velho
Vejam Bem, José Afonso ▫️ Num dos contos, aparecem os seguintes versos do Zeca Afonso: «Anda alguém/Pela noite de breu à procura/E não há quem lhe queira valer». E senti logo que eram um espelho das protagonistas, sempre à procura de uma qualidade de sono melhor, ainda que pareça mesmo que ninguém lhes deita a mão, que ninguém se preocupa, porque é um tema tabu. E pela noite dentro continuam à procura de algum descanso.

descansos, susana amaro velho
Until the Hurting is Gone, Billy Raffoul ▫️ Há uma carga de dor muito nítida nesta história da Susana Amaro Velho, por isso, achei que este tema poderia ser uma associação direta. Talvez não o seja em todos os versos, mas principalmente nestes: «Hate to be vulnerable», «Saying please don't let me down», «I hate to be powerless/But some things you cannot face/Some things you cannot control/But you can choose to let 'em go». E senti-o muito por culpa de me fazer lembrar de uma personagem em específico. Além disso, tem uma melodia algo sombria, nostálgica, que acompanha a própria energia do texto, já que regressamos várias vezes ao passado e nem sempre sabemos com o que contar.

o pai natal não vive no polo norte, afonso cruz
Prenda de Última Hora, João Couto ▫️ Para continuar dentro do espírito natalício, lembrei-me da música do João Couto: não só por nos transportar para esta quadra tão mágica, mas também por demonstrar a azáfama que a reveste e que, por vezes, nos desvirtua do seu verdadeiro significado. Atendendo a que o conto de Afonso Cruz é uma provocação, um estímulo para refletirmos e debatermos sobre aquilo que nos rodeia e as incoerências desta data, achei que o texto e a música encaixavam na perfeição.

arqueulogia, pedro h. fortunato
Incerteza, Homem ao Mar ▫️ Há um texto nesta obra intitulado Homem ao Mar e, por esse motivo, fui logo transportada para as músicas de uma banda com o mesmo nome. Os dois amigos deixaram de apresentar temas novos, mas, volta e meia, vou recuperar as suas canções e viajar pelas suas melodias, e houve uma que senti logo servir à obra do Pedro H. Fortunato. Incerteza espelha muito daquilo que vai abordando nos seus textos, fazendo-nos questionar o que fomos, o que poderíamos ter sido, qual é o nosso lugar.

a origem dos dias, miguel d’alte
Shadowplay, Joy Division ▫️ A vida de Tomás Franco é feita de muitas sombras, por isso, quando entra num bar no Porto e ouve esta música a dar, achei que não havia melhor associação do que esta. Além disso, cruzou várias ruas à espera de alguém, viu afundar rasgos de esperança, ouviu o silêncio e acabou por encontrar a verdade que tanto procurava.

Comentários

  1. Adoro esta tua ideia de acompanhar as leituras com música.

    Da tua Playlist adoro a True Colors e Vejam Bem.

    Beijinho grande, minha querida!

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  2. Passando para colocar a leitura em dia, e desejar um excelente 2025!

    Bjxxx
    Teresa Isabel Silva
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    Respostas
    1. Obrigada e igualmente, Teresa! Espero que 2025 seja gentil contigo

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  3. Um bom ano, Andreia! :)

    www.amarcadamarta.pt

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