PROJETO 642 //
BLOQUEEI. E AGORA?

Fotografia da minha autoria


Tema: Como é que é ter um bloqueio de escritor


O drama da folha em branco é uma realidade. Não só pela memória visual do que teremos de preencher, mas também pelo desafio que se revela a construção da primeira frase ou do primeiro verso. E esta problemática pode despertar outra condicionante central: o bloqueio de escritor.

Num plano amador, formativo ou profissional, já todos o sentimos na pele. Porque as palavras, por mais inspiradoras e essenciais que sejam na nossa vida, nem sempre acompanham a nossa predisposição. E acabamos por não ser capazes de dar estrutura aos nossos pensamentos. Se, no começo desta jornada criativa, era frustrante chegar a este impasse - sobretudo, quando havia vontade e disponibilidade, mas a articulação do discurso não correspondia -, a verdade é que, passo a passo, fui aprendendo a relativizar. E a encarar estas circunstâncias com naturalidade. Porque faz tudo parte do processo. Sei que soa sempre a lugar comum, porém, foi das lições mais importantes que guardei. Porque me permitiu evitar algo pouco saudável: a cobrança em exagero.

Para quando surge a questão «bloqueei e agora?», há várias direções a seguir, até porque é um caminho singular [aquilo que funciona com uns não significa que resulte com os demais]. Portanto, é essencial conhecermo-nos. E estarmos conscientes dos mecanismos que nos possibilitam progredir. Como escrevo em avanço, aproveitando os momentos de maior criatividade, não sinto tanto este efeito paralisante. Apesar disso, faço questão de priorizar cinco truques.

 1. NÃO FORÇAR 
Não acordamos sempre com a melhor predisposição e não há qualquer problema. Se determinada ideia não está a fluir, permite-te não insistir. Por vezes, só precisamos de nos distanciar e de regressar com uma visão renovada, o que não seria possível, caso continuássemos a forçar um conteúdo que não tinha de seguir aquele rumo definido.

 2. ESCREVER SEM OBRIGAÇÕES 
Na sequência do ponto anterior, podemos optar por, mesmo assim, escrever. Sem estarmos preocupados com estruturas, com pensamentos lúcidos, com a mensagem propriamente dita. Só pelo prazer de ver um texto a nascer. E podemos partir do tema que despoletou o bloqueio ou, então, seguir uma linha completamente distinta. Porque, acredito, é algo que nos retira pressão e nos deixa mais leves. Depois de nos libertarmos desse fantasma e de termos feito um exercício de escrita autónomo, encontramos novas ferramentas para explorar a temática. Se, apesar disso, não resultar, retomem o tópico um e tentem mais tarde.

 3. OBSERVAR. LER. ESCUTAR 
Encontrem inspiração noutras fontes de cultura, porque ajudam muito a alargar horizontes e a perceber que há muitas perspetivas para o mesmo assunto [e isso é, também, válido para quando não estão a enfrentar um bloqueio]. Assim, vejam um filme, uma série, um documentário. Ouçam música. Leiam. Conversem. Façam uma caminhada. No fundo, desliguem do papel e concentrem-se noutras atividades, porque vos dão outra propriedade, outra maturidade, outros pontos para eventuais reflexões.

 4. LISTEM CONTEÚDO 
O vosso bloqueio não vos permite construir o texto, mas certamente que não vos impede de ter uma ideia do que pretendem abordar - só não estão a saber qual a melhor forma de o fazerem. Então, anotem tudo o que pretendem incluir, porque, deste modo, garantem que, quando este contratempo vos libertar, têm todos os pontos à vossa disposição.

 5. RESPIREM. RELAXEM. OUÇAM-SE 
Nenhum dos aspetos supracitados funcionará, se não conhecerem o vosso ritmo e não ouvirem o vosso corpo, a vossa mente e a vossa agenda. Há alturas em que vamos lá por tentativa-erro, outras quando nos tornamos mais disciplinados. E há sempre quem trabalhe melhor sobre pressão [e eu encaixava muito neste último grupo, principalmente, durante a faculdade]. Por isso, respirem. E, por favor, não se comparem, porque isso só vos levará a sentir uma pressão desnecessária. Acreditem, tal como as tempestades, nenhum bloqueio durará eternamente. É uma fase.

Esta questão pode ser mais fácil de gerir, caso não existam obrigações associadas. Logo, é crucial adaptar cada dica [estas ou outras] ao nosso contexto, para que a experiência seja a mais benéfica. Independentemente de tudo, e porque nunca é de mais reforçar, é uma consequência natural do processo de escrita. E, se os bloqueios existem, não desesperem, pois é sinal de que estão a [tentar] criar.


[Publicação inserida no Projeto 642]

Comentários

  1. Acontece-me tanto mas sigo as tuas dicas e tudo fica muito mais fácil 💫✨

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    1. Sim, sobretudo, se existir algum prazo ou obrigação associados.
      Obrigada e igualmente

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  3. Acontece-me muitas vezes, nessas alturas opto por ir fazer outra coisa. Ler, passear, ouvir música, apesar de não me conseguir desligar e continuar a pensar nesse bloqueio. Felizmente, as ideias acabam por surgir :)

    Beijinho grande!

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    1. Acredito que é mesmo o melhor método, até porque desanuviamos e os nossos pensamentos podem concentrar-se noutro assinto :)

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  4. É frustrante o bloqueio mas quando nos desligamos e focamos em outra atividade ele desaparece naturalmente
    Acontece-me também muitas vezes
    Um ótimo final de semana
    Beijinhos

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  5. Quando a inspiração falta mais vale não insistir e esperar que ela volte!

    Isabel Sá  
    Brilhos da Moda

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  6. BLOQUEEI várias vezes durante o meu tempo de estudante, na UNI Düsseldorf, AGORA ESCREVO SEM OBRIGAÇÕES.

    A fotografia, como SEMPRE, um encanto!!!

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    1. Durante o meu tempo de estudante, também me aconteceu várias vezes. E acabava por trabalhar sempre no limite :p
      É bom dar essa liberdade à nossa mente criativa

      Muito obrigada!

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  7. Excelentes dicas! A minha preferida é a última, porque também é a mais difícil de cumprir. Muitas vezes ouvimos primeiro a frustração e só depois nos lembramos de respirar fundo.


    A Sofia World

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    1. Muito obrigada!
      Sim, sem dúvida, até porque é sempre mais complicado aceitarmos que está tudo bem em bloquear, em não acordarmos todos os dias inspirados para escrever. Parece que respirar não é aceitável, mas deveria ser o nosso passo principal

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  8. Boas dicas para quando, na escrita, se bloqueia, se desbloquear. Já me tem acontecido. Quando o bloqueio é, mesmo, a sério. O melhor é desistir do que teimar em continuar.

    Tenha uma boa noite de Sábado e um excelente dia de Domingo Andreia.

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    1. Também prefiro desistir por um momento e, mais tarde, retomar a ideia do que estar a insistir e condicionar todo o processo de escrita.

      Obrigada e igualmente, Edumanes

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  9. Sem dúvida que é uma das coisas que acontece bastante, mas adorei bastante a tua partilha
    Beijinhos
    Novo post
    Tem post novos todos os dias

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  10. Óptimas dicas, Andreia! É essencial não forçar e não achar que temos de o fazer por obrigação. é um processo natural e tem de ser vivido como tal.

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    1. Muito obrigada, Catarina :)
      Sem dúvida! Até porque, ao forçarmos, vamos acabar por fazer pior. Mais vale retomarmos mais tarde, com a cabeça fresca

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  11. às vezes acontece no blog, que é o meu (único) espaço de escrita: não há ideias. Não nos ocorre nada. Excelentes ideias. Obrigado :p

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    1. E não há mal nenhum isso, porque não acordamos sempre inspirados. Claro que há dias em que é mais complicado gerir essa condicionante, mas faz parte do processo :)
      Ora essa! Obrigada

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  12. Nossa me identifiquei bastante acontece muito comigo, antes de ter blog eu tinha um diário onde o blog agora passou a ser.. estou sempre em bloqueio por aqui mais ainda consigo seguir a diante... otimas dicas !
    segredosdamarii.blogspot.com

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    1. Acho que o segredo é mesmo desanuviar e não insistir.
      Muito obrigada :)

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  13. Acontecem-me muitas e muitas vezes. Agora relaxo. Não me forço. Antes forçava e acabava por ficar ainda mais frustrada. Sobretudo o não escrever por obrigação, ajudou-me imenso! Sinto que agora flui muito mais as ideias e é-me mais fácil escrever. Adorei as dicas 😍

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    1. Acho que insistir só faz com que a frustração seja maior. E não há necessidade, até porque a escrita deve-nos transmitir alguma paz e não ansiedade.
      Muito obrigada 💫

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  14. Já tive alguns e não é agradável. 🙄

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