Assim dói mais!

«Por agora os nossos caminhos vão-se separar, mas onde quer que esteja nunca me vou esquecer do meu norte», Ricardo Quaresma (aqui)

Estou triste. E já chorei bastante, não só pela despedida, mas também por tudo aquilo que ela implica - e pela revolta e injustiça presentes uma época inteira.

 

Sinto que vais e não pelas razões certas. Sinto que vais por causa de alguém que não sabe, nem sente o que é ser Porto. E isso dói-me. Dói-me porque merecias mais. Porque um jogador como tu tem lugar numa equipa como esta: grandiosa, com mística e com uma história imensa. Podem explicar-me de infinitas maneiras, mas nunca compreenderei a razão de te terem relegado para o banco tantas vezes, como se, de repente, deixasses de ter algo a acrescentar ao clube. Temperamento difícil? Já cansa ouvir constante a mesma desculpa. O abraço ao Jorge Jesus? Perdoem-me se acho que amar um clube e não gostar de outro não implica perder a noção de respeito. A entrevista ao Expresso? Se calhar tem mais mística um treinador (?) que andou uma época inteira preocupado em atacar o clube dos outros em vez de arranjar soluções para levar o seu para o lugar onde deve estar: no topo.

Como questionou o autor do blogue Do Porto Com Amor, «querem jogadores à Porto ou preferem jogadores que passam pelo Porto?». Como portista que sou desde que me lembro de ser gente, nem por um segundo hesito em responder que prefiro, obviamente, a primeira. Ainda assim, tenho que ver um dos nossos maiores símbolos a ir embora, simplesmente porque o treinador não gosta dele. A justificação até pode ser outra, mas esta será aquela que o Lopetegui nunca conseguirá esconder (e talvez nem se preocupe em fazê-lo).

Ainda tenho muitas palavras presas na garganta e, seguramente, muitas lágrimas para chorar também. Não esperava ter que me despedir de ti novamente, mas prefiro ver-te com outra camisola a fazer aquilo que sabes de melhor, do que ver-te ficar e saber que acabam com a tua carreira aos poucos. Tens muito para dar, estás longe de estar arrumado. Para muitos, serás sempre um mimado, um egoísta, um insolente. Nem sabem como estão enganados! És a raça que este emblema carrega. Um desafiador que não se conforma, que luta, que procura ir mais além. És imprevisível e um génio como há poucos. 

Como te escrevi ontem, obrigada por tudo, Campeão. Por seres um jogador incrível e fora de série. Por seres Porto e o sentires como eu. Por teres crescido tanto. E por teres arranjado sempre forma de lutar quando te tentavam deixar para trás. Os nossos caminhos não se vão separar. Continuarei com o mesmo amor e o mesmo apoio, porque serás eternamente o meu número um. Espero que a sorte que mereces te acompanhe sem falhas e que esta nova etapa se revele mais um marco feliz. Não quero que seja uma despedida definitiva, mas um até já. Volta rápido, Guerreiro. Esse sete só faz sentido se fores tu a vesti-lo!