Entre Margens

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«A vida é feita de momentos colecionáveis»


O meu amor por setembro é antigo, fazendo-me recuar ao tempo da escola, ao regresso às aulas, à magia de comprar o material escolar, de manusear e folhear os manuais (menos a parte de os plastificar, porque não fui dotada desse talento) e ao colo dos amigos de infância, da adolescência, da transição para a vida adulta. Portanto, esta noção de retomar algo motiva-me e faço por revestir setembro com essa energia, mesmo que o ambiente académico já esteja distante. Sinto que passou num sopro, mas trouxe-me coisas maravilhosas.


       MOMENTOS       

Feira do Livro do Porto
A minha ida à Feira do Livro do Porto não ficou restrita a um só momento, por isso, regressei aos Jardins do Palácio de Cristal. Num dos dias, fui com a Sofia assistir à conversa com o Martim Sousa Tavares e, depois, fiquei para escutar o concerto de JP Simões. No dia seguinte, marquei presença na conversa com Rui Cardoso Martins e despedi-me do evento ao som de Samuel Úria. A edição deste ano deixou-me de coração cheio.

Todas as Coisas Maravilhosas
A primeira vez que ouvi falar sobre o monólogo de Duncan Macmillan - Every Brilliant Thing - foi no podcast Ponto Final, Parágrafo. Quando percebi que o Ivo Canelas o iria interpretar, quis muito que a peça voltasse ao Porto e esse momento aconteceu, no passado dia 15 de setembro. Honestamente, continua a parecer-me surreal ter testemunhado esta experiência única, mas, para não me repetir, podem ler sobre ela aqui.

      

      

      

      

Outros apontamentos bonitos do mês: Jantar entre amigos, o Porto entrar a ganhar na Liga dos Campeões, comprar o livro No Meu Bairro (Lúcia Vicente & Tiago M) e bilhetes para o terceiro solo do Pedro Teixeira da Mota - Pata de Ganso -, ter novas pessoas a subscrever a newsletter e o regresso de Taskmaster.


       LEITURAS       

📖 A Profeta, Maria Francisca Gama
Alma Lusitana

📖 Mundo Belo, Onde Estás, Sally Rooney
Clube Leituras Descomplicadas

📖 Trilogia Paternidades Falhadas, Valério Romão
Alma Lusitana

📖 Meio Sol Amarelo, Chimamanda Ngozi Adichie
Clube do Livra-te


Outras leituras do mês: 
Sal (João Andrade), Aqui é Um Bom Lugar (Ana Pessoa), Autobiografia Não Autorizada (Dulce Maria Cardoso), O Terceiro País (Karina Sainz Borgo) e Pessoas Que Conhecemos nas Férias (Emily Henry)


     FILMES, SÉRIES & PODCASTS     

Glória - Os Bastidores
A série Glória acabou por não me arrebatar como imaginei. Surpreendeu-me no final e deixou-me com vontade de saber mais sobre Raret, mas sinto que se perdeu um pouco pelo meio, com intrigas confusas e desnecessárias (para mim, claro). Apesar disso, não quis perder o documentário sobre os bastidores, porque acredito que nos permite olhar para o projeto com outra visão do mesmo. Além disso, acho fascinante perceber como é que se passa de uma ideia para algo concreto, como é que as cenas ganham corpo no ecrã; perceber o que é real e o que foi construído para o propósito, quais as adversidades e como as superaram. Desde os avanços tecnológicos à pós-produção, passando pelo trabalho dos duplos e por todas as tarefas que nos parecem invisíveis, mas que são cruciais para que o trabalho resulte, achei este documentário fantástico.

Histórias da Montanha
O projeto Histórias da Montanha é baseado nas obras Contos da Montanha e Novos Contos da Montanha, de Miguel Torga. Assim, na RTP, poderemos assistir a cinco histórias adaptadas ao grande ecrã, ficando a conhecer cinco «retratos de vidas humildes, em Portugal, nos anos 40», mostrando, ainda, o olhar de uma comunidade rural, no qual o sofrimento, a violência e o isolamento são conceitos comuns. Até à data, vi A Maria Lionça e O Leproso e estou a gostar imenso da abordagem e das reflexões que nos potenciam.

A Vida é um Autocarro Vazio
Maria Judite de Carvalho está a ser uma das minhas maiores descobertas literárias. No passado dia 19 de setembro, na RTP2, foi exibido um documentário sobre a vida e obra da autora e, claro, tive de o ver, para saber mais sobre esta mulher tão silenciosa, mas com tanto a dizer sobre o mundo. Há um contraste entre a vida lá fora e a vida dentro do seu quarto. Ouvimos narrações dos seus textos e testemunhos de pessoas próximas, que partilharam memórias de Maria Judite de Carvalho e o impacto que os seus livros tiveram nas suas vidas. Além disso, fazemos uma viagem pela sua infância, marcada por perdas e um certo vazio afetivo. Sendo a morte um terceiro elemento, torna-se percetível que utilizou a escrita para preencher ausências.

Podcasts
🎤 Isso Não Se Diz ep.23, episódio em que Bruno Nogueira conversa com Miguel Esteves Cardoso;
🎤 Coisa Que Não Edifica Nem Destrói, podcast de Ricardo Araújo Pereira;
🎤 Vale a Pena, de Mariana Alvim, com Lénia Rufino e com Rita da Nova.


       À MESA       

Café/Bar M.Ou.Co
No dia da peça Todas as Coisas Maravilhosas, jantamos no M.Ou.Co, porque era mais cómodo. A sala é bastante agradável, com espaços onde me imaginava, facilmente, a escrever e a produzir conteúdo, só tenho pena de não termos conseguido desfrutar da refeição com tempo, porque o espetáculo era às 20h e não houve possibilidade de chegarmos com grande antecedência. Ainda assim, é um local onde pretendo regressar.

   

O outono combina com dióspiros e eu já me deliciei com os primeiros que chegaram cá a casa.


       ENTRE LINHAS       

Mais Que Palavras
A Sara avançou com um projeto muito interessante: um clube de leitores solidários. O objetivo é trazer a conexão do digital para o meio real, promovendo uma partilha sobre livros, ao mesmo tempo que se apoiam causas solidárias. Deste modo, o Mais Que Palavras terá quatro eventos presenciais (um em cada estação do ano), com convidados, nas instalações da Book-a-Wish. A participação nestes eventos requer uma inscrição, na qual farão um donativo - esse valor será convertido num vale que poderão trocar por livros (na livraria Book-a-Wish). Para mais informações, não deixem de entrar em contacto com a Sara.

Dedica Livros
As dedicatórias e/ou as epígrafes podem ser o impulso que nos leva a descobrir um livro - ou, então, podem complementar o traço emotivo que o reveste. Se estes detalhes vos fascinam, tenho a página ideal para seguirem: Dedica Livros, da Marisa Vitoriano. Achei o conceito maravilhoso e também acredito que acabarei por descobrir histórias que, talvez, me passassem despercebidas. E podem enviar sugestões à Marisa.


       JUKEBOX       

Top 6 de favoritas
🎧 De La Mano de Tu Voz, Salvador Sobral & Silvana Estrada;
🎧 Descompromisso, Tomás Adrião;
🎧 Caixas, João Couto;
🎧 Vida Lá Fora, Janeiro & Paulo Novaes;
🎧 A Sorte, Miguel Marôco;
🎧 A Tua Rua, Gustavo Reina


Álbuns
🎵 Guts, Olivia Rodrigo;
🎵 Ilustre Desconhecido, Mundo Segundo;
🎵 Voltar, Buba Espinho;
🎵 Os Miúdos Estão Bem, Bela Noia;
🎵 Até ao Sol, Elisa Rodrigues;
🎵 Contornos, Mimi Froes;
🎵 Canto Solto em Parte Incerta, Mariana Rebelo;
🎵 Lugar, Francisco Moreira.


       GRATIDÃO       

«- É o que somos.
- Somos o quê?
- Rascunhos que não vamos passar a limpo»

Sinto-me grata por ter visto um dos meus atores favoritos a interpretar um (quase) monólogo tão comovente, por matar saudades das minhas pessoas e por ver que a luta por um mundo inclusivo não será silenciada.


Como foi o vosso mês?

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A banda sonora de uma viagem literária


A playlist de setembro ficou bastante emocional, porque precisava que essa carga emotiva transitasse das leituras que fiz para a música. Além disso, colocou-me no caminho de vários artistas que não costumo ouvir.


SAL, JOÃO ANDRADE
Praying, Kesha ▫ Esta associação exigiu um pouco mais de pesquisa, porque não estava a conseguir lembrar-me de uma letra que pudesse ser enlaçada à narrativa. Depois de algumas tentativas falhadas, apareceu-me esta da Kesha e senti que tinha de ser ela, sobretudo, por causa destes versos: «Cause you brought the flames and you put me through hell (…) And we both know all the truth I could tell». Não sei se Sal conseguiu libertar-se dos monstros que a habitam, muito menos sei se espera que quem lhe fez tanto mal esteja a mudar, mas vai aprender a lutar sozinha.

AQUI É UM BOM LUGAR, ANA PESSOA
Teresa, Capitão Fausto ▫ A protagonista deste livro é Teresa. Uma das rimas que fazia com o seu nome era Teresa tristeza, por isso, procurei por essa designação. Depois, teve um professor que lhe disse que devia correr como uma gazela. O que é que isso interessa para esta associação? Tudo, porque o tema Teresa pertence ao álbum Gazela, dos Capitão Fausto. Além disso, como sinto que a nossa adolescente, dentro da banalidade dos dias, procurava por atenção e por ser diferente (como procuramos sempre, quando ainda não sabemos bem quem somos), senti que os astros se alinharam nesta combinação.

O DA JOANA, VALÉRIO ROMÃO
The Crying Light, Antony and the Johnsons ▫ Joana tinha um fascínio pela voz do Antony, portanto, rapidamente percebi que teria de ser uma música da sua banda a acompanhar este livro. The Crying Light pareceu-me a mais apropriada pela melodia melancólica, pela agonia, por todas as lágrimas que caem nas entrelinhas e por um segredo que parece ser partilhado entre estes dois registos.

A PROFETA, MARIA FRANCISCA GAMA
Profeta da Desgraça, SAL ▫ «O sangue a fervilhar» de vingança, ainda que venha camuflada de uma aparente justiça, foi o que me ocorreu, quando terminei a leitura, por isso, fez-me todo o sentido associá-la ao tema dos SAL. Além disso, quando cantam «Traz o nó bem apertado/O discurso inflamado/O alvo bem apontado/E começa a disparar» fizeram-me lembrar da protagonista. E como o pior cego é aquele que não quer ver, ela foi ganhando palco e poder.

MUNDO BELO, ONDE ESTÁS, SALLY ROONEY
Someone To Stay, Vancouver Sleep Clinic ▫ As personagens deste livro nunca estiveram realmente sós, mas há coisas que não controlamos e há sempre momentos em que nos sentimos desamparados, como se não existisse alguém para nos dar a mão. Por esse motivo, cada uma à sua maneira precisava de encontrar alguém que ficasse, que mostrasse que estaria ali, independentemente de tudo. Ao percorrer uma playlist com o mesmo nome da obra de Sally Rooney, senti que esta espelhava isso mesmo (a começar pelo título), depois reforcei essa certeza ao ler «Clinging to the ruin of your broken home» e «You've been fighting the memory, on your own/Nothing worsens, nothing grows». Além disso, todos nós precisamos de alguém para abraçar e estes protagonistas não são exceção.

MEIO SOL AMARELO, CHIMAMANDA NGOZI ADICHIE
Sawale, Cardinal Rex Jim Lawson ▫ Há uma passagem nesta história que menciona o cantor Rex Lawson. Uma vez que representa um momento leve, divertido, onde sobressai uma certa felicidade, optei por me concentrar nessa imagem e associar um tema de um dos pioneiros da música high life. Existe muita dor e tragédia nestas páginas, mas também há traços de esperança, que nos acalentam.

AUTOBIOGRAFIA NÃO AUTORIZADA, DULCE MARIA CARDOSO
De Volta Pro Aconchego, Elba Ramalho ▫ A autora sabe de cor as canções do Roque Santeiro (uma telenovela brasileira) e a referência à banda sonora repete-se em algumas crónicas, por isso, e porque também acho que em muitas delas se notam passagens de saudade, fez-me todo o sentido associar esta música da Elba Ramalho.

O TERCEIRO PAÍS, KARINA SAINZ BORGO
Fronteiras, Guadi Galego ▫ O livro da Karina Sainz Borgo é feito de muitas fronteiras. Não me parece que seja «ali onde acalmam os ventos», mas o dia «vai perdendo o tempo» e os amores vão ficando «cada vez mais frios». Por outro lado, temos duas protagonistas que procuram por alento e que, à sua maneira, traçam «um novo mapa». Assim, ao escutar este tema, senti uma certa ligação, até pela imagem do «pássaro aventureiro», que encaixa na perfeição em Angustias e em Visitácion Salazar.

CAIR PARA DENTRO, VALÉRIO ROMÃO
You Don't Remember Anymore, Non Talkers ▫ Em 2021, no dia em que se assinala o Dia Mundial do Alzheimer, a banda portuguesa lançou uma música sobre o tema. Não a conhecia, mas percebi que seria a escolha mais indicada para o livro de Valério Romão, atendendo a que uma das protagonistas começa a demonstrar sinais desta doença.

PESSOAS QUE CONHECEMOS NAS FÉRIAS, EMILY HENRY
I Only Have Eyes For You, The Flamingos ▫ A viagem teve vários desencontros, vários altos e baixos emocionais, diferentes rotas e pessoas, mas a verdade é que (e perdoem-me o spoiler) os protagonistas não tinham olhos para mais ninguém. Portanto, apesar de todas as referências musicais possíveis, muitas delas escritas ao longo da narrativa, só podia ser esta a associação.

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«Um momento determinante na história moderna de África»

Avisos de Conteúdo: Violência, Luto, Linguagem Explícita


O meu caminho literário só se cruzou com Chimamanda Ngozi Adichie por duas vezes, mas, em ambas, fui arrebatada pela escrita e pela forma como borda as narrativas. Aproveitando a Feira do Livro do Porto e o facto de ser uma das sugestões do Livra-te, investi em mais uma obra sua. Quando a terminei, houve uma pergunta a ecoar em mim: como é que um livro consegue ser tão duro, tão angustiante e, ao mesmo tempo, tão belo?


CRUZAR UM MOMENTO DA HISTÓRIA DE ÁFRICA COM A HISTÓRIA DE CINCO PERSONAGENS

Meio Sol Amarelo divide-se entre o início e o fim dos anos 60, entre a Nigéria e o Biafra e entre a vida de cinco personagens inesquecíveis: Ugwu, um criado de treze anos, Odenigbo, professor universitário com espírito revolucionário, Olanna e Kainene, gémeas e de uma família ibo, e Richard, um jornalista inglês. A forma como as suas histórias se relacionam e influenciam é fascinante - e transportam-nos para realidades distintas.

«Como é que podemos lutar contra a exploração se não tivermos as ferramentas necessárias 
para compreender o que é a exploração?»

Foi uma leitura com diferentes níveis de investimento, porque sinto que a primeira parte nos exige um ritmo mais lento - pelos capítulos longos e pela apresentação dos protagonistas -, mas todas as outras despertam uma certa urgência para descobrirmos a ficção histórica e os dramas familiares. Aliás, quando se torna evidente que são entidades indissociáveis, pelas decisões que implicam os dois lados, envolvemo-nos mais.

«Foi a primeira vez na vida que sentiu que poderia pertencer a um lugar»

Estava com receio que a alternância temporal trouxesse alguma confusão ao enredo, no entanto, até esse aspeto fluiu de um modo natural, lógico. O período histórico retratado não é isento de brutalidade, problemas internos, questões económicas e de independência. Há grupos com um enorme poderio e populações massacradas. Há revolta, perspetivas religiosas, mortes e uma tremenda sensação de impotência por todos os inocentes apanhados na tragédia, que marca a história moderna de África. Pelo meio, compreendemos como é que as personagens se movimentam, quais os seus valores e como é que os seus elos se vão afunilando.

«Estava exausta de tanto medo»

A maneira como a autora consegue, no mesmo plano, discorrer sobre política e sobre amor inebria por completo. Além disso, tem a capacidade de nos fazer transitar entre vários conflitos (internos e externos), mostrando-nos que todos eles são paralisantes e um retrato da condição humana. Há decisões que têm de ser tomadas, mas isso não as torna fáceis, por isso, a noção de lealdade, nação e família é colocada à prova.

«Havia qualquer coisa de quebradiço nela e teve medo que se partisse ao mais pequeno toque»

O caminho é feito de encruzilhadas e nenhum quer ir sozinho. Entre o passado e o presente, a guerra molda-os e isso fica claro nos seus comportamentos, nas relações que se quebram e nas que se edificam. Eles desmoronam e nós desmoronamos em conjunto, porque é impossível ficarmos indiferentes a esta(s) história(s), à densidade dos seus problemas e ao que, inevitavelmente, se perde nos destroços - locais e emocionais.

«Não podemos continuar a bater nas pessoas só porque a Nigéria nos está a bater a nós»

Desde a construção das personagens até à construção da narrativa, tudo encaixa na perfeição. Emocionei-me, ri-me, revoltei-me, senti-me sem chão e vi um raio de esperança, porque Meio Sol Amarelo é um livro cheio de camadas. Chimamanda tem um talento impressionante e o desfecho deste livro ficará sempre comigo.


🎧 Música para acompanhar: Sawale, Cardinal Rex Jim Lawson

📖 Da mesma autora, li e recomendo: Notas Sobre o Luto e Americanah


◾ DISPONIBILIDADE ◾

Wook: Livro | eBook
Bertrand: Livro | eBook

Nota: O blogue é afiliado da Wook e da Bertrand. Ao adquirirem o[s] artigo[s] através dos links disponibilizados estão a contribuir para o seu crescimento literário - e não só. Muito obrigada pelo apoio ♥

Fotografias da minha autoria



«Três temas ligados à família»


O meu primeiro contacto com Valério Romão foi através de uma partilha no Instagram: escreveram sobre Autismo e a minha atenção foi logo conquistada. Por esse motivo, e tendo em conta as palavras elogiosas, revolvi lê-lo e a verdade é que a escrita e a narrativa deixaram-me com vontade de descobrir mais deste autor.

Corta para o momento em que construí a lista do Alma Lusitana, para a edição deste ano, porque pareceu-me a oportunidade ideal para completar a trilogia Paternidades Falhadas, composta por Autismo, O da Joana e Cair Para Dentro. As histórias são independentes, no entanto, há fios invisíveis a uni-las, seja pela sensação de falha, seja pelos contextos que acabam por se relacionar. E há, em todos elas, uma grande vulnerabilidade.


AUTISMO


Gatilhos: Referência a Droga, Pensamentos Suicidas, Abandono; Linguagem Explícita


A história que inicia esta trilogia tem um tom autobiográfico, atendendo a que parte da experiência pessoal e familiar de Valério Romão. Através de Marta e Rogério, acompanhamos um casal a partir do momento em que este «nota as diferenças comportamentais e de desenvolvimento do filho» Henrique.

«Numa empatia magnética, caíram nos braços um do outro e deixaram-se levar pelas lágrimas»

Entre a ansiedade de um diagnóstico, a procura por terapia e os tratamentos, há uma carga emocional que influencia não só a relação entre pais e filho, mas também entre o casal. São momentos de desespero e as forças tornam-se débeis, sendo evidente o sentimento de culpa e a noção de abismo. Além disso, experienciam a solidão e um debate interno constante: por um lado, vemos uma mãe dedicada, por outro, vemos um pai incapaz de aceitar o filho. Nesta dualidade, há uma pergunta a pairar: e se Henrique não existisse?

«(...) porque as palavras têm um peso distinto quando há testemunhas, adquirem outra violência»

Autismo é um livro doloroso, que nos tira de qualquer zona de conforto, uma vez que nos impulsiona a refletir sobre escolhas, sobre expectativas e sobre aquilo que seríamos nós a fazer, caso estivéssemos no contexto dos protagonistas. Com uma escrita frenética e crua, chega a sufocar, a afligir pelo desnorte, pela falta de respostas e pela sensação de estarmos a falhar num papel específico - e, aqui, refiro-me a um nós pelo simples facto de nos sentirmos parte deste enredo. Colocando o espectro do autismo como peça central, ficamos mais conscientes dos seus condicionantes, ao mesmo tempo que somos convidados a reconsiderar tudo aquilo que implica em quem o sente na pele, nos pais, no casal, na família, porque as repercussões afetam um todo, diariamente, ainda que em graus distintos. Acho que continuo a processar o final.


O DA JOANA


Gatilhos: Saúde Mental, Violência Obstétrica, Morte, Luto, Cenas/Linguagem Explícitas


O da Joana é o segundo volume da trilogia e centra-se num casal à espera do primeiro filho. Entre a ansiedade que antecede o momento e todas as mudanças necessárias para acolher uma nova vida nas suas dinâmicas e na casa que têm em comum, há algo que se altera aos sete meses, «quando rebentam as águas de Joana». Apesar de Jorge pensar que há males que vêm por bem, não imaginam os dramas que os esperam.

«(...) e Joana, ainda parcialmente povoada do sonho, treme, por pensar que pode ter trazido, 
do outro lado do sono, mais do que a incorporeidade de um grito»

É um sofrimento que vem de dentro, que nos deixa quase em apneia, porque é aflitiva a forma como a história se desenrola, como o caos e o desrespeito imperam num ambiente que deveria ser seguro. Foi de uma brutalidade imensa perceber que, talvez, este retrato não esteja assim tão longe da realidade e que sejam mais as «Joanas» desamparadas, diminuídas e violentadas num momento de extrema fragilidade. Há, ainda, uma atitude de desumanização e isso, em parte, também se deve a uma «organização fabril da maternidade», como se as mulheres deixassem de ser pessoas e passassem a ser só a imagem de um produto, de uma tarefa.

«(...) e os dois dizem estas coisas olhos nos olhos, o veículo pelo qual a verdade ou a mentira navegam mais depressa»

No meio da tragédia, simulam uma normalidade que não existe, mostrando-nos que é ténue a linha que nos separa da loucura. Por isso, embarcamos numa viagem intimista, que nos faz questionar a moralidade dos intervenientes e que nos mostra uma tentativa de inverter uma situação traumática, embora o desespero fique cravado na pele para sempre. O final, confesso, é que me parece algo desfasado de tudo o que aconteceu.


CAIR PARA DENTRO


Gatilhos: Abandono, Doença Degenerativa


O ciclo fecha-se com uma história desarmante, espelho da condição humana e de todas as suas contradições.

«as pessoas gostam de promessas, dona Virgínia, e não parecem importar-se muito com o facto de 
poderem estar desligadas da realidade que as sustenta»

Cair Para Dentro divide-se entre Virgínia e Eugénia: Virgínia é a antiga Presidente da Junta de Freguesia, Eugénia é Professora Universitária. A uni-las têm o vínculo de mãe e filha e uma doença degenerativa, que as condiciona a ambas. Ainda assim, é a filha Eugénia que sente o impacto maior desta situação clínica.

«Os primeiros tempos fora da junta custaram-me muito, não ter horário, não ter motivo para sair de casa»

O livro é duro, mas tem poesia dentro. É feito de pessoas, de visões/vozes distintas, que nos mostram diferentes partes da mesma história, e das suas dores. Através de uma relação familiar fragmentada, partimos para vários lugares: o peso do passado, a sensação de abandono, a monoparentalidade, a impotência, as consequências do Alzheimer cada vez mais expressivo, a dependência emocional, a frustração, o sufoco, as dificuldades económicas e o futuro incerto. Para culminar, há uma solidão que se torna desesperante.

«(...) é esta sensação atroz de vê-la cair cada vez mais fundo naquele poço de onde cada vez menos frequentemente volta»

Senti, por vezes, o ritmo oscilante, mas fui sempre embalada pelos desencontros destas personagens, destas vidas. Além disso, achei muito interessante ver como os papéis se invertem, como a angústia e a incapacidade são quase uma terceira entidade e como é que num espaço que deveria ser de afeto se nega um lar.

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- título inspirado numa frase dita por Inês Meneses -


Assusta-me o vazio, o fosso que se começa a sentir entre nós. E sabes o que é pior? É sentir que estamos confortáveis com essa decadência, com frases que se camuflam em banalidades como «não tinha algo de novo para contar» ou «não quis incomodar». Desde quando é que nos fechamos neste vácuo emocional?

Pode não ser amor, mas, entre duas pessoas que se querem tanto, há sempre assunto. Se não existir, inventa-se. Reformulo, é amor, mas um amor sem intenções românticas. É amor na certeza de não poder existir incómodo entre alguém que, por vezes, nos conhece melhor do que nós. É impossível que esta sintonia nos descoordene os passos. Recuso-me a aceitar que seja o fim da corrida e que, depois disto, não exista nenhum outro horizonte, como se tivéssemos chegado a uma rua sem saída. Tem de ser um equívoco qualquer.

Tenho medo de termos esgotado as palavras, de termos percebido que, afinal, não fazemos assim tanta falta na vida um do outro. Apoquenta-me que a ligação não seja assim tão forte e que se vá enfraquecendo aos poucos, até já não restarem sinais da nossa presença, sendo só a imagem de uma casa abandonada, a ruir.

Um dia, tudo muda: as pessoas vão embora, os sonhos desfazem-se e percebes que já estava tudo em mudança antes, apenas não quiseste ver isso. As pessoas já tinham partido, os sonhos já se tinham quebrado, até já havia destroços, porque estás desfeito por dentro, só que preferiste adiar e ignorar as evidências.

Detesto a insegurança deste silêncio imposto, mas a vista do outro lado do passeio chama-me e talvez seja o sinal que preciso para atravessar a rua e deixar de correr: não para atingir a meta, para atingir a liberdade.

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Uma viagem literária para descobrirmos os nossos autores


O mês de outubro, talvez pela semelhança das letras, transmite-me toda a energia e aconchego do outono. Por isso, o Alma Lusitana traz um autor cujas obras já são um conforto, porque escalou para o grupo de favoritos, e o conforto da descoberta, porque conhecerei uma nova autora, mas cujo livro já habita cá em casa desde 2021. Além disso, senti necessidade de incluir um livro extra, de modo a dar voz a uma luta em que acredito.


RAQUEL SEREJO MARTINS

É natural de Trás-os-Montes, economista e «todos os dias ouve uma canção do Sinatra, do Sabina ou do Buarque». Além disso, também faz por ler, pelo menos, um poema por dia. O seu percurso literário já é vasto e divide-se entre o romance, a poesia e uma peça de teatro - mas também já escreveu duas canções.

      

A Solidão dos Inconstantes: «O relógio, o chefe, os sapatos, as gravatas, o aspirador, o fogão, o mecânico de automóveis, o trânsito, a TV, o sofá, o café, o tabaco, as chuvas, as luas, as chaves, as portas, a rede, a sede, o jardim, o gato, o aquário onde demasiados morrem afogados para lá da linha do equador. Então, no limite da lucidez, ou talvez da inconsciência, as palavras transformam-se em interrogações, o que foi feito de nós. Onde está a pessoa que eu sonhei, que eu queria ser, ou simplesmente o eu que conhecia! Chamam inconstantes aos que fazem demasiadas perguntas, e é solitária a procura das respostas».

Pretérito Perfeito: «Pudesse toda uma vida caber num livro? Nestas páginas, assombradas pela inevitabilidade da morte, as memórias são o pretérito perfeito do verbo viver. Eu vivi, diz-nos a personagem principal desta autora, hábil na construção da narrativa, na forma como nos leva pela mão até ao fim, a um fim anunciado que reforça apenas essa capacidade ímpar de agarrar o leitor. É o que Raquel Serejo Martins faz neste livro que deve ser lido, como todos os livros que sabem a gente, a vísceras, a medos e alegrias, a histórias contadas e passadas. Um livro com alma, portanto».

Aves de Incêndio: «Depois de beijo inaugural/o ângulo agudo fica obtuso,/todas as palavras acentuadas e esdrúxulas./Depois, o mundo do avesso,/sentes-te um menino travesso,/percebes que há coisas sem preço,/e escolhes sempre a doçura».


      

Subúrbios de Veneza: «Um livro de poesia que dentro tem corações aos molhos, dióspiros, beijos sem barulho, o Cave, o Cale, o Cohen, cães, gatos, cigarras, mosquitos, canções do Chico e canções do Palma, cometas, bancos de jardim, Paris, Jerusalém, Los Angeles, Itália, relógios de bolso, cortinas, colchões (...) Um livro de poemas de amor, de poemas nos antípodas do amor, conforme a cor dos olhos do coração do leitor».

Os Invencíveis: «Onde?/Diz-me, onde me queres?/De quatro num quarto de hotel?/Nos quartos de Hotel nâo parecíamos nós, de férias, audazes como peixes».

Plantas de Interior: «Sim, envelhecer deve ser isto, uma absoluta falta de paciência para histórias repetidas, mesmo se já só canto canções antigas».


      

Preferia Estar em Filadélfia: «Entre a infância e a idade adulta. Entre os subúrbios e a cidade. Entre a pobreza e a prosperidade. Entre a intimidade e a distância. Entre a opacidade e a transparência. Entre o amor e a indiferença. Entre a inveja e o desprezo. Entre a fuga e o regresso. Entre um suicídio e um reencontro de amigos. Entre derrotas e vitórias. Entre desabafos, acusações e confidências».

Silêncio Sálico: «Se o coração pensasse, parava de bater-me. Um livro que é uma soma de silêncios».

Valsa a Vau: «Vou a vau pelo mundo, não sei se me pesa mais o mundo, se o corpo, se os pensamentos, se a roupa, se os sapatos, se o presente, se o passado. Vou a vau pelo mundo e não percebo como não vou ao fundo».


   


A Iguana Viva: «Os contratempos do princípio, as dúvidas e medos pessoais, o preconceito familiar e social são contados na primeira pessoa do singular, numa história de amor entre duas mulheres das quais, no fim, ninguém sabe os nomes, mas pode ser qualquer pessoa».

Yoko Meshi: «(...) e sentada à mesa de café, como se estivesse sentada à secretária da escola, o dono do café, dono de um corpo com excesso de peso, talvez os bolos, talvez o álcool, talvez o acumular dos anos, tem idade para ser meu avô, a propósito da galaktoboureko e do seu avô turco, ensina-me um provérbio turco, contado em inglês com sotaque grego, que reza assim: When a clown moves into a palace, he doesn’t become a king. The palace becames a circus».


HUGO GONÇALVES

Nascido em 1976, o seu percurso dividide-se entre o jornalismo, a coautoria e guionismo de séries televisivas, um podcast que partilha com Guilherme Duarte - Sem Barbas na Língua -, crónicas no Diário de Notícias e enquanto correspondente em Nova Iorque, Madrid e Rio de Janeiro (onde trabalhou como editor literário).

      

O Maior Espetáculo do Mundo: «Este livro reflecte um trabalho árduo, minucioso, pensado sobre a escrita, a narrativa, a forma de contar a história e de construir personagens. É um primeiro livro, mas é também, já, um livro velho. Porque fala do que está no nosso imaginário, porque nos compele para a dureza da realidade: o sexo, a droga, as armas, a conspiração, a ilusão, a política, a demência, a fuga, a solidão, o make believe, a fachada que todos nós encontramos para enfrentar a vida. As histórias cruzam-se e são quase esmagadoras no seu pormenor».

O Coração dos Homens: «Um grupo de rapazes cresce numa Cidade-Estado de onde se expulsaram as mulheres e onde o pugilismo foi elevado a desporto nacional. Reféns da violência e da carnalidade, de que matéria podem ser feitos os homens, enquanto vítimas e carrascos da tirania?».

Fado, Samba e Beijos com Língua: «Contando histórias, retratando pessoas, olhando a vida pelo buraco da fechadura ou mergulhando bem fundo - ossos, carne e coração - na tarefa de escrever diariamente para o jornal 'i' com apuro literário e olho jornalístico, Hugo Gonçalves mistura-se com estrangeiros perdidos nas ruas de Lisboa, donzelas do Chiado, nova-iorquinos numa mesa de bar ou malandros cariocas na favela do Cantagalo. Nestas páginas, a realidade é tratada com o engenho dos ficcionistas. E as histórias inventadas pela imaginação do autor acontecem quase sempre na realidade que nos rodeia».


      

Enquanto Lisboa Arde, o Rio de Janeiro Pega Fogo: «Quando a crise se instala em Portugal, arrastando uma onda de pessimismo sem fim à vista, um assessor político com ambições literárias e a cabeça a prémio decide fugir para o Brasil. Além do medo e do travo amargo do insucesso, leva com ele apenas uma mochila, o desejo de começar tudo do zero e uma encomenda secreta».

O Caçador do Verão: «Quando José é convocado pelo velho patriarca da família, com quem não fala há anos, a sua perplexidade é enorme e, por isso, inescapável a recordação do verão de 1982, em que o avô - nadador de longas distâncias e anticomunista fanático, a quem o cancro levou todas as mulheres - o foi buscar a uma aldeia algarvia onde a mãe o deixara com uma estranha, decidido a tornar-se o pai que ele nunca tivera».

Filho da Mãe: «Perto de fazer quarenta anos, Hugo Gonçalves recebeu o testamento do avô materno dentro de um saco de plástico. Iniciava-se nesse dia uma viagem, geográfica e pela memória, adiada há décadas. O primeiro e principal destino: a tarde em que recebeu a notícia da morte da mãe, a 13 de Março de 1985, quando regressava da escola primária».


   

Deus Pátria Família: «Dos loucos anos 1920 nos Estados Unidos à convulsa década de 1940 em Portugal, chega-nos uma versão alternativa do nosso passado, com ecos no presente, porque basta uma única reviravolta para mudar o rumo de um país e assombrar milhares de vidas. Entrelaçando um mistério policial com uma saga familiar, Deus Pátria Família é um romance magnético».

Revolução (em pré-lançamento): «Um disparo perfura a noite na serra de Sintra, durante um jantar da família Storm, e a matriarca sabe que perdeu um dos três filhos. O epicentro do colapso tem origem muitos anos antes, entre o fim da ditadura e os primeiros tempos da revolução. Maria Luísa, a filha mais velha, opositora clandestina do regime, é perseguida pela PIDE. Frederico, o filho mais novo, está obcecado em perder a virgindade antes de ser mobilizado para a guerra colonial. E Pureza, a filha do meio, vê os seus sonhos de uma perfeita família tradicional despedaçados pelo processo revolucionário em curso».


NO MEU BAIRRO, LÚCIA VICENTE & TIAGO M


Os livros mudam o mundo e são uma ferramenta extraordinária para lutarmos por uma sociedade mais diversa, inclusiva e empática. Quando tentam silenciar obras que apostam nisso mesmo, acredito que nos procuram silenciar a todes e impedir que construamos um ambiente livre, justo e seguro. Face aos acontecimentos recentes no lançamento do livro No Meu Bairro, não podia ficar indiferente, portanto, junto-me à luta da melhor maneira que consigo: dando visibilidade a esta história. Sendo assim, em outubro, este será o livro extra.


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andreia morais

andreia morais

O meu peito pensa em verso. Escrevo a Portugalid[Arte]. E é provável que me encontrem sempre na companhia de um livro, de um caderno e de uma chávena de chá


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