Entrelinhas #37
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Fotografia da minha autoria |
«(...) tornou-se rapidamente um romance de culto para os jovens europeus do período de entre as duas guerras»
É assustador, mas igualmente desafiante quando nos tiram a rede. E foi isso que o meu tio fez quando selecionou alguns livros para me emprestar. Entre eles, havia um nome que sobressaia: Ernest Hemingway. Prémio Pulitzer, em 1953, e Prémio Nobel da Literatura, em 1954, senti que era um daqueles nomes ligeiramente inacessíveis. Por isso, fui adiando a leitura das suas obras - d' O Velho e o Mar li apenas excertos -, por considerar que talvez não tivesse maturidade suficiente para descodificar a sua escrita. Porém, até na literatura devemos arriscar. E decidi que estava na hora de pôr de lado os meus receios.
Com Prefácio de Jorge de Sena - que nos leva numa viagem pelo percurso literário do autor e nos apresenta uma análise desta narrativa -, O Sol Nasce Sempre (Fiesta) é o primeiro romance de Hemingway. A história decorre «na Europa após o termo da Primeira Guerra Mundial». E pode-se, inclusivamente, dividi-la em dois grandes momentos: um vivido em Paris e outro em Espanha. É fundamental não esquecer o seu contexto e todo o ambiente que a caracteriza, para se conseguir compreender determinados pormenores, até porque, direta e indiretamente, coloca em destaque os loucos anos 20, fortemente marcados pelo fervor em termos culturais e boémios.
É através da narração de Jake [jornalista e uma das personagens principais] que ficamos a conhecer o desenrolar de toda a ação. Além disso, acompanhamos de perto as vivências de um grupo que se expatriou dos Estados Unidos da América, para partir em busca de aventura e/ou «de algo indefinido com que preencher o vazio das suas vidas». Assumindo um caráter mais jornalístico, lemos sobre emoções fortes e amores confusos e avassaladores. Ao mesmo tempo que deambulamos entre o pânico que nos provoca a morte e o delírio de certos prazeres. Neste romance encontramos, ainda, um retrato bastante interessante da «Geração Perdida», que procura incessantemente por um estilo hedónico. Simultaneamente, por se passar em dois locais tão distintos, acabamos por ficar a par de alguns costumes e tradições.
A intensidade das paixões e dos vícios é, portanto, notória. E uma particularidade que me cativou foi a forma como o autor analisou o ser humano. Através das personagens que criou, conseguiu-nos transmitir as suas preocupações e as suas reflexões acerca da alma dos Homens. Outro aspeto curioso reside no facto de permitir que o leitor recrie a narrativa com mais profundidade. Porque há várias situações que não foram descritas ao detalhe. E, ao deixar questões em aberto, isso possibilita que se desconstrua a visão pungente e amargurada de «uma geração sem raízes», tendo mais atenção às suas decisões. Ademais, parece-me que existe algo de autobiográfico neste enredo.
O final, que contrasta com a restante obra, é comovente, subtil e delicado. E prova-nos que, por maiores que sejam as nossas inquietações e os nossos problemas, o sol há-de voltar a nascer, porque a vida continua!
Deixo-vos, agora, com algumas citações:
«- Não posso suportar a ideia de que a vida me foge tão depressa, sem que eu chegue de facto a vivê-la» (p:30);
«- Olha, Robert, ir para outro país não faz diferença nenhuma. Tudo isso eu tentei. Não te livras de ti próprio pelo facto de mudares de um sítio para o outro. Isso não tem remédio» (p:31);
«- Como foi você para a bancarrota? - perguntou Bill.
- De duas maneiras - respondeu Mike. - Devagarinho e, a seguir, de repente.
- Que resultou daí?
- Amizades. Uma data de amigos. Amigos fingidos. E, depois, os credores» (p:153);
«Não há razão de, só porque está escuro, vermos as coisas de uma maneira diferente daquela por que as vemos à claridade» (p:163);
«- Oh, Jake - disse Bert -, podíamos ter passado juntos uma vida bestialmente boa!» (p:261)
Já li uma parte da obra de Ernest Hemingway um escritor de que gosto bastante e este livro tem o prefácio de outro grande escritor Jorge de Sena.
ResponderEliminarUm abraço e continuação de boa semana.
Andarilhar
Dedais de Francisco e Idalisa
O prazer dos livros
adoro. li vários. é um dos meus grandes :)
ResponderEliminarObrigado, meu doce!
ResponderEliminarSim, claro, entendo-te perfeitamente. Daí os livros, nesse aspeto, serem muito melhores :D
Não conhecia o livro, uma vez mais, mas entusiasmou-me :D
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A minha estreia com Hemingway está para breve. Comprei a primeira obra dele na Lello :)
ResponderEliminarNunca li nada de Ernest, mas já ouvi falar imenso do livro "O Velho e o Mar".
ResponderEliminarFiquei curiosa com este que trouxeste para o teu cantinho :)
Beijinhos :*
Adoro! Fiquei com vontade de ler :)
ResponderEliminarBeijinho :*
Aquele pó compacto é mara! ;D
ResponderEliminarConfesso que não conhecia. Parece ser uma boa leitura!
Ótima quinta!
Beijo! ^^
"É assustador, mas igualmente desafiante quando nos tiram a rede." Adorei logo esta frase ahaha
ResponderEliminarNão conhecia nem o autor nem o livro o:
Beijinhos,
BLOG DEZASSETE
Não conhecia este livro :)
ResponderEliminarDesconhecia, mas despertou-me :))
ResponderEliminarHoje, em texto:-Aves que esvoaçam ... Afastamento dilacerante...
Bjos
Votos de uma feliz Quinta Feira.
r: inspira aquela paisagem :)
ResponderEliminarSão experiências arriscadas, mas felizmente valeu a pena :)
ResponderEliminarXOXO|| diamonds-inthe-sky.blogspot.pt
Já li vários livros do Ernest Hemingway. Mas já foi há anos e, por isso, não me lembro se li o que abordas. Em qualquer caso, é um escritor que vale a pena ler.
ResponderEliminarContinuação de boa semana, amiga Andreia.
Beijo.
Não li ainda mais amei a dica, obrigado pela visita.
ResponderEliminarBlog:https://arrasandonobatomvermelho.blogspot.com.br/
Canal:https://www.youtube.com/watch?v=DmO8csZDARM
Não conhecia, mas fiquei curiosa, minha linda!
ResponderEliminarBeijinhos
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Andreia o livro é basante interessante a capa é bem chamativa, Andreia bjs.
ResponderEliminarhttp://www.lucimarmoreira.com/
Sei que é um clássico princesa, mas nunca li. Por acaso ando tentada a começar a ler obras mais clássicas :)
ResponderEliminarTHE PINK ELEPHANT SHOE // Ganha um giftcard de 35€ na Sephora!
Nunca li!
ResponderEliminarBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram
Interessante é a leitura,
ResponderEliminarmais se aprende na educação
enquanto a nossa vida dura
com amor presente no coração!
Tenha uma boa noite Andreia.
O que escreveste da pagina 30, quantas vezes isso não acontece connosco :( não conhecia o autor :)
ResponderEliminarBeijinho minha linda <3
Despertaste-me muito o interesse nesta obra!
ResponderEliminarConfesso que tenho alguns livros de Hemingway em casa mas ainda não lhes dei a devida oportunidade. Mas tenho de experimentar. Porque é como dizes, às vezes é preciso arriscar para fora da zona de conforto, sobretudo na literatura :) As frases das páginas 30 e 31 fazem-me tanto sentido!
Beijinhos*
Mais um para a minha lista de livros que não conhecia, ahah
ResponderEliminare para variar, consegues cativar sempre com as citações :)
r: Pois é.. há fotografias dão sempre trabalho a tirar, mas valem sempre a pena!
beijinhoo querida ** <3
Não conhecia o ator nem o livro mas fiquei curiosa. Vendo todas as tuas reviews decidi colocar uma meta de livros para este ano. Já estou a meio do livro Prometo Perder (não sei se já tiveste a oportunidade de lê-lo) e pretendo fazer uma review em breve. Adorei como sempre o post! Beijinhos
ResponderEliminarHemingway é sempre uma boa escolha, até agora só li extractos mas este tenho mesmo de ler até por ser o primeiro dele :)
ResponderEliminarFizeste me lembrar quando eu ia ao baú dos livros do meu tio e a estante dos meus primos :)
Bjinhosss
https://matildeferreira.co.uk