favoritos 2025: os filmes, as séries e os podcasts

Fotografia da minha autoria


A componente audiovisual continua a ter os seus favoritos, por isso, ainda não foi este ano que me dediquei com mais afinco à sétima arte. E nem vale a pena tentar encontrar justificações, talvez no próximo ano seja capaz de quebrar esta tendência e creio que uma estratégia poderá ser mesmo combinar idas ao cinema (sozinha ou com amigos) para voltar a descobrir o encanto de me perder a ver um filme.

Objetivos à parte, 2025 revelou-se muito positivo nas séries, principalmente nas da RTP, e trouxe-me alguns podcasts novos. Além disso, sinto que foi um ano importante para compreender que conteúdos pretendo manter por perto e quais é que já não me fazem tanto sentido — pelo menos, nesta fase da minha vida. Esta viagem é-me muito útil, também, por isto: porque permite que me redescubra e saiba cada vez melhor o que me serve e que é quase uma extensão da energia que quero para mim.

À semelhança de anos anteriores, fiz uma pequena batota e inclui propostas que fogem um pouco da classificação inicial. Ainda assim, não as podia deixar de fora.


 pátria
A realidade deste argumento apresenta-se como distópica, no entanto, reconhecemos o rosto da opressão, do medo, das várias formas de tortura em diferentes momentos, expressões e diálogos. Mesmo que os cenários assumam um certo exercício criativo, partem de capítulos dolorosos para a humanidade e permitem-nos refletir sobre como seria vivê-los na primeira pessoa. Numa altura em que contactamos com posições tão extremadas, que colocam em causa direitos básicos, é crucial debatê-las, compreender qual é a sua origem e aquilo que lhes dá força para que continuem a minar o presente (opinião completa).

 ruído
As imagens promocionais, pelo seu caráter cómico, transportaram-me para o universo da série Último a Sair - um autêntico marco televisivo, que nos deixou pérolas como «o mundo não é isto, o mundo é bué cenas». Ainda assim, as diferenças são óbvias e creio que se entende, desde o começo, que a nova produção da autoria de Bruno Nogueira, escrita em parceria com Carlos Coutinho Vilhena, Frederico Pombares e Luís Araújo, permanecendo no espectro do humor, nos permitirá refletir sobre censura e liberdade (opinião completa).

 rabo de peixe
Os protagonistas eram pequenos peixes num mar imenso, que lhes exigia um tipo de jogo que não estavam habituados a jogar. Ainda assim, foram-se movimentando com mestria e inteligência, mesmo quando as emoções lhes toldavam a racionalidade. E um dos aspetos que mais me fascinou, para além de todo o contexto do narcotráfico, foi mesmo a relação de amizade que nunca perderam. Aliás, sinto que essa é uma das valências mais poderosas da série, não só porque humaniza o ambiente, mas também porque quebra a tendência subjacente das relações por conveniência tão associadas a este tipo de negócios obscuros. Eles estavam juntos no melhor e no pior, sem reservas (opinião completa).

 espias
Espias é uma série minuciosa, que também nos faz refletir sobre a pertinência destes esquemas pantanosos. Apesar de termos acesso a diversos pontos de vista e narrativas, nunca é fácil identificarmos aqueles que merecem o nosso apoio, porque a causa em si pode ser nobre — e queremos posicionar-nos ao lado daqueles que procuram garantir a liberdade do ser humano —, mas os meios nem sempre acompanham essa luta. Além disso, espelha a hipocrisia política e social, os jogos de poder e a facilidade com que se descartam as pessoas do nosso caminho, quando sentimos que já não nos são úteis. Foram sete episódios muito intensos e viciantes. Preciso de uma segunda temporada (opinião completa aqui e aqui).

 situações delicadas
O argumento oscila entre humor negro e uma ligeira insanidade, sempre com ritmo e um excelente equilíbrio. Aliás, acho que uma das maiores valências da série se prende com a capacidade de tornar credível a falsa leveza com que as coisas se processam. Por vezes, existe um traço de normalidade na tragédia: não por a romantizarem, mas pela forma como transformam os comportamentos atípicos em reações quase lógicas, até necessárias, para continuarem a (sobre)viver. E nós acompanhamos esses conflitos (opinião completa).

 pessoas normais
A RTP apresentou um conjunto de séries exclusivas na RTP Play, entre as quais se encontra a adaptação do meu livro favorito de Sally Rooney, o que me deixou surpresa e felicíssima. A adaptação está extraordinária e é mesmo fascinante ver tudo o que senti com o livro a ganhar forma (até o ranço ao Jamie): assistir aos silêncios, ao desconforto, ao quanto comunicam sem verbalizarem. Como é que duas pessoas que são tão próximas conseguem ter tantos muros entre si? Como é que só são verdadeiramente eles ao lado um do outro e há sempre um tom de tristeza a pairar? Como é que no meio de tantos vazios e desencontros eles conseguem ser a maior constante um do outro? Tenho um fascínio por histórias sem personagens heroínas também por causa deles. Há tanta verdade aqui e, se calhar, é por isso que é tão duro assistir a certas cenas. Mas eles arranjarão sempre maneira de ficar bem.

 casa-abrigo
Estas mulheres não esquecem a situação dramática que viveram, muito menos tudo aquilo que foram ouvindo e interiorizando como se fosse verdade, mas entenderão que não são apenas este retrato, que carregam muito mais por dentro. E parte da beleza desta série prende-se com a amizade que Vera, Madalena, Conceição e Gabriela foram construindo, com a empatia que desenvolveram, com a sororidade que as fortaleceu. Na ausência de filtros, por vezes, houve um pouco de amor bruto nas palavras, mas estiveram ali umas para as outras — até quando o silêncio parecia imperar entre elas (opinião completa).

 podcasts
Quando não estou a ouvir música, estou na companhia de um podcast. Aliás, gosto muito da dinâmica de estar a fazer determinadas tarefas enquanto escuto conversas ou deambulações em jeito de monólogo, parece que a casa fica mais cheia. Assim, este ano rendi-me ao:

 extras
A categoria da batotice começa agora, porque não podia deixar de destacar a Homenagem aos GNR, o solo Falha Minha, do Ricardo Maria, a série documental Tó Madeira - Em Busca de Uma Lenda, do Luís Franco-Bastos, o regresso de Conversas de Miguel, do Pedro Teixeira da Mota e do Carlos Coutinho Vilhena, e o short film Sonhos, do Papillon.

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