favoritos 2025: as músicas e os álbuns/ep's

Fotografia da minha autoria


O meu corpo desperta completamente quando há música pela casa. Apesar de conviver muito bem com o silêncio, a energia eleva-se assim que escuto temas que vou sabendo de cor ou quando me permito descobrir sonoridades novas.

Ouço música enquanto escrevo, até quando leio. Levo banda sonora quando faço caminhadas, quando ando em transportes públicos, quando vou sozinha às compras e quando preciso de pensar. A coluna vai comigo quando tomo banho e quando despacho tarefas aborrecidas, mas necessárias. Só não me ouvem cantar, nem me veem a dançar no meio da rua porque ainda não perdi a noção de espaço pessoal. E, sempre que possível, pauso o Spotify, o gira-discos ou o leitor de cd's para ir ouvir os meus artistas de eleição ao vivo.

A par da literatura, a música é a minha manifestação artística favorita, não só pela infinidade de histórias que se escondem em todas as melodias e letras, mas também pela capacidade de alterar a nossa disposição, traduzindo o que sentimos. Como referiu o Tadeu Tannouri num dos seus vídeos, «escutar música é meu jeito de fingir que as coisas não estão acontecendo», até porque, às vezes, não estamos à procura de uma solução, estamos só «buscando uma playlist». Por isso, para enfrentar a vida «aumento e volume e escuto música» e já não sei ser sem a sua essência.

Em traços gerais, e socorrendo-me do spotify wrapped, o meu 2025 soou assim:

  • minutos de audição: 89539 (o equivalente a 62 dias);
  • géneros mais ouvidos: Hip-hop português, funk pop, urbano lantino, indie e fado (ouvi um total de 261 géneros);
  • a minha idade musical: 18 (porque gostei, sobretudo, de música nova);
  • número de músicas que ouvi: 2325;
  • música mais ouvida: À Procura, do Lhast (382 streams);
  • top 5 de músicas mais ouvidas: À Procura, Foguetes, Voltas, Só Pra Mim e Cash Kai (todas do Lhast);
  • número de álbuns que ouvi: 74;
  • álbum mais ouvido: Violetta, do Lhast (com 9867 minutos de audição);
  • top 5 de álbuns mais ouvidos: Violetta (Lhast), Heartbreak & Other Stories (Richie Campbell), Alta Costura (Van Zee & Frankieontheguitar), Carta de Alforria (Plutonio) e ALK (Lhast);
  • número de artistas que ouvi: 921;
  • artista que mais ouvi: Lhast (com 17814 minutos de audição);
  • top 5 de artistas mais ouvidos: Lhast, Richie Campbell, Van Zee, Plutonio e ed.


 as músicas favoritas

A banda sonora de 2025, no que diz respeito a temas soltos, ficou compilada numa playlist com 50 canções. Deste grupo, que muito me entusiasma, destaco as seguintes (listadas por ordem de saída):
  1. tua falta, ed & Lhast;
  2. Deslocado, NAPA;
  3. de noite, VASCO;
  4. Doutros Tempos, Dealema;
  5. Meu Amor, Dorme Bem, Os Quatro e Meia;
  6. Lento, Vanyfox & Ana Moura;
  7. Insomnia, Richie Campbell;
  8. do raso ao fundo, Mariana Nolasco & Maro;
  9. Cacau, Deejay Telio & Slow J;
  10. lado a lado, ed;
  11. Saudade, Gama WNTD;
  12. Aura, BUH BUH;
  13. Avisem Que Eu Cheguei, Sara Correia;
  14. Depressa, Pikika;
  15. Assunto Meu, xtinto.


 os ep's favoritos

Senti que fazia todo o sentido separar os EP's, até porque trazem sensações diferentes de um álbum, sempre mais longo e com mais camadas para descobrir. Não obstante, gosto muito destes lançamentos intermédios, que nos permitem conhecer um artista para além dos singles.

SOZINHA E MAL ACOMPANHADA, PIKIKA
Para mim, uma das vozes emergentes mais fascinantes. Neste EP, explora o declínio de uma relação, os medos, os pensamentos que ecoam e esta sensação de estarmos sós e a nossa companhia nem sempre ser a mais benéfica. Mas, lentamente, começa a abrir a porta ao depois.


A CASA GANHA SEMPRE, LUNN
O projeto de estreia do produtor Lunn chega com colaborações cirúrgicas e uma narrativa plural, que aparenta não ter um fio condutor, mas que se expande nesta ideia de casa e de tudo o que conquistamos quando abrimos a porta e convidamos outras pessoas a entrar.


DESCULPA QUALQUER COISA, ÍCARO
A sonoridade do Ícaro é muito diferente, o que acaba por ser uma lufada de ar fresco no panorama nacional. Com letras que transbordam referências de várias áreas, raízes e uma linguagem própria, incisiva, sarcástica, é interessante perceber como é que, sem encaixar num molde, as canções se interligam com naturalidade.



 os álbuns favoritos

É incontornável o álbum que marcou o meu ano, apesar de só ter saído no final de junho, porque estou a viver nele desde esse altura. E é incrível como, seis meses depois, há camadas que continuo a descobrir, como há partes das músicas que se tornam ainda mais relacionáveis. Não obstante, tive outras propostas que me encheram as medidas, tornando os meus dias mais bonitos.

VIOLETTA, LHAST
Violetta, parafraseando um dos temas que o compõem, tem inocência e maldade na dose certa. É leve, mas também é introspetivo. É generoso, honesto e enigmático e eu tenho estado a viver nas suas canções desde que saiu. Há uma viagem de autodescoberta incrível e acredito que seremos capazes de descobrir novas camadas a cada nova audição, porque as letras são feitas de subtilezas e porque o seu lado criativo abriu portas que ainda não tinham sido exploradas. O futuro pode ser incerto, no entanto, Violetta guia o caminho.

Canções favoritas: Foguetes, À Procura, 21


ALTA COSTURA, VAN ZEE & FRANKIEONTHEGUITAR
Um trabalho bordado com mestria e originalidade. Ao reinterpretarem temas que fazem parte do nosso panorama musical, criam pontes entre o passado e o presente e conseguem unir visões distintas, que se encontram a meio do caminho. E eu acho sempre interessante perceber como é que o mesmo tema chega às pessoas.

Canções favoritas: Como Seria?/Amor Sóbrio, Ainda Prendes o Cabelo e Fica Só


UM GELADO ANTES DO FIM DO MUNDO, CAPICUA
A Capicua é uma das artistas da minha vida e este álbum veio reforçar essa certeza, porque é poético e interventivo, porque é cru e emocional, porque nos abala por dentro enquanto não deixa de plantar uma semente de esperança. O mundo está em colapso, é preciso resistir aos tempos conturbados e estas canções resgatam-nos do abismo, mostrando como a arte é uma arma.

Canções favoritas: Ao Ocaso, Apartamento e Making Teenage Ana Proud


LUX, ROSALÍA
Queria ter palavras que traduzissem a viagem emocional que este álbum me está a proporcionar, porque é uma verdadeira obra de arte. A Rosalía parece ter ascendido a um plano quase inalcançável, deixando-nos perplexos com as melodias, as letras, as referências e todo o trabalho de construção da narrativa, já para não referir os diferentes idiomas que aprendeu para os incluir nos diferentes temas. Quanto mais ouço, mas rendida fico.

Canções favoritas: Memória, Magnólias e La Yugular


WONDER, PAPILLON
O conceito de criar um álbum de Palíndromos (palavras que são iguais de trás para a frente) é já um indicativo da criatividade do Papillon e desta vontade de arriscar e de chegar a novas camadas na sua arte. Com temas que nos inquietam, que nos fazem pensar sobre sonhos, relações, transformações, é um trabalho que nos impulsiona a estar em movimento, a reagir e, também, a fazer as pazes com a nossa criança interior.

Canções favoritas: A Mãe Te Ama, Oi Rio e Mim



Menções honrosas: Debí Tirar Más Fotos, Bad Bunny | The Art Of Loving, Olivia Dean | Cá Dentro, Mary Jane

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