Sextas-feiras loucas

«Temos de nos tornar na mudança que queremos ver», Gandhi

Os Aurora estão de volta! Na realidade, não desapareceram, não deixaram de ser uma banda, mas, tal como acontece com qualquer outro artista, há momentos em que o trabalho se desenvolve sem grande exposição. É preciso esse afastamento propositado para que se repensem os objetivos e o caminho que se quer seguir. E no dia em que celebraram dois anos desde a sua formação trouxeram-nos novidades quanto ao seu futuro.

Há várias coisas em que acredito. E uma delas é que para se fazer algo com qualidade é preciso tempo. Por maior que seja a nossa vontade para dar forma a um sonho não podemos agir por impulso e deitar tudo a perder. Cada detalhe é crucial. E é importante chegar ao fim com a certeza de que era aquele resultado que pretendíamos atingir. Se gostava de já ter um álbum deles nas mãos? É claro que sim! Mas compreendo que este processo seja moroso. E é bom que o seja, pois é sinal de que realmente querem fazer algo estruturado, com cabeça, original e à imagem daquilo que nos foram habituando. Este desejo de ter um disco não é só meu, nem de todas as pessoas que os admiram. É deles também. Principalmente deles. E mais do que qualquer outro são os primeiros a trabalhar para que isso aconteça. 

Inteiramente composto por canções originais, o álbum de estreia está previsto para o primeiro semestre de 2016. Mas até lá não ficamos sem notícias, uma vez que até ao final deste ano lançarão oito versões de músicas que já conhecemos. Todas as semanas, à sexta-feira, seremos brindados com um vídeo. O primeiro saiu no passado dia vinte e três e o segundo saiu ontem. Estas sextas-feiras loucas correspondem a um «virar de página». E vêm reforçar a ideia que preservo desde o início: eles são a diferença. E aquilo que fazem não é por acaso. Não é só o talento que os define, é todo este pensar fora da caixa, esta vontade de ir mais além. Nunca a expressão «são um banda do arco da velha» fez tanto sentido como agora. E sabem o que me conforta? É que por mais páginas que virem, por mais mudanças que façam, a essência continua a mesma!

«Seja Agora», dos Deolinda, e «Distância», dos Cindy Kat, são as duas primeiras escolhas desta saga de oito músicas. Começaram em grande e a partir daqui é sempre a subir! O que é que posso dizer sem me repetir? Torna-se difícil falar de pessoas geniais sem referir os mesmos elogios. Não é por mal, é mesmo porque as palavras acabam por nunca fazer justiça. E aquilo que eu mais gostava era de ter um conjunto delas que transmitisse na perfeição o trabalho incrível de interpretação, de produção, de voz, de tudo o que se pode ver. É incrível a capacidade de superação. O crescimento de cada um. O à vontade. O quanto tudo isto se nota de uma semana para a outra. Talvez pareça um exagero para alguns, mas sinto mesmo esta evolução constante.

Cada pormenor encaixa no outro como senão fizesse sentido ser de outra forma. O local do primeiro vídeo é de uma beleza arrebatadora. Enquanto o segundo nos transmite uma sensação de maior intimidade. E aquilo que nos passa é que cada música combina com o espaço em si. Há uma história que nos é contada a cantar. E esta magia que nos envolve, que nos impede de ficarmos parados enquanto a ouvimos, transporta-nos para momentos distintos. Reinventar aquilo que já conhecemos de cor só está ao alcance dos melhores. E com demonstrações destas não é difícil perceber que o futuro deles tem tudo para ser grandioso, até porque não merecem menos do que isso.

A autenticidade que nunca perderam torna-os inconfundíveis. Em qualquer parte do mundo, de olhos fechados, perceberia que são eles ao primeiro segundo. Mas isto só é possível porque desde cedo quiseram seguir um caminho muito próprio. E a prova disso é esta ideia fantástica que tiveram. Já os ouvimos cantar estas músicas várias vezes. E em todas elas acrescentaram sempre algo diferente. Nestas novas versões isso compreende-se com mais clareza. E são tão a cara deles que Aurora devia funcionar como um adjetivo, daqueles que nos enchem as medidas e nos aumentam o ego! 

Olhem para trás. Revejam todos os passos que deram até aqui. Orgulhosos? Eu estou. E muito. Que chegue rápido à próxima sexta!