ENTRELINHAS //
SEJA O QUE FOR O AMOR
SEJA O QUE FOR O AMOR
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Fotografia da minha autoria |
«Uma carta em formato XXL»
O amor é indecifrável. Visceral. Carnal. Transcendente. É, em inúmeras ocasiões, o nosso maior impulsionador, mas também consegue ser um campo de batalha, que nos ensina a gerir o caos e a imprevisibilidade das relações humanas. No entanto, por muito que nos faça caminhar de coração nas mãos, é a maior prova da nossa resiliência e das metamorfoses que nos aproximam da versão mais saudável que todos os sentimentos deveriam transmitir. E são estas desconstruções que vamos fazendo através das palavras da Sofia Costa Lima [A Sofia World].
«A nossa facilidade de comunicação - muitas vezes sem termos
sequer de dizer uma palavra - ultrapassa-me imenso» [p:25]
Seja o Que For o Amor compila, em harmonia, textos, reflexões, emoções e vivências. É uma carta intensa e profunda, escrita de alma aberta. E, para mim, foi tão simples relacionar-me com a narrativa, que li-a num sopro. Embora não partilhemos uma história com contornos, totalmente, semelhantes, revi-me em imensas passagens, sobretudo, em vários estados de hesitação, dormência e dúvida. Aliás, um dos pontos fortes deste livro é a capacidade de a autora não mencionar nomes e permitir-nos, mesmo assim, imaginar diferentes rostos. E, por consequência, de nos transportar para a nossa realidade. Portanto, amparando-nos na sua partilha honesta, encontramos significado - e validação - para tudo aquilo que nos vai no lado esquerdo do peito.
«É estar perto de ti e sentir que é ali que devo estar, que é
ali o sítio onde pertenço. Que pertenço a ti, contigo» [p:51]
Há uma certa fragilidade emocional, num dialeto que todos conheceremos em algum ponto. Por essa razão, fui capaz de recuar a uma altura específica da minha vida - e a um nome em concreto. Só não tive coragem suficiente para admitir o que sentia. Vacilei, acobardei-me. Porém, dei tudo de mim por uma amizade que, depois, se quebrou. E foi nesta autoanálise que compreendi a necessidade de abraçar uma catarse que julguei já não ser precisa. Mas isso só foi possível pela sensibilidade inerente à escrita da Sofia, que tanto me inspira. Ainda para mais, quando reconhece a complexidade do tema, mas sem deixar de o explorar, porque há sempre aprendizagens à nossa espera. E a nossa experiência pode ser o colo que alguém procura. Nesta narrativa plural, que quase nos descreve, percebemos que nunca estamos sozinhos.
«A ironia daquele texto é que eu queria salvar-te. Achava que tu
é que precisavas de ser salvo. Esqueci-me de que eu existia» [p:102]
Este livro é feito de pessoas, de sorrisos, de lágrimas, de força. Alerta-nos para a importância de sabermos largar a mão, por mais que isso nos magoe. Destaca a capacidade de identificarmos as falhas, as exigências, o sufoco e o que não funcionou - e nem sempre é fácil expor esse nível de transparência e maturidade. Além disso, realça o poder da amizade, o sentido de presença - e de pertença - e o elo especial que fica para sempre. Há feridas que se abrem. Há mudanças inevitáveis. Há um profundo sentimento de gratidão. E deambulando por todas estas questões, que marcam fases distintas do luto amoroso, o desgosto transformou-se numa homenagem sincera, que nos desarma.
«Se a isso a que chamam destino existir, então ele pôs-te
no meu caminho mas enganou-se a pôr-me no teu» [p:113]
Ficamos sem defesas, quando abrimos o coração, quando demonstramos o que sentimos, porque estamos a abrir uma porta muito íntima. E, no mínimo, esperamos uma certa empatia. Pode não existir correspondência - o que seria sempre desejável -, mas tem de haver respeito. E esta gestão de expectativas vira-nos do avesso. Em simultâneo, nunca é simples remexer nas memórias, mas torna-se imprescindível para nos libertarmos das inseguranças, da negação e para sermos verdadeiros connosco; para sabermos desistir, confiar na nossa intuição e reconstruir-nos de dentro para fora. Assim, paramos de temer as despedidas e as saudades e priorizamos o que é, de facto, essencial, amando sem medos e sem culpas, mesmo que os caminhos se desfragmentem.
«E, por "deixar ir", eu quero dizer que deixas alguém
seguir o seu rumo de encontro à felicidade dessa pessoa,
sem esperares que esse rumo te inclua ou termine em ti» [p:155]
Seja o Que For o Amor é uma ode ao sentimento mais bonito da nossa vida, independentemente da sua natureza, da sua duração, do seu destinatário. Com alma e com música por dentro, mostra-nos que há amores que nunca terminam, apenas têm um final diferente. E chegará o dia em que não serão mais do que uma mera lembrança. Sem nos pesarem. Porque houve amor. E acabaremos por fazer as pazes com esse capítulo.
«Ali houve amor» [p:200]
Um livro com uma mensagem muito bonita 🧡🧡🧡
ResponderEliminarAssino por baixo, minha querida!
EliminarDeve de ser bem interessante.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de uma boa boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
Livros-Autografados
Sim, muito *-*
EliminarObrigada e igualmente, Francisco
Bom dia de paz, querida amiga Andreia!
ResponderEliminarUm livro que gostaria de ler
O título me interessou e as citações que você colocou são lindas.
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
É um livro que se torna muito próximo e especial :)
EliminarBeijinhos
O Amor é essencial para comandar a vida.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Não diria melhor, Isa!
EliminarDecerto um livro muito agradável de ler
ResponderEliminar.
Cumprimentos poéticos
Vale muito a pena!
EliminarOlá Gostei da sinopse que descreveste. Confesso que tuas palavras me suscitaram uma grande curiosidade.
ResponderEliminarVou tentar adquirir o livro ainda hoje, na Feira!
Grato pela sugestão.
A.S.
Espero que o consigas encontrar à venda :)
EliminarEu é que agradeço pela visita!
Quem sabe não compre para conhecer esse livro, pois ainda não tinha ouvido falar, mas sim tem uma mensagem bastnate bonita
ResponderEliminarBeijinhos
Novo post
Tem post novos todos os dias
Se tiveres interesse, recomendo imenso a leitura. Torna-se muito relacional
EliminarSe lesse o título, tenho a certeza que não olhava uma segunda vez para o livro, mas a tua opinião aguça a vontade de ficar a conhecer esta obra.
ResponderEliminarObrigada pela partilha!
Há títulos que nos afastam, compreendo. Mas, neste caso, acho que para além de fazer todo o sentido, estabelece uma ponta para a grande mensagem da obra. Aconselho, até porque é uma leitura muito relacional.
EliminarNunca li nada da autora.
ResponderEliminarMas parece-me uma boa sugestão de leitura.
Bom fim de semana, querida amiga Andreia.
Beijo.
Sou suspeita, mas recomendo imenso, Jaime :)
EliminarObrigada e igualmente
Estou absolutamente surpreendida pela forma extraordinária como conseguiste escrever sobre o livro! Não há palavras no mundo suficientes para agradecer tanto sentimento e um texto tão bonito, mas... muiiiiiiiiito obrigada! 🙏💙
ResponderEliminarA Sofia World
Dei o meu melhor para fazer justiça a esta obra. Fico de coração cheio por teres gostado 💙
EliminarNão tens de agradecer, é totalmente merecido. E a verdade é que ficou muito por dizer.