as coisas maravilhosas de junho

Fotografia da minha autoria


Junho chegou com a promessa de ser um mês feliz, a começar logo no primeiro dia, com eventos culturais e reencontros, uma celebração há muito aguardada e a noite mais longa do ano. E foi maravilhoso em todos eles. Só que, quando nos tiram o chão, tudo o resto parece ficar numa bolha.

No seu extraordinário Flores, Afonso Cruz escreveu que «morremos todos agarrados ao coração» e dá alguns exemplos nesse sentido, exemplos das várias mortes que ultrapassamos. O luto é uma delas e levará o seu tempo, porque simboliza uma perda - e nem sempre se regenera a parte que nos passa a faltar. Apazigua, de alguma maneira. Mas o processo de luto talvez seja sobre renascer. Um amanhã de cada vez.

Ainda que este ano não tenha sido literal, haverá sempre um manjerico a decorar a mesa. E guardo os fragmentos que romperam esta espécie de inverno que passou a habitar o lado esquerdo do peito. «Inté».


as coisas maravilhosas de junho


 os fragmentos

O mês começou com um almoço no Honest Greens. Já o tinha na lista há algum tempo e a vinda da Rita da Nova ao Porto, para apresentar o seu mais recente livro, foi a desculpa perfeita para, juntamente com a Sofia, o irmos descobrir. Gostei imenso do espaço, que é bem maior do que aquilo que parece, e da variedade da carta, que prima por ingredientes frescos, naturais e sem conservantes. O sonho de três «viajantes do mundo, cujos caminhos se cruzaram em Espanha» está a dar frutos e eu estou desejosa de regressar para experimentar outras iguarias. Para primeira experiência, optei pelo Honest Salmon, acompanhado-o com batatas assadas com maionese trufada e azeite. Está mais do que aprovado!

   

Socorro
Graças à apresentação de Quando os Rios se Cruzam, também fiquei a conhecer a Socorro, uma loja de discos, livraria e sala de concertos, localizada na Rua Guedes de Azevedo (Porto). João Pimenta e Artur Nogueira partilham o amor pela arte e o sonho de adolescência transformou-se em realidade, em 2023. Numa pesquisa rápida, achei curioso que Socorro seja, na realidade, «o nome de família do Artur», portanto, encontraram uma «forma de homenagear» as suas raízes. Este dado torna o conceito ainda mais distinto. O espaço é encantador e com uma ótima variedade de música, merch e livros. Além disso, sente-se o cuidado que têm em receber bem. Fiquei rendida e também já quero voltar.


A Francisca Camelo entrou em minha casa graças ao seu extraordinário A Importância do Pequeno-Almoço. Ainda não voltei a ler mais obras da sua autoria, mas tenho-a acompanhado em algumas entrevistas e podcasts. E, recentemente, decidi subscrever a sua newsletter. No número que recebi, focou-se na gordofobia internalizada, refletindo sobre questões de peso, de imagem, de autoestima. Não só acho extremamente importante conversarmos sobre o assunto, porque está longe de estar sarado e de não provocar traumas - sobretudo, nas mulheres -, como acho que a Francisca o abordou de uma maneira muito interessante.


as músicas e os álbuns

🎧 Espelho, Agir;
🎧 Não Mereço, Rita Onofre;
🎧 Even, Richie Campbell, Van Zee & Frankieontheguitar;
🎧 Porque Não Danças, Filipe Karlsson;
🎧 Melhor Para Mim, Zé Vargas & Tiago Leite


💿 Pele & Osso, Yuri NR5;
💿 quatro partos, Zé Menos & Pedro o Mau.


 as publicações

é preciso que me fales da saudade
desse pretérito imperfeito onde já não cabe
o que de mim resta
e afogando a solitude
não fico porque sou de ir sempre mais longe
mas sou melhor quando ouço a tua voz

O fim não está escrito. Pelo menos, não o está escrito para todos da mesma forma. Mas, por qualquer razão que desconheço, a última etapa parece ter sido colocada nos trinta. Depois dessa barreira, o que resta? As dores de costas? O vazio? A constatação de já termos pouco a almejar? Subi mais dois degraus depois desta idade fatídica e, garanto, a vista não é perfeita, mas a vida está longe de terminar aos trinta.


 os filmes, as séries e os podcasts

Sempre
A nova série da RTP pretende contar seis histórias «cuja cronologia decorre entre a noite de 24 e a manhã de 26 de abril de 1974». Estou a gostar bastante da abordagem: não só pela dinâmica, não só por nos trazer momentos específicos do nosso passado, mas também por ter uma base de humor evidente. Até ao momento, foram exibidos quatro episódios (de seis). Quando terminar, farei uma publicação com a minha opinião.

A Inês Lopes Gonçalves rendeu-se ao mundo dos podcasts e com um conceito que me pareceu curioso, porque, segundo a própria, «o podcast nasceu do paradoxo que é uma das palavras que mais gozo [lhe] dá dizer nesta vida ser simultaneamente uma das que [lhe] sai com mais dificuldade: não». Revi-me nessa dificuldade e, além disso, como gosto muito de ouvir a Inês, não podia perder a oportunidade de acrescentar este conteúdo à minha biblioteca do Spotify. No total, serão dez episódios nos quais falará com dez pessoas que admira, conversando sobre «liberdades e desobediências, o que os aperta e o que os liberta, o que querem fazer mais não podem, o que fazem mas não querem e o que fazem porque podem».

Jimmy P, em novembro de 2023, lançou a canção Girassol, na qual enaltece «as mulheres da sua vida». No entanto, esta celebração não se esgotou nesse momento e, agora, floresceu para um podcast, cujo propósito será homenagear mulheres da nossa sociedade, quer em relação à sua vida, quer em relação à sua obra. «Se as ruas servem para imortalizar que fez parte da nossa história», Vou Guardar o Teu Nome na Minha Rua pretende dar a conhecer «nomes que podem ser lá gravados». Assim, estará à conversa com figuras femininas que o inspiram e que, na primeira pessoa, nos farão chegar o seu percurso, as causas que abraçam e as dificuldades que encontraram ao longo do trajeto - sem esquecer «as formas como as ultrapassaram».


os livros

📚 alma lusitana
Manual de Instruções, Nuno Markl | Terceiro Andar Sem Elevador, Susana Moreira Marques

📚 ler djaimilia
Os Gestos, Djaimilia Pereira de Almeida

📚 12 livros para 2024

Outros livros do mês: Divisão da Alegria (Raquel Nobre Guerra) | A Casa na Serra (Luís Bigotte de Almeida) | Todos os Amanhãs (Mélissa da Costa) | Deriva (Madalena Sá Fernandes) | Amêndoas (Won-Pyung Sohn)


 os momentos

Apresentação Quando os Rios se Cruzam
É sempre um privilégio escutar a Rita, porque é uma contadora de histórias nata. E ouvi-la a falar sobre Turim, sobre a pessoa que somos quando estamos em ambientes que não nos são familiares e sobre o próprio processo de escrita fez-me apaixonar um pouco mais pela narrativa. Além disso, gostei de ficar a conhecer a história da capa.

Foi mesmo interessante perceber como há tantas memórias que se cruzam e como, partindo de experiências de vida distintas, existem sensações transversais. Acredito que fomos todos encontrando pontos onde nos revemos, o que humaniza o que lemos e o faz viver para além da palavra. Ter esta sensação numa sala intimista como a da Socorro tornou o momento ainda mais especial, porque é uma partilha próxima.


Desconfia, Joana Marques
O maior evento de anti-ajuda do ano chegou à Invicta. E a prova de que estávamos todos a precisar de algo idêntico foi a afluência às bilheteiras online: tanto que temi que não fôssemos conseguir, mas, no fim, correu tudo bem. É que as coisas acontecem como têm de acontecer e, afinal, estava escrito nas estrelas irmos a este espetáculo - leiam sobre a minha experiência completa nesta publicação.

      

O Casamento do Ano
As palavras tornam-se escassas para falar sobre este momento tão bonito, até porque a felicidade estampada no rosto é impossível de descrever. Mas olhar para eles era o suficiente para perceber várias coisas, em particular duas: que tudo foi pensado para os representar ao milímetro e que desfrutaram bem deste dia. Sou mesmo sortuda por estar deste lado a acompanhar cada segundo e por ver esta história a crescer, desde aquela festa no Via Rápida - quem diria que nos traria aqui. Mas ainda bem que trouxe. Gosto muito da palavra pertença, porque nos traz um porto seguro, um sítio para onde podemos regressar. E eles são tudo isso: para ambos e para os seus. O que mais desejo é que sejam sempre felizes e que nunca deixem de ser casa.

      

O S. João, este ano, teve menos brilho, mas há colos que nunca nos falham.

   

O trajeto foi oscilante, mas terminou da melhor maneira: com o Porto Campeão Nacional em Hóquei.


Como correu o vosso mês?

10 comments

  1. Andreia bons momentos que em Julho seja ainda melhor pra você bjs.

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  2. Que mês tao bonito 🥰 Por aqui foi cheio como sempre com direito a mais passagem pelo hospital desta vez para me ver livre de um cisto de cartilagem, da cara que me acompanhava ha 11 anos, desde que cheguei ca ao Reino. Tambem estou a gostar muito de acompanhar Sempre e tremo so de pensar existem pessoas que nos querem tirar o que o 25 de Abril nos deu…
    Ah e claro que a vida nao acaba aos 30, sou prova viva de que recomeça ✨🌈💛🎈
    Venha Julho com aniversarios e muitas aventuras 💛
    Tily 🌷

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    1. Espero que esteja a ser uma ótima recuperação, minha querida!
      A Sempre está mesmo fabulosa, estou a adorar acompanhar os episódios, as histórias e a maneira como há temas abordados com tanto humor e inteligência. Compreendo-te, é assustador
      Um excelente mês 💛

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  3. Que o mês de julho te traga muitas coisas boas!
    Isabel Sá
    Brilhos da Moda

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  4. Em junho regressei às viagens. Passei férias em Lisboa, que eu adoro.

    Tomei algumas decisões sobre a reedição do meu Ao Teu Lado. E tive oportunidade de assistir ao soundcheck do Tony Carreira.

    Beijinho grande, minha querida!

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  5. Wow your June looked chock full of events and enjoyable outings. I wish my June was like this lol. Thanks for sharing.

    Allie of
    www.allienyc.com

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