um eco de cristal

Fotografia da minha autoria


«foste feita por gente crente noutra madrugada»


o piano continua a tocar e eu encostada à porta
há um certo conforto na reverberação
como se de um eco de cristal voltássemos ao presente
como se nos libertássemos da dormência que é
fechar os olhos e ficar apenas a escutar aquela melodia
que não compreendemos mas que nos norteia

desprendo-me do lugar onde fiquei
e avanço pela escadaria de madeira, antiga
em suplica como o meu peito ardente
tentando chegar ao topo da colina imaginária
onde de uma nuvem negra avisto o céu inteiro

o mundo não me estava a pesar
mas o silêncio gritou da sala
e a pergunta que ninguém fez desabou nos meus ombros
e eu que sei que a maldade não veio por arrasto
que veio só para tornar a distância leve
fez ricochete, relembrando o quanto tudo ficou parado em mim

o mundo não estava a pesar
mas esta narrativa de pontas soltas
fez-me afundar
que nem peso morto
entardecendo ao lado de um piano que agora
se fez mudo sem amparo
mas chegou a hora

Comentários

  1. É incrível como nunca deixas de me surpreender.

    Ler a tua poesia é o melhor do meu dia *.*

    Obrigada, minha querida.

    Beijinho grande!

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    Respostas
    1. Fico mesmo comovida por ler isso, minha querida. Obrigada!

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  2. Assim vale a pena ir para a cama, embalada, com a tua bonita poesia *.*

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