nadar no escuro, tomasz jedrowski

Fotografia da minha autoria



«Há um limite para o ódio que uma pessoa consegue produzir, 
para o ressentimento que consegue guardar dentro de si»

Gatilhos: Homofobia, Uso de Drogas, Censura


O amor liberta-nos, no entanto, quando se afigura proibido, até onde estaremos dispostos a ir? E a que custo? Acho que é esta imagem que vamos desconstruindo ao longo do livro de Tomasz Jedrowski


 juventude, amor e perda

Nadar no Escuro leva-nos até à Polónia dos anos 80, do «outro lado da Cortina de Ferro», quando Ludwik e Janusz se conhecem num campo de trabalho agrícola. A relação entre ambos floresce, como se vivessem num mundo idílico, mas é quando regressam «à dura realidade de um país católico e comunista» que a paixão é posta à prova.

Creio que nunca perderam a lucidez, a noção de estarem a quebrar todas as normas, mas, naquele verão, limitaram-se a ser, a viver, num misto de inconsequência e de plena consciência quanto à finitude dos momentos. Nesta dança tão sincronizada, vamos compreender como os dois jovens têm visões e posturas amplamente antagónicas.

Fiquei encantada com o equilíbrio entre o contexto histórico e o contexto emocional, porque revelou-nos o necessário para compreendermos os permanentes debates/conflitos internos, para termos presente o que a repressão da sociedade pode condicionar a nossa liberdade. Ao mesmo tempo, demonstrou o quanto a culpa e o medo podem ser paralisantes.

Outro aspeto que achei interessante foi a referência ao livro de James Baldwin, O Quarto de Giovanni, não só pela importância da história, mas também por ajudar o protagonista a desbloquear certas questões. A forma como se cruzaram estes universos é preciosa, até porque fomentam um vínculo próximo, credível e representativo.

De uma forma simples, mas algo poética, acho que o autor nos levou numa travessia surpreendente. E é muito fácil colocarmo-nos no lugar de Ludwik e Janusz, questionando os nossos comportamentos e decisões perante uma situação semelhante: até que ponto conseguiríamos manter os nossos valores? Pesar-nos-ia a consciência, se cedêssemos?

Nadar no Escuro é incrivelmente triste e belo. É uma história de amor intensa, dividida por opções políticas, onde os sacrifícios e a perda caminham lado a lado. No final, creio que foi mesmo o amor próprio a vencer, pelo desabrochar da aceitação.


🎧 Música para acompanhar: Heart Of Glass, Blondie


Disponibilidade: Wook | Bertrand

Nota: Esta publicação contém links de afiliada da Wook e da Bertrand 

10 Comments

  1. Vou levar já a sugestão. Quero muito ler, fiquei curiosa com a história.

    Beijinho grande, minha querida!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Espero que gostes, minha querida, achei a história maravilhosa!

      Eliminar
  2. Ja ouvi falar e fiquei muito curiosa com esta sugestao :) Muito obrigada pela partilha *.*

    ResponderEliminar
  3. Andreia é uma ótima indicação pra ler, é uma história que nos faz refletir bjs.

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. É mesmo, Lucimar. Por tudo o que aborda, acho que vale muito a pena. E a escrita é maravilhosa

      Eliminar
  4. Este conheço. Ainda não li, mas tenho no kobo, salvo erro.

    ResponderEliminar