A Uma Carta de Distância

Fotografia retirada do site Tremr

«O gosto pela escrita escreve à medida que se escreve», Erasmo de Rotterdam

O meu fascínio pela escrita surgiu automaticamente, uma vez que estabeleci uma relação bastante próxima com as palavras quando aprendi a desenhá-las num caderno. Deste então que escrever à mão é uma prioridade. Mesmo que recorra frequentemente ao computador, a verdade é que regresso sempre às origens. Porque nada substituí a magia de uma folha física em branco e o prazer que é preenchê-la através de um lápis/de uma caneta. No entanto - e ainda que não esteja propriamente relacionado -, nunca tive o hábito de escrever cartas [a não ser ao Pai-Nata]. E de enviá-las, com regularidade, a alguém. O curioso é que, à medida que fui crescendo, passei a interessar-me por este assunto, mas adiei aventurar-me neste procedimento pelos mais variados motivos. Até que me juntei a um grupo que privilegia esta forma de comunicação.

A Melanie Moreira [That Girl] criou um projeto entre bloggers, denominado A Uma Carta de Distância. Como o nome deixa antever, consiste numa troca de cartas. Para tal, depois de se responder a um formulário, todos os meses são selecionados pares diferentes, que podem ou não ser conhecidos. Salvo erro, aderi a esta iniciativa em setembro de 2017. E tem sido um desafio extremamente enriquecedor. É natural existir alguma indecisão sobre o que escrever, sobretudo quando é a primeira vez que o fazemos para aquela pessoa, e um certo receio, porque não temos a certeza de que os temas sejam do seu interesse. Porém, independentemente disso, o mais importante é sermos genuínos. Para que o nosso destinatário nos reveja naquela mensagem, embora nunca tenha falado connosco antes. Em simultâneo, é maravilhoso dar espaço à nossa imaginação. E ver a nossa ideia a ganhar forma. Consequentemente, o próprio ato de ir aos correios adquire um novo significado. 

A minha participação é relativamente recente, mas já tenho um conjunto de correspondência que guardo com muito carinho. É incrível o impacto que as palavras têm na nossa vida. E o quanto o nosso dia pode mudar por recebermos uma surpresa desta natureza na nossa caixa de correio. Gosto sempre de acrescentar uma lembrança às minhas cartas. E adoro apreciar o cuidado que cada uma das pessoas teve na que me enviou. E o melhor de tudo é que, por serem todas tão distintas, nunca sabemos o que vamos ler. Estou completamente rendida. E espero que esta troca se prolongue por muito tempo!

Vocês têm o hábito de enviar cartas? 

Participam em algum projeto semelhante?